“Juntos,
precisamos construir uma sociedade melhor
Com os recentes
acontecimentos colocando em xeque o modelo de desenvolvimento socioeconômico
brasileiro, a necessidade de reformas e de uma mudança na concepção quanto ao
papel do Estado precisa ganhar corpo no debate público, nas discussões
acadêmicas e mesmo nas conversas em família. É imperativa uma mudança.
Precisamos estabelecer pilares para a condução da coisa pública, que deve
privilegiar sempre a educação e o combate à corrupção em suas diversas formas.
Há 35
anos, o antropólogo Darcy Ribeiro sacramentou o nosso tempo atual dizendo: “Se
os governos não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir
presídios”. Infelizmente, os números demonstram o quanto essa afirmação estava
correta. Um preso no Brasil custa R$ 28.800,00 por ano ao Estado. Já o
investimento em um estudante de ensino médio é de R$ 2.200,00 por ano.
Se a
conta é tão clara, por que é tão difícil adotar uma política pública eficaz de
expansão da rede de ensino e de melhorias das escolas?
O
investimento em educação movimenta a economia de imediato e tem efeito perene.
A construção e reforma de escolas movimentam a economia local por meio da
contratação de empresas do setor da construção, de trabalhadores e pela compra
de materiais e equipamentos. Ao ser inaugurado, além dos empregos gerados na
área de educação, o espaço se torna uma referência para a comunidade. Não é raro
que, além das atividades escolares, os edifícios abriguem encontros de
associações de bairros ou cursos de capacitação. Iniciativas que promovem a
cooperação entre os membros da sociedade.
No
longo prazo, toda aquela comunidade atendida por uma escola em boas condições
evolui e seus indivíduos ascendem financeira e intelectualmente. Estudos da
Fundação Getúlio Vargas já demonstraram que a cada ano de estudo o salário
aumenta cerca de 15%. É um ciclo virtuoso: mais estudo gera maior capacidade
analítica, gera mais produtividade, gera mais inovação, gera mais renda, gera
maior qualidade de vida, gera mais cidadania e, por consequência, reduz a
violência. A mesma pesquisa mostrou que a taxa de ocupação entre os
pós-graduados era de 89,39%, enquanto entre as pessoas sem instrução era de 59,85%,
quase a metade.
É
justamente incentivando a mobilização e a cooperação da sociedade que
conseguiremos avançar. Locais em que a sociedade se sente responsável pelos
equipamentos públicos são justamente aqueles em que se observa uma maior
consciência cidadã. Por isso, precisamos adotar os espaços públicos, começando
pelas escolas.
Neste
ano, devemos redobrar o nosso compromisso com o desenvolvimento socioeconômico
do país e cobrar uma postura mais responsável dos novos gestores municipais.
Precisamos fiscalizar os agentes públicos e denunciar quando o dinheiro de
nossos tributos é desviado ou mal utilizado. O investimento na construção e
manutenção de escolas, postos de saúde, hospitais e sistemas de água tratada e
rede de esgoto deve ser premissa básica dos novos prefeitos. Por outro lado,
cabe à comunidade ajudar na manutenção dos serviços e denunciar casos de má
gestão ou de vandalismo.
Paralelo
ao investimento em educação e saúde, os administradores municipais devem colocar
em execução programas de redução da burocracia. Muito do dinheiro público que
deveria ser investido vai para o ralo devido a processos ineficientes e
desnecessários.
Hoje,
diversos serviços aos cidadãos e às empresas podem ser feitos via internet. A
automatização dos processos aumenta a agilidade, possibilita a realocação de
servidores para outras demandas e possibilita economia de tempo e dinheiro do
cidadão. Já está na hora de os entes públicos entrarem no século 21. No caso da
construção civil, o programa Alvará na Hora foi uma grande evolução em Belo
Horizonte que precisa ser replicado em todos os municípios. Contudo, já ainda
muito a ser feito.”.
(GERALDO JARDIM LINHARES JÚNIOR. 1º vice-presidente
do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais
(Sinduscon-MG), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de janeiro de 2017, caderno LUGAR CERTO CLASSIFICADOS, coluna MERCADO IMOBILIÁRIO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
10 de fevereiro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Pela
força da palavra
A credibilidade perde
espaço no mundo contemporâneo em razão do enfraquecimento da palavra. Este é um
tempo de “palavra fraca” e os impactos negativos dessa situação, têm incidência
nos diferentes âmbitos. Diz-se que é, mas não é. Promete-se e não se cumpre.
