sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA DEMOCRACIA E A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DA LIBERDADE E DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL NA SUSTENTABILIDADE


“A democracia e o despautério dos demagogos
        A sociedade brasileira vai aprendendo, aos poucos, o verdadeiro significado do que é democracia. O aprendizado requer teoria e prática, e o estudo remete a uma visita aos séculos V a.C. e VI a.C., quando o regime foi criado e aperfeiçoado e estabeleceu a base das democracias modernas.
         Na Grécia, o início das normas democráticas se deu especialmente no período áureo ateniense e remetia ao significado de igualdade, por mais que tentassem os contrários a derrubada dos ensinamentos dos criadores da ideia formadora da política. A lição que perdura por séculos é a de que lá, como cá, travando a democracia e a liberdade, existiam os demagogos e oportunistas, que conquistavam a confiança do povo por meio do discurso vazio e de promessas irrealizáveis. A diferença é que lá os enganadores foram punidos, e aqui eles ainda prosperam.
         Os princípios democráticos da antiguidade clássica foram lecionados ao longo dos séculos, transformaram em monumento a sabedoria política, romperam barreiras entre as diferentes classes sociais, moldaram uma nova teoria de que a democracia é o governo da cidadania, daqueles que estão livres para a ação e para a discussão no campo das ideias, tal qual perpetuado no conceito dos três princípios gregos que enalteceram a real noção de igualdade na política: isonomia, isegoria e isocracia. Mas o que significam esses três princípios?
         A isonomia é a gestão do coletivo. Todos estão sujeitos às mesmas leis e devem ter os mesmos direitos e deveres na sociedade. A lei é para todos, e todos são iguais perante ela, independentemente de riqueza ou prestígio.
         A isegoria consiste no direito de o cidadão manifestar sua opinião política para todos os outros; quando lhe é permitido o direito da palavra e o fruir de bens; e quando a divergência de opiniões é superada pela discussão democrática da questão.
         A isocracia é o direito do cidadão participar da administração pública e o ideal da igualdade de acesso aos cargos políticos. As decisões tomadas em conjunto respeitam a vontade da maioria.
         Esses três princípios, desde então, revolucionaram a forma de fazer política, tornando-se indispensáveis em qualquer democracia, quer sejam de forma direta ou representativa. Na falta de qualquer desses três princípios, restará inexistente a ideia de democracia.
         No Brasil, com certo esforço coletivo, a cidadania vem assumindo papel relevante no contexto social da vida democrática, de forma coerente, mesmo que a contragosto dos amantes da autocracia e da demagogia, que, de forma incipiente, vez ou outra ressurgem. Mas, não há mais espaço para o despautério de demagogos e oportunistas, que estão sendo obstados, aos poucos, da linha de frente dos governos e da vida dos cidadãos.”.

(Wilson Campos. Advogado e presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade da OAB-MG, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 23 de janeiro de 2020, caderno OPINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de maio de 2018, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Os horrores do racismo
        É um dever social reconhecer todo o sofrimento causado pelo racismo. Ao longo da história, a humanidade vem pagando um alto preço em razão das diferentes formas de discriminação. Os passivos humanitários e culturais exigem alto investimento para se corrigir os rumos da civilização – mesmo reconhecendo que há danos morais irreparáveis. Ainda assim, é possível aprender com essas perdas e recompor a luz da consciência cidadã. Nessa dinâmica, que contempla o exercício da autocrítica, torna-se possível equalizar as relações sociais, geando os desvarios da violência e das disputas.
         E os analistas da história têm muito a contribuir na formação de uma nova consciência, despertando sensibilidades. Afinal, quando se conhece a história, enxergam-se bem as perdas terríveis e as privações geradas, que pesam ainda mais sobre os pobres, comprometendo o desenvolvimento integral. O racismo retarda conquistas e progressos. E, ainda pior, perpetua os cenários vergonhosos de exclusão e pobreza. Por tudo isso, os horrores do racismo, algumas vezes escondidos e camuflados, devem ser reconhecidos como realidade patente e vergonhosa. Esse reconhecimento é passo fundamental para estabelecer tratamentos educativos mais incidentes, capazes de mudar mentalidades.
         As providências e encaminhamentos nas esferas judiciárias para o combate ao racismo, em suas diferentes configurações, são indispensáveis. Devem ser continuamente aperfeiçoados. E há uma urgência prioritária: o permanente investimento em processos educativos, com incidência nos diferentes âmbitos da sociedade – família, igrejas, instituições culturais e educacionais – para consolidar referências, valores e dinâmicas capazes de influenciar novos modos de agir.
         Assim, para criar uma nova mentalidade, é urgente resgatar o sentido da solidariedade. Isso para que não se conviva mais com situações e atitudes racistas de indivíduos que, longe de serem casos isolados, evidenciam algo maior – causador de suicidas e homicidas colisões.
         É indispensável a coragem para mapear, permanentemente, os territórios onde se manifestam as diferentes formas de racismo. Dói  especialmente aquelas que desrespeitam as raízes afrodescendentes  da população brasileira. É, na verdade, uma abominação que revela massacrante irracionalidade e miopia vem o atraso que impede a sociedade de aproveitar bem suas potencialidades, sua cultura ricamente plural.
         Consequentemente, em vez de avanços, convive-se com vergonhosas discriminações. Consolidam-se, particularmente entre os representantes do povo, maneiras de lidar com os cenários de miséria e pobreza que são frias, indiferentes, pouco inteligentes e desumanas.
         Necessita-se de um verdadeiro mutirão educativo para debelar os funcionamentos mentais que alimentam o racismo. Esse gravíssimo mal não pode gerar reações somente em casos pontuais, quando, por exemplo, alguma situação de discriminação é denunciada nos noticiários. Em todas as situações e oportunidades, no dia a dia, o racismo deve ser combatido. Quando se combate o racismo, dissipa-se, por exemplo, a ilusória convicção de que a importância social e política de determinado cidadão se garante por seu pertencimento a uma família tradicional, ou porque se tem dinheiro em abundância. Percebe-se, pois, que unidos aos diferentes tipos de discriminação, caminham os mecanismos de favorecimentos e privilégios. E a maioria da população permanece abandonada, convivendo com a ampliação da brecha que separa os ricos dos pobres.
         Ora, as diferenças não podem ser ponto de divisão, mas compreendidas como riquezas do povo. E para consolidar esse entendimento, são necessários investimentos na sociedade, de caráter antropológico, capazes de fazer com que todos reconheçam, na dignidade humana, o ponto de partida para o exercício da cidadania e para o estabelecimento das relações sociais. A tarefa não é fácil e o caminho a ser percorrido é longo. Mas, se for trilhado, possibilitará o desenvolvimento integral e igualitário da sociedade.
         A antropologia cristã tem muito a contribuir no processo de combate às diferentes formas de racismo por cultivar o entendimento de que cada pessoa cresce, amadurece e santifica-se na medida em que se relaciona com o mundo – com as pessoas, com as criaturas – permanecendo em comunhão com Deus. Dessa forma, cada homem e mulher compõe um maravilhoso livro que contribui para revelar a grandeza e a importância de toda a criação de Deus. E os horrores do racismo poderão, enfim, ceder o seu lugar para os entendimentos e práticas orientados para o desenvolvimento integral.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 318,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,6%; e já o IPCA, tem dezembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



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