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segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL E A TRANSCENDÊNCIA DAS FRONTEIRAS E DAS EXPERIÊNCIAS JURÍDICAS NA SUSTENTABILIDADE (15/155)

(Janeiro 2018 = mês 15; faltam 155 meses para a Primavera Brasileira)

“Passagem para a Índia
Há esperança para o Brasil? A pergunta é frequente e não só devido à época do ano, quando afloram as expectativas de tempos melhores.
         Sétima economia do mundo, com agricultura pujante, um mercado de massa, uma única língua, sem conflitos religiosos, a perplexidade diante de nossa inépcia em resolver problemas muito mais graves em países que crescem à larga, como a Índia, faz todo o sentido.
         - A resposta é afirmativa: sim, com extensão continental, o estrutura produtiva diversificada embora atrasada, o Brasil pode ser a última grande fronteira do desenvolvimento. Mas terá que reconhecer que os modelos econômicos adotados, ora mais estatista, ora quase liberal, podem ter funcionado no passado. Hoje, se exauriram e nada mais têm a oferecer. Muito menos consertá-lo em conta-gotas é a solução.
         A governança envolvendo coalizões com dezenas de partidos díspares entre si também se esgotou, tal como ficou obsoleto o setor público voltado à preservação de privilégios à revelia de hierarquias, da sociedade e, em especial, dos mais necessitados do amparo estatal.
         Não há prioridade social sem o crescimento econômico sustentado, função de investimentos privados e públicos contínuos por décadas a fio. Não caso no mundo de país bem-sucedido socialmente sem ter antes construído uma infraestrutura de serviços, incluindo educação vocacionada ao dinamismo produtivo e tecnológico, e indústrias com competência para enfrentar a concorrência no mundo globalizado.
         O debate político nesses países não questiona, em regra, a forma do modo econômico nem a primazia do capital, público ou privado. A discussão é sobre a partilha dos frutos da riqueza acumulada, sem comprometer sua reprodução, o mal do populismo na América Latina.
         O projeto de partidos e seus candidatos que ignorar tais premissas será regressivo por princípio, além de contrariar as megatendência em marcha no mundo, todas decorrentes de inovações tecnológicas, algumas até mais disruptivas que a internet e as redes sociais.

Exemplos para inspirar
         Em que exemplo se inspirar? O da reconstrução da Alemanha e do Japão no pós-guerra ainda são clássicos da economia progressista, apesar de distantes no tempo. Mais atuais são os casos de Taiwan e Coreia do Sul, economias pequenas e sem riquezas naturais, especializadas em nichos ultracompetitivos da indústria de bens de consumo.
         No presente, a emergência da Índia de dezenas de línguas, etnias e religiões não para de surpreender. É a maior democracia federativa do mundo e com um burocracia mais espessa que a nossa – ranço do passado de economia planificada. E há o modelo pouco replicável da China, apesar do sucesso econômico, pois moldado por partido único e com economia de mercado controlada, embora vá de vento em popa.
         Comum a tais países tão diversos é a coesão pelo desenvolvimento, alicerçado em poucos princípios: educação de massa com qualidade, investimento maciço em infraestrutura e em autonomia tecnológica, emprego como propulsor social e centralidade da poupança.

Karl Marx com Adam Smith
         As empresas nesses países foram e são induzidas a deslanchar com o mercado externo, de modo a criar competências internas e condições de competitividade inexistentes em economias fechadas. Tem algo de Marx no viés do planejamento, muito de Adam Smith na abertura ao exterior, e pouco de Keynes, cuja influência continua forte entre os economistas brasileiros. Que modelo seguir? O que sirva melhor.
         Peque-se a Índia, um dos países mais complexos do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes. Já ostenta o maior crescimento há quase uma década entre as grandes economias, 7,5% ao ano, e ocupa a 2ª posição, atrás da China e acima dos EUA, como maior PIB em 20 a 30 anos. Se a Índia milenar se encontrou, aqui, em que tudo é mais fácil, não poderíamos estar perdidos. Quem se habilita a decifrar o enigma?

