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sexta-feira, 5 de abril de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DAS TRANSFORMAÇÕES ESTRUTURAIS E A TRANSCENDÊNCIA DA CORAGEM MORAL NA SUSTENTABILIDADE


“Um naufrágio desolador
        Na manhã de um sábado de sol, fui despertado com um telefonema do advogado Geraldo Magela Freire, participando-me que um amigo comum nos deixara. Sempre vi na morte um passaporte para a vida eterna. Mas quando ela nos colhe de surpresa, admiti-la torna-se mais difícil, por maior que seja a nossa disposição em aceitá-la.
         Aprendi com Guimarães Rosa que a gente morre para provar que viveu. Daí a conclusão de que quem viveu bem será sempre lembrado, pois a morte não é maior perda da vida.
         A maior perda é o que morre dentro de nós enquanto vivemos. E os que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.
         Imbuído desse sentimento, recebi com tranquilidade o comunicado de que Dídimo Paiva nos deixara. Por mais dolorosa que fosse a sua partida, preferi lembrar-me dele tal como sempre foi: autêntico, corajoso, amigo, responsável pelo que dizia e escreveu.
         Muitos de seus amigos já exaltaram sua maneira de ser. Para mim, o que ficou dele foi a sua reflexão sobre a política brasileira (“A marcha”, 23/10/53), ao se referir ao “... Brasil traído e vilipendiado pelos homens que se arvoram em arautos do regime democrático. É o grande Brasil que como um náufrago se debate em um mar de dúvidas. É a ideia e a imagem de naufrágio que nos ocorre nessa hora de escândalo, de traições, de rapinagem, mas, antes de tudo, hora de indiferença pelas nossas tradições mais caras e desprezo pelos princípios morais fundamentais da civilização cristã”.
         O juízo que Dídimo fazia do nosso país, há 65 anos passados, infortunadamente ainda subsiste. “Brasil onde tudo – independência política real, emancipação econômica, unidade nacional, alfabetização, criação de uma consciência política, libertação da miséria, educação das elites, industrialização – tudo ainda precisa ser resolvido. Eis a grande missão dos moços: solucionar esses problemas ou então desaparecer com eles e o Brasil”.
         No discurso que proferiu como presidente da Assembleia Nacional Constituinte (8/10/88), Ulysses Guimarães enfatizou que Dídimo Paiva fizera quanto à desintegração e à desmoralização pública que infestava a nação num processo enganoso que nada produzira senão “derrubar uma ordem política e sem nada, absolutamente nada, até agora colocar em seu lugar”.
         Tal como preconizou o jovem idealista, nascido em Jacuí – dizia Ulysses –, “a vida pública brasileira será sempre fiscalizada pelos cidadãos. Do Presidente da República ao prefeito, do senador ao vereador. A moral é o cerne da pátria. A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos, que a pretexto de salvá-la, a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral política”.
         Comparando a apreensão de Dídimo com a rebeldia cívica de Ulysses Guimarães, é alentador saber que se identificaram na indignação contra o opróbio, os privilégios, a desfaçatez, as investidas contra os cofres públicos, que se tornaram fatos corriqueiros na história contemporânea.
         Felizmente, o que distingue a mocidade da velhice é a capacidade de se refazer. Trata-se de um fato alvissareiro que nos leva a admitir que uma nova geração poderá livrar o Brasil dos riscos iminentes a que estamos expostos. Pois “enquanto as nossas asas nos podem salvar, não tem importância que nos lancemos a todos os abismos...” (“A marcha”, 6/8/54).
         Ao contemplar o amigo inerte em seu esquife, tomado de uma saudade prematura, lembrei-me da mensagem que lhe enviei quando ele deixou a sua atividade de jornalista, sem perder a capacidade de sonhar: num mundo em que muitos contam a fama e outros se vendem a ela, encontro em Dídimo Paiva o somatório das mais autênticas virtudes. A capacidade de manter o ânimo quando as circunstâncias são desfavoráveis constitui o apanágio das pessoas de bem. Há homens que amam o poder e outros têm o poder de amar. Esta tem sido a sua perene vocação. (Um Bunker na imprensa. pg. 163).”

