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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A CIDADANIA, A ÁGUA, O POVO, O PODER E AS EXIGÊNCIAS DA ÉTICA

“Água, povo e poder
        Estamos vivendo um momento muito delicado no Brasil com a questão da água, cuja falta, cada vez mais anunciada nos últimos meses, assusta todos os segmentos da nossa sociedade. Ela é fundamental na vida das pessoas, sejam ricas ou pobres, para famílias numerosas ou pequenas, para hospitais, escolas, indústria, agricultura e, principalmente, para a boa saúde de todos. Como se sabe, problemas com falta de água ou água inadequada geram doenças graves e mortalidade infantil. Tomar um simples copo de água e tomar um bom banho, naqueles momentos em que sentimos necessidade, deixa-nos mais felizes. Assim, com toda certeza, a falta de água deixa as pessoas muito incomodadas e propensas a reavaliar com mais profundidade as formas pelos quais os governantes lidam com o tema ao longo do tempo.
         É importante lembrar que o corpo humano, como os de outros seres vivos, é formado principalmente pela água, o que torna esse recurso essencial à vida. O homem precisa ingerir água com frequência, diretamente ou por meio de diversos alimentos. A ameaça da falta de água causa um grande desgaste para todos. Algo como, sabendo dos sintomas de uma doença grave, ficamos sempre apreensivos com a possibilidade de ela realmente surgir e não sabemos como reagir caso ela apareça.
         É claro que há falta de água mesmo! Que as chuvas diminuíram muito nos últimos anos, muitos rios estão vazios, assim como as represas mais importantes da região Sudeste. Mas, as causas da atual crise hídrica não podem somente ser atribuídas à falta de chuva. Há muito desperdício de água no país e falta de planejamento do governo, pois trata-se de uma tragédia anunciada há tempos. Mesmo com um ou outro governante afirmando ao longo de meses e meses que não há falta de água, muitas torneiras estavam e estão vazias em algumas regiões do país. Mas a população é sábia e famílias começaram a economizar água e a tomar outras providências práticas, como abrir poços artesianos (quem pode) e comprar baldes. Afinal, caro leitor, como diria a rainha Maria Antonieta, na Revolução Francesa, “se não tem água, comprem baldes, guardem água e tomem seus banhos! Ora bolas! Simples assim!”.
         A questão do meio ambiente, que envolve a água, chegou forte no Brasil nos anos 1970, principalmente depois da ditadura, e teve momentos significativos como o Movimento contra o Programa Nuclear Brasileiro, nos anos 80; denúncia contra as calamidades de Cubatão; surgimento do Partido Verde em 1986; a Eco 92/RJ; e frequentes movimentos de combate aos agrotóxicos, que se estendem até hoje.
         Mas você acha que a maioria dos líderes políticos do Brasil, de diferentes matizes, estavam mesmo preocupados com essas questões? Que entendiam profundamente desses assuntos? Parece que não. Preocupados com o jogo do poder, não tinham tempo e interesse verdadeiro por tudo isso. Você já imaginou, caro leitor, líderes políticos falastrões do país discutindo temas como mata ciliar, reaproveitamento da água, dessalinização da água do mar? Não conseguiu imaginar, não é? Agora, a situação está grave e temos mesmo que economizar água, o que é um processo educacional, cuja economia deve começar nos palácios onde vive a nossa monarquia tropical, muito bem espalhada pelo Brasil.
         Sabemos que a pujante agricultura brasileira é um dos setores que mais consomem água, não é o povo. E temos também a indústria, outra área importante. Por isso mesmo, o governo deve ser eficaz nos programas de prevenção do consumo de água de todas as áreas. É importante que saibamos todas as medidas de economia de água, inclusive para esses setores. E vamos economizar água. Sejamos, então, cidadãos conscientes, porque não vale chorar depois. E tomara que chova três dias sem parar, conforme cantaria Emilinha Borba em época de carnaval.”