O novo com substância
         O governo do indiano Narendra Modi se elegeu prometendo o que aqui é cascata de marqueteiro: “governança máxima, governo mínimo”. Isso devido a outra semelhança: um histórico de relativo sucesso privado vis-à-vis o fracasso do setor público, política de tapete vermelho a empresários amigos e muita burocracia sobre todos os outros.
         O desmonte desse aparato fez a Índia ser o único entre 190 países pesquisados pelo Banco Mundial no ranking do Doing Business deste ano a subir em todos os 10 critérios, chegando ao 100º lugar, 30 postos acima do resultado de 2016 (Brasil caiu de 123º para 125º).
         A ambição de Modi é levar a Índia à 50ª posição. Criou imposto de valor adicionado (IVA) nacional, fez o cadastramento biométrico da população, a digitalização de processos e transações é crescente – e sem inflação, juros baixos, emprego como promotor social e grande aprovação popular. Eis algo a considerar: o novo com substância.
         E com isso me despeço, desejando feliz 2018. A coluna volta a ser publicada em 21 de janeiro. Até lá!”.

(ANTÔNIO MACHADO, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de dezembro de 2017, caderno ECONOMIA, coluna BRASIL S/A, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SACHA CALMON, advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor da UFMG e UFRJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“A experiência jurídica
        Ao produzirem, para viver, os homens usam instrumentos, aplicam conhecimentos, inventam técnicas, agregam experiências que, em última análise, decidem sobre o tipo de relações que haverão de manter entre si. O homem é, antes de tudo, um ser de necessidades ou homo necessitudinis. Para satisfazer às suas necessidades básicas, sempre presentes, sempre prementes, tem que agir, isto é, trabalhar. Eis o homo faber. Destarte, para satisfazer às suas necessidades, o homem “trabalha” a natureza, humanizando-a. Catando frutos, caçando, pescando, plantando, domesticando animais, minerando ou transformando metais, industrializando as matérias-primas ou comerciando, o homo faber arranca da natureza sustento para a sobrevivência com o “suor do rosto”. Ao trabalhar, constrói a si próprio, sobrevive. A história nada mais é do que a história do homem e de seu fazer pelos tempos adentro. Seria impossível entendê-la, e as sociedades que sucessivamente engendrou, sem referi-las fundamentalmente às relações de produção, que o modo de produzir dos homens em cada época e de cada lugar tornou plausíveis. As relações sociais, econômicas e culturais da sociedade primitiva, da sociedade grega, romana, árabe ou visigótica, da sociedade medieval, da sociedade capitalista foram condicionadas por diferentes estruturas de produção. Ora, todas essas sociedades, como de resto todas as comunidades humanas, atuais e pretéritas, foram e são articuladas juridicamente.
         Fenômeno do mundo da cultura, o direito está inegavelmente enraizado no social. Contudo, embora o discipline, paradoxalmente, é um seu reflexo. Isso porque é radicalmente instrumental. Mas o fenômeno jurídico não se reduz ao puro instrumento normativo.
         Este seu caráter instrumental – técnica aperfeiçoada que é de obtenção de comportamentos – tem levado os juristas, com desespero, a gritar que o direito preexiste ao Estado, sua fonte, e que existe a margem e até mesmo contra a lei, seu veículo. E, por isso, “nem tudo que é legal, justo é”. Por certo, tiranias e injustiças do pretérito e do presente, a Leste e Oeste, sustentam esse grito. O direito jamais foi sinônimo de justiça. A lei tem sido aqui e alhures, agora como antanho, mais um instrumento de reprimenda do que de libertação. As “ordens positivas” são feitas pelos “donos do poder”, pouco importando a ideologia que professem.
         Lewis H. Morgan (Morgan, Lewis H. La Sociedad Primitiva, trad. de Alfredo Palacios, México, Ediciones Pavlov, DF, 1977.), sociólogo, antropólogo e historiador norte-americano, depois de dedicar toda a sua vida ao estudo da sociedade e do progresso humano, tanto que intitulou a sua obra-prima de Investigações sobre o progresso humano desde o estado selvagem até a civilização através da barbárie, à altura da página 497 do seu monumental livro, dá-nos o seu julgamento da história e da civilização: “Desde o advento da civilização, chegou a ser tão grande o aumento da riqueza, assumindo formas tão variadas, de aplicação tão extensa, e tão habilmente administrada no interesse dos seus possuidores, que ela, a riqueza, transformou-se numa força irredutível, oposta ao povo. A inteligência humana vê-se impotente e desnorteada diante de sua própria criação. Contudo, chegará um tempo em que a razão humana será suficientemente forte para dominar a riqueza e fixar as relações do Estado com a propriedade que ele protege e os limites aos direitos dos proprietários. Os interesses da sociedade são absolutamente superiores aos interesses individuais, e entre uns e outros deve estabelecer-se uma relação justa e harmônica. A simples caça à riqueza não é finalidade, o destino da humanidade, a menos que o progresso deixe de ser a lei no futuro, como tem sido no passado. O tempo que transcorreu desde o início da civilização não passa de uma fração ínfima da existência passada da humanidade, uma fração ínfima das épocas vindouras. A dissolução da sociedade ergue-se, diante de nós, como uma ameaça; é o fim de um período histórico – cuja única meta tem sido a propriedade da riqueza – porque esse período encerra os elementos de sua própria ruína. A democracia na administração, a fraternidade na sociedade, a igualdade de direitos e a instrução geral farão despontar a próxima etapa superior da sociedade, para a qual tendem constantemente a experiência, a ciência e o conhecimento. Será uma revivescência da liberdade, igualdade e fraternidade das antigas gens, mas sob uma forma superior”.
         A paz de todos com todos, paz com igualdade, é que se encerra no ansiado dia da parusia, a que se referem os monoteístas, mas sem qualquer supremacia, como se supôs no livro de Daniel. Não há Deus de um povo só. O Deus budista, cristão e muçulmano é um só e universal, pois somos todos iguais.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica marca de 333,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.




quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, OS NÍVEIS SUPERIORES DE CONSCIÊNCIA E OS MECÂNICOS QUE SABIAM LER

“Nos níveis superiores de consciência, encontramos a   cura
        
         Para termos condições de ajudar aos que se encontram em dificuldade, precisamos aprender a focalizar nossa consciência em níveis elevados, isentos de desarmonia. Se ficarmos excessivamente centrados em questões físicas ou em algum problema emocional ou pensamento negativo, não conseguiremos transcender a situação que necessita ajuda.
         Os estados físicos, emocionais e mentais equilibram-se quanto a atenção que damos ao nosso aspecto externo é apenas a necessária para  organizar a vida material e para usar de maneira evolutiva a energia dos sentimentos e a dos pensamentos. Quanto mais estáveis em níveis elevados, mais damos oportunidade para fatos inusitados e evolutivos sucederem nos níveis concretos. Assim, polarizados nas esferas harmoniosas do nosso ser, tornamo-nos aptos a efetivamente ajudar ao próximo e a nós mesmos.
         Portanto, se uma pessoa nos procura para tratar de seus problemas, só a ajudamos verdadeiramente quando nos conectamos internamente com níveis acima daqueles em que os ditos problemas se localizam. Mas, se ficarmos no mesmo plano dos problemas, nenhuma ajuda real poderemos prestar.
         Sem dúvida, um encontro focalizado em situações humanas pode aliviar alguma pressão interior, mas não ajudará de fato a resolver o cerne da situação da pessoa, que precisa mudar o foco de sua consciência. Sem essa reorientação e, portanto, abertura para a cura, a pessoa pode tornar-se momentaneamente mais tranquila, mas não estará realmente curada daquela situação.
         Se ouvimos outra pessoa com atenção e simultaneamente concentramo-nos num nível acima do mental pensante, - nível conhecido como supramental; - pode acontecer um trabalho profundo e oculto: as energias positivas do inconsciente são mobilizadas e começam a atuar. Durante o encontro, nada parece estar acontecendo, mas depois ela se dá conta de uma mudança em seu interior mesmo sem saber a que atribuí-la.
         Tenhamos presente que não seria bom querer conduzir o que acontece no interior de quem nos pede ajuda. Não precisaríamos pensar sobre o que fazer, e tampouco alimentar a ideia de auxiliá-la a todo custo. A ajuda real e durável torna-se possível quando dedicamos inteira atenção ao ser, porém sempre nos mantendo focalizados em um nível interior. Importante saber que não se trata de correspondermos ao que ela espera, ou de buscarmos contentá-la emocionalmente, mas de mantermos a consciência em um nível elevado durante o contato externo com ela.
         Se cultivamos essa atitude, inexplicavelmente a pessoa vai-se liberando do que a faz sofrer. É que seu apelo chega até nós, mas não é retido por nosso zelo, atenção excessiva, julgamento ou crítica; não nos envolvemos com o que está sendo dito e não reagimos. Assim, não criamos novos conflitos e a energia positiva que recebemos do Alto chega àquela alma.
         A cura vem de níveis de consciência que estão além da vida humana, em outros planos de realidade. Nada do plano físico, do plano emocional ou do mental tem verdadeiro poder de cura.
         A energia de cura não é remédio e tampouco magia. Mas, quando desce das esferas superiores ao mundo material, harmoniza tudo o que encontra.
         A cura nasce do silêncio naquele que, tendo-se esvaziado de si mesmo, se volta para o Alto e se deixa preencher pelo que lá encontra.”

