sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A SABEDORIA NA BUSCA DA VERDADE E A INTEGRAÇÃO DAS FRONTEIRAS NA SUSTENTABILIDADE

“Verdade verdadeira
        Continuo insistindo na era da pós-verdade, do boato acima dos fatos, porque é um assunto que causa confusão e equívocos, impedindo a formação de opinião consistente e julgamentos errôneos. E terminamos assim, como disse Sócrates com sua sabedoria: “Só sei que nada sei.” Só que neste caso sem a sabedoria.
         Na era da pós-verdade, circula nas redes sociais todo tipo de verdade e inverdades, e devemos partir para a certificação de tudo que repassamos a fim de diminuir o “achismo”. E também a onda de formação de ideias forjadas fazendo dos internautas massa de manobra manipulada por mal-intencionados.
         Agora mesmo, após a lamentável morte por acidente do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, continuamos sem saber se ele foi um herói para o país, contribuindo com as investigações da Lava-Jato, como anunciou o juiz Moro em seu discurso, ou se o que mais fez foi atrasar os processos em andamento com burocracias e procrastinações, já que tinha posicionamento de esquerda.
         Sabemos que a demora nas apurações faz parte da profissão de jurista, que investigações devem seguir etapas sólidas e legais, cabendo ao Judiciário zelar para que os processos tramitem da maneira correta. Nas redes sociais, publicaram em nome do filho de Zavascki várias notícias falsas.
         E também sofremos, nós, mortais, pois sé muito difícil saber que são os envolvidos e vê-los se sustentar em cargos públicos ainda por muito tempo, às vezes anos, para ver a Justiça agir, o que é tremendamente frustrante. Como foi o caso do ex-presidente da Câmara dos Deputado Eduardo Cunha, atualmente preso, e de muitos outras ainda soltos. Esperamos que a justiça seja feita ainda que tardiamente.
         No que diz respeito aos boatos que ganham corpo de verdade, são tantas ondas que jamais saberemos a verdade cabal e absoluta. E para complicar mais um pouco, não teremos a verdade porque não existe verdade única. A verdade é plural e depende do ângulo do qual é interpretada.
         Assim é para tudo. Tanto que numa família, enquanto um filho tem o pai com ressentimento e muitas críticas, outro o tem como aquele que lhe deu tudo o que tem. O pai não é o mesmo para todos os filhos, mas quando a discrepância é demais podemos verificar que há desvios na interpretação.
         A interpretação de um fato assume a tonalidade do afeto. E o afeto afeta. Afeta o julgamento. Portanto, a interpretação de alguém da direita dos fatos será sempre diferente dos de esquerda. Cabe a cada um apurar sua própria opinião, buscando fontes confiáveis e interpretações isentas de favoritismos, se isto é possível: eis a questão.
         A questão é que para cada um a verdade depende do posicionamento pessoal. Não se pode opinar sem se posicionar. Não se pode ser cidadão de fato sem antes ser sujeito, e cabe a este saber seu desejo e que ética escolherá abraçar.
         Para decidir sobre a ética deverá se posicionar, pois existem éticas diferentes de acordo com a crença. Vejam que a ética protestante mudou o mundo. Na ética religiosa, na ética cristã, em qualquer que seja ela, cada um segue os princípios ditados. A ética filosófica nos permitiu conhecer linhas completamente diferentes umas das outras. Cada uma tem em seu cabedal uma visão diferente e interpretação igualmente particular.
         A ética da psicanálise é a ética do inconsciente e, portanto, vai quase sempre na contramão das demais, pois trata-se da subversão do sujeito. O que aqui tem importância é a vida psíquica, o funcionamento do desejo e do inconsciente e, por isso, busca retificações subjetivas para abrir o caminho para o conhecimento do sujeito, e para o que cada um de nós é e não sabia.
         Nem sempre sabemos tudo sobre nós porque o inconsciente é como um estranho que habita na subjetividade e precisa ser desvelado. Assim, vemos que há uma multiplicidade de fatores que colaboram para a alienação em que vive a maioria das pessoas, pois desconhece primeiro a si próprio e, provavelmente, fará escolhas equivocadas, votará mal. Se equivocará menos, caso possa pensar sobre o que vê ocorrer e se tiver informações de fontes confiáveis do que ficar à mercê das bobagens que todo dia chega até nós e que só depois vemos que fomos enganados.
         Viver é preciso, disse Guimarães Rosa. E como podemos verificar, assim é.”.

