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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A CIDADANIA, UM ELEITORADO CRÍTICO E O DIREITO DE PENSAR

“Eleitorado mais crítico
        
          A indagação é oportuna: quais perspectivas se apresentam ao país em curto e médio prazos, tendo como pano de fundo as renitentes mobilizações populares?  Perguntinha complexa, à qual Luís Pereira, fosse vivo, poderia responder. Pintor de paredes, 200 votos, assumiu o lugar de Francisco Julião, líder das Ligas Camponesas, cassado pela ditadura. De roupa nova, vibrando de emoção, como conta Sebastião Nery, tomou um susto com a pergunta feita por Murilo Melo Filho no desembarque em Brasília: “Excelência, como vai a situação?”. Sem saber o que dizer, olhou para um lado, para o outro, para o alto, fixou os olhos no jornalista e tascou: “As perspectivas são piores que as características”.
         Pois é, as características do ciclo que se abre no país sinalizam perspectivas nada animadoras para os atores individuais, eis que enfrentarão um eleitor mais crítico, e, nesse caso, a resposta do pintor de paredes até esbarra na lógica para prever os horizontes dos próximos tempos, mesmo que fique patente o uso dos termos como tinta para colorir a mais embrulhada abstração. Quem sabe, a fonética das duas palavras não soaria ao interlocutor como algo elevado?
         Já na esfera dos costumes e das práticas políticas, as perspectivas contrariam o pessimismo do nosso personagem. São promissoras. Estacas morais foram e continuam sendo cravadas no solo esburacado da política pelos braços dos movimentos que tomam as ruas das cidades. A nova ordem que se esboça passa a abrigar um alentado acervo de princípios e valores que, mais cedo ou mais tarde, balizarão as imprescindíveis reformas no edifício político.
         Como é sabido, a maioria do eleitorado habitou por décadas as bases da pirâmide social, constituindo, em razão de precárias condições de vida, massa de manobra dos quadros políticos. Seu processo decisório se ancora na emoção, que transparece em votos de agradecimento por benesses e bolsas recebidas, no adjutório esporádico que os políticos pulverizam a torto e a direito, usando migalhas do poder como forma de cooptação. Essa obsoleta modelagem está com os dias contados. O meio da pirâmide já soma 53%, cerca de 104 milhões de pessoas, quando há dez anos somente 38% habitavam esse espaço. É evidente que a absorção de valores não se dá de maneira abrupta, mas é fato que critérios racionais começam a substituir os emotivos no processo de escolha de representantes.
         A crítica social, que atinge o mais alto grau da contemporaneidade, é fruto da consciência crescente sobre o papel do Estado, a missão dos homens públicos e os direitos da cidadania. Hoje, nada parece escapar aos olhos de grupos e multidões, que, não faz muito tempo, agiam como massas amorfas, sem capacidade de reagir e interagir com os atores do palco institucional. Hoje as ruas são ocupadas por grupos e categorias profissionais, contidas  em seus limites, defendendo interesses corporativos, diferenciando-se pela especialização. Bem diferente das massas abertas do passado.”

(Gaudêncio Torquato. Jornalista e professor (USP), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 14 de agosto de 2013, caderno O.PINIÃO, página 23).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Calendário do poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Abdicar de pensar
        
