“Até onde irá a tecnologia?
A
velocidade da evolução tecnológica que vivemos hoje é espantosa. A impressão é
que esse crescimento exponencial não terá fim, dada a diversidade de aplicações
e as crescentes demandas que surgem a cada momento.
Do uso
militar à mobilidade, os softwares, sistemas e aplicativos vêm melhorando a
performance do que podemos chamar de hardwares tradicionais, vide o caso de –
hoje grandes – empresas como Uber, Airbnb, Trivago e Yellow. Hoje, os carros
são compartilhados e utilizados de uma forma totalmente diferente de 10 anos
atrás; apartamentos e casa concorrem com hotéis por hóspedes; a antiga loja de
bicicletas não vende tantas bicicletas como antigamente porque em praticamente
toda esquina você encontra uma compartilhável.
Não
enxergamos claramente o que vem primeiro. É a mudança dos hábitos que direciona
as tecnologias ou são as novas tecnologias que mudam os nossos hábitos? Há
cinco anos, por exemplo, eu não me imaginava viver sem carro. Há três anos,
vivo muito feliz sem esse “estorvo” na minha vida. Essa mudança de hábito e
cultura, já que fui doutrinado desde pequeno a ter um belo carro, só foi
possível graças às evoluções tecnológicas.
Estamos
vivendo uma transformação da sociedade de consumo, no que tange à obtenção de
bens, transformação que permeia todas as camadas da sociedade e todos os
segmentos da economia. A relação “ter X usar” nunca foi tão pensada e aplicada.
O uso e a qualidade da experiência do usuário hoje têm mais apelo do que o
simples fato dele possuir algo.
Essa
transformação não é diferente no mercado imobiliário, um segmento até então
ultraconservador e, diga-se de passagem, de baixíssima evolução tecnológica no
Brasil. Hoje, um grande incorporador ou construtor é uma espécie de
vendedor/fabricante de hardwares antiquados, robustos e quase sempre incapazes
de se adequar às velozes evoluções que estamos vivendo.
As
mudanças de hábitos, norteados ou não pelas tecnologias, começam a transformar
a forma de conceber os edifícios e a cidade. Como sou arquiteto e respondo pela
concepção, viabilidade e projeto de vários empreendimentos pela cidade, vejo
constantemente a necessidade de transformação do segmento que impacta
totalmente a criação de um produto imobiliário.
Em
relação ao carro, à vaga e aos estacionamentos, por exemplo, além da mudança de
comportamento, os custos da área construída e a menor pressão dos compradores e
locatários por um número grande de vagas nos edifícios e locais públicos
mudaram as relações dos construtores. Há também mais bicicletas e patinetes nas
ruas, ciclovias e maior uso de transporte coletivo.
Sobre a
relação Compartilhar X Usar X Ter, destaco aspectos como lavanderia, academia e
equipamentos como quadras, sauna e piscinas, já que os empreendimentos
começaram a migrar para o modelo de espaços compartilhados ou mesmo para
operações comerciais nos embasamentos dos empreendimentos. Ninguém mais quer
arcar com a ociosidade e manutenção e as pessoas preferem pagar pelo uso,
buscando custos fixos menores.
Além
disso, as pessoas têm preferido viver e trabalhar de forma compacta, com acesso
à infraestrutura urbana, áreas menores e otimizadas com o intuito de baratear o
custo das unidades. Os produtos comerciais também estão sofrendo profundas
transformações com grandes torres corporativas perdendo espaço na preferencia
para os escritórios compartilhados.
Enfim,
ainda assim, o modo de vida humano, ao longo de milênios, pouco evoluiu nos
aspectos do abrigo, da morada. Há sempre o foco na questão de determinar
ambientes, para determinados usos e seus produtos, com seus utensílios
específicos e uma gama enorme de “coisas”. O que quis mostrar é que estamos
entrando em uma era em que essas “coisas” já não têm tanto valor. O que terá
grande significância daqui para frente será o uso e as experiências e os
ambientes serão suportes transitórios para isso.”.
(ALEXANDRE NAGAZAWA. Arquiteto urbanista,
sócio-diretor da Bloc Arquitetura, em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 24 de maio de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de maio de 2019, mesmo caderno
e página, de autoria de EUDÁSIO CAVALCANTE MELO, professor, graduado em
filosofia e pós-graduado em história, psicopedagogia, gestão educacional e
médias na educação, e que merece igualmente integral transcrição:
“A educação pela história
Para
entendermos um pouco o sentido da educação, gostaria de iniciar este artigo
levantando uma questão um tanto instigante: nascemos humanos ou nos tornamos
humanos? Somos seres pré-determinados ou nos determinamos ao longo da vida?