(ARISTOTELES ATHENIENSE. Advogado, membro do Conselho Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de março de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de março de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sem medo de mudar
        O mundo contemporâneo tornou-se verdadeira avalanche de transformações que chegam em velocidades crescentes, ou melhor, vive-se acelerado processo de mudanças para melhor, e também, lamentavelmente, para pior, pois muitas delas conduzem a humanidade às deteriorações e involuções que representam desperdício de oportunidades justo em um tempo com tantas possibilidades. No coração desta contradição, permanece o desafio humano: superar o medo de mudar, que paralisa e impede os avanços necessários.
         Esse medo sustenta idolatrias hegemônicas com tons de perversidade, induz a percepções equivocadas da realidade. Faz perceber o outro, o diferente, como inimigo, estimulando uma dinâmica beligerante, marcada por ataques sem piedade. Agressões que se manifestam, frequentemente, na propagação de mentiras, interpretadas como verdades, nos diversos contextos em que prevalece a incapacidade para o qualificado discernimento. Ambiente propício a quem se vale da calúnia para esconder as próprias limitações, desqualificando outras pessoas. Em vez de mudar e crescer, muitos se valem da mentira e dos ataques para diminuir quem é diferente.
         Constata-se, pois, que o medo da mudança é o fantasma da imaginação de quem, mesmo inconscientemente, sabe da própria incompetência para alcançar conquistas e reconhecimento. Um sentimento que aprisiona indivíduos – consequentemente, instituições e segmentos sociais) – nos parâmetros da mediocridade. A solução e o grande desafio é superar esse medo. E somente a abertura para se reconfigurar é que permitirá às pessoas evoluírem, alcançar novas intuições e desenvolver promissores projetos.
         Abrir-se para novas possibilidades não significa “mudar por mudar”. O que deve ser buscado é a lucidez que permite não desprezar novas respostas para os muitos problemas ainda sem adequada solução. Isso exige vencer o comodismo e a ignorância, superar os medos que ferem a capacidade para o adequado discernimento. Esse temor diante da possibilidade de mudança aprisiona, inviabiliza a adequada vivência da cidadania e da espiritualidade. Impede o descortinar de um tempo novo, o que resulta na falta de compromisso com a vida comunitária.
         Assim, perdem-se tempo e oportunidades, pois continuam os investimentos em processos obsoletos, produtores de prejuízos e atrasos. E mesmo diante das evoluções nos diferentes campos do saber, na área da educação, saúde e comunicação, não faltam exemplos de situações de penúria, que já deveriam ter sido superado. Um exemplo é o aumento assustador de epidemias com o retorno de doenças já consideradas erradicadas, resultado do descaso, da exploração irresponsável do meio ambiente, do caos que se instala na sociedade a partir dos esquemas de enriquecimento ilícitos. Esses males fazem crescer a insegurança no coração das pessoas, mesmo entre aquelas que vivem a falsa tranquilidade por ter acumulado muitos bens.
         Tudo isso, aliado à crescente violência, à falta de respeito ao semelhante e ao meio ambiente, no fim, contribui para o desvanecimento da alegria de viver. E o progresso científico experimentado na atualidade não é suficiente para colocar o mundo nos trilhos da paz e emoldurar as sociedades nos parâmetros do desenvolvimento integral. Consequentemente, a economia da exclusão, a idolatria do dinheiro e a desigualdade social prevalecem, impedindo que o mundo se torne mais justo, solidário e fraterno.
         Há, pois, a urgência de se superar o medo das mudanças. E o tempo da quaresma é oportunidade para, corajosamente, se enfrentar qualquer receio de viver uma transformação pessoal. Quando se fala sobre a necessidade de reformas estruturais e conjunturais na sociedade, há de se admitir que o ponto de partida é reconfigurar o mais recôndito da alma e da consciência de cada indivíduo. E uma fecunda experiência espiritual oferece a cada pessoa a oportunidade para se renovar.
         Da maestria do coração de Jesus nasce o convite central para operar mudanças na interioridade humana, que reúne muitas aptidões, dons do Criador, mas se torna fragilizada pelo pecado. O remédio para não ter medo de mudar é acolher, sem justificativas e delongas, o convite para uma autêntica conversão. Decisão que exige humildade para reconhecer e superar os próprios limites e as escolhas equivocadas. Um passo necessário para experimentar a alegria de ser bom e de fazer sempre o bem, justamente por não ter medo de mudar.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em fevereiro a ainda estratosférica marca de 295,53% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 317,93%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DO UNIVERSO E O HORIZONTE DA VERDADE

“Como multiplicarmos em luz 
o que o universo nos entregou
        É o destino de todos os homens despertarem para a vida interior consciente.