         Está em cartaz, em alguns cinemas do Brasil, o filme Hannah Arendt, direção de Margarethe Von Trotta. Por ser uma obra de arte que faz pensar não atrai muitos espectadores. A maioria prefere os enlatados de entretenimento que entopem a programação televisiva. Hannah Arendt (1906-1975) era uma filósofa alemã, judia e amante de Heidegger, um dos mais importantes filósofos do século 20, que cometeu o grave deslize de filiar-se ao Partido Nazista e aceitar que Hitler o nomeasse reitor da Universidade de Freiburg. O que não tira o valor de sua obra, que exerceu grande influência sobre Sartre. Hannah Arendt se refugiou do nazismo nos Estados Unidos.
         O filme de Von Trotta retrata a filósofa no julgamento de Adolf  Eichmann, em 1961, em Jerusalém, enviada pela revista The New Yorker. Cenas reais do julgamento foram enxertadas no filme. De volta a Nova York, Hannah escreveu uma série de cinco ensaios, hoje reunidos no livro Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal (Companhia das Letras, 1999). Sua ótica sobre o réu nazista chocou muitos leitores, em especial da comunidade judaica. Hannah escreveu que esperava encontrar um homem monstruoso, responsável por crimes monstruosos: o embarque de vítimas do nazismo em trens rumo à morte nos campos de concentração.  No entanto, ela se deparou com um ser humano medíocre, mero burocrata da máquina genocida comandada por Hitler. A grande culpa de Eichmann, segundo ela, foi demitir-se do direito de pensar.
         Hannah pôs o dedo na ferida. Muitos de nós julgamos que são pessoas sem coração, frias, incapazes de um gesto de generosidade os corruptos que embolsam recursos públicos, os carcereiros que torturam presos em delegacias e presídios, os policiais que primeiro espancam e depois perguntam, os médicos que deixam morrer um paciente sem dinheiro para custear o tratamento. É o que mostram os filmes cujos personagens são do “mal”. Na realidade, o mal é também cometido por pessoas que não fariam feio se convidadas para jantar com a rainha Elizabeth II, como Raskólnikov, personagem de Doistoiévski em Crime e castigo. Gente que, no exercício de suas funções, se demite do direito de pensar, como fez Eichmann.
         Elas não vestem apenas a camisa do serviço público, da empresa, da corporação (Igreja, clube,associação etc.) no qual trabalham ou frequentam. Vestem também a pele. São incapazes de juízo crítico frente a seus superiores, de discernimento nas ordens que receberam, de dizer “não” a quem estão hierarquicamente submetidas. Lembro de “Pudim”, um dos mais notórios torturadores do Deops de São Paulo, vinculado ao Esquadrão da Morte chefiado pelo delegado Sérgio Fleury. Ele foi incumbido de transportar o principal assessor de dom Helder Câmara, monsenhor Marcelo Carvalheira (que mais tarde viria a ser arcebispo de João Pessoa), do cárcere de São Paulo ao Dops de Porto Alegre, onde seria solto. Antes de pegar estrada, a viatura parou à porta de uma casa de classe média baixa, em um bairro da capital paulista. Marcelo temeu por sua vida, julgou funcionar ali um centro clandestino de tortura e extermínio. Surpreendeu-se ao se deparar com uma cena bizarra: a mulher e os filhos pequenos de “Pudim” em torno da mesa preparada para o lanche. O preso ficou estarrecido de ver o torturador como afetuoso pai e esposo...
         Uma das áreas em que as pessoas mais se demitem do direito de pensar é a política. Em nome da ambição de galgar os degraus do poder, de manter uma função pública, de usufruir da amizade de poderosos, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem a seco abusos de seus superiores, fazem vista grossa à corrupção, se abrem em sorrisos para quem, no íntimo, desprezam. Essa a banalidade do mal. Muitas vezes ele resulta da omissão, não da transgressão. Quem cala consente. Ou do rigoroso cumprimento de ordens que, em última instância, violam a ética e os direitos humanos. Assim, o mal viceja graças ao caráter invertebrado de subalternos que, como Eichmann, julgam que não podem ser punidos pelo genocídio de 6 milhões de pessoas, pois apenas cuidavam de embarcá-las nos trens, sem que elas tivessem noção de que seriam levadas como gado ao matadouro das câmaras de gás.
         Dois exemplos da grandiosidade do bem temos, hoje, em Edward Snowden, o jovem estadunidense de 29 anos que ousou denunciar a assombrosa máquina de espionagem do governo dos EUA, capaz de violar a privacidade de qualquer usuário da internet, e no soldado Bradley Manning, de 25, que divulgou para o WikiLeaks 700 mil documentos da Casa Branca nas guerras do Iraque e do Afeganistão.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos  tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; comunicações; turismo; sistema financeiro nacional; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...