Existem defensores de ambas as teses. As respostas giram em torno da ideia de
que ora fazemos parte de um projeto pensado por um ser superior definido
previamente, ora somos resultado de um projeto pensado e construído na
individualidade de cada pessoa, como teorizam os existencialistas. Quis aqui
apenas fazer uma provocação, mas não é este o propósito inicial para a produção
deste artigo, e sim o de entendermos o ser humano como resultado de um processo
formativo que chamamos de educação, e esse processo ocorreu antes e ocorre hoje
de forma intencional dentro das diferentes comunidades humanas de acordo com
sua organização sociopolítica e econômica.
Entre as
civilizações antigas, nessa perspectiva, podemos destacar a civilização grega,
que com a sua Paideia revolucionou a educação. Nasce a filosofia, que destaca a
importância do conhecimento na condução da vida humana. Aqui encontramos as
primeiras academias como forma embrionária do que hoje conhecemos como escola.
E também os primeiros grupos humanos que se reuniam em defesa de uma ideia ou
de uma causa, que tiveram como referências nada mais, nada menos educadores
como Sócrates, Plantão, Aristóteles e tantos outros. A partir desses
referenciais a construção de uma única ideia: preparar o ser humano para a vida
como condição norteadora na condução do exercício da cidadania.
Continuando
com esta viagem educativa, uma breve parada na medievalidade da história. A
educação então apresenta um formato diferente, novo ingrediente: o pensamento
cristão. O homem recebe uma formação cujo princípio fundamental era a
obediência àquilo que a Igreja, como representante do poder divino, pregava.
Uma sociedade cuja preocupação maior era a salvação da alma. A classe
intelectual, na sua maioria, bem como toda a produção do conhecimento, estava
sob o controle da Igreja Católica. O pensar independente torna-se algo perigoso.
Mas é
dentro desse contexto que surgem as primeiras universidades, sob a coordenação
e vigilância da Igreja. A questão continua: mais fé ou mais razão? Uma grande
tempestade intelectual está prestes a acontecer. A Terra perde o seu trono e o
Sol assume de forma soberana a centralidade universal. Uma nova visão de mundo
emergente. A razão volta a ocupar lugar de destaque na produção do
conhecimento. Nasce a ciência como resultado do domínio humano sobre a
natureza.
Um novo
mundo, nova história. Academia, liceu, escola tradicional, profissionalizante,
técnica, tecnológica. Essas são faces diferentes da educação em seu percurso
histórico. A escola contemporânea está inserida numa grande explosão
tecnológica/revolucionária que mudou o rumo da humanidade. Com os instrumentos
da nova cultura tecnológica, o homem é mais máquina, menos homem.
Na
educação, mudanças significativas. A princípio, a impressão de mudança de foco;
algumas escolas têm preocupação exacerbada em manter uma estatística elevada
com relação ao índice de aprovação, em detrimento da formação humana mais
consistente que prepare melhor o aluno para a vida. Uma nova relação entre
professor/aluno dá um tom diferente no processo ensino/aprendizagem,
instituindo-se uma horizontalidade, sobretudo no desenvolvimento e
fortalecimento da ideia do protagonismo do aluno na aprendizagem, o que é muito
positivo. Há uma maior aproximação entre gestores com os demais segmentos da
comunidade escolar.
Porém,
dentro desse quadro desafiante, a escola não pode perder a sua autonomia, ainda
que precise dar autonomia àqueles que colaboram para a sua sobrevivência dentro
dessa nova realidade. A escola, porém, não pode permitir que vozes exteriores a
ela ditem normas de como deve ser conduzido o processo educativo com verbos
conjugados na primeira pessoa, mas, sim, criar possibilidades para que o nós
prevaleça sempre.
A escola
moderna deve exercer o papel de condutora e não de controladora no processo
ensino/aprendizagem, bem como deve provocar mudanças necessárias em vista da
contribuição de novos paradigmas que lhe dê sustentabilidade na missão de
educar. Com pessoas livres e conscientes de que a verdadeira educação acontece
quando todos os segmentos convergem para um único ponto: o futuro do ser
humano. Portanto, educar é gerar provocação que resultará num movimento de
expansão intelectual. Se a nossa prática, através da nossa fala, não provocar
esse movimento, a nossa fala será vazia e estéril.”.
Eis, portanto, mais
páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que
acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de
valores –, para a imperiosa e
urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a
efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a) a excelência
educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação
profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos
seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de
maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova
pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da
civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da
sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda
estratosférica marca de 298,57% nos últimos
doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos
323,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a
4,94%); II – a corrupção, há
séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e
comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador
chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela
trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é
que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter
transnacional; eis, portanto, que todos
os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos,
pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina,
fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso
patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na
Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das
empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da
União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão
Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de
juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica,
previsão de R$ 758,672 bilhões), a
exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos,
gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande
cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o
nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!
“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público
(1961 – 2019)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.