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quarta-feira, 10 de março de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA, O NASCIMENTO E A MORTE

“Celebrando a ética

A celebração do Dia Internacional contra a corrupção, no último domingo, vem reafirmar que este é um mal que grassa e se alastra. Por isso mesmo, também em nível mundial, mobiliza a atenção e a ação de cidadãos e de instituições da sociedade, de forma mais acentuada na última década: em 1996, a Organização dos Estados Americanos (OEA) criou a convenção interamericana contra a corrupção; em 1997, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma organização internacional que congrega os países mais industrializados do mundo, expediu recomendações de combate à corrupção; em 2003, a ONU criou a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção; em 2004, a ONU estabeleceu, como 10º princípio do Pacto global, o combate à corrupção; também em 2004, o Fórum Econômico Mundial criou a “Iniciativa parceira contra a corrupção”; e, em 2006, no Brasil, o Instituto Ethos criou o Pacto empresarial pela integridade e contra a corrupção.

Certamente que a corrupção e o desrespeito aos princípios éticos não constituem doença nova.Aristóteles já se ocupava do tema, definindo a questão ética como exercício dos princípios morais, vinculando-a aos costumes dos povos, envolvendo as relações entre pessoas e instituições, entre cidadãos e no seio do Estado. Entre todos, o tempo todo. E mais: desde os primórdios, o conceito ético surgiu ligado à democracia e hoje, em todo mundo, o estágio ético de uma sociedade define o seu grau de evolução – ou involução.

Embora sejam doenças mundiais e milenares, a corrupção e o desrespeito à ética não devem e não podem ser encarados com passividade, nem com o fatalismo que pode levar à omissão. Pelo contrário, devem ser combatidos com rigor, em uma cruzada que exige a participação de todos. Afinal, além de minar o que a sociedade tem de mais precioso, que são os seus valores éticos e morais, causam danos irreparáveis também ao desenvolvimento econômico e social. No mundo, a corrupção provoca prejuízo anual de US$ 3 trilhões. No Brasil, consome R$ 10 bilhões todos os anos, conforme mostram estudos da Fundação Getúlio Vargas. É um volume de recursos que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e aproximadamente 50% de todos os recursos previstos no Orçamento Geral da União (OGU) para a realização de investimentos produtivos. [...]”
(ROBSON BRAGA DE ANDRADE, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2007, Caderno OPINIÃO, página 11, sob o título Celebrando a ética).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de abril de 2007, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Nascimento e morte

A cultura da morte parece governar o destino do mundo. Há mesmo certo prazer mórbido em acompanhar a apresentação cada vez mais repetida de ações que apontam o tempo todo para a finitude, como se a vida não valesse mais a pena. O curioso nessa operação é que a vida que não vale mais nada é sempre a vida do outro. O culto da morte é uma face do egoísmo. Entender que, no cenário de guerra que toca hoje a política, a economia, a religião e até as relações pessoais, a alternativa mais forte é o extermínio do outro (o diferente, o desempregado, o apóstata, o inimigo íntimo) é penetrar nesse reino no qual a morte é a senhora.

Os dois extremos da existência, o nascimento e a morte, podem ser considerados fundamentos de duas das mais importantes atitudes do homem: a política e a filosofia. Só faz política quem aposta que o nascimento muda toda a configuração do mundo. A ação política é condicionada pela fé no homem como inaugurador do sentido da existência. Cada pessoa que nasce traz com ela a possibilidade de mudança radical no destino da humanidade. Criar um mundo em que a dignidade da existência seja garantida em sua singularidade é o objetivo maior da política. “Para que houvesse início, o homem foi criado”, a frase de Santo Agostinho, sempre lembrada por Hannah Arendt, aponta para a força inaugural da política: o nascimento é a antecâmara renovada do exercício da humanidade.

Já a filosofia, em sua dimensão metafísica, parece ser moldada pela idéia da morte, pela constatação, entre cética e cínica, que o mundo, deixado à sua sorte, caminha de forma inexorável para o fim. A metafísica é perfumada pela finitude. A certeza da morte, mais que ameaça, é destino, caminho que inclusive altera o sentido da vida. Quem não pensa na morte não filosofa. A saída, se é que precisamos de uma saída, foi tentada por muitos pensadores, sobretudo os que afirmaram que, mais que temer a morte é preciso apostar na vida. Mesmo siderada pela morte, há uma filosofia do sim e uma filosofia do não. Em outras palavras, da vida como valor supremo, por um lado; e do “ainda não-morte” como contingência inescapável, por outro.

Talvez por isso a alternativa mais consistente construída pelo homem para rever esse destino tenha sido o investimento na política. No lugar de se afundar no término da existência, o homem que crê na política dirige sua atenção para a vida que começa. Há, ainda uma humildade fundante no pensamento político: tudo é feito na certeza de que não partilharemos do resultado final de tanto trabalho e empenho. O futuro em política não pode ser ameaça de vazio, mas constatação da continuidade da presença do homem em sua dimensão mais significativa, o fato de pertencer à humanidade.