          

domingo, 2 de setembro de 2012

A CIDADANIA, A SOLIDARIEDADE, A DIGNIDADE HUMANA E A EDUCAÇÃO

(Setembro = Mês 39; Faltam 21 meses para a COPA DO MUNDO de 2014)

“Razão e razões

‘O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece’, soa o dito pascalino. De que razão e razões se trata? O Ocidente estribou-se resolutamente sobre a razão iluminista, lógica, empírica, produtiva, instrumental. Cumpre duas razões fundamentais e insubstituíveis. Penetra a realidade, torna-a inteligível para o ser humano. Enfrenta a pluralidade de fatores, elementos, conhecimentos e estrutura-os, sistematiza-os, organiza-os dentro de lógica inquestionável. Olha para o mundo, domina-o com o conhecimento e transforma-o. E, na atualidade, casa-se com a técnica e gera tecnologia com avanços gigantescos de estarrecer. Chega à lua. Depois de milhões de kms, um aparelhinho chega ao solo de Marte. Façanhas tecnológicas de bilhões de dólares. E, no campo do armamento, a precisão e a capacidade destruidora toca as raias do inimaginável.

Sem a razão científica, logocêntrica nunca alcançaríamos os píncaros do saber. E no campo da medicina, da farmacêutica, que milagres! Quantas alegrias essas ciências nos provocam, ao ver alguém à beira da morte e a passar dias e dias na UTI e depois voltar vegeto para as lides diárias! Enfim, por onde passearmos a mente, encontraremos a razão humana em plena atividade, para o bem e infelizmente também para o mal. Ela potencializou a ambos.

E de onde vêm as razões do coração? Outra face humana. E a pós-modernidade se volta para elas, não para negar a anterior, mas para completá-la, enriquecê-la e direcioná-la para o avanço de humanidade e não simplesmente da humanidade no sentido material.

Entra em jogo a razão fruitiva, afetiva, plural. Ela orienta-nos o olhar para nova sensibilidade. A experiência nos põe diante de monstros da razão. Quando Hannah Arendt defrontou-se com a razão lógica e organizadora do nazista Eichmann que, com extrema eficiência, conduziu milhares se não milhões de judeus para câmara de gás, ousou dizer que ele não pensava. Mudou o sentido de razão, de pensar. Não se tratava da eficiência, da eficácia, mas do senso de sensibilidade humana. A razão secou-lhe a ética, tornou-se-lhe assassina.

A luta se trava em prol da razão contra determinada razão. Não se aspira a nenhum primitivismo, a nenhuma volta à pura sacralidade muda da natureza, nem mesmo a deter-se na festa da existência. Nada disso se faz possível sem que a razão, também instrumental, trabalhe, organize, agite. Mas o problema gira em torno de outras palavras: a finalidade, o sentido, a dignidade humana, a solidariedade entre as pessoas.

Jesus alerta-nos para a importância de desenvolver a razão contemplativa da beleza e da bondade de Deus no mundo, nas pessoas, na natureza. Em vez de fixarmo-nos só na grandiosidade das criações humanas que perdem a noção de equilíbrio, admiremos o olhar puro das crianças, a beleza do jogo, a transparência das intenções. O Oriente, com belíssimas tradições religiosas, está a bater-nos à porta para diminuirmos a loucura frenética do Ocidente da razão instrumental. No entanto, a tradição cristã tem riqueza suficiente para moderar, corrigir e direcionar a razão tecnológica para a construção de ‘outro mundo possível’.”

(J. B. LIBÂNIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de agosto de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 21).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, mesma edição, Caderno INTERNACIONAL, página 23, de autoria de PAULO DELGADO, sociólogo, foi deputado federal por seis mandatos, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O desamparo do desejo

As crianças não sonham com dinheiro, por isso sua felicidade não vem da riqueza material e nem seus desejos têm limites. Em sua alegria mais espontânea pedem e querem o que as encanta. Os adultos nem sempre estão atentos para as mudanças na vida atual. Poucos percebem que andar, respirar, comer ou dormir não são mais funções naturais, realizadas com autonomia. Nem se dão conta de que o estudo está diminuindo o peso da riqueza das nações – de uma maneira geral, o PIB de um país aumenta segundo o grau de leveza dos produtos que fabrica. Também não se preocupam em saber quanto de educação existe em cada produto que utilizam, seja o arroz, o remédio ou o avião. Estudar e desejar podem não ter muita relação entre si na vida das crianças, mas quando botam o pé na escola e começam a se despedir da infância, o conhecimento da realidade das coisas é que as deixa menos à mercê de acidentes, crises e frustrações.