         Em sua existência formal, o Cosmos irradia ordem e manifesta leis superiores, divinas. Observando isso, o homem poderia obter todo o ensinamento de que necessitasse. Não há uma partícula sequer dentro de tal imensidão que, seguindo essas Leis, não tenha sua posição definida. Nem mesmo um pequeno raio de luz é emitido que não seja para cumprir determinada tarefa. Nada se move ou vive fora da Grande Presença.
         Assim, se uma pessoa é encarregada de uma tarefa que faça parte do Plano de Deus, seus corpos mental, emocional e físico vão sendo preparados para desempenhá-la. É fato que o homem terrestre trilhou caminhos fora da Lei Universal e traz gravadas nas células de seus corpos as marcas dessa trajetória.
         Vivendo neste planeta, ao indivíduo cabe lidar com seus corpos mental, emocional e físico procurando elevar-lhes a vibração. Todos os cuidados nesse sentido devem ser tomados desapegadamente (inclusive a alimentação, a higiene e a postura), sabendo que o verdadeiro processo é o desenvolvimento da consciência. Cabe à pessoa contatar o propósito interior e cumpri-lo em todos os níveis. Esses cuidados, no entanto, não precisam ser excessivos.
         É necessário apenas que ela esteja desperta e que possa cumprir em pura e sincera entrega aquilo que lhe foi designado pelo Alto.
         A parábola dos talentos, mencionada na Bíblia, ensina o valor que há em multiplicarmos o que o Senhor nos entregou; mas multiplicar em Luz, e não materialmente, como é de uso comum compreender essa instrução.
         Energias especiais, sutis, incidem sobre aquele cujo contato com a vida espiritual esteja mais aberto. Se estiver em inteira disponibilidade para o serviço, poderá adequar-se prontamente às rápidas transformações que se façam necessárias no cumprimento de sua tarefa.
         É importante que se esteja desidentificado das suas emoções, da sua própria mente, dos seus condicionamentos, de respostas mecânicas, que se esteja pronto para renascer a cada momento – preparado, portanto, para a todo instante morrer para o que se é em aparência. Na presente situação planetária, na qual profundas transformações estão ocorrendo, é hora de entregar mais profundamente a própria vida – vida que ilusoriamente  pensamos ser nossa, quando na verdade é do Único.
         Pela percepção da mente bem pouco se pode saber sobre os movimentos da energia sutil espiritual. Para que nossa consciência participe desses processos é preciso colocarmos de lado as expectativas, os sonhos e até mesmo o desejo de servir; enfim, é preciso calarmos. O silêncio é o melhor instrumento de serviço e também a única e verdadeira oferta que se pode fazer aos trabalhos internos.
         Se o impulso da devoção permear o nosso ser, devemos deixar que ela arda e incendeie cada passo que dermos; se por momentos ou dias estiver sobre nós presente de maneira especial a energia da ordem, devemos manifestá-la, permitindo que ajuste e conduza às exatas posições aquilo que nos cerca. E, diante de tudo isso, se nos dispusermos a nada querer e a não impor obstáculos, participaremos de um movimento cósmico que, como um bailado, move universos, levando-os a realizarem o trabalho do Plano de Deus em completa harmonia.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil diante da verdade
        O Brasil precisa se conscientizar de que o presente em que vive já é passado e afastar o passado da frente do futuro. Vivemos o cotejo entre um modelo exaurido, e que insiste em se manter, e um novo modelo de nação em franca gestação, mas que não queremos perceber que nasce, porque precisa de nós para ganhar vida. A árdua abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff coroa o confronto de um país consigo mesmo.
         Mas, afinal de contas, quem somos nós? As raízes do Brasil foram estudadas a fundo por Sérgio Buarque, que sintetiza assim o espírito brasileiro: “Desejamos ser o povo mais brando e o mais comportado do mundo. (...) Tudo isso são feições bem características do nosso aparelhamento político, que se empenha em desarmar todas as expressões menos harmônicas de nossa sociedade, em negar toda a espontaneidade nacional”. No entanto, é dele este alerta: “Com a cordialidade (somente) não se criam bons princípios”.
