segunda-feira, 27 de março de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O TRANSCENDENTAL COMBATE À CORRUPÇÃO E O IMPERIOSO FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA

“Corrupção: um crime infatigável
       Após tantas investigações policiais e diversos processos criminais já instaurados, importante refletirmos sobre as possíveis consequências institucionais do complexo e sinuoso mecanismo de combate à corrupção atualmente em curso no Brasil. Inicialmente, oportuno destacar que crimes de poder são cometidos justamente na crença da impunidade dos poderosos. Quando a política se une ao dinheiro, o céu desce à terra, anestesiando o espírito crítico e calando a razão pensante. Se a ganância seduz, o crime enterra.
          Nesse ambiente transcendental, corruptos e corruptores passam a cheirar cifras como se fosse cocaína, caindo, na primeira inalação, em dependência profunda. Com o tempo, passam a criar um fantasioso mundo próprio, pensam que não mais existem leis e vivem como se não houvesse o amanhã. Enquanto a farra permite, a ilusão vai longe.
          Aí, surgiu uma inesperada Operação Lava-Jato que implodiu com as peças do cassino brasileiro. Até agora, muitos seguem sem entender nada. Mas, então, o que houve, afinal?
          Simples: acharam o fio da meada e resolveram espremer o lado que não tem foro privilegiado. Após o insucesso das tradicionais tentativas de panos quentes, a ponto corruptora começou a falar. E, quando o pacto de silêncio é rompido, o esquema desaba em efeito dominó.
          Aqui, chegando, a colenda Suprema Corte fica numa situação de extremo desconforto. Sabidamente, a corrupção é um crime de duas pontas e, se o lado corruptor já disse que pagou e mostrou as provas do pagamento indevido, não há como deixar de condenar a face corrupta do poder. No entanto, os processos contra políticos andam devagar, quase parando. No cair do Sol, fica a impressão de que o foro privilegiado seria uma espécie de manto de impunidade, protegendo a classe política da séria aplicação da lei.
          Sim, o recente fenômeno de maxicriminalização da política acabou por abarrotar o colendo Supremo Tribunal Federal com procedimentos judiciais absolutamente incompatíveis com sua estrutura jurisdicional. Na verdade, jamais se pensou que chegaríamos a dias políticos tão baixos com a consequente vulgarização do nobre instituto do foro especial. E, por assim ser, uma política vagabunda não faz por merecer o privilégio de ser julgada pela mais alta corte da Justiça brasileira.
          Sem cortinas, o combate eficaz à desonestidade pública exige a constituição de instituições fortes, sérias, atuantes e independentes. A corrupção é uma engrenagem delitiva permanente e infatigável que, na primeira brecha, volta a se estabelecer, cavando raízes profundas. De nada adianta comemorar vitórias pontuais, pois eles são rápidos no gatilho. Aliás, de Brasília, já não sopram ventos de uma anistia de empreitada?”.

(SEBASTIÃO VENTURA P. DA PAIXÃO JR.. Advogado, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de março de 2017, caderno OPINIÃO, página 25).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Mais pela democracia
       A atenção do mundo está voltada para a sociedade brasileira. Mas, infelizmente, o foco não é favorável: as turbulências das operações Lava-Jato e Carne Fraca é que colocam o país no “olho do furacão”. Uma exposição que mostra, com as revelações dessas operações, uma sociedade desestabilizada e incapaz de promover a solidariedade e a justiça. Momento que requer mais esforços em prol da democracia. E o caminho a ser trilhado não é o de adotar a indicação de um grupo, instância governamental ou segmento único da sociedade, nem mesmo de líderes políticos. Sobretudo, porque há um sofrido déficit de lideranças, em razão de graves problemas, a exemplo da desconexão entre princípios ético-morais e a dimensão subjetiva e pessoal, que influencia as decisões. Essa desconexão, entre outras consequências, gera a insensibilidade social. Assim, muitas decisões são tomadas para favorecer quem não precisa, com prejuízos para os mais pobres. Mesmo assim, aqueles que decidem acreditam que suas deliberações são as mais acertadas. Consideram as próprias escolhas e projetos os mais justos para o momento.
          Desse modo, cria-se um descompasso que precisa ser corrigido a partir de processos que representem oportunidades para a ampla participação cidadã. Esse é o único meio de garantir escolhas adequadas e com força para fazer a urgente assepsia nos funcionamentos institucionais e governamentais. É uma via que leva às melhorias nos serviços públicos e na conduta cidadã de todas as pessoas, nas diferentes áreas. Nesse sentido, a reforma da Previdência não pode ser conduzida a partir da perspectiva de poucos, mas deve suscitar ampla participação. Trata-se de singular oportunidade para o cidadão participar, com opiniões, reflexões e debates sérios, que contribuam para a construção de entendimentos. Esse exercício possibilita também corrigir os modos de atuação de quem tem o dever de representar o povo. Inclusive, oferece a chance para políticos recuperarem a credibilidade, perdida justamente por, de modo contumaz, desconsiderarem as bases éticas e morais.
          A reforma da Previdência pode até ser necessária à democracia, mas nenhuma reforma pode operar na contramão do bem de todos, principalmente os mais pobres. As desigualdades que, historicamente, corroem a sociedade brasileira, sustentadas por uma cultura de privilégios e de benesses, não devem ser acentuadas. Por isso, a atenção ao processo de reforma da Previdência, com adequadas escolhas, é um desafio de todo o conjunto da sociedade. Fundamental é que os representantes do povo ajam com transparência na apresentação de informações, números e estatísticas, além de considerar os diferentes contextos socioculturais da realidade brasileira.
          Nada deve ser feito no afogadilho, a partir de visão unilateral, particularmente quando se pensa nas reformas política e da Previdência. O bem-estar dos mais pobres tem que ser o ponto de referência para se planejar mudanças no Brasil. Uma sociedade democrática não pode jamais passar por cima dos mais fracos. Por isso, todos devem se unir e fazer mais pela democracia, participando dos processos que envolvam reformas. Nessa tarefa, deve sempre estar no horizonte o que determina a Constituição Cidadã de 1988. Retroceder em marcos regulatórios, ou em princípios da vida cidadã, com o exclusivo objetivo de “fechar contas” ou de acumular superávits constitui perda civilizatória. E a reversão desse prejuízo envolveria o trabalho e o sacrifício de muitas gerações.
          Fazer mais pela democracia tem que ser “a bandeira cidadã” de todos, partindo de um sincero processos de identificação das próprias responsabilidades. Um dever de cada pessoa, particularmente dos dirigentes e dos representantes do povo. Para além do respeito formal das regras, esse exercício de autoavaliação deve se inspirar em uma convicta aceitação dos valores que norteiam os procedimentos democráticos. No conjunto desses valores, e acima de tudo, está o respeito à dignidade da pessoa humana, que é sagrada e inegociável, critério regulador da vida política.
          As muitas reformas são necessárias, mas devem ocorrer no contexto de um novo tecido cultural, a partir do diálogo, do confronto de ideias e da construção de consensos. Um caminho para a verdadeira consolidação da democracia, que qualifica a autoridade política e rege o exercício da cidadania. Tarefa exigente, complexa, que requer olhar atento para a situação dos mais pobres. Coragem para cortar privilégios e priorizar o bem comum. Eis o caminho para se fazer mais pela democracia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2017 a ainda estratosférica marca de 486,75% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,30%; e já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 5,35%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
         
 
 
   
           






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