“Ética
pública e privada
Segundo o filósofo
alemão Immanuel Kant (1724-1804), fundador da filosofia crítica, a ética
baseava-se em imperativos categóricos e morais, que são as condições
necessárias para desenvolvê-la.
Para
Kant, o dever é o bem. A boa vontade é a vontade de agir por dever. O
imperativo categórico, ou da moralidade, determina a ação independentemente de
todo o fim a atingir e tem seu fundamento apenas na consciência moral. O
imperativo moral não é hipotético.
Note-se
que, desde a Antiguidade, os filósofos tentam analisar e compreender os
princípios e os valores de uma sociedade e como eles ocorrem na prática. A
ética e a moral sempre mereceram considerações particulares dos grandes mestres
da filosofia e, embora parecidas, não têm a mesma equivalência, porquanto sejam
exigidas em diferentes condições. Não devem ser confundidas.
A
ética é a parte da filosofia que estuda o comportamento humano e sua relação
com as normas. Ela, essencialmente, reflete os princípios e os valores morais,
questionando se certas formas de agir contribuem ou não para a vida na
sociedade, cujo objetivo é a justiça social. A justiça e a sociedade são as metas.
Já a
moral é o conjunto de regras que se baseiam em valores culturais e históricos
de cada sociedade, por meio da prática ou de aspectos de condutas humanas
específicas; está balizada na subordinação aos costumes, regras e hábitos
determinados por cada sociedade.
Não
vai aqui nenhuma condenação, sem o devido contraditório, daqueles que não são
éticos, mas os tempos são outros, a globalização está aí, o mundo está mais
próximo nas telas e nas redes sociais. Portanto, sirva-se o cidadão dos
melhores exemplos, e não dos piores.
A
falta de ética presta-se, em muitas situações, a superar as adversidades da
vida num país marcado por desigualdades sociais, deficiências nos serviços
públicos, maus exemplos da política e complexidades da vida moderna. No entanto,
não se justificam o jeitinho, a falta de ética pública e privada e a ausência
de moral. A qualidade precisa superar a mediocridade.
Se a
falta de ética pública é vista como um fato normal, jamais seremos uma nação de
fato, verdadeira e respeitada. Essa aberração contribui para o atraso social,
econômico e moral de um povo.
Não
menos grave, a falta de ética privada constitui-se em agir com “jeitinho”,
levando “vantagem” e passando os outros para trás, quebrando normas e regras
(éticas e sociais), violando leis e degradando até mesmo o ambiente familiar.
Um chefe de família sem ética contamina os seus pelo mau comportamento. O custo
moral é grande e não vale a pena.
O
avanço do processo civilizatório não admite mais as presenças de aleivosias e
vitórias sem esforço. O povo brasileiro é cheio de esperança, trabalhando em
busca da alegria. Parece difícil alcançar essa felicidade, mas também eram
árduas as batalhas que foram vencidas.”.
(Wilson
Campos. Advogado, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de janeiro de 2018, caderno O.PINIÃO, página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
14 de janeiro de 2018, caderno A.PARTE,
página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI,
e que merece igualmente integral transcrição:
“Reverenciando
Geoffrey Hodson
Da leitura do sábio
Geoffrey Hodson, tirei este artigo.
O
homem tem quatro grandes instrutores.
O
primeiro é representado pelos fracassos, isso mesmo: não são os sucessos, mas
as derrotas, tão lamentadas, que indicam o correto caminho, são as quedas e as
humilhações sofridas que fornecem as melhores lições.
O
segundo instrutor são os eventos, qualquer um, desde os menores e mais
insignificantes, já que, atentamente observados, revelam as regras que regem a
vida e o destino, até aqueles que, inexplicavelmente “fortuitos”, possuem a
razão perfeita de ser.
O
terceiro são as oportunidades, as situações favoráveis e especiais que oferecem
condições de realização, já que, em outros momentos, seriam impensáveis ou
distantes como planetas. Saber, assim, aproveitar o momento em que
aparentemente as portas se abrem para avançar, expandir-se e apoiar a evolução
de todos.
O
quarto, são as ações que são provocadas nos outros, ou melhor, as reações
motivadas por nossa atividade. Representam um despertar na consciência da
interdependência entre as decisões, escolhas e exemplos prestados.
Embora
ofuscado pelo raciocínio animal que domina os instintos “comuns”, qualquer
cuidado com as consequências precisa ser levado a sério. O mau exemplo de um
pai deseduca a prole, o de um líder, os liderados; os mais fracos são sempre os
mais prejudicados.
O que
atrapalha o homem é o apego aos frutos do trabalho que executa, enquanto
deveria apenas cuidar do motivo para o qual se dedica e ser impassível diante
do sucesso ou derrota. Ciente de que o fracasso também é um sucesso para a
evolução e a verdadeira obrigação é realizar tudo que for possível.
Claro
que o bom homem não agirá para fracassar, mas, se isso acontecer, aceitará como
efeito da justiça e oportuno a seu aprendizado.
Ser
incompreendido faz parte do “jogo”. Ser altruisticamente indiferente a toda
opinião a respeito de si mesmo é ser livre e, ainda, imune à perda de tempo e
de entusiasmo com a missão.
As
influências astrológicas, as explosões solares, os eclipses se fazem sentir, os
pensamentos e ações dos outros produzem efeitos. As mudanças ocultam a visão
comum, atingem o indivíduo, influenciam constantemente. Mesmo assim, o respeito
aos princípios é fundamental. Quem permanece em postura serena, não afetada,
despojada de vaidades não é arranhado, será mais resistente nas quedas e
sucessos de grande intensidade. Não se perde em comemorações, pois sabe que a
vitória pode estar a um passo de uma derrotam e que a humildade o fortalece e
consolida os resultados.
O
aprofundamento da existência tem que se dar sem a menor tensão. Sem querer
nada, possuindo tudo, navegando no infinito, enraizado no eterno. O desabrochar
da alma do homem ocorre, misteriosamente, quando “tudo vem para aquele que
renuncia”.
“Nada
peço, e o que tenho está à disposição de Ti. Não a minha, mas a Tua vontade
seja feita”. A espontaneidade, o naufragar no imenso, torna-se assim a
característica da vida. Como ensinou o Mestre Guatama: “Mate o egoísmo e terá
tudo. Desapegue-se!”.
A
pessoa deve estar pronta ao assentimento, mesmo ao que parece injustiça.
“Bem-aventurados os mansos, pois eles herdarão a Terra”.
Santa
Teresa d’Ávila, ao ser atacada de forma cruel por sua família: Que Deus possa
lhes compensar pelos favores que vocês me concedem”.
Hodson
afirma que a vida do bem-aventurado é fazer o melhor possível para verter a Luz
da verdade sobre o mundo. Conceber a vida como um prolongado treinamento para
as tarefas mais difíceis e maiores do que aquelas que se enfrentam
momentaneamente, de forma valorosa, filosófica e sem hesitar. Receber o sucesso
com humildade e colocá-lo à disposição da humanidade. Inculque, em seus
liderados, os mais elevados princípios de moralidade e o selo da perfeição em
tudo que faz.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente
o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional
todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da
educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da
participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica
marca de 333,8% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o
IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em dezembro, chegou a 2,95%);
II – a corrupção, há séculos, na
mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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