“Educação
4.0 e as demandas da nova escola
A introdução das
tecnologias digitais nas escolas, embora muito explorada do ponto de vista dos
recursos pedagógicos, não se resume a isso. Com tantas ferramentas à disposição
para aprender e compartilhar, as novas gerações estão exigindo das instituições
educacionais uma veloz revolução nas
metodologias de ensino e na gestão das escolas. Trata-se promover avanços que
vão muito além de espalhar computadores e tablets, lousas eletrônicas e
realidade virtual pelas salas de aula. Para que o uso da tecnologia seja
efetivo, a escola precisa, antes de tudo, de rever e otimizar processos,
qualificar profissionais e, principalmente, investir em novos modelos de
negócios e de gestão.
A
interconectividade propiciada pelas novas tecnologias fez emergir um novo jeito
de relacionar e aprender, baseado principalmente na troca de experiências e
conhecimento entre as pessoas e organizações.
A
tecnologia e o seu uso eficiente pressupõe um espaço dinâmico e interativo, que
favoreçam trabalho em equipe e troca de experiências entre todos os envolvidos
no processo de aprendizagem, tanto no ambiente físico quanto no virtual. A
ideia é trocar experiências nas salas de aula e aprender a partir de qualquer
lugar. A investigação, a colaboração e o relacionamento estão presentes como
motores da aprendizagem e a escola, como a conhecemos, não responde mais a
essas premissas.
Nesse
perspectiva, pressupostos como a divisão dos alunos por idade e ambientes
limitados por paredes fixas perdem cada vez mais o sentido. A nova escola deve
oferecer espaços multiuso e flexíveis, onde alunos de séries diferentes
aprendam uns com os outros, com a ajuda simultânea de mais de um professor,
cujo papel de provedor do conhecimento cede espaço para o de orientador de
aprendizagem.
Esse
novo perfil docente, aliás, implica a necessária aquisição de novas
competências, como a habilidade em gestão de projetos, comunicação, trato com
as mídias sociais e as tecnologias em geral. Demanda, também, mais trabalho em
equipe com seus pares, alunos, famílias e outros agentes da comunidade em
geral. O manejo da turma e a capacidade de inspirar serão habilidades tão ou
mais importantes que o conhecimento específico da disciplina.
Trata-se
de um ambiente educacional onde o professor não somente ensina, mas, principalmente,
aprende. Nas palavras de Paulo Freire: “Ninguém ignora tudo. Todos nós sabemos
alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”.
Tal
situação demanda, portanto, a introdução de novos conceitos de gestão! Os
arcaicos modelos que regem, hoje, a relação de trabalho entre a escola e seus
profissionais, por exemplo, são verdadeiras camisas de forças. A gestão de
pessoas nas escolas precisas urgentemente ser atualizada para esse novo
contexto.
Mas as
mudanças devem ir muito além delas. E é explorando essa oportunidade que as
startups vêm contribuindo cada vez mais. Elas estão combinando os pontos fortes
da tecnologia com o valor único de seres humanos, para promover ganhos de
produtividade, melhoria nas tomadas de decisão e automação de processos.
A
explosão da tecnologia promoveu uma verdadeira desordem no sistema de educação
tradicional. A era do tamanho único, do perfil-padrão, do modelo genérico e dos
processos rígidos em que se baseou a escola do século passado não encontra mais
espaço. Ela, a exemplo de outras organizações, está sendo impactada por algo
novo que o avanço da tecnologia tornou possível, chamado “personalização”. É
isso!”.
(MARCELO
FREITAS. Mentor em inovação educacional, gestão estratégica e palestrante,
em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 9 de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Diálogos
e limites
Chama atenção a forma
cada vez mais extremada com que as pessoas julgam as instituições e pessoas.
Eis um fenômeno que merece redobrado cuidado de todos. Também as instituições
devem contribuir para dissipar algo que
já está ocorrendo, em nível preocupante: radicalismos e fundamentalismos ao
tratar quem é diferente. A incapacidade para se relacionar com quem tem
perspectivas divergentes faz com que grupos se tornem guetos, alimenta
segregações, cria campo fértil para intolerâncias. A origem desse problema
encontra-se naqueles que se julgam no direito de partilhar inverdades.
