quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA RAZÃO E EMOÇÃO NA QUALIFICAÇÃO DO VOTO E A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DOS VALORES E PRINCÍPIOS DAS NOVAS ORGANIZAÇÕES NA SUSTENTABILIDADE


“A luta entre razão e emoção
        O mote da década de 50 acompanhou por anos a vida dos consumidores: “Vale quanto pesa”. O símbolo da balança na embalagem garantia a legitimidade do sabonete e reforçava o conceito da “verdade verdadeira”. De lá para cá, a verdade passou a perder substantivos e a ganhar superlativos, dando vazão ao bordão destes tempos virtuais: “Vale muito mais do que pesa”. Embala propagandas, expressões sobre pessoas, políticos, jogadores de futebol etc.
         E cai bem no momento em que a política começa a rejeitar velhos paradigmas. Neste ano eleitoral, enquanto o superlativo dominará a política, a verdade se cobrirá de fake news dividindo os mundos real e virtual, a serem guiados por três ferramentas cognitivas: a razão, a emoção e a polarização.
         O cenário da razão abriga eleitores conscientes, autônomos, que já não agem ao estilo “maria vai com as outras”. Esse campo disputará o processo decisório com o da emoção. Basta medir a temperatura ou ver o desfile de adjetivos nas redes sociais entre bolsonaristas e oposicionistas.
         Indignação, revolta, ódio se amalgamam nas bandas que dividem a sociedade: os adeptos do presidente Jair; os oposicionistas que não leem pela cartilha da direita-radical-conservadora; e os centristas, que olham em volta à procura de novos protagonistas.
         Bolsonaro e Lula lideram o cabo de guerra, com linguagem embalada em celofane emotivo. Esforçam-se para antecipar a campanha usando metralhadoras expressivas para agregar parceiros e encantar turbas com uma semântica desarrumada e destemperada. Quando falta razão, valem-se da emoção em mensagem subliminar, querendo dizer “somos gente como vocês”. Metáforas se produzem aos montes para garantir suporte de simpatia.
         Mas a movimentação social mostra que a razão, no processo de tomada de decisões, amplia adeptos até nos setores populares, tradicionalmente emotivos. Os comportamentos racionais hoje em dia indicam reordenamento de valores, princípios e visões dos grupamentos sociais sobre sua cidadania.
         É o caso de perguntar: que vetor influenciará mais a campanha deste ano? Atente-se para o “ethos” nacional, que agrega valores como cordialidade, improvisação, exagero, paixão, solidariedade. A “alma caliente” dos trópicos se contrapõe à frieza anglo-saxã. Ou seja, a emoção ganha da razão.
         Mas o processo racional se expande ao correr do avanço civilizatório. As mudanças começam no campo individual. A pessoa, escondida no anonimato, descobre que pode ser cidadã. A cidadania deixa de ser bandeira de instituições e se torna desejo. Isto é, amplia-se a consciência do “Eu” em contraponto ao conceito do “Nós”, esteira da propaganda política. Maior autonomia desenvolve autogestão técnica, pela qual os indivíduos traçam rumos e selecionam meios de atingir seu intento. As pessoas já não aceitam as regras do poder normativo e fogem dos “currais” psicológicos que enclausuram pensamentos.
         O campo social alarga os discursos, propicia a rebeldia das formas e provoca a rejeição a tudo que se assemelhe a totalizações. Classes sociais e categorias profissionais desfraldam suas bandeiras. Se muitos ainda votam com a emoção, outros fazem uso da razão: o voto sai do coração para subir à cabeça.”.