(LUIZ FRANCISCO CORRÊA. Jornalista, diretor da Via Comunicação, membro do Conselho Curador da Fundação de Pesquisa e Ensino da Cirurgia, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de fevereiro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM JOAQUIM GIOVANI MOL GUIMARÃES, bispo auxiliar de Belo Horizonte, reitor da PUC Minas, presidente da comissão da CNBB para o acompanhamento da reforma política, e que merece igualmente integral transcrição:

“Afronta ao povo
        Os recém-empossados deputados estaduais mineiros não hesitaram em dar mostras de que esta nova legislatura não romperá com vícios, acordos e arranjos quando o assunto em pauta é de interesse dos próprios parlamentares. Aprovado em tempo curtíssimo, desavergonhadamente, o primeiro projeto votado pelos legisladores em seu novo mandato foi para estender a todos os parlamentares o benefício do auxílio-moradia, que pode chegar a R$ 4,3 mil a mais em seus vencimentos – mesmo para aqueles que já vivem ou têm residência na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
         A história do Poder Legislativo no Brasil é marcada, entre outros aspectos nada nobres, pelo acúmulo de privilégios. Verbas indenizatórias, auxílios, apoios de custeio, passagens aéreas. Ainda que algum benefício seja necessário, esses privilégios, além de fazer escoar de modo covarde os recursos públicos, impõem-se como verdadeira afronta a grande parcela da população, a quem se nega atenção e qualidade nos mais fundamentais e básicos serviços públicos. O contribuinte paga e paga caro para manter uma democracia representativa para a qual é pouco convidado a participar.
         De modo contínuo, políticos vão alimentando no eleitor um desalento, pois ele, a cada eleição, percebe as expectativas e desejos de uma política verdadeiramente imbuída de construir o bem serem encobertos pelos interesses mesquinhos, o ganho pessoal, o interesse próprio de alguns, que foram eleitos para buscar o bem-estar de todos. Gera-se no cidadão a sensação de que a política é, por definição, um exercício do malfazer, da ruptura de quaisquer possibilidades da ação comum e solidária e a corrupção permanente de todo e qualquer projeto coletivo, da busca de justiça e de igualdade. Exatamente o contrário do ensinamento de um dos principais líderes mundiais contemporâneos, o papa Francisco, que, à luz da fé cristã, afirma a “política como uma vocação sublime, uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Evangelli gaudium, 2005).
         Para o eleitor, resta a sensação fatalista de que esse desprezo pelo bem comum desfaz a política, ao corroer-lhe a verdadeira essência. Dupla crueldade: o cidadão que enxerga na participação político-partidária o efetivo mecanismo de mudança e de construção de uma sociedade melhor, não raro se frustra, rapidamente, ao perceber que essa mesma política – que ele legitima e à qual confere poder e autoridade – e, seus subterrâneos, por baixo dos panos, o desconsidera e abandona, ao estabelecer para si relevâncias muito particulares. Por um lado, o desalento diante do esfacelamento das promessas e projetos. Por outro, o ressentimento diante da percepção de que o direito do voto e o poder da escolha retroalimentam um sistema viciado de benesses e compadrios. É imoral.
         Reafirmamos a necessidade urgentíssima de uma profunda, séria e democrática reforma política no Brasil. A reforma política só será benéfica ao país se houver participação do povo, das comunidades, dos movimentos sociais, da sociedade civil organizada. O Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Coalizão, que reúne mais de uma centena de entidades, propõe, entre outras coisas: impedir o financiamento de campanhas eleitorais por empresas; implantar a eleição em dois turnos, um para eleger um projeto, outro para eleger pessoas comprometidas com o projeto; aumentar a participação de mulheres no mundo político; regulamentar o artigo 14 da Constituição, que contém instrumentos de democracia participativa.
         A impressão é de que se tivéssemos nos mobilizado mais, teríamos impedido esse nefasto episódio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Mais do que impressão, fica a convicção de que é necessária a participação decisiva dos brasileiros na reforma que poderá viabilizar muitas outras reformas imprescindíveis ao país, a reforma política.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e diante de novas facetas, a agudíssima crise da dupla falta – de água e de energia elétrica...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!

         

quarta-feira, 20 de junho de 2012

A CIDADANIA, OS MALES DA HUMANIDADE E O PODER DA VISÃO

“Estamos todos doentes

Saúde é a percepção individual de bem-estar físico, psíquico e social. É a sensação de serenidade, relaxamento, paz de espírito. Ou, ainda, estar harmonizado nas três energias que sustentam a vida no nosso cotidiano e nos faz a cada dia existir:

1) Vitalidade, ou energia vital, é aquela que move nosso físico, o corpo, o que nos faz saltar da cama e ir à luta, o que nos dá ânimo, movimento.

2) Psiquismo, ou energia mental, que gera o ato de pensar, de sentir, de desejar sonhos metas, intenções.