O governo japonês, cuja economia está estagnada e não cresce há décadas, está preocupado com o fato de que as escolas do país estão formando crianças menos criativas. Na França, os professores estão assustados com o aumento do número de estudantes iletrados que chegam à universidade. No Brasil, há ainda muita verdade no verso de Noel Rosa: “Minha terra dá banana e aipim/ meu trabalho é achar quem descasque por mim”. Felizmente, aumenta no mundo a sensação de que somente pela via da educação é possível avançar e estancar a reprodução de classes que impede a mobilidade social para os mais pobres. Para isso, a sabedoria e o sucesso não podem ser entendidos como coisas do universo da sorte, ou fato tão simples como assentar numa poltrona. Nem é justo continuar achando que estudar é o mais cansativo dos ócios.

O maior produto da sociedade atual é a desigualdade e a falta de cooperação entre as pessoas. Vivemos constantemente fragilizados e com muitas dúvidas em relação ao futuro. Mesmo com tanta abundância, há uma sensação de vazio preenchida por criminalidade fútil, excesso de informação desnecessária, inconsistência nas relações sociais, infelicidade repleta de festas e encontros sem destino. Daí esse conhecimento desamparado de sentido que empurra pessoas e países para noções distorcidas de progresso e competitividade.

Algumas experiências são óbvias e entre elas estão ideias antigas que fizeram algumas sociedades mais avançadas que outras: ciência e cultura; estudo e cooperação; solidariedade e reciprocidade; tecnologia e inovação; democracia e liberdade; e, reconheçamos, um comportamento previsível perante as leis. Os fundamentos de uma escola não podem desconhecer a cultura nacional nem deixar de ter interesse e curiosidade sobre o que se faz em outros países. Os asiáticos, por exemplo, são mestres em olhar e copiar o melhor do mundo. Veja-se o caso da Coreia do Sul, que, em menos de uma geração, repetiu o feito japonês de décadas passadas e produziu, segundo a imprensa norte-americana, o carro do ano no país da Ford. A China vai atropelando meio mundo com seu socialismo capitalista. Além de enviar a primeira mulher ao espaço e se preparar para ir à lua, é o país que mais estudantes manda para o exterior. Do lado empresarial, o ritmo é o mesmo quando impulsionado pela criatividade dos itinerários que os países escolheram para si. Só a IBM, Sansung e Microsoft, juntas, registraram, ano passado, mais patentes do que a América Latina em toda sua história.

O jornal The Washington Post acaba de publicar um estudo da Universidade Georgetown, de Washington, sobre os efeitos da crise econômica no mercado de trabalho americano. A pesquisa mostra a importância da boa formação superior na recaptura de empregos perdidos. O relatório confirma “que a recessão atingiu graduados e não graduados de forma diferente, mas o tamanho da diferença é dramático”. Quem estudou mais perdeu menos emprego ou está se reempregando mais rápido.

Mas atividades inovadoras, responsáveis pelo dinamismo da economia do conhecimento, em virtude de sua alta complexidade, só são capazes de influenciar a cultura da sociedade se atingirem volume e persistência. E é igualmente necessário que sejam oferecidas em ambientes arejados e estimulantes, capazes de admitir, admirar e financiar alunos e cientistas talentosos, cujas vocações despontam desde o ensino básico. Para que a atividade científica possa representar ou estimular cadeias produtivas completas, todos os setores devem estar associados em todos os níveis de produção.

Os instrumentos de entendimento e participação no mundo contemporâneo estão aí à disposição de todos os países, mas têm sido melhor utilizados por aqueles que superaram a cultura da reclamação e a confortável mania de pôr a culpa nos outros.”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à nossa MAIOR crise de LIDERANÇA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS e de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Urge, assim, a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em CRECHES; 4 e 5 anos, em PRÉ-ESCOLAS) – e mais o IMPERATIVO da modernidade de MATRICULARMOS nossas crianças de seis anos na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de nascimento), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos, que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a CONFIANÇA em nossas INSTITUÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como: a GESTÃO PÚBLICA; a INFRAESTRATURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); EDUCAÇÃO; SAÚDE; SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgotos TRATADOS, resíduos sólidos TRATADOS, MACRODRENAGEM urbana, logística REVERSA); MEIO AMBIENTE; MORADIA; MOBILIDADE URBANA (trânsito, transporte e acessibilidade); SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; PREVIDÊNCIA SOCIAL; ASSISTÊNCIA SOCIAL; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; ESPORTE, CULTURA e LAZER; MINAS e ENERGIA; COMUNICAÇÕES; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; CIÊNCIA, INOVAÇÃO e TECNOLOGIA; TURISMO; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; LOGÍSTICA; QUALIDADE (planejamento, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA das CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, da LIBERDADE e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