Definem-se prazos que não são respeitados. Garante-se que foi e não foi.
Afirma-se desconhecer, mas conhece intimamente. Compromete-se ir e não vai.
Ensina e não se abre à aprendizagem. Elogia com falsidade. Passa a ideia de
convicção, sem, de fato, ter certeza. Fala uma coisa e é outra. Refere-se a
preceitos morais e não os cumpre. Jura que não fez, mas continua fazendo. Usa a
palavra para camuflar o que deve ser revelado. E, assim, constata-se uma
interminável ladainha que fragiliza a palavra. Desconsidera-se que a palavra é,
por si, uma força que cria e recria.
É
inconsistente o dito popular: “Palavras são palavras e nada mais”. Recorde-se o
Salmo 33, que sublinha a força da palavra quando se canta que pela palavra de
Deus foram feitos os céus, pelo sopro de sua boca todos os seus exércitos. E em
Jesus Cristo, o filho de Deus Pai, a Palavra se fez carne e veio morar entre
nós. Vale ler e reler as narrativas iniciais dos primeiros capítulos do Livro
do Gênesis, 1-3, e compreender o sentido, o alcance e a força da palavra:
“Faça-se”.
Pela
palavra, até mesmo no silêncio, Deus fala e vem ao encontro de cada pessoa. A
palavra tece os diálogos, fazendo-os autênticos e construtivos quando a sua
força se manifesta, não pela imposição, mas a partir da transparência e da
verdade. Há de se constatar que o falar não é qualquer coisa. A palavra é
essencial na construção da vida pessoal, na edificação da sociedade e na busca
por novos horizontes. Assim, a palavra, para edificar vínculos duradouros na
verdade e no amor, em vista da justiça e da paz, não dispensa sinceridade,
transparência, honestidade e o compromisso com o bem comum. É incontestável que
a sociedade contemporânea precisa avançar na recuperação do sentido da palavra,
para que por sua força possam ser sanadas as consequências das incompreensões,
distorções e equívocos que têm como parâmetro a mesquinhez. Esses males
conduzem o mundo rumo a fracassos, incompetências institucionais, familiares,
governamentais e religiosas.
Embora
a contemporaneidade seja tão marcada por grandes avanços tecnológicos, que
incluem as redes intermináveis para a transmissão das palavras, em velocidades
surpreendentes, ainda é tempo de aprender a falar. Esse é um investimento
indispensável no alicerce básico da consciência humana, que abrange a
individualidade e a clareza de pertencimento comunitário e familiar. Deus, em
diálogo com cada pessoa – porque Ele fala – estabelece uma dinâmica que leva a
esse necessário aprendizado, cultivando nos corações o gosto de ser sincero,
bom, lúcido e capaz de agir como instrumento da paz.
O
segredo, portanto, é dar centralidade e primado à Palavra de Deus. Ao escutar a
Palavra, cada pessoa se abre à verdade, aprende as lições do amor, capacita-se
para ser justa. Mais que outras escutas, é essencial ouvir a Palavra de Deus,
que também revela, inevitavelmente, a dramática possibilidade de o homem
subtrair-se a esse diálogo de aliança com Deus. O resultado nefasto é a
expansão de domínios perversos no coração.
Proclamar
a Palavra é investir no cumprimento da tarefa dada pelo mestre Jesus, a Palavra
encarnada. Cristo quer o povo de Deus congregado em uma “Igreja em saída”,
missionária, próxima de todos, presente especialmente nos lugares mais pobres e
sofridos, em diálogo com a sociedade. Uma Igreja que ajude a confeccionar o
tecido da cultura solidária e da vida.
Nenhuma
outra palavra tem a força da Palavra de Deus, capaz de renovar a Igreja, as
pessoas e reconstruir a sociedade contemporânea, tão marcada pelo cansaço,
fracasso e pelas banalizações. Proclamar a Palavra é o compromisso primeiro,
entre muitos outros, assumido pela Arquidiocese de Belo Horizonte, como Igreja
no mundo e a serviço do povo. É seu projeto de evangelização, para que surja o
novo pela força da Palavra de Deus, iluminando as palavras de cada cidadão.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade,
em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da
participação, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, em
dezembro e no acumulado dos últimos doze meses, a taxa de juros do cartão de crédito
atingiu a estratosférica marca de 484,6%; a taxa de juros do cheque especial
registrou históricos 328,6%; já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses,
em janeiro/2017chegou a 5,35%); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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