3) . Sim, senhores, é uma forma de energia, e não sinônimo de religiosidade.

Dito isso, vem a pergunta, aos amigos e leitores: como anda sua saúde? Acorda todos os dias, espreguiça e diz: “Oba, mais um novo dia!” Adora seu trabalho ou sua escola? Ao final do expediente, comenta com os colegas, o quanto está ansioso de encontrar e bater um belo papo com os filhos adolescentes e namorar com a patroa? Agradecer a Deus a cada novo dia, enfrentar os desafios, ser otimista e buscar solução para as contas atrasadas com bom humor, enfrentar o congestionamento sem nervosismo? Ler, assistir, ouvir sobre os escândalos e corrupções que se sucedem sem se revoltar e pensando em como reverter essa tragédia da tal democracia? Dorme bem, acorda descansado, entusiasmado, cheio de saúde? Bem-humorado, de bem com a vida, sem queixas físicas, sem uma mente acelerada de preocupações e sofrimentos antecipatórios?

Parabéns!!! Passou no teste e se enquadra no que foi descrito no início da coluna. Peço que mande um e-mail, compartilhe sua experiência, pois você está em extinção, segundo todos os dados que andam chegando mundo a fora onde a saúde (principalmente a pública) está falida e sem resolutibilidade. É como houvesse uma epidemia de angústia, ansiedade, sintomas físicos diversos, sono precaríssimo, conflitos de relacionamento nos lares, nas escolas, no trabalho e até onde antes era local de lazer como casas noturnas, estádios de futebol, Carnaval e outros.

Todo mundo apavorado, pessimista, irritado, egoísta. A violência está generalizada e novas gerações não só desrespeitam as mais velhas, mas, enfrentam e desprezam sua sabedoria e experiência.

Outro fenômeno do mundo atual é uma tecnologia fantástica, quase uma ficção científica. Pois bem, a questão é que ao criar um abismo entre os “nascidos na tela”, jovens virtuais e alienados do mundo real e em crise e a geração dos “perdidos na tela”, dos que tiveram e têm que tentar entender novidades diárias e termos tecnológicos (que é quase grego para os mais velhos). E sejamos francos, fomos incapazes de gerarmos um mundo digno, justo, fraterno e, principalmente, que produzisse líderes que crianças e jovens admirassem e tivessem como referência e exemplo a ser seguido, quebramos uma história milenar de sucessão evolutiva e respeito intergeração!

Faço questão de citar uma das maiores fábricas de fazer loucos atualmente: o celular! (Um dia volto exclusivamente a este tema). E ainda alerto para o tribalismo que se alastra: islâmicos contra cristãos, brancos versus pessoas de cor, pobres contra ricos, nações contra nações, torcidas contra torcidas, ataques aos homossexuais e assim por diante.

A intolerância e o radicalismo imperam. Finalmente, a tragédia das drogas, dos que se anestesiam e fogem deste mundo em transformação e desafiador, artificializando o prazer, a alegria enquanto se demenciam e destroem famílias e marginalizam-se.

Sim, que bom! Fim de linha! Quando tudo anda tão estranho e doentio, é sinal que o ambiente, sociedade, política, religião, família e cultura estão muito próximos de falirem. E a história do mundo mostra que é necessário o caos, a decadência de costumes, de confiança, de valores, de cooperação e fraternidade; que quando nos tornamos individualistas, abusamos de bebidas, droga, quando a descrença nos líderes impera é hora de mudança. Assim foi no Império Romano, grego, na Idade Média. Só que agora somos globais e quem sabe aprenderemos que somos um só povo!”
(EDUARDO AQUINO, que é escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 17 de junho de 2012, Caderno CIDADES,coluna Bem Vindo à Vida – Reaprendendo a viver – pequenas lições sobre comportamento e relacionamento e mente humana, página 6).