A situação se complica, como se constata hoje, quando a ação política é banalizada ao extremo, os políticos perdem a dimensão pública, os jovens são afastados de seus caminhos por tentações mais imediatas e egoísticas. A vitória do apoliticismo é um round a mais no triunfo da morte sobre a vida. Recuperar a dimensão existencial da política (como algo criador de sentido e capaz de unir as pessoas em torno de projetos comuns) é tarefa dura. Mas parece ser, por ora, o único antítodo viável. No entanto, quando se pensa em política, é preciso indicar muitas vezes novos campos ainda não trilhados, que vão além das ideologias conhecidas, para obrigar a novos esforços teóricos e práticos. É preciso reinventar a política, mas sem abandonar o que ela tem ensinado ao homem até aqui.

O caso da ecologia é um exemplo dessa capacidade de manter e renovar que deve presidir todo ato político. A ciência da ecologia, há algumas décadas, mostrou problemas e questões que se tornaram bandeiras importantes e que hoje retornam à cena como urgentes. Capturada por várias tendências, a ecologia ganhou o mais difícil campo de batalha, o coração das pessoas, e hoje se esforça para conquistar também a cabeça. Infelizmente, parece não haver força moral que supere a força do interesse. Talvez, como lembrou já nos anos 80 do século passado o filósofo Felix Guatari, seja preciso ampliar o campo da ecologia além da defesa do ambiente para outras dimensões, que muitas vezes escapam às ideologias políticas convencionais. No livro As três ecologias, Guatari afirma que, além da ambiental, há a ecologia mental e a ecologia social. De alguma maneira ela já antecipava o limite da ação política ecológica tradicional, caso ela não se voltasse também para outras formas de poluição. Limpar as cabeças é fundamental.

Uma das vias para isso está na mudança de paradigmas da política, na teoria e na prática. No campo teórico, assim como Guatari levanta novas possibilidades de um “velho” conceito, é possível pensar que outras dimensões da política estão a exigir a mesma capacidade de invenção. Uma das saídas pode estar na ampliação da base racional da política além da ciência e da razão tradicional, com a incorporação de outras dimensões, sobretudo estéticas, psicológicas e espirituais. Há novas exigências dos homens e mulheres, que parecem não ganhar ambiente nas teorias convencionais. Já no que toca à ação política prática, é igualmente urgente a criação de novos modelos que apelem, com a mesma força, para a razão e emoção. A solidariedade, que hoje se dispersa em ações sem substância, embora meritórias, no campo individual, parece reclamar sua presença no território da política. As pessoas querem melhorar o mundo, só os políticos profissionais ainda não perceberam que estão atualmente na vanguarda do atraso, caso deixem passar batido esse impulso ético que anima as consciências.

Outro exemplo que mostra a necessidade de reinvenção da política, e que pode voltar a fazer dela um pólo de atração das pessoas de bem, está no campo da cultura. Fazer política cultural, quase sempre, tem sido traduzido como forma de intervir na economia da cultura. Como se no núcleo mesmo da cultura não houvesse problemas, passa-se a discutir formas de acesso, financiamento e descentralização. Todas essas áreas são muito importantes, fundamentais mesmo, mas não dão conta do maior problema da cultura hoje: a qualidade. É sempre difícil falar em qualidade, num terreno em que o gosto individual predomina. O que é qualidade para um pode não ser para outro. No entanto, existem elementos que parecem mostrar um esgarçamento das possibilidades, em nome da facilidade. A cultura se divorciou da educação (não há mais educação para a cultura) e ocupou o campo do divertimento. Tomada como lazer (que não deixa de ser uma condição psicológica importante), as obras de cultura passaram a ocupar apenas o território da sensação, não mais da inteligência.

Uma das formas de se perceber essa operação está na entronização da facilidade. Tudo que é lento, difícil, exigente, articulado, marcado pela história interna das artes e do pensamento, tudo isso ganha a pecha de erudito, quando não pernóstico, reclamando o prazer da fruição imediata, como prova dos noves da boa realização da obra cultural.

Com isso, criou-se uma geração (como querem fazer crer os críticos saudosos de uma mentirosa era de ouro, quase sempre a deles), mas uma categoria de pessoas orgulhosas da ignorância. Há uma arrogância satisfeita em não saber. Um obscurantismo gozoso, uma troca da inteligência pelas sensações imediatas.

Abertura ao aprendizado, recomposição da política e busca da totalidade parecem três tarefas que valem a pena para se alcançar a mudança do quadro de superabundância da morte, da ignorância e da alienação. Não é tarefa para amanhã, mas não pode deixar de começar hoje.”

Eis, pois, páginas de apurado cunho PEDAGÓGICO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL para a DIGNIDADE NA POLÍTICA, a CIDADANIA E QUALIDADE, que permita a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, como exigência de uma NOVA ERA, do CONHECIMENTO, da LUZ, da PAZ e da FRATERNIDADE num mundo GLOBAL, BELO e FASCINANTE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...