         Domenico De Masi, sociólogo italiano que comentou a obra de seu colega brasileiro, parte desse ponto para destacar: “Não basta ser cordial para ser democrático. Uma verdadeira democracia exige um sólido elemento normativo, regras capazes de assegurar oportunidades iguais para todos, uma superação dos personalismos através de uma disciplina social e uma série de regras baseadas no consenso. Exige o primado das instituições e a soberania popular”. E De Masi prossegue em sua visão crítica em relação ao “brasileiro meigo”. Cita Stefan Zweig que escreveu: “Essa delicadeza do sentimento, essa ausência de toda forma de veemência, me parece qualidade mais característica do povo brasileiro (...). Todos os estágios do bem-estar e da felicidade estão misturados nessa pacífica indolência”. De Masi cai em cima, quase cruelmente: “É exatamente a propensão para a tranquilidade que permitiu a Portugal dominar o Brasil por quase quatro séculos com um número exíguo de soldados”.
         Para fundamentar as razões do temor e postergação quando o Brasil se vê frente a frente consigo mesmo, como hoje acontece, vale a pena conhecer o que escreveu Darcy Ribeiro, outro estudioso da sociologia e antropologia do Brasil. Em uma das coletâneas sobre sua obra, intitulada O Brasil como problema, ele comenta que o atraso do Brasil e a pobreza de seu povo foram, de tempos em tempos, atribuídos a falsas causas naturais e históricas: ao clima tropical, à mistura racial entre brancos, negros e índios, ao papel desempenhado pela religião católica, à péssima colonização lusitana contraposta à colonização holandesa, mitificada como esplêndida, e a uma suposta infantilidade do povo brasileiro. É quando procura mostrar como fator do atraso o caráter daqueles que detiveram, durante séculos, o poder político e econômico: “Não há como negar que a culpa do atraso nos cabe a nós, os ricos, os brancos, os educados, que impusemos, desde sempre, ao Brasil, a hegemonia de uma elite retrógrada, que só atua em seu próprio benefício”.
         Entendida essa elite, efetivamente retrógrada, como “direita”, o drama brasileiro tomou jeito de tragédia quando a “esquerda”, fomentada por forte contingente dos intelectuais brasileiros e – convém lembrar – por uma parcela dos empresários, pôs em prática uma plano de governo coletivista. Convém definir: um projeto que, em nome dos ideais de justiça e igualdade social, exercita o aumento da concentração do poder do Estado e se propõe a conduzir a sociedade a caminhar em determinada direção, para a prometida realização do suprassumo dos milagres: proporcionar a todos a felicidade, por um “gesto de mágica” do Estado. Gesto movido pelo dinheiro da poupança das famílias, supostas beneficiárias de uma eterna boa vida, e dos tributos extorquidos da produção empresarial.
         Os resultados são esses que destruíram um país que havia conquistado a estabilidade política, monetária e que estava assim preparado para conquista a inclusão social pela realização do sonho empreendedor de cada indivíduo, pelo trabalho e pelo fomento de uma política pública sustentável. Para as famílias que comemoravam a supressão da miséria e a integração da Classe C a uma nova classe média, resultou uma triste “civilização do retorno”, com a marcha de cerca de 3 milhões de família de volta às classes D e E. Para as empresas, a falência, o fechamento e, o pior: a prisão daqueles que se agregaram a um projeto de poder e corrupção. Para o país, a recessão, que, depois de arrasar tudo e todos, destrói a autoestima e a capacidade de pensar e agir.
         É desse quadro – que o Brasil não pode resumir em uma só edição por representar a consumação de um comportamento e de fatos seculares – que nascem as manchetes diárias que soam como gritos de um país que se debate em suas contradições. É a partir desse quadro que precisamos definir o projeto do Brasil que queremos ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

     

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A CIDADANIA, A HORA DO FUTURO E A MISSÃO À ESQUERDA E À DIREITA

“O futuro, agora
        Eu vou lhes falar do tempo. E já não é sem tempo. Mas observem o que se passa hoje no Brasil e vão concordar comigo que o que mais parece é que aqui está sobrando tempo. Observem que, enquanto o “mundo gira e a lusitana roda”, no Brasil todo mundo espera: a gente espera que a Dilma saia, a presidente espera que o Eduardo Cunha segure a sua barra, mas ele espera que primeiro o Planalto o livre da Operação Lava-Jato, enquanto a oposição espera que Eduardo Cunha acione a guilhotina que vai liquidar Dilma, que espera que o PT que a elegeu a apoie, mas o PT espera que o Levy saia para tudo voltar a ser o que era. Enquanto isso, o barco segue em rumo. E nós? Perdemos tempo.
