domingo, 12 de fevereiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DA CONSTRUÇÃO SOLIDÁRIA E A FORÇA DA PALAVRA NA SUSTENTABILIDADE

“Juntos, precisamos construir uma sociedade melhor
        Com os recentes acontecimentos colocando em xeque o modelo de desenvolvimento socioeconômico brasileiro, a necessidade de reformas e de uma mudança na concepção quanto ao papel do Estado precisa ganhar corpo no debate público, nas discussões acadêmicas e mesmo nas conversas em família. É imperativa uma mudança. Precisamos estabelecer pilares para a condução da coisa pública, que deve privilegiar sempre a educação e o combate à corrupção em suas diversas formas.
         Há 35 anos, o antropólogo Darcy Ribeiro sacramentou o nosso tempo atual dizendo: “Se os governos não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. Infelizmente, os números demonstram o quanto essa afirmação estava correta. Um preso no Brasil custa R$ 28.800,00 por ano ao Estado. Já o investimento em um estudante de ensino médio é de R$ 2.200,00 por ano.
         Se a conta é tão clara, por que é tão difícil adotar uma política pública eficaz de expansão da rede de ensino e de melhorias das escolas?
         O investimento em educação movimenta a economia de imediato e tem efeito perene. A construção e reforma de escolas movimentam a economia local por meio da contratação de empresas do setor da construção, de trabalhadores e pela compra de materiais e equipamentos. Ao ser inaugurado, além dos empregos gerados na área de educação, o espaço se torna uma referência para a comunidade. Não é raro que, além das atividades escolares, os edifícios abriguem encontros de associações de bairros ou cursos de capacitação. Iniciativas que promovem a cooperação entre os membros da sociedade.
         No longo prazo, toda aquela comunidade atendida por uma escola em boas condições evolui e seus indivíduos ascendem financeira e intelectualmente. Estudos da Fundação Getúlio Vargas já demonstraram que a cada ano de estudo o salário aumenta cerca de 15%. É um ciclo virtuoso: mais estudo gera maior capacidade analítica, gera mais produtividade, gera mais inovação, gera mais renda, gera maior qualidade de vida, gera mais cidadania e, por consequência, reduz a violência. A mesma pesquisa mostrou que a taxa de ocupação entre os pós-graduados era de 89,39%, enquanto entre as pessoas sem instrução era de 59,85%, quase a metade.
         É justamente incentivando a mobilização e a cooperação da sociedade que conseguiremos avançar. Locais em que a sociedade se sente responsável pelos equipamentos públicos são justamente aqueles em que se observa uma maior consciência cidadã. Por isso, precisamos adotar os espaços públicos, começando pelas escolas.
         Neste ano, devemos redobrar o nosso compromisso com o desenvolvimento socioeconômico do país e cobrar uma postura mais responsável dos novos gestores municipais. Precisamos fiscalizar os agentes públicos e denunciar quando o dinheiro de nossos tributos é desviado ou mal utilizado. O investimento na construção e manutenção de escolas, postos de saúde, hospitais e sistemas de água tratada e rede de esgoto deve ser premissa básica dos novos prefeitos. Por outro lado, cabe à comunidade ajudar na manutenção dos serviços e denunciar casos de má gestão ou de vandalismo.
         Paralelo ao investimento em educação e saúde, os administradores municipais devem colocar em execução programas de redução da burocracia. Muito do dinheiro público que deveria ser investido vai para o ralo devido a processos ineficientes e desnecessários.
         Hoje, diversos serviços aos cidadãos e às empresas podem ser feitos via internet. A automatização dos processos aumenta a agilidade, possibilita a realocação de servidores para outras demandas e possibilita economia de tempo e dinheiro do cidadão. Já está na hora de os entes públicos entrarem no século 21. No caso da construção civil, o programa Alvará na Hora foi uma grande evolução em Belo Horizonte que precisa ser replicado em todos os municípios. Contudo, já ainda muito a ser feito.”.

