sexta-feira, 5 de abril de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DAS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS E A TRANSCENDÊNCIA DA CORAGEM MORAL NA SUSTENTABILIDADE


“Um naufrágio desolador
        Na manhã de um sábado de sol, fui despertado com um telefonema do advogado Geraldo Magela Freire, participando-me que um amigo comum nos deixara. Sempre vi na morte um passaporte para a vida eterna. Mas quando ela nos colhe de surpresa, admiti-la torna-se mais difícil, por maior que seja a nossa disposição em aceitá-la.
         Aprendi com Guimarães Rosa que a gente morre para provar que viveu. Daí a conclusão de que quem viveu bem será sempre lembrado, pois a morte não é maior perda da vida.
         A maior perda é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. E os que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
         Imbuído desse sentimento, recebi com tranquilidade o comunicado de que Dídimo Paiva nos deixara. Por mais dolorosa que fosse a sua partida, preferi lembrar-me dele tal como sempre foi: autêntico, corajoso, amigo, responsável pelo que dizia e escreveu.
         Muitos de seus amigos já exaltaram sua maneira de ser. Para mim, o que ficou dele foi a sua reflexão sobre a política brasileira (“A marcha”, 23/10/53), ao se referir ao “... Brasil traído e vilipendiado pelos homens que se arvoram em arautos do regime democrático. É o grande Brasil que como um náufrago se debate em um mar de dúvidas. É a ideia e a imagem de naufrágio que nos ocorre nessa hora de escândalo, de traições, de rapinagem, mas, antes de tudo, hora de indiferença pelas nossas tradições mais caras e desprezo pelos princípios morais fundamentais da civilização cristã”.
         O juízo que Dídimo fazia do nosso país, há 65 anos passados, infortunadamente ainda subsiste. “Brasil onde tudo – independência política real, emancipação econômica, unidade nacional, alfabetização, criação de uma consciência política, libertação da miséria, educação das elites, industrialização – tudo ainda precisa ser resolvido. Eis a grande missão dos moços: solucionar esses problemas ou então desaparecer com eles e o Brasil”.
         No discurso que proferiu como presidente da Assembleia Nacional Constituinte (8/10/88), Ulysses Guimarães enfatizou que Dídimo Paiva fizera quanto à desintegração e à desmoralização pública que infestava a nação num processo enganoso que nada produzira senão “derrubar uma ordem política e sem nada, absolutamente nada, até agora colocar em seu lugar”.
         Tal como preconizou o jovem idealista, nascido em Jacuí – dizia Ulysses –, “a vida pública brasileira será sempre fiscalizada pelos cidadãos. Do Presidente da República ao prefeito, do senador ao vereador. A moral é o cerne da pátria. A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos, que a pretexto de salvá-la, a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral política”.
         Comparando a apreensão de Dídimo com a rebeldia cívica de Ulysses Guimarães, é alentador saber que se identificaram na indignação contra o opróbio, os privilégios, a desfaçatez, as investidas contra os cofres públicos, que se tornaram fatos corriqueiros na história contemporânea.
         Felizmente, o que distingue a mocidade da velhice é a capacidade de se refazer. Trata-se de um fato alvissareiro que nos leva a admitir que uma nova geração poderá livrar o Brasil dos riscos iminentes a que estamos expostos. Pois “enquanto as nossas asas nos podem salvar, não tem importância que nos lancemos a todos os abismos...” (“A marcha”, 6/8/54).
         Ao contemplar o amigo inerte em seu esquife, tomado de uma saudade prematura, lembrei-me da mensagem que lhe enviei quando ele deixou a sua atividade de jornalista, sem perder a capacidade de sonhar: num mundo em que muitos contam a fama e outros se vendem a ela, encontro em Dídimo Paiva o somatório das mais autênticas virtudes. A capacidade de manter o ânimo quando as circunstâncias são desfavoráveis constitui o apanágio das pessoas de bem. Há homens que amam o poder e outros têm o poder de amar. Esta tem sido a sua perene vocação. (Um Bunker na imprensa. pg. 163).”