         Na verdade, nós perdemos a noção do tempo. Tudo o que nos cercam do Orçamento da União ao assistencialismo eleitoreiro, da gestão governamental ao espetáculo circense de seus gestores, tudo nos prende ao momento. Enquanto nossa atenção está concentrada no presente, tendemos a não ter consciência do tempo. No entanto, é sério: não temos noção de que o distinguiu o homem da sociedade contemporânea de seus antepassados é que ele adquiriu a consciência do tempo. Deixou de se orientar por uma ordem de coisas imutável, eternamente válida, para o conceito de que a realidade última não era “ser”, mas “tornar-se”. Convém estarmos atentos ao alerta de Bachelard, de que “o instante já é o espaço entre dois nadas”. Outra advertência é feita por Gerald James Whitrow, professor emérito da Universidade de Londres: “Sempre que tentamos prever o futuro, somos compelidos a tomar por base o que acreditamos serem os aspectos relevantes do conhecimento atual, embora isso signifique que somos guiados em grande parte pelo já aconteceu. Em consequência, ao planejarmos para o mundo de amanhã, temos extrema dificuldade em nos libertar de um passado morto”.
         Publiquei recentemente no Estado de Minas um artigo que intitulei “Nada será como antes, amanhã”. Eu o busquei em uma canção de Milton Nascimento. Escrevi que no Brasil, onde tudo conduz à fixação no momento, à tensão com o agora, ao espanto, à perplexidade, à desorientação, justamente agora o brasileiro é tomado por aquele estado de espírito que lhe é mais próprio quando desconfia: o brasileira passa a cismar. Vai deixando em segundo plano a perda do grau de investimento, a dívida pública irresponsável; já deixa de importar a apresentação do Orçamento da União com um rombo vergonhoso, um escândalo a mais, pontos a menos no PIB – tudo notícias velhas, do jornal de ontem. Já sabemos bem onde estamos, resta saber para onde vamos. Interessa saber para onde queremos conduzir o país que é nosso e pelo qual somos todos responsáveis. E, no cumprimento dessa tarefa, precisamos ter pressa.
         Como agir? É sempre sábio e relevante o exemplo da ciência. O movimento e a transformação contínua do universo que a física explica e de que os filósofos se valem para explicar o sentido da vida, esse estado de permanente mudança que cria a vida pode acabar com a vida. Atentem para o aquecimento solar, conscientizem-se de que ele ameaça a espécie humana e entendam que a contenção de gases pode sanar essa ameaça. Um fato, a consequência e a solução. Concordem que só nós, os habitantes desse deserto que nos ameaça, podemos vencê-lo. Os cientistas planejam e monitoram essa solução com uma agenda, metas e prazos. Simples assim. Os homens de ciência apontaram-nos os caminhos para evitarmos um cataclismo que ameaça a própria espécie humana. Os empresários que manuseiam tão bem em suas organizações agendas, metas e prazos, que caminhos podem oferecer para que o Brasil assuma um processo de desenvolvimento sustentável?
         Estamos fartos de diagnósticos e de respostas que se prendem a um mesmo modelo, aos mesmos métodos, aos mesmos personagens. Essa miopia tem naturalmente conduzido às mesmas respostas. A inovação é a força que conduz às conquistas da sociedade pós-industrial e esta nossa iniciativa tem a intenção de inovar. Convido o leitor a esquecer a direção mais conhecida e não esperar deste autor respostas às suas dúvidas que certamente são também as minhas. Eu o convido a partir do ponto de vista de que aquilo que obtém a resposta crucial é a pergunta crucial. Vamos nos perguntar, não importa quantas vezes, quais são nossas angústias quanto ao Brasil. E, desta forma, fazer eclodir as perguntas que podem vir a representar as tarefas fundamentais para a construção do Brasil que nós entendemos ser possível nos empenharmos em construir.