Mais uma IMPORTANTE, ADEQUADA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na revista VEJA – edição 2274 – ano 45 – nº 25, de 20 de junho de 2012, páginas 134 e 135, de autoria de THOMAS LOVEJOY, Doutor pela Universidade Yale, nos Estados Unidos, que estuda a biodiversidade da Amazônia e do Brasil desde 1965. Atualmente ocupa a cátedra de biodiversidade do Centro Heinz para Ciências, Economia e Meio Ambiente, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O IMPERADOR

VISIONÁRIO

Vinte anos depois da Eco 92, os representantes de 170 nações vão se encontrar a sombra da Tijuca, uma das maiores áreas verdes urbanas do mundo. O simbolismo é muito forte. Em meados do século XIX, o imperador dom Pedro II reconheceu a importância do que chamamos hoje de serviços de ecossistema, as funções ambientais úteis aos seres humanos e que tanto necessitam de cuidados. O imperador não precisou de ciência sofisticada ou de análises econômicas para chegar a tal conclusão. Foi o seu senso prático que o levou a perceber como reflorestamento da área, encravada no coração da cidade, era essencial para a recuperar a atividade da frágil bacia hidrográfica do Rio de Janeiro. O Brasil foi um dos pioneiros do desenvolvimento sustentável, muito antes de o termo ser cunhado pela ex-ministra da Noruega Gro Brundtland, em 1987.

A Eco 92 resultou em enormes avanços na abordagem das questões ambientais. Duas convenções internacionais foram criadas: uma relacionada à mudança climática e outra, à diversidade biológica. A Agenda 21, desenhada nos encontros cariocas, elaborou uma série de posturas concretas para o desenvolvimento sustentável como fora definido pela Comissão Brundtland, em 1987, da qual participou o brasileiro Paulo Nogueira Neto, secretário especial do Meio Ambiente entre 1973 e 1985, nas presidências de Ernesto Geisel e João Figueiredo. Foram listadas, então, áreas prioritárias – oceanos, atmosfera, energia, água e financiamento – para que países e empresas buscassem melhorias ambientais.

Cinco anos depois da Eco 92, quando uma reunião relativamente informal, a Rio+5, foi realizada, mais uma vez à sombra da Tijuca, os governos ainda trabalhavam para implementar as convenções e a agenda de desenvolvimento sustentável em seus três pilares – o social, o econômico e o ambiental . Na ocasião da Rio+10, em Johannesburgo, o aspecto ambiental foi praticamente ignorado. A meta de aumentar o desenvolvimento como forma de estímulo à sustentabilidade tinha evaporado.

Agora, uma década depois, emerge uma repetição perturbadora. As autoridades brasileiras advertem, novamente, que a reunião é sobre o desenvolvimento, não sobre o ambiente. É uma postura delicada. Dessa forma, ignora-se a observação, citada com frequência, de que a economia é a subsidiária integral da natureza. É como voltar as costas para a própria definição de desenvolvimento sustentável. Se bem analisada, a questão principal recai sobre a qualidade de vida humana, gravemente ameaçada, e sobre o desenvolvimento sustentável em escala, a única solução possível para o problema. Não é algo que a humanidade pode se dar ao luxo de passar algum tempo analisando: o desafio acontece aqui e agora e exige nossa máxima atenção e empenho.

A agenda Rio+20, em si, à margem da postura do Brasil, parece encorajadora. Trata do desenvolvimento sustentável em sua abertura, inclui metas energéticas cruciais (Energia Sustentável para Todos) e se debruça sobre as economias verdes, levando em conta valores ambientais para a tomada de decisões econômicas. Essa agenda lida com as chamadas questões de governança global. E com um bom motivo. Nenhum país atingiu as metas estabelecidas pela convenção de biodiversidade na reunião em Nagoia, em 2010. A agenda da convenção de mudança climática tem sido encolhida por um jogo míope de dança das cadeiras entre os Estados Unidos, a Índia e a China. Basicamente, o debate é sobre quem vai reagir primeiro e reduzir suas emissões de carbono, atitude que parece zombar da própria definição de liderança. Potencialmente promissora é a ideia de Metas de Desenvolvimento Sustentável. Similar às Metas de Desenvolvimento do Milênio, elas poderiam – ao contrário das primeiras – conter elementos ambientais fortes.

Conforme as negociações prosseguem, qualquer análise perspicaz mostrará que, apesar das conquistas reais, a humanidade não foi capaz de resolver os grandes problemas ambientais na escala necessária.

As negociações sobre o clima estipulam a interrupção do aumento da temperatura global em 2 graus. Para que haja essa interrupção, as emissões globais de gases do efeito estufa devem atingir o pico em 2016 – e, a partir de então, não mais crescer. Há provas abundantes de que 2 graus significam muita coisa. Tal elevação seria desastrosa para os ecossistemas e eliminaria os recifes de corais tropicais. Da última vez em que esteve 2 graus mais quente, os oceanos subiram entre 4 e 6 metros. Hoje esse aumento na temperatura inundaria a maior parte do Rio. O que mais precisamos saber para soar o alarme?