(GERALDO JARDIM LINHARES JÚNIOR. 1º vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de janeiro de 2017, caderno LUGAR CERTO CLASSIFICADOS, coluna MERCADO IMOBILIÁRIO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 10 de fevereiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Pela força da palavra
        A credibilidade perde espaço no mundo contemporâneo em razão do enfraquecimento da palavra. Este é um tempo de “palavra fraca” e os impactos negativos dessa situação, têm incidência nos diferentes âmbitos. Diz-se que é, mas não é. Promete-se e não se cumpre. Definem-se prazos que não são respeitados. Garante-se que foi e não foi. Afirma-se desconhecer, mas conhece intimamente. Compromete-se ir e não vai. Ensina e não se abre à aprendizagem. Elogia com falsidade. Passa a ideia de convicção, sem, de fato, ter certeza. Fala uma coisa e é outra. Refere-se a preceitos morais e não os cumpre. Jura que não fez, mas continua fazendo. Usa a palavra para camuflar o que deve ser revelado. E, assim, constata-se uma interminável ladainha que fragiliza a palavra. Desconsidera-se que a palavra é, por si, uma força que cria e recria.
         É inconsistente o dito popular: “Palavras são palavras e nada mais”. Recorde-se o Salmo 33, que sublinha a força da palavra quando se canta que pela palavra de Deus foram feitos os céus, pelo sopro de sua boca todos os seus exércitos. E em Jesus Cristo, o filho de Deus Pai, a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Vale ler e reler as narrativas iniciais dos primeiros capítulos do Livro do Gênesis, 1-3, e compreender o sentido, o alcance e a força da palavra: “Faça-se”.
         Pela palavra, até mesmo no silêncio, Deus fala e vem ao encontro de cada pessoa. A palavra tece os diálogos, fazendo-os autênticos e construtivos quando a sua força se manifesta, não pela imposição, mas a partir da transparência e da verdade. Há de se constatar que o falar não é qualquer coisa. A palavra é essencial na construção da vida pessoal, na edificação da sociedade e na busca por novos horizontes. Assim, a palavra, para edificar vínculos duradouros na verdade e no amor, em vista da justiça e da paz, não dispensa sinceridade, transparência, honestidade e o compromisso com o bem comum. É incontestável que a sociedade contemporânea precisa avançar na recuperação do sentido da palavra, para que por sua força possam ser sanadas as consequências das incompreensões, distorções e equívocos que têm como parâmetro a mesquinhez. Esses males conduzem o mundo rumo a fracassos, incompetências institucionais, familiares, governamentais e religiosas.
         Embora a contemporaneidade seja tão marcada por grandes avanços tecnológicos, que incluem as redes intermináveis para a transmissão das palavras, em velocidades surpreendentes, ainda é tempo de aprender a falar. Esse é um investimento indispensável no alicerce básico da consciência humana, que abrange a individualidade e a clareza de pertencimento comunitário e familiar. Deus, em diálogo com cada pessoa – porque Ele fala – estabelece uma dinâmica que leva a esse necessário aprendizado, cultivando nos corações o gosto de ser sincero, bom, lúcido e capaz de agir como instrumento da paz.
         O segredo, portanto, é dar centralidade e primado à Palavra de Deus. Ao escutar a Palavra, cada pessoa se abre à verdade, aprende as lições do amor, capacita-se para ser justa. Mais que outras escutas, é essencial ouvir a Palavra de Deus, que também revela, inevitavelmente, a dramática possibilidade de o homem subtrair-se a esse diálogo de aliança com Deus. O resultado nefasto é a expansão de domínios perversos no coração.
         Proclamar a Palavra é investir no cumprimento da tarefa dada pelo mestre Jesus, a Palavra encarnada. Cristo quer o povo de Deus congregado em uma “Igreja em saída”, missionária, próxima de todos, presente especialmente nos lugares mais pobres e sofridos, em diálogo com a sociedade. Uma Igreja que ajude a confeccionar o tecido da cultura solidária e da vida.
         Nenhuma outra palavra tem a força da Palavra de Deus, capaz de renovar a Igreja, as pessoas e reconstruir a sociedade contemporânea, tão marcada pelo cansaço, fracasso e pelas banalizações. Proclamar a Palavra é o compromisso primeiro, entre muitos outros, assumido pela Arquidiocese de Belo Horizonte, como Igreja no mundo e a serviço do povo. É seu projeto de evangelização, para que surja o novo pela força da Palavra de Deus, iluminando as palavras de cada cidadão.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, em dezembro e no acumulado dos últimos doze meses, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu a estratosférica marca de 484,6%; a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,6%; já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, em janeiro/2017chegou a 5,35%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        

   

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