         Concluo com os versos finais do poema testamento, do poeta grego Kriton Athanasoulis com o qual Domenico de Mais encerrou seu livro O futuro chegou: “É isso que te deixo./Eu conquistei a coragem/De ser feroz./Esforça-te para viver./Saltar o fosso sozinho e sê livre. Aguardo pelas novas./É isso que te deixo”.”.

(LINDOLFO PAOLIELLO. Presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de outubro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“À esquerda e à direita
        Dois discípulos de Jesus pediram ao Mestre que os deixasse posicionados à sua esquerda e à sua direita, mostrando assim como eram dominados pela lógica do poder. Buscaram estar em posição de destaque, em lugar conquistado com facilidade solicitada ao Mestre. Os outros 10 discípulos ficaram indignados com os filhos de Zebedeu, o que revela a mesma mentalidade comprometida, pois reagiram cultivando sentimentos que apequenam a estatura espiritual e humana. Dessa narrativa bíblica, é possível perceber o desejo de galgar lugares pelo caminho considerado mais fácil e, também, a indignação que comprova o clima de disputa presidindo corações e relacionamentos humanos. Atualmente, a cultura fomenta o entendimento de que tudo pode ser conseguido com facilidade. Por isso mesmo, há o vício das facilitações que produzem comprometimentos muito sérios e perpetuam prejuízos.
         Eis a fonte da corrupção, seja em maior ou menor escala, com perdas incalculáveis. A cultura da facilidade, fortalecida pela cultura do descartável, amparada por práticas mesquinhas, envenena o ritmo da vida, cada vez mais presidida pela perversidade. Roubar o erário, passar o outro para trás, dizer mentiras e cultivar o olhar indiferente ante a realidade dos que sofrem é ser perverso. Trata-se de patologia e de desvio grave no exercício da cidadania. Uma doença que precisa de remédio. Muitos indicarão saídas que não produzem transformações profundas. “Soluções” que apenas mascaram o problema e, assim, impedem o desabrochar humano, criação de Deus, expressão maior do amor recíproco.
         Jesus aponta, pelo diálogo paciente e com força pedagógica, qual é o remédio que pode curar o mal que está na raiz dos descompassos da sociedade contemporânea. Trata-se de exigência que precisa se tornar prática cotidiana, na regência de gestos – grandes e pequenos –, escolhas e discernimentos. No diálogo com os filhos de Zebedeu, o Mestre lhes faz uma importante pergunta. Eles estariam dispostos a receber o mesmo batismo de Jesus e beber também do cálice? A resposta é intempestivamente positiva, pois não mediram o alcance do compromisso proposto. Ora, o batismo e o cálice de Jesus se referem à sua experiência radical e amorosa de oferecer, incondicionalmente, para que prevaleça o bem. Isso inclui sofrimentos e dores, que encontram sentido e razão ao produzirem, pela dinâmica da oferta, a possibilidade de se fazer o bem, defender a justiça, promover a paz.
         O desenvolvimento e a prática diária de compreender a própria vida como altar de oferta para o bem dos outros é o único lugar que se deve desejar ocupar. A busca desse “status” tem como inspiração o exemplo de Cristo, que lembra: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. O lugar a ser, portanto, desejado e ocupado é um só: o de servidor. Aí, nesse lugar, se conquista despretensiosamente o poder, torna-se grande por se colocar a serviço de todos.
         Esse remédio indicado por Cristo, quando “tomado”, produz grande efeito. Está na contramão das lógicas aprendidas e praticadas das facilidades, que impedem os gestos de oferta. Fortalecer o entendimento de que todos devem ser servidores é solução única para dar novo caminho à sociedade contemporânea, para que a Igreja exerça de modo mais fecundo a sua dimensão missionária e para devolver a paz interior, serenidade e qualificada cidadania. O primeiro passo é admitir que o Mestre tem razão e nos ensina a lógica de Deus. Depois, é preciso esforço diário para combater os desajustes e desejos tortos que configuram o coração humano. Em vez de “à esquerda ou à direita”, cada pessoa deve aprender a querer ocupar o lugar de servidor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a estratosférica marca de 361,40% ao ano; e mais, também em setembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,49%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     

  


             

quinta-feira, 12 de março de 2015

A CIDADANIA, A FORÇA DA FRATERNIDADE E A LIBERDADE DE ESCOLHA

“Vós sois todos irmãos
        A história da humanidade neste terceiro milênio anseia por grandes revoluções e já há indicativos apontando as mulheres e os jovens como os protagonistas dessas grandes transformações. Há, no entanto, um modo singular que pode fazer de todos e de cada um protagonista, segundo sua possibilidade e a partir de sua condição e circunstância. Isso porque a força motriz das grandes transformações vem da vivência da fraternidade. O princípio fundamental da fraternidade universal é a convivência é a consciência e a consideração efetiva de cada pessoa como irmão e irmã. Não se imagina mais que a construção da sociedade aconteça ou possa depender simplesmente de articulações político-partidárias, de logísticas ou simplesmente de investimentos.