quarta-feira, 10 de março de 2010

A CIDADANIA, A ÉTICA, O NASCIMENTO E A MORTE

“Celebrando a ética

A celebração do Dia Internacional contra a corrupção, no último domingo, vem reafirmar que este é um mal que grassa e se alastra. Por isso mesmo, também em nível mundial, mobiliza a atenção e a ação de cidadãos e de instituições da sociedade, de forma mais acentuada na última década: em 1996, a Organização dos Estados Americanos (OEA) criou a convenção interamericana contra a corrupção; em 1997, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma organização internacional que congrega os países mais industrializados do mundo, expediu recomendações de combate à corrupção; em 2003, a ONU criou a Convenção das Nações Unidas contra a corrupção; em 2004, a ONU estabeleceu, como 10º princípio do Pacto global, o combate à corrupção; também em 2004, o Fórum Econômico Mundial criou a “Iniciativa parceira contra a corrupção”; e, em 2006, no Brasil, o Instituto Ethos criou o Pacto empresarial pela integridade e contra a corrupção.

Certamente que a corrupção e o desrespeito aos princípios éticos não constituem doença nova.Aristóteles já se ocupava do tema, definindo a questão ética como exercício dos princípios morais, vinculando-a aos costumes dos povos, envolvendo as relações entre pessoas e instituições, entre cidadãos e no seio do Estado. Entre todos, o tempo todo. E mais: desde os primórdios, o conceito ético surgiu ligado à democracia e hoje, em todo mundo, o estágio ético de uma sociedade define o seu grau de evolução – ou involução.

Embora sejam doenças mundiais e milenares, a corrupção e o desrespeito à ética não devem e não podem ser encarados com passividade, nem com o fatalismo que pode levar à omissão. Pelo contrário, devem ser combatidos com rigor, em uma cruzada que exige a participação de todos. Afinal, além de minar o que a sociedade tem de mais precioso, que são os seus valores éticos e morais, causam danos irreparáveis também ao desenvolvimento econômico e social. No mundo, a corrupção provoca prejuízo anual de US$ 3 trilhões. No Brasil, consome R$ 10 bilhões todos os anos, conforme mostram estudos da Fundação Getúlio Vargas. É um volume de recursos que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e aproximadamente 50% de todos os recursos previstos no Orçamento Geral da União (OGU) para a realização de investimentos produtivos. [...]”
(ROBSON BRAGA DE ANDRADE, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de dezembro de 2007, Caderno OPINIÃO, página 11, sob o título Celebrando a ética).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de abril de 2007, Caderno PENSAR, página 2, de autoria de JOÃO PAULO, Editor de Cultura, que merece INTEGRAL transcrição:

“Nascimento e morte

A cultura da morte parece governar o destino do mundo. Há mesmo certo prazer mórbido em acompanhar a apresentação cada vez mais repetida de ações que apontam o tempo todo para a finitude, como se a vida não valesse mais a pena. O curioso nessa operação é que a vida que não vale mais nada é sempre a vida do outro. O culto da morte é uma face do egoísmo. Entender que, no cenário de guerra que toca hoje a política, a economia, a religião e até as relações pessoais, a alternativa mais forte é o extermínio do outro (o diferente, o desempregado, o apóstata, o inimigo íntimo) é penetrar nesse reino no qual a morte é a senhora.

Os dois extremos da existência, o nascimento e a morte, podem ser considerados fundamentos de duas das mais importantes atitudes do homem: a política e a filosofia. Só faz política quem aposta que o nascimento muda toda a configuração do mundo. A ação política é condicionada pela fé no homem como inaugurador do sentido da existência. Cada pessoa que nasce traz com ela a possibilidade de mudança radical no destino da humanidade. Criar um mundo em que a dignidade da existência seja garantida em sua singularidade é o objetivo maior da política. “Para que houvesse início, o homem foi criado”, a frase de Santo Agostinho, sempre lembrada por Hannah Arendt, aponta para a força inaugural da política: o nascimento é a antecâmara renovada do exercício da humanidade.

