“O
Brasil e a matemática: entre o orgulho e a vergonha
O Brasil acaba de ser
promovido para o Grupo 5, a elite da matemática mundial, que reúne as nações
mais desenvolvidas na pesquisa da área, como Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Isso deveria ser motivo de orgulho, não fosse pelo fato de o país ter também um
dos piores índices de aprendizagem nessa área. No último Pisa, exame
internacional aplicado a jovens em torno dos 15 anos, o Brasil ficou em 66º
lugar no ranking de proficiência em matemática entre 70 participantes – atrás
do Qatar, Indonésia e de seus vizinhos da América Latina.
Nessa
prova, 70% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do nível básico, sem
conseguir resolver problemas numéricos simples. A OCDE considera essas
habilidades um pré-requisito mínimo para exercer a cidadania. No Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o ensino médio brasileiro nunca
atingiu a nota 4 sobre 10. Apenas 7% dos alunos atingem o aprendizado adequado
em matemática; nas escolas públicas, o índice é de 3,6%.
As
deficiências de base se tornam gritantes no ensino superior. Na graduação de
engenharia, só metade dos estudantes matriculados conseguem se formar. Esse
quadro tem consequências graves na falta de qualificação e baixa produtividade
dos profissionais e, claro, na perda de competitividade do país.
Até o
momento, não há sinais de melhora na educação matemática. Mas a virada seria
possível, como já mostraram diversos países que reestruturaram o sistema
educacional e hoje alcançam as melhores notas. Para isso, há três desafios
fundamentais.
O
primeiro deles é a revisão do currículo, retirando a ênfase excessiva no ensino
da álgebra, que exige níveis cognitivos e capacidade de abstração muitas vezes
acima das faculdades de crianças e adolescentes em idade escolar. Muitos alunos
temem a matemática porque não entendem as aulas. Há que trabalhar com desafios
que tenham mais relação com o dia a dia do aluno e façam sentido na prática,
estimulando o raciocínio lógico e o gosto por resolver problemas. Se eles
curtem games, é claro que podem se apaixonar pela matemática.
Além
disso, é preciso empreender uma verdadeira cruzada para superar o analfabetismo
funcional. Reforçar, desde os primeiros anos escolares, a leitura e a
interpretação de textos, imprescindível para resolver exercícios e entender
enunciados.
Por
fim, há que qualificar os docentes. Um em cada três professores de matemática
não tem formação na área. Atualmente, há novas formas de ensinar, que são mais
motivadoras para o aluno e melhoram o aprendizado. O Instituto de Matemática
Pura e Aplicada (Impa) e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) vêm dando
excelente contribuição para repensar o ensino dessa disciplina, por exemplo,
com a Olimpíada Brasileira de Matemática. É necessário ampliar o diálogo entre
esses estudiosos e os professores das escolas, muitas vezes isolados e
esquecidos, sem apoio nenhum para inovar.”.
(ANDREA RAMAL.
Consultora em educação, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de fevereiro de 2018, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
23 de março de 2018, caderno OPINIÃO,
página 23, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“O
remédio da compaixão
Causam perplexidade a
crescente violência e a força destruidora das indiferenças. As perseguições e o
gosto mórbido de se destruir reputações ou tratar, com espetacularização, a
condição humana são graves ameaças. E diante deste turbulento cenário, ainda
surgem figuras que se apresentam como a “força da moralização”, mas agem com
truculência e se autopromovem a partir da disseminação de notícias falsas,
criando confusões e semeando desarranjos. Há, assim, uma retroalimentação das
hostilidades, disputas, revides e, de modo preocupante, do espírito doentio
daqueles que querem ver “o circo pegar fogo”.
Constata-se que o
coração das pessoas, projetado para ser da paz, se transforma em lugar que
abriga sentimentos de vingança, de apreço ao banditismo. Distancia-se, assim,
do sentido humanístico indispensável para alimentar a fraternidade e a
solidariedade. O processo crescente de desumanização conduz a sociedade ao
colapso. Os cenários são de guerra, o que é comprovado pelas estatísticas sobre
homicídios provocados pela falta de compromisso com a sacralidade da vida do
outro, que é irmão.
Na contramão da
indispensável e urgente sensibilização humana, o que se verifica é um processo
de petrificação dos corações, uma patologia. Afinal, quem cultiva o hábito de
praticar maldades é doente. As práticas que, apesar de sedutoras, levam as
pessoas e instituições ao fracasso, são também indicações do grave sintoma da
devastação das referências humanísticas. Há uma perda de limites: as consequências
dos atos inadequados e imorais nem sequer são consideradas. Isso decorre da
falta de compromisso com a honestidade. A probidade, que deveria ser norteadora
de condutas, não tem seu valor reconhecido.
Uma sociedade vivida
nesse horizonte confuso não tem força para se recuperar de crises. Carece de
sabedoria para reencontrar caminhos e respostas. E as pessoas não conseguem
perceber o sentido e o alcance da vida como dom. Pelo contrário, as condutas
ficam emolduradas pelos estreitamentos humanísticos que levam a cidadania a ser
palco de teatralizações. Consequentemente, a vida cotidiana distancia-se da
felicidade, possível quando todos se reconhecem como pertencentes a uma grande
família – todos se percebendo como irmãos uns dos outros.
É preciso um remédio
que tenha força de ação no coração humano. É lá que reside o problema. Chegue,
pois, aos corações, o remédio da compaixão, capaz de fazê-lo sede da
experiência do amor. Os processos que tendem a brutalizar o coração humano
precisam ser debelados. Isso inclui investimentos em segurança pública,
legislações, infraestrutura e, principalmente, promover, no ambiente familiar,
religioso, entre tantos outros, o remédio da compaixão. A compaixão permite o
desenvolvimento de competências, de responsabilidades, a recuperação do sentido
de irmandade, a alegria do pertencimento a um povo, o gosto de zelar por seu
patrimônio e o comprometimento com aqueles que precisam de ajuda. A patologia
do embrutecimento, por sua vez, leva à perda do sentido mais profundo da vida,
causando sequelas e trazendo prejuízos preocupantes – mortes, suicídios,
violências de todo tipo, indiferenças destruidoras. Por isso mesmo, precisa ser
tratada com o remédio da compaixão.
A compaixão não é
fraqueza, menos ainda conivência com os erros que requerem penas e correções. A
aprendizagem e a prática da compaixão, legado próprio da espiritualidade
cristã, são o remédio que trata o coração humano, fonte inesgotável para se
lavar e se purificar. É preciso reconhecer-se como necessitado desse remédio.
Vivenciar a semana santa, seguindo os passos de Jesus Cristo – a compaixão – é
tomar esse remédio para se curar de muitos males, caminho para se tornar agente
construtor de uma vida nova, de um tempo novo e um exercício que permite educar
o coração para reconhecer a importância do outro, principalmente quem é pobre e
indefeso.
Limpar o coração de
mágoas que geram vinganças e ressentimentos. Cultivar o gosto pelo bem e pela
verdade. Compreender a vida como dom. Abrir um ciclo novo para a própria vida,
na vivência e celebração da semana maior, a semana santa. Eis o convite: o
remédio da compaixão!”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca
de 333,9% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial em históricos 324,1%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão sendo
apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517 anos já
se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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