         A gravidade da situação mundial, passando pelos conflitos de vizinhança aos que ocorrem no ambiente familiar, incluindo outros cenários preocupantes, comprova que o grande e prioritário investimento deve ser feito na questão da fraternidade. O ponto de partida simples, exercício diário, é aquele que demove corações e sentimentos da comum e absurda consideração do outro como concorrente ou inimigo, comprometendo e impedindo o que há de mais natural na condição humana, a fraternidade.
         A humanização das dinâmicas da sociedade para superar seus descompassos frenéticos configurados em violências, corrupção, pretensão de dominação, começa pelo sentimento mais ansiado e guardado como selo indelével no coração de cada pessoa. É o anseio de fraternidade a ser cultivado, aprendido, exercitado. Sem a inserção permanente nesse processo, que envolve também a correção dos sentimentos que nos distanciam da verdadeira condição humana, de fato, cada um se torna lobo e inimigo do outro. Na interação com o outro, há de prevalecer o respeito ao bem comum e do compromisso, particularmente, com os inocentes, pobres e sofredores. A fraternidade é uma espiritualidade vivida em dinâmicas e práticas. Uma espiritualidade que convence não haver outro caminho mais eficaz quando se pensa a busca, a conquista e o cultivo da paz que faz valer a pena viver. Dá sentido e dignidade ao dom da vida.
         Sem o sentimento fraterno, a cidadania perde a força profética para reinventar as relações sociais e iluminar os horizontes políticos, tornando-se mero cumprimento rígido de prescrições. A fraternidade é, pois, um exercício cotidiano como resposta a uma pergunta fundamental, até incômoda, talvez por questionar e confrontar status variados, mas determinante na aprendizagem das dinâmicas que nos fazem irmãos e irmãs uns dos outros, onde está teu irmão? Essa pergunta é central no diálogo de Deus com o outro que é cada um, base de toda autêntica vivência da fé. Uma leitura antropológica que revela a um povo que seu futuro e anseios de transformação não surgirão sem a força singular da fraternidade.
         Onde está teu irmão é a interrogação que Deus, na narração das origens, faz a Caim, responsável pelo sangue de Abel. As diferenças se tornam riquezas unicamente pela força da fraternidade. A perda do sentido desse valor leva Caim ao absurdo inaceitável, por inveja e concorrência, da eliminação do seu irmão na ilusão de assim abrir os caminhos. Uma ilusão que preside todo tipo de atentado contra a fraternidade, a partir da perda desse sentido inscrito na capacidade que cada um deve ter de responder a respeito do outro, especialmente quando é o pobre. O grande propósito essencial e determinante é dar oportunidade a cada pessoa de avançar na superação da indiferença, do ódio, do egoísmo. Sem esse investimento diário e permanente, as riquezas nunca serão suficientes e se tornarão sempre pretexto para brigas e desentendimentos, em cenários que, de um lado, mostram os que esbanjam e vivem na opulência e, de outro, os que passam fome e morrem na miséria – nunca conseguem usufruir do quinhão que lhes é de direito, por força da sua dignidade humana.
         A espiritualidade que nasce da fraternidade não pode prescindir, lembra-nos o papa Francisco em mensagem para o Dia Mundial da Paz, não se alcança senão quando se compreende e se vivencia o mais profundo sentido da paternidade de Deus. A fraternidade não é uma simples questão de lógica. É uma espiritualidade cuja raiz tem seu nascedouro na compreensão e vivência da paternidade de Deus. O progresso na compreensão e vivência dessa espiritualidade são dons que se recebe na experiência do seguimento de Jesus Cristo. O conhecimento e amorosa obediência a Ele impulsionam na direção consequente do mais autêntico e eficaz sentido de fraternidade, com lições e exercícios que convencem e se originam sempre da verdade fundamental do coração do Salvador da humanidade: “E vós sois todos irmãos!”.”

(DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO. Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de janeiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 11 de março de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liberdade de escolher
        Nossa gestão na Associação Comercial e Empresarial de Minas se fará lastreada em ideias, construídas enquanto metas, cabendo-nos articular para realizá-las, No entanto, metas são criadas com base em oportunidades e consciência dos riscos. Para irmos à frente, navegar é preciso. O ponto de partida é a dúvida. Navegar no cenário que nos é dado é preciso? A questão, senhores, é objeto de precioso alerta partido de Friedrich Von Hayek, Prêmio Nobel de Economia. A questão está em que, enquanto a história em que, enquanto a história se desenrola, ainda não é história. Os acontecimentos contemporâneos diferem dos históricos porque desconhecemos os resultados que irão produzir. Tudo seria bem diverso se nos fosse dado reviver os mesmos fatos com o pleno conhecimento do que tivéssemos visto antes. Olhando para trás, podemos acompanhar a significação dos fatos passados e acompanhar as consequências que tiveram. Enfim, a quase tragicidade da percepção de que, enquanto a história se desenrola, ainda não é história encontra uma luz na advertência de que podemos de certo modo aprender do passado e evitar a repetição de um mesmo processo.
         Pareço enigmático? Fiquem atentos, não sou eu que digo, quem lhes fala é um mestre que tem orientado acadêmicos. ‘Afigura-se ver, agora, da maior importância uma compreensão plena do processo mediante o qual certas medidas podem destruir as bases de uma economia de mercado, e asfixiar gradualmente o poder criador de uma civilização livre: só compreendendo por que – e como – certo tipo de controle econômico tende a paralisar as forças propulsoras de uma sociedade livre e que espécie de medidas são em particular perigosa nesse campo, só assim poderemos esperar que as experiências sociais não nos conduzam a situações que ninguém entre nós deseja’.
         De imediato, ocorre a advertência lúcida da filósofa da gestão Sônia Diegues: “A empresa precisa conhecer o contexto para escrever seu próprio texto”. Aplica-se ao sistema empresarial; estende-se à sociedade. Convém estar consciente de que a conexão entre liberdade política e liberdade econômica é insofismável. A restrição e destruição desta última levam, necessariamente, à destruição da outra. Nascida da livre e espontânea vontade do empreendedor, caracterizada pela competição sadia e pautada pela produção em massa de bens de consumo, pela oferta de trabalho e consequente aumento - sustentável – do poder aquisitivo, a economia de mercado resiste às intempéries, mostrando-se capaz de assegurar ambientes e nações de bem-estar e qualidade de vida. Ressalte-se: de uma vida digna, porque resultante do trabalho de cada um, e não de benesses assistencialistas que humilham aqueles que têm a capacidade mínima para refletir a respeito.
         A experiência de anos recentes – e pensem bem que aqui se fala do Brasil, mas de experiências vividas por nações diversas – provoca dúvida sobre se a engenhosidade da livre iniciativa pode continuar superando os efeitos debilitadores do controle pelo governo, se a ele continuarmos a conceder ainda mais poder. Mais cedo ou mais tarde – e sempre mais cedo do que se espera –, governos centralizadores têm destruído a prosperidade advinda da liberdade humana e do mercado livre.
         Uma dessas aventuras surpreendentes proporcionadas pela leitura permite que eu conclua com o encontro, só possível nas páginas de um livro, entre pensadores de duas épocas. Encerro esta saudação e conclamação para um novo tempo com esta menção às ideias de Friedrich Hayek, escrita por outro Prêmio Nobel de Economia. Em seu livro Liberdade de escolher, Milton Friedman legou-nos a recomendação com a qual faço breve apresentação de nosso ideário econômico: ‘Não chegamos ainda a um beco sem saída. Somos livres, como povo, para escolher se continuaremos a percorrer em alta velocidade a estrada para a servidão’, como Friedrich Hayek intitulou seu profundo e influente livro, ou se estabeleceremos limites mais rigorosos ao governo e confiaremos mais na cooperação voluntária entre indivíduos livres para atingir seus objetivos, por mais numerosos que sejam’.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, vai ganhando contornos, pois que transcendem ao campo quantitativo, e que podem afetar até mesmo gerações futuras...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade da dupla crise de falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!