Expressar
juízos, obviamente, é parte integrante do exercício da cidadania, indispensável
na compreensão de processos que contribuam para a vida social. Por isso mesmo,
a diversidade de pontos de vista é uma riqueza e precisa ser bem compreendida
nas mais diferentes instituições e segmentos da sociedade – do partido político
à empresa, da instituição educacional à religiosa. Enfim, a emissão de juízos é
um direito e um dever de todos. Sem esse direito e dever não haveria a
vitalidade indispensável aos campos da religião, ciência, educação, cultura e
tantos outros. Daí a rejeição a todo tipo de configuração política que impeça a
livre expressão, a participação e o debate.
O
mundo contemporâneo oferece facilidades para a formulação de juízos, com uma
infinidade de caminhos para a partilha de todo tipo de informação e de
opiniões. O desafio é que, diante desse contexto, seja possível alcançar uma
configuração sociocultural, religiosa e moral sem distanciamento da verdade, do
bem e do compromisso com a justiça. É assustador ver grupos vociferando, de
forma desrespeitosa, em manifestações que mais parecem histeria generalizada,
sem o mínimo de serenidade. Quem age com serenidade, verdadeiramente em busca do
bem comum, tem capacidade para dialogar. Não se dedica a acusações sem
comprovação, ou ao uso da força para impor as próprias convicções.
Lamentavelmente,
posturas nada ponderadas que revelam falta de lucidez têm contaminado ambientes
diversos, desde a política partidária ao próprio contexto da Igreja Católica, a
exemplo da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A instituição,
que merece todo respeito por tuto que vem fazendo para a Igreja e a sociedade,
é submetida ao “banco dos réus” por pessoas que merecem ter seus argumentos
confrontados. As redes sociais parecem ter sido alçadas ao status de tribunal.
Na internet, muitas vezes são publicadas opiniões de modo intempestivo, sem
qualquer embasamento, promovendo a condenação de pessoas e instituições.
Em vez
de promover aproximações e diálogos, muitas pessoas, nas redes sociais,
contribuem para ampliar o distanciamento, se aprisionando em suas certezas, sem
qualquer espaço para a construção de entendimentos e consensos. Fica assim,
mais difícil fazer escolhas acertadas e amadurecer opiniões, alicerçadas na
verdade e na justiça. E esse fenômeno de execrações e agressões, “ponta do
iceberg” das intolerâncias, leva a sociedade ao caos. Alimenta a crescente violência,
promove guerras, fomenta o ódio, a busca por “fazer justiça com as próprias
mãos”. A postura de cada pessoa não pode assemelhar-se à do califa, que,
conforme a narrativa, achou oportuno queimar todos os livros da inigualável
biblioteca de Alexandria por considerar que uma única obra continha toda a
verdade e, portanto, as outras eram dispensáveis.
A
falta de capacidade para colocar no lugar do outro, de considerar diferentes
perspectivas, faz nascer o fundamentalista, o radical, aquele que não permite a
inovação nos funcionamentos e procedimentos. Quem se aprisiona nas próprias
convicções não está aberto a evoluir, condenando também à inércia as ambiências
onde está inserido. Essa limitação inviabiliza o diálogo e, consequentemente,
contribui para camuflar a mediocridade de certas pessoas que deveriam exercer a
liderança, mas que acovardam diante da exigência do saudável debate. Gente que
se contenta em apenas defender a “própria pele”, alimentando o carreirismo e os
interesses que estão muito aquém das dinâmicas novas que precisam ser intuídas diante
das necessidades atuais.
O
remédio para superar as distâncias é investir no diálogo, não simplesmente como
conversa demagógica ou caminho para debates conceituais, mesmo que
consistentes. O diálogo a ser buscado é o que envolve pessoas capazes de articular
a dimensão conceitual com a capacidade afetiva-ética-moral-espiritual,
indispensável para se posicionar de maneira corajosa e inventiva. Sem esses
diálogos não se operam mudanças e as limitações prevalecem. Esses limites, se
não forem vencidos, contribuirão para o crescimento das intolerâncias e o
envelhecimento das instituições, em todos os níveis, pagam alto preço, fazendo
multiplicar passivos que distanciam a sociedade da verdade e do respeito à
dignidade humana. Todos reconheçam a necessidade de se investir em diálogos –
chave para superar limites.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto
das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2018 a ainda estratosférica
marca de 327,92% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial em históricos 324,70%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, em fevereiro, chegou a 2,84%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 517
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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