(ARISTOTELES ATHENIENSE. Advogado, membro do Conselho Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de março de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sem medo de mudar
        O mundo contemporâneo tornou-se verdadeira avalanche de transformações que chegam em velocidades crescentes, ou melhor, vive-se acelerado processo de mudanças para melhor, e também, lamentavelmente, para pior, pois muitas delas conduzem a humanidade às deteriorações e involuções que representam desperdício de oportunidades justo em um tempo com tantas possibilidades. No coração desta contradição, permanece o desafio humano: superar o medo de mudar, que paralisa e impede os avanços necessários.
         Esse medo sustenta idolatrias hegemônicas com tons de perversidade, induz a percepções equivocadas da realidade. Faz perceber o outro, o diferente, como inimigo, estimulando uma dinâmica beligerante, marcada por ataques sem piedade. Agressões que se manifestam, frequentemente, na propagação de mentiras, interpretadas como verdades, nos diversos contextos em que prevalece a incapacidade para o qualificado discernimento. Ambiente propício a quem se vale da calúnia para esconder as próprias limitações, desqualificando outras pessoas. Em vez de mudar e crescer, muitos se valem da mentira e dos ataques para diminuir quem é diferente.
         Constata-se, pois, que o medo da mudança é o fantasma da imaginação de quem, mesmo inconscientemente, sabe da própria incompetência para alcançar conquistas e reconhecimento. Um sentimento que aprisiona indivíduos – consequentemente, instituições e segmentos sociais) – nos parâmetros da mediocridade. A solução e o grande desafio é superar esse medo. E somente a abertura para se reconfigurar é que permitirá às pessoas evoluírem, alcançar novas intuições e desenvolver promissores projetos.
         Abrir-se para novas possibilidades não significa “mudar por mudar”. O que deve ser buscado é a lucidez que permite não desprezar novas respostas para os muitos problemas ainda sem adequada solução. Isso exige vencer o comodismo e a ignorância, superar os medos que ferem a capacidade para o adequado discernimento. Esse temor diante da possibilidade de mudança aprisiona, inviabiliza a adequada vivência da cidadania e da espiritualidade. Impede o descortinar de um tempo novo, o que resulta na falta de compromisso com a vida comunitária.
         Assim, perdem-se tempo e oportunidades, pois continuam os investimentos em processos obsoletos, produtores de prejuízos e atrasos. E mesmo diante das evoluções nos diferentes campos do saber, na área da educação, saúde e comunicação, não faltam exemplos de situações de penúria, que já deveriam ter sido superado. Um exemplo é o aumento assustador de epidemias com o retorno de doenças já consideradas erradicadas, resultado do descaso, da exploração irresponsável do meio ambiente, do caos que se instala na sociedade a partir dos esquemas de enriquecimento ilícitos. Esses males fazem crescer a insegurança no coração das pessoas, mesmo entre aquelas que vivem a falsa tranquilidade por ter acumulado muitos bens.
         Tudo isso, aliado à crescente violência, à falta de respeito ao semelhante e ao meio ambiente, no fim, contribui para o desvanecimento da alegria de viver. E o progresso científico experimentado na atualidade não é suficiente para colocar o mundo nos trilhos da paz e emoldurar as sociedades nos parâmetros do desenvolvimento integral. Consequentemente, a economia da exclusão, a idolatria do dinheiro e a desigualdade social prevalecem, impedindo que o mundo se torne mais justo, solidário e fraterno.
         Há, pois, a urgência de se superar o medo das mudanças. E o tempo da quaresma é oportunidade para, corajosamente, se enfrentar qualquer receio de viver uma transformação pessoal. Quando se fala sobre a necessidade de reformas estruturais e conjunturais na sociedade, há de se admitir que o ponto de partida é reconfigurar o mais recôndito da alma e da consciência de cada indivíduo. E uma fecunda experiência espiritual oferece a cada pessoa a oportunidade para se renovar.
         Da maestria do coração de Jesus nasce o convite central para operar mudanças na interioridade humana, que reúne muitas aptidões, dons do Criador, mas se torna fragilizada pelo pecado. O remédio para não ter medo de mudar é acolher, sem justificativas e delongas, o convite para uma autêntica conversão. Decisão que exige humildade para reconhecer e superar os próprios limites e as escolhas equivocadas. Um passo necessário para experimentar a alegria de ser bom e de fazer sempre o bem, justamente por não ter medo de mudar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 295,53% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 317,93%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        

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