quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, OS NÍVEIS SUPERIORES DE CONSCIÊNCIA E OS MECÂNICOS QUE SABIAM LER

“Nos níveis superiores de consciência, encontramos a   cura
        
         Para termos condições de ajudar aos que se encontram em dificuldade, precisamos aprender a focalizar nossa consciência em níveis elevados, isentos de desarmonia. Se ficarmos excessivamente centrados em questões físicas ou em algum problema emocional ou pensamento negativo, não conseguiremos transcender a situação que necessita ajuda.
         Os estados físicos, emocionais e mentais equilibram-se quanto a atenção que damos ao nosso aspecto externo é apenas a necessária para  organizar a vida material e para usar de maneira evolutiva a energia dos sentimentos e a dos pensamentos. Quanto mais estáveis em níveis elevados, mais damos oportunidade para fatos inusitados e evolutivos sucederem nos níveis concretos. Assim, polarizados nas esferas harmoniosas do nosso ser, tornamo-nos aptos a efetivamente ajudar ao próximo e a nós mesmos.
         Portanto, se uma pessoa nos procura para tratar de seus problemas, só a ajudamos verdadeiramente quando nos conectamos internamente com níveis acima daqueles em que os ditos problemas se localizam. Mas, se ficarmos no mesmo plano dos problemas, nenhuma ajuda real poderemos prestar.
         Sem dúvida, um encontro focalizado em situações humanas pode aliviar alguma pressão interior, mas não ajudará de fato a resolver o cerne da situação da pessoa, que precisa mudar o foco de sua consciência. Sem essa reorientação e, portanto, abertura para a cura, a pessoa pode tornar-se momentaneamente mais tranquila, mas não estará realmente curada daquela situação.
         Se ouvimos outra pessoa com atenção e simultaneamente concentramo-nos num nível acima do mental pensante, - nível conhecido como supramental; - pode acontecer um trabalho profundo e oculto: as energias positivas do inconsciente são mobilizadas e começam a atuar. Durante o encontro, nada parece estar acontecendo, mas depois ela se dá conta de uma mudança em seu interior mesmo sem saber a que atribuí-la.
         Tenhamos presente que não seria bom querer conduzir o que acontece no interior de quem nos pede ajuda. Não precisaríamos pensar sobre o que fazer, e tampouco alimentar a ideia de auxiliá-la a todo custo. A ajuda real e durável torna-se possível quando dedicamos inteira atenção ao ser, porém sempre nos mantendo focalizados em um nível interior. Importante saber que não se trata de correspondermos ao que ela espera, ou de buscarmos contentá-la emocionalmente, mas de mantermos a consciência em um nível elevado durante o contato externo com ela.
         Se cultivamos essa atitude, inexplicavelmente a pessoa vai-se liberando do que a faz sofrer. É que seu apelo chega até nós, mas não é retido por nosso zelo, atenção excessiva, julgamento ou crítica; não nos envolvemos com o que está sendo dito e não reagimos. Assim, não criamos novos conflitos e a energia positiva que recebemos do Alto chega àquela alma.
         A cura vem de níveis de consciência que estão além da vida humana, em outros planos de realidade. Nada do plano físico, do plano emocional ou do mental tem verdadeiro poder de cura.
         A energia de cura não é remédio e tampouco magia. Mas, quando desce das esferas superiores ao mundo material, harmoniza tudo o que encontra.
         A cura nasce do silêncio naquele que, tendo-se esvaziado de si mesmo, se volta para o Alto e se deixa preencher pelo que lá encontra.”