Além da mudança climática, duas outras fronteiras planetárias foram ultrapassadas. Uma é a importância do uso do nitrogênio, principalmente, mas não exclusivamente, na agricultura. Os níveis atuais de nitrogênio biologicamente ativo são o dobro do normal, o que causa prejuízos enormes. O principal deles é o aumento das zonas costeiras mortas, que, desprovidas de oxigênio e peixes, têm dobrado de tamanho a cada dez anos ao longo das últimas quatro décadas.

A fronteira mais agressivamente ultrapassada é a da biodiversidade. Não é surpresa, pois todos os problemas ambientais afetam os sistemas vivos. Hoje, algumas taxa de desaparecimento de espécies crescem de maneira vertiginosa, o que acarreta conseqüências profundas para a humanidade. Os recursos biológicos são vitais para nós como seres vivos por causa de suas múltiplas funções, saudáveis, executadas pelos ecossistemas (como o da Floresta da Tijuca). Mais do que isso, a diversidade de espécies constitui uma riqueza de possibilidades biológicas testadas pela evolução. Essa variedade tem o potencial de transformar seguidamente a agricultura e a medicina, algo crucial no momento em que mais 2 bilhões de pessoas se juntarem aos 7 bilhões de habitantes do planeta. Soluções e oportunidades essenciais podem ser encontradas na diversidade biológica, desde que consigamos cuidar dela de forma adequada. Índices de extinção ascendentes equivalem à queima de livros em escala global.

Evidentemente, o tempo está se esgotando para que consigamos evitar deixar como herança para as próximas gerações um planeta degradado. Não se trata apenas de olhar para o futuro longínquo. Muitas pessoas nascidas nesta década estarão vivas até o fim do século para vivenciar as consequências o sucesso ou do fracasso dos nossos esforços. Quanto mais esperarmos, mais duras e menos numerosas serão as escolhas.

Os protagonistas de hoje são diferentes daqueles de vinte anos atrás. A liderança dos Estados Unidos na questão ambiental foi anulada pela falta de propósito nacional, de interesse e pelas disputas partidárias que parecem ignorar a relevância da preservação e de uma economia de baixo consumo de carbono. A Europa está limitada pela grave crise que se abateu sobre a zona do euro. A China, a Índia e muitos outros países continuam queimando combustíveis fósseis como se houvesse amanhã. Alguns líderes de países ricos não participarão da Rio+20, a indicação chocante do desrespeito à urgência da agenda, o que pode prejudicar tanto pobres quanto ricos.

O Brasil, nesse jogo, tem uma posição especial, com sua economia grande e vibrante, um setor de energia de baixo carbono e uma posição de credibilidade junto às velhas potências industriais e ao Grupo dos 77, que reúne 132 nações em desenvolvimento. O país também é provido de capacidade técnica e científica vigorosas, além de ser um povo capaz de compreender a importância da preservação ambiental – ainda que esteja na infância dessa compreensão. Nas palavras do embaixador Rubens Ricupero, ser a “potência ambiental” é o destino do Brasil.

Seria extraordinário ter o país nessa condição de liderança, relevante e decisivo em um planeta ainda riquíssimo, porém fragilizado. Quatro bilhões de anos de evolução produziram um diversidade impressionante de plantas, animais e organismos lindos, intrincados e fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Não devemos virar nossas costas para ele, mas sim celebrá-lo e protegê-lo com toda a inventividade que possuirmos. Devemos empreender de forma consciente a administração do planeta como o sistema integrado físico e biológico que é. Isso significa administrar a nós mesmos, controlar nossos impulsos de consumo e exploração da natureza, reconhecendo a poderosa mensagem da Tijuca reflorestada por dom Pedro II.

Enquanto isso, de maneira preocupante, concentrações de dióxido de carbono de 400 ppm (partes por milhão) são registradas no Ártico, algo nunca visto em 800 000 anos. São as contradições que precisam ser enfrentadas durante a Rio+20.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, GRAVES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – é um imperativo da modernidade, MATRICULARMOS nossas crianças de 6 seis anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO – até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA das nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais CONTUNDENTE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o ABISMO das DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) de 13 a 22 próximos; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA das CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...