(Gaudêncio Torquato. Jornalista, professor (USP) e consultor político, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 12 de janeiro de 2020, caderno A.PARTE, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Passar a limpo o futebol
        O esporte, uma atividade física recreativa e de preparação para as guerras, era praticado pelos homens já em épocas remotas. Os gregos geraram inúmeras práticas para desenvolver aptidões de jovens e guerreiros. Quanto mais preparados, mais sucesso teriam na defesa de seus Estados e cidades. Era uma questão de defesa nacional.
         Desde o ano 776 antes de Cristo se realizavam jogos com a participação de todas as cidades da Grécia na cidade de Olympia, sob a proteção dos deuses.
         Os vencedores de cada modalidade, como arremessos de peso, de discos e de lanças, lutas corporais, corridas de cavalos ou de homens, recebiam uma coroa de louros, homenagens e glória no retorno à pátria.
         Em alguns fragmentos de textos e desenhos se vislumbrava também a prática de jogos com algo que se assemelhava a uma bola. Diminuindo as guerras e se firmando uma relação mais pacífica entre os povos do mundo, difundiram-se jogos sem viés militar. As práticas esportivas foram influenciadas também pelas artes e pela beleza.
         Disso centenas de modalidades entraram no cotidiano e se incorporaram às Olimpíadas modernas. Sem dúvida, a que mais chama a atenção, entre todas, é o futebol, que da Inglaterra do século XIX se espalhou pela Europa e migrou no século XX para todos os continentes.
         Cresceu fantasticamente, atraiu enorme interesse e capitais, migrando do status de esporte de diletantes para o profissionalismo regiamente remunerado com atletas que ganham centenas de milhões de dólares por ano e clubes que isoladamente movimentam bilhões de dólares.
         Até a década de 60 as equipes que disputavam os principais torneios eram formadas por atletas que dividiam uma profissão principal com a atlética. Os jogos se davam apenas aos domingos.
         Na Europa o futebol é um setor de negócios, que faz girar mais de €1 trilhão, em direitos televisivos, ingressos, roupas, passe de atletas, propaganda, apostas. Mas de cem canais de rede a cabo transmitem sem parar notícias para um público de torcedores ávido por informações.
         Trata-se assim de uma das principais atividades econômicas do mundo, com tendência ainda a se expandir.
         Como disse o sociólogo Domenico de Masi em seus tratados sobre o “ócio criativo”, as máquinas substituem o esforço físico e repetitivo, a informática se encarrega de resolver problemas com mais eficiência e rapidez que multidões de seres humanos, e a humanidade, que trabalhava mais de 60 horas semanais na década de 50, em breve terá a jornada reduzida pela metade. Agricultura e indústria, que há 60 anos ocupavam 85% da massa trabalhadora, passaram a ter apenas 20%. Os serviços e o setor de diversões artístico-culturais, e os esportes, passaram a se expandir geometricamente.
         Os setores de diversões e de esportes empregarão exércitos de pessoas, seja por uma questão de saúde pública, como para atender uma demanda de entretenimento, até para idades mais avançadas nas modalidades que não requerem esforços excessivos.
         O Brasil, como de regra, está em grave atraso nos preparos para essa era de profundas transformações. A principal modalidade, o futebol, não se adequou, fica à mercê da improvisação e da exploração, das mazelas, da corrupção e de organizações criminosas que tomaram de assalto não só o Cruzeiro, mas quase todos os clubes.
         Protegidos pela “paixão” de imensas torcidas, mais que pela razão delas, os principais clubes do Brasil acumulam dívidas tributárias impagáveis, que transformaram em milionários seus dirigentes e asseclas.
         Gravíssima é a situação, já que não há uma via jurídica e legal para os clubes se desfazerem da delinquência que os engoliu.
         Neste momento, a intervenção judicial, acompanhada pelo MP, poderia dar o caminho dos recursos desviados, doa a quem doer. Dirigentes, agentes, intermediários, fornecedores, empresas de fachadas,  uma sofisticada rede internacional que fabrica dívidas monumentais, agiotas disfarçados de banqueiros precisam ser identificados. Ficou tão fácil se enriquecer que o setor atraiu organizações criminosas, traficantes e sanguessugas.
         O cofre do Cruzeiro é uma caixa sem fundo. Comprar camisas é como colocar recursos num vaso sanitário com a válvula em disparada. Levará tudo para as baratas.
         O Brasil destaca-se por estar na vanguarda mundial em número de atletas praticantes, de taças e, tristemente, no atraso estrutural.
         Precisaria dar um curto prazo para os clubes separarem suas atividades competitivas e transformá-las em empresas por ações com acesso de compra aos torcedores. Dessa forma, a venda de imóveis, a recuperação dos desvios e um parcelamento das diferenças em longo prazo, com sequestro de parte da renda futura, garantiriam rapidamente o estabelecimento de um sistema sustentável.
         Existe, contudo, uma enorme resistência interna nos clubes, para mudar para empresas, pois os grupos dominantes (lobos em pele de carneiro), quase sempre os mais organizados na exploração da fragilidade institucional, não concordam. Quem sofre assim é o torcedor, e o Brasil inteiro, que deixa de contar com uma atividade econômica dispensadora de oportunidade com enorme reflexo econômico e social.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 318,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,6%; e já o IPCA, tem dezembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

  


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