(TRIGUEIRINHO, que é escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de dezembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado na revista VEJA, edição 2351 – ano 46 – nº 50, de 11 de dezembro de 2013, página 30, de autoria de Cláudio de Moura Castro, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“O caso dos mecânicos que sabiam ler
        
         Segundo alguns historiadores, houve dois sacolejões maiores na história da humanidade. O resto foi tremelique. O primeiro foi a domesticação de cereais – começando com o trigo selvagem. Com isso, gerou-se uma relativa abundância de alimentos, o que permitiu às tribos, até então nômades, sedentarizar-se. As cidades trouxeram a densidade humana requerida para o fermento da criatividade e para inúmeras atividades produtivas e artísticas. Afirma-se que elas foram a grande motivação de todos os tempos. Mas a agricultura induziu o seu desenvolvimento.
         A segunda transformação drástica foi a Revolução Industrial. Um tecelão, em Constantinopla, trabalhava três horas para comprar um pão de meio quilo – o mesmo que na Roma de César. A partir de 1600, o tempo baixou para duas horas. Hoje são necessários cinco minutos. Esse espantoso salto de produtividade tornou possível oferecer a todos um padrão digno de vida.
         Mas por que a Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra, no século XVIII? Jazidas de minério de ferro e carvão mineral? Império da lei e estabilidade política? Lei de Patentes? Avanços na ciência? Ética protestante?
         Tudo isso teve peso, mas há uma nova explicação, curiosa e persuasiva (William Rosen, The Most Powerful Idea in the World). Como resultado do desenvolvimento das escolas inglesas, pela primeira vez na história apareceram mecânicos capazes de ler artigos científicos. E também de se corresponder com colegas e pesquisadores.
         Os bons mecânicos sabiam lidar com máquinas e construir toda espécie de engenhoca. Mas aos que tinham novas ideias faltavam o horizonte intelectual e a motivação para implementá-las.
         No mundo das sociedades cientificas de então, os pesquisadores elucubravam, até experimentavam, seguindo o método teórico-empírico, proposto por Bacon. Mas não sabiam fazer coisas, não conheciam a manufatura. Portanto, não puderam ir muito longe na utilização prática dos seus inventos. Os avanços do pensamento não tinham pontes para o mundo da indústria.
         Fora do Olimpo científico, na sociedade hierarquizada e rígida da época, alguns mecânicos perceberam que a Lei de Patentes era a porta que se abria para um operário mudar de vida. E, como bons protestantes, acreditavam que Deus gostava de quem ficava rico.
         É então que entram em cena os mecânicos-leitores. Na ânsia de ficarem ricos, começaram a escarafunchar o que escreviam os cientistas – como Boyle, que formulava os princípios conectando pressão, temperatura e volume. Como tinham amigos com interesses similares, trocavam cartas, discutindo seus projetos.
         Perceberam que, se inventassem, se inovassem, poderiam abrir empresas e que patentes poderiam proteger suas novidades. Um exemplo clássico foi um novo perfil no filete da rosca de um reles parafuso. O invento do senhor Joseph Whitworth é usado até hoje e foi um dos primeiros de uma série de muitos que o tornaram milionário. A sua magnífica casa virou um museu de tecnologia.
         Uma alternativa era associar-se a banqueiros. Quem passar na porta de um certo restaurante, no centro de Manchester, verá um cartaz dizendo que ali, na virada do século XX, se encontraram um mecânico e um banqueiro, com a finalidade de forjar uma sociedade. Um se chamava Rolls e o outro, Royce.
         Os tais mecânicos-leitores começam a inovar, criando bombas a vapor, teares e uma infinidade de pequenas invenções que permitem os grandes saltos subsequentes.
         O inventor do motor a vapor, James Watt, por haver feito um aprendizado em construção de instrumentos científicos, trabalhava como vidreiro da Universidade de Glasgow. Convivia, portanto, com Adam Smith e David Hume. São tais pontes com o mundo das ideias que fertilizam as inovações.
         A primeira locomotiva de sucesso (1829), chamada Rocket, embarcava mais de 1 000 patentes, registradas por mecânicos que, como Whitworth, viravam milionários.
         Portanto, mecânicos-leitores foram diretamente responsáveis por uma das mais importantes transformações da humanidade. Sugestivo, pois não?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos (a propósito, as habituais marchas de fim de ano a Brasília... “por mais recursos...”), diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a  justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional) –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

            

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