“Poder
e autoridade
Que diferença tem entre
poder e autoridade?
Aparentemente
nenhuma, os melhores dicionários da língua portuguesa colocam os dois termos
como sinônimos; ao sabor das circunstâncias se confundem. Entretanto, há uma
distância enorme. Max Weber mergulhou fundo nesse abismo abaixo da lâmina das
aparências e voltou com conceitos fantásticos que lhe mereceram a fama de iluminado.
O poder
encontrado por Weber pode cair no colo de um personagem por motivos que nem
sempre se relacionam às qualificações para exercê-lo. Acontece pela capacidade
de alcançá-lo ou simplesmente pelo acaso (herança, conjugação de
circunstâncias, transitoriedade, erros alheios, até por defeitos etc.).
O poder,
quando conquistado à revelia da capacidade de exercitá-lo, se revela instável,
vacila como prédio sem alicerces. Uma coisa é chegar lá, outra é se manter no
vértice da estrutura que balança pelos golpes de quem deseja ocupá-lo.
A
história registra aos borbotões descendentes de monarcas que, apesar de vazios
e ineptos, se aproveitaram do fator hereditariedade, mas o poder que cabia a
eles foi exercitado por outros ou lhes escapou das mãos em curtas temporadas.
Seus reinados foram breves e geraram intensas confusões. Regressos e não
progressos.
Já a
autoridade é uma condição do poder sólido alicerçado na confiança, na
admiração, nos resultados. Trata-se de um reconhecimento externo de capacidades
internas. Essa “autoridade natural” confere o “poder” pelo mérito. Possui a
vareta mágica de fazer acontecer, de erguer, de prosperar não só os Estados,
mas os grupos, as associações, as empresas. Melhor quando acompanhada pelo
talento, pela justiça, pela virtude, pelo desapego, pelo amor à causa, pelo uso
estoico da verdade.
A Coroa
espanhola reconheceu autoridade a Cristóvão Colombo, um simples genovês, para
desbravar rotas ao Novo Mundo; o povo francês a Napoleão, um corso que
consagrou seu imperador. Foi também o fascínio da autoridade, “não violenta”,
de Gandhi a levar o povo indiano a conquistar a própria autonomia sem disparar
um só cartucho.
O poder
para ser tal, para ser real, precisa de magnetismo como um corpo do sopro de
vida. A autoridade é a força do poder, não vice-versa.
Ainda
hoje, o líder que cai em desgraça é o líder que depois de ter tropeçado na
verdade perdeu a confiabilidade e enterrou sua autoridade.”.
(VITTORIO
MEDIOLI, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de junho de 2019, caderno A.PARTE, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de junho
de 2019, caderno OPINIÃO, página 7,
de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“A
Igreja na Amazônia
O papa Francisco,
exercendo sua missão de sucessor do apóstolo Pedro, no zelo apostólico com o
povo da Amazônia e para qualificar sempre mais a presença missionária e
servidora da Igreja Católica, convocou um sínodo especial para a Amazônia, a
ser realizado de 6 a 27 de outubro deste ano, em Roma.
Sabe-se
que a Igreja Católica, incontestavelmente, tem uma qualificada presença capilar
em diferentes culturas de todo o mundo e sua presença na região pan-amazônica é
de especial importância, com todos os muitos desafios e exigências. Lidar com
essas exigências e desafios requer o exercício da escuta para servir mais e
melhor no anúncio do evangelho de Jesus Cristo. O sínodo é, pois, um longo
caminho de escuta. Oporunidade para a Igreja Católica qualificar ainda mais a
sua missão na Amazônia, oferecendo a todos singular chance de se dedicar mais
atenção a essa realidade ambiental, histórica, cultural, política e religiosa
de notável relevância. Por isso mesmo, a realização do sínodo interpela a
ouvirem a Amazônia, repleta de vida e sabedoria.
Essa
realidade clama e exige novas posturas para enfrentar o doloroso processo de
desflorestamento e extrativismo, urgindo uma conversão ecológica integral. A
consideração do território amazônico deve se transformar em grande oportunidade
de mudanças sociais e civilizatórias, com ganhos para essa região e todo o
conjunto da sociedade. Essa é a valiosa contribuição promovida pela Rede
Eclesial Pan-Amazônica (Repam), alargando e clareando horizontes para um tempo
de muitas conversões. De modo especial, é urgente a conversão ecológica para
assimilação de novos rumos e, em razão das ricas singularidades, ouvir a zoa da
Amazônia.
É
preciso considerar a grave crise socioambiental em curso, atingindo de modo
fatal a Amazônia. Ora, a Amazônia é fonte de vida. Por isso, o sínodo considera
o conjunto da vida na região amazônica – o território, a Igreja, os povos e o
planeta. Avançar na consideração da Amazônia a partir dos parâmetros da
ecologia integral é determinante. O horizonte é o evangelho de Jesus Cristo e a
Igreja Católica, com sua presença evangelizadora, é essencial. Seu foco mais
importante é, pois, o discipulado no seguimento de Jesus Cristo, desdobrado em
compromisso com a vida plena, oferta de Jesus que todos têm a responsabilidade
de buscar, contemplando os povos indígenas – respeitados os seus parâmetros de
bem viver. Cultivar a harmonia consigo mesmo, com a natureza, com os seres
humanos e com Deus é a conquista exemplar a ser buscada.
Há de se
encontrar caminhos para superar os processos que ameaçam a vida, pela
destruição e exploração que depreda a casa comum e viola direitos humanos
elementares da população amazônica. Essa ameaça à vida deriva de interesses
econômicos e políticos de setores dominantes da sociedade com conivências de
governos. É preciso, assim, enfrentar a exploração irracional e construir um
novo tempo, tempo de Deus, humanizado, na Amazônia. Importa, agora, estar e
comunhão com esse caminho. Isso significa buscar uma participação mais ativa e
estar aberto a um novo modo de viver, conforme a dinâmica do evangelho de Jesus
Cristo. Um momento para aprender e exercitar-se numa nova compreensão.
Deixar-se educar à luz da palavra de Deus, que revela a aliança fecunda entre a
humanidade e o ambiente, para uma cultura do encantamento, do cuidado
responsável e da beleza, inspirados no Criador que “viu que tudo era bom” (Gn
1,31). Eis a oportunidade para a grande virada civilizatória, a partir de nova
compreensão desdobrada em comprometimentos com os valores do evangelho de Jesus
Cristo, pela força missionária da Igreja na Amazônia.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais
como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em maio a ainda estratosférica marca de
299,78% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 320,87%; e já o IPCA, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,66%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo
Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos
os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune
à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais.
De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e
do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de
burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência,
eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com
menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.