(REGINA TEIXEIRA DA COSTA. Em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de janeiro de 2017, caderno CULTURA, coluna EM DIA COM A PSICANÁLISE, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de fevereiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de FERNANDO LUIZ LARA, PhD pela Universidade de Michigan, professor associado na Universidade do Texas e consultor do Lua Lab – Laboratório de Urbanismo Avançado, e que merece igualmente integral transcrição:

“Arquitetura para integrar fronteiras
        Desde o início de 2016, a campanha presidencial nos Estados Unidos teve a imigração como questão central. A proposta do presidente eleito Donald Trump de construir um muro entre o México e os Estados Unidos, e sua declarada intenção de deportar todos os imigrantes indocumentados, atraiu a atenção do mundo inteiro para os complexos problemas daquela região de fronteira. Fronteiras podem ser entendidas como entidades geográficas, barreiras políticas, ou outros limites de espaço. Fronteiras podem ser exploradas através de várias lentes conceituais.
         A análise da atual fronteira México-EUA revela a existência de três grandes indústrias que direcionam o discurso sobre, e em maior medida, toda a paisagem da fronteira.
         A primeira é a indústria da globalização, que movimenta 500 bilhões de mercadorias entre os EUA e o México a cada ano, e cujo objetivo é facilitar esse intercâmbio.
         A segunda é a indústria do trabalho mal remunerado que emprega milhões de trabalhadores hispânicos em todo EUA (legalmente ou não), interessados que estão em uma fronteira não exatamente fechada, mas tampouco totalmente aberta, mantendo assim os trabalhadores fronteiriços preocupados com a deportação e, portanto, dispostos a péssimas condições de trabalho.
         O terceiro setor é a indústria militar, que vende medo e banca a violência na área de fronteira com sua ineficiente guerra às drogas, justificando o gasto de bilhões de dólares em equipamentos, pessoal e infraestrutura num círculo vicioso que alimenta a si mesmo e consome vidas e recursos de ambos os governos.
         Tais indústrias são responsáveis pela insegurança e pelo assédio diário de milhões de pessoas que precisam ou querem atravessar a fronteira, sem, no entanto, conseguir controlar o fluxo de drogas rumo ao Norte ou de armas rumo ao Sul.
         A arquitetura, com seu poder de articular uma visão de um futuro melhor, tem a responsabilidade de trabalhar tais conflitos e ser parte da solução. Fernando Lara, professor associado da Universidade do Texas em Austin, convocou seus alunos de mestrado a pensar sobre a questão da imigração. A ideia foi desenhar soluções para uma fronteira México-EUA que fosse segura, sustentável e igualitária.
         O ateliê de projeto teve uma premissa básica: imaginar um fronteira em que as pessoas podem se mover livremente, mas que todo tipo de cargas seja detalhadamente inspecionado. Para tanto, torna-se necessário desconstruir as bases das três grandes indústrias descritas acima, e propor uma fronteira mais humana e funcional.
         Os 12 estudantes no ateliê da UT Austin, EUA, trabalharam em paralelo com ateliês da Universidad Autonoma Nuevo Léon em Monterrey, México. Os estudantes de ambos os lados da fronteira tiveram a oportunidade de interagir e trabalhar em conjunto para encontrar soluções para promover a integração em diferentes cidades fronteiriças.
         Os estudantes sugeriram que essas fronteiras, em vez de terrenos abandonados e militarizados, poderiam ter parques, estações de tratamento de água, instalações esportivas e centros comerciais. A presença ativa de pessoas em atividades de lazer e negócios inibiria o trânsito de armas e drogas e ajudaria a integrar as populações dos dois países.
         Os problemas que cercam qualquer fronteira são complexos. Mas a arquitetura e o urbanismo podem contribuir enormemente se atuarmos politicamente da forma correta. Governos devem criar integração comunitária e oportunidades econômicas para cidades-irmãs e suas populações-irmãs. Isso significa costurá-las e não segregá-las.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, em dezembro e no acumulado dos últimos doze meses, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu a estratosférica marca de 484,6%; a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,6%; e, finalmente, o IPCA chegou a 6,29%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        

         

Nenhum comentário: