“Falta
d’água ou de solo, afinal?
Existe analogia perfeita
entre corpo humano e médico, de um lado, e, de outro, entre sistema geológico e
seus possíveis “médicos”, pois, afinal, se o corpo humano está doente ou
ferido, será tratado por médicos ou por substitutos eventuais. De modo em tudo
semelhante, o sistema geológico pode apresentar ferimentos ou doenças naturais
ou provocadas por ações humanas. Enquanto o dever de tratar o corpo humano é
cumprido, ainda que com falhas mais ou menos lamentáveis, o sistema geológico
deixa quase sempre de ser tratado por quem possa curá-lo. Por que seria? Cito
exemplo do qual tenho conhecimento: Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto
(MG), viu passar para lá e para cá centenas dos melhores geólogos do mundo,
desses que, para ficarmos em casos bem conhecidos, participaram, porque não o
fizeram sozinhos, de descobertas de petróleo, como o campo de Majnoon, no
Iraque, e dos campos do nossos chamado pré-sal.
Por que
bom número deles não foi chamado a solucionar o problema das voçorocas de
Cachoeira do Campo, infinitamente mais fácil que o das notáveis descobertas? É
porque não existe a percepção de que as voçorocas, tormento físico maior da
localidade, não são apenas problema ambiental local, que se completaria em
Amarantina, além de participarem da ruína de grandes partes da terra
cachoeirense. Digo não apenas porque as terras movimentadas pelo fenômeno
erosivo de Cachoeira assoreiam, completamente, o reservatório de Rio de Pedras,
em Itabirito, e têm de seguir além por não caber mais no leito do Maracujá, e
muito menos no pequeno reservatório, tendo de seguir para Rio Acima, Raposos,
Sabará, Santa Luzia, ganhando o Rio São Francisco e, finalmente, as grandes
represas da Bahia e do Nordeste.
Trata-se,
como se vê, de mal de extensão territorial subcontinental. Não obstante,
portanto, a grandeza da desgraça, da cura dessa doença, a lei não quer
participar e, contrariamente ao que recomenda ao doente humano, a lei mal
concebida, sem solo das altas cabeceiras suficiente para hospedar a água, seu
papel geológico não menos importante que o de nutrir as plantas que matam a
fome dos homens e animais.
Uma
humanidade geologicamente não alfabetizada não percebe que o solo tanta falta
faz nas alturas, por ser o primeiro reservatório das águas pluviais. Além
disso, é amplamente um recurso ambiental não renovável, de modo que deve ser
buscado de volta... Mas como? Ora, o único empecilho é a lei, que, ao nascer
das voçorocas, em que o sangue da terra se esvai em mortíferas feridas como as
de um corpo humano que sucumbe à hemorragia, proíbe a contenção do processo
como se essa contenção fizesse mal à água. Pois bem, essa contenção faria bem à
água porque isso evitaria seu retorno precoce ao mar! Além disso, a água que se
esvai nunca de levar consigo o solo, e, portanto, essa perda de superior
hierarquia geoambiental estaria sendo reduzida. Então pensemos num consagrado
filósofo da história, um certo Heráclito de Éfeso, que disse o seguinte; “Um
homem e um rio nunca se encontram mais de uma vez em suas vidas, porque nem o
rio nem o homem serão, no segundo, os mesmos do primeiro encontro”. É claro que
não sei tudo o que se escreveu sobre ele, mas sei que sabia ser perfeitamente
normal que o homem sempre evolui aproximando-se da morte, mas o rio não pode
porque cabe a ele sustentar as gerações seguidas de gerações, e isso é
geologicamente incompatível com a falta ou com a irregularidade do
abastecimento de água. Fica evidente que o que de fato não pode faltar é o
solo, sem o qual não se controla a água.”.
(EDÉZIO
TEIXEIRA DE CARVALHO. Engenheiro geólogo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de agosto
de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 26
de setembro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Economia
e filosofia
Vários dos maiores
economistas eram também filósofos. Adam Smith (1823-1790), autor do clássico A riqueza das nações, publicado em 1776,
é até hoje considerado um dos principais pensadores da economia de mercado e
das vantagens da liberdade econômica para o progresso material e o
desenvolvimento social. Durante muito tempo, Smith foi professor de filosofia
moral, área em que publicou a obra Teoria
dos sentimentos morais.
Stuart
Mill (1806-1873), autor de Princípios da
economia política, fez fama como forte defensor da liberdade econômica e
das liberdades individuais e ainda é tido por muitos como um dos mais influentes
filósofos de língua inglesa. Ele produziu estudos em vários campos do
conhecimento humano, destacando-se na economia e na filosofia, e muito do que
foi produzido em matéria de teoria economia, nos últimos 150 anos, teve por
base as ideias de Mill.
Entre os
críticos do capitalismo no tempo da Revolução Industrial, Karl Marx (1813-1883)
se destaca, e sua produção é volumosa, tanto na economia quanto na filosofia.
Sobre Marx não é necessário falar muito, pois sua influência na história
humana, desde 1850 até hoje, é fartamente conhecida. Ludwig von Mises
(1881-1973), ícone genial das ideias liberais, talvez o mais importante
pensador da chamada “escola austríaca”, somente adentrou o campo das teorias
econômicas, da teoria política e das liberdades individuais depois de ter
estudado profundamente as ideias dos principais filósofos da história.
Joan
Maynard Keynes (1883-1946), considerado o maior economista do século 20 –
embora, para meu gosto, Ludwig von Mises foi bem maior –, também foi estudioso e escritor em
assuntos de filosofia. Keynes se situava entre as ideias liberais e as ideias
de que o Estado deveria ter presença maior na economia, sobretudo em períodos
de recessão, como meio de elevar a demanda agregada por meio do gasto público.
Ainda hoje, é grande o debate no interior do capitalismo entre as ideias
liberalizantes e antiestatizantes de Mises e as ideias de forte presença
estatal de Keynes.
Friedrich
Hayek (1899-1992), autor de várias obras na área do direito, economia e
filosofia, é considerado um dos maiores representantes da escola austríaca.
Defensor do liberalismo, Hayek organizou o pensamento liberal clássico e o
adaptou para o século 20, e suas obras versam sobre filosofia do direito,
economia, epistemologia, política, história das ideias, história econômica,
psicologia, entre outras.
Aqui no
Brasil, Roberto Campos (1917-2001), um dos maiores intelectuais e homem de
Estado, primeiro se formou em filosofia e teologia para somente depois,
trabalhando na embaixada do Brasil nos Estados Unidos, formar-se em economia,
na graduação e no mestrado, em Washington e Nova York. Roberto Campos ocupou
vários cargos públicos desde que ingressou na carreira diplomática, em 1939,
foi um incansável doutrinador das ideias liberais e, até sua morte, em 2001, um
crítico das escolhas políticas e econômicas feitas pelo Brasil nos últimos 100
anos, as quais ele responsabiliza pelo país ter permanecido no atraso, na
pobreza e na inexpressividade no cenário mundial.
Olhando
a história, percebe-se que a instrução em filosofia, formal ou não, é requisito
essencial para quem quer entender com profundidade a econômica (a ciência) e
desvendar os meandros da economia (o sistema produtivo). Quando falo a
estudantes de economia, recomendo que busquem, em algum momento, instrução em
filosofia. Sugiro que estudem os filósofos clássicos, não gurus que se
intitulam filósofos e nada mais são que palestrantes de autoajuda simplória.
A
filosofia cobre, entre outras, seis áreas importante para o desenvolvimento
intelectual. A metafísica, que estuda o universo e a realidade. A lógica, que
estuda o raciocínio, os métodos de indução e dedução, e como criar um argumento
válido. A epistemologia, que é o estudo do conhecimento e de como o adquirimos.
A estética, que é o estudo da arte e da beleza. A política, que estuda os
direitos políticos, o governo e o papel dos cidadãos na vida comum. A ética,
que é o estudo da moralidade (costumes e condutas) e de como viver.
Um tema
relevante diz respeito à possibilidade do conhecimento. A descoberta da verdade
e a apreensão da essência da realidade se dão pela relação entre sujeito (o ser
humano) e o objeto (a realidade exterior do homem). Aqui reside um dos mais
complexos problemas da filosofia e do conhecimento. Mas isso é tema para outro
artigo.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de
307,20% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 306,86%; e já o IPCA, em
setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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