(TRIGUEIRINHO, que é escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2351 – ano 46 – nº 50, de 11 de dezembro de 2013, página 30, de autoria de Cláudio de Moura Castro, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“O caso dos mecânicos que sabiam ler
        
         Segundo alguns historiadores, houve dois sacolejões maiores na história da humanidade. O resto foi tremelique. O primeiro foi a domesticação de cereais – começando com o trigo selvagem. Com isso, gerou-se uma relativa abundância de alimentos, o que permitiu às tribos, até então nômades, sedentarizar-se. As cidades trouxeram a densidade humana requerida para o fermento da criatividade e para inúmeras atividades produtivas e artísticas. Afirma-se que elas foram a grande motivação de todos os tempos. Mas a agricultura induziu o seu desenvolvimento.
         A segunda transformação drástica foi a Revolução Industrial. Um tecelão, em Constantinopla, trabalhava três horas para comprar um pão de meio quilo – o mesmo que na Roma de César. A partir de 1600, o tempo baixou para duas horas. Hoje são necessários cinco minutos. Esse espantoso salto de produtividade tornou possível oferecer a todos um padrão digno de vida.
         Mas por que a Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, no século XVIII? Jazidas de minério de ferro e carvão mineral? Império da lei e estabilidade política? Lei de Patentes? Avanços na ciência? Ética protestante?
         Tudo isso teve peso, mas há uma nova explicação, curiosa e persuasiva (William Rosen, The Most Powerful Idea in the World). Como resultado do desenvolvimento das escolas inglesas, pela primeira vez na história apareceram mecânicos capazes de ler artigos científicos. E também de se corresponder com colegas e pesquisadores.
         Os bons mecânicos sabiam lidar com máquinas e construir toda espécie de engenhoca. Mas aos que tinham novas ideias faltavam o horizonte intelectual e a motivação para implementá-las.
         No mundo das sociedades cientificas de então, os pesquisadores elucubravam, até experimentavam, seguindo o método teórico-empírico, proposto por Bacon. Mas não sabiam fazer coisas, não conheciam a manufatura. Portanto, não puderam ir muito longe na utilização prática dos seus inventos. Os avanços do pensamento não tinham pontes para o mundo da indústria.
         Fora do Olimpo científico, na sociedade hierarquizada e rígida da época, alguns mecânicos perceberam que a Lei de Patentes era a porta que se abria para um operário mudar de vida. E, como bons protestantes, acreditavam que Deus gostava de quem ficava rico.
         É então que entram em cena os mecânicos-leitores. Na ânsia de ficarem ricos, começaram a escarafunchar o que escreviam os cientistas – como Boyle, que formulava os princípios conectando pressão, temperatura e volume. Como tinham amigos com interesses similares, trocavam cartas, discutindo seus projetos.
         Perceberam que, se inventassem, se inovassem, poderiam abrir empresas e que patentes poderiam proteger suas novidades. Um exemplo clássico foi um novo perfil no filete da rosca de um reles parafuso. O invento do senhor Joseph Whitworth é usado até hoje e foi um dos primeiros de uma série de muitos que o tornaram milionário. A sua magnífica casa virou um museu de tecnologia.
         Uma alternativa era associar-se a banqueiros. Quem passar na porta de um certo restaurante, no centro de Manchester, verá um cartaz dizendo que ali, na virada do século XX, se encontraram um mecânico e um banqueiro, com a finalidade de forjar uma sociedade. Um se chamava Rolls e o outro, Royce.
         Os tais mecânicos-leitores começam a inovar, criando bombas a vapor, teares e uma infinidade de pequenas invenções que permitem os grandes saltos subsequentes.
         O inventor do motor a vapor, James Watt, por haver feito um aprendizado em construção de instrumentos científicos, trabalhava como vidreiro da Universidade de Glasgow. Convivia, portanto, com Adam Smith e David Hume. São tais pontes com o mundo das ideias que fertilizam as inovações.
         A primeira locomotiva de sucesso (1829), chamada Rocket, embarcava mais de 1 000 patentes, registradas por mecânicos que, como Whitworth, viravam milionários.
         Portanto, mecânicos-leitores foram diretamente responsáveis por uma das mais importantes transformações da humanidade. Sugestivo, pois não?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos (a propósito, as habituais marchas de fim de ano a Brasília... “por mais recursos...”), diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a  justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional) –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...