Já a filosofia, em sua dimensão metafísica, parece ser moldada pela idéia da morte, pela constatação, entre cética e cínica, que o mundo, deixado à sua sorte, caminha de forma inexorável para o fim. A metafísica é perfumada pela finitude. A certeza da morte, mais que ameaça, é destino, caminho que inclusive altera o sentido da vida. Quem não pensa na morte não filosofa. A saída, se é que precisamos de uma saída, foi tentada por muitos pensadores, sobretudo os que afirmaram que, mais que temer a morte é preciso apostar na vida. Mesmo siderada pela morte, há uma filosofia do sim e uma filosofia do não. Em outras palavras, da vida como valor supremo, por um lado; e do “ainda não-morte” como contingência inescapável, por outro.

Talvez por isso a alternativa mais consistente construída pelo homem para rever esse destino tenha sido o investimento na política. No lugar de se afundar no término da existência, o homem que crê na política dirige sua atenção para a vida que começa. Há, ainda uma humildade fundante no pensamento político: tudo é feito na certeza de que não partilharemos do resultado final de tanto trabalho e empenho. O futuro em política não pode ser ameaça de vazio, mas constatação da continuidade da presença do homem em sua dimensão mais significativa, o fato de pertencer à humanidade.

A situação se complica, como se constata hoje, quando a ação política é banalizada ao extremo, os políticos perdem a dimensão pública, os jovens são afastados de seus caminhos por tentações mais imediatas e egoísticas. A vitória do apoliticismo é um round a mais no triunfo da morte sobre a vida. Recuperar a dimensão existencial da política (como algo criador de sentido e capaz de unir as pessoas em torno de projetos comuns) é tarefa dura. Mas parece ser, por ora, o único antítodo viável. No entanto, quando se pensa em política, é preciso indicar muitas vezes novos campos ainda não trilhados, que vão além das ideologias conhecidas, para obrigar a novos esforços teóricos e práticos. É preciso reinventar a política, mas sem abandonar o que ela tem ensinado ao homem até aqui.

O caso da ecologia é um exemplo dessa capacidade de manter e renovar que deve presidir todo ato político. A ciência da ecologia, há algumas décadas, mostrou problemas e questões que se tornaram bandeiras importantes e que hoje retornam à cena como urgentes. Capturada por várias tendências, a ecologia ganhou o mais difícil campo de batalha, o coração das pessoas, e hoje se esforça para conquistar também a cabeça. Infelizmente, parece não haver força moral que supere a força do interesse. Talvez, como lembrou já nos anos 80 do século passado o filósofo Felix Guatari, seja preciso ampliar o campo da ecologia além da defesa do ambiente para outras dimensões, que muitas vezes escapam às ideologias políticas convencionais. No livro As três ecologias, Guatari afirma que, além da ambiental, há a ecologia mental e a ecologia social. De alguma maneira ela já antecipava o limite da ação política ecológica tradicional, caso ela não se voltasse também para outras formas de poluição. Limpar as cabeças é fundamental.

Uma das vias para isso está na mudança de paradigmas da política, na teoria e na prática. No campo teórico, assim como Guatari levanta novas possibilidades de um “velho” conceito, é possível pensar que outras dimensões da política estão a exigir a mesma capacidade de invenção. Uma das saídas pode estar na ampliação da base racional da política além da ciência e da razão tradicional, com a incorporação de outras dimensões, sobretudo estéticas, psicológicas e espirituais. Há novas exigências dos homens e mulheres, que parecem não ganhar ambiente nas teorias convencionais. Já no que toca à ação política prática, é igualmente urgente a criação de novos modelos que apelem, com a mesma força, para a razão e emoção. A solidariedade, que hoje se dispersa em ações sem substância, embora meritórias, no campo individual, parece reclamar sua presença no território da política. As pessoas querem melhorar o mundo, só os políticos profissionais ainda não perceberam que estão atualmente na vanguarda do atraso, caso deixem passar batido esse impulso ético que anima as consciências.

Outro exemplo que mostra a necessidade de reinvenção da política, e que pode voltar a fazer dela um pólo de atração das pessoas de bem, está no campo da cultura. Fazer política cultural, quase sempre, tem sido traduzido como forma de intervir na economia da cultura. Como se no núcleo mesmo da cultura não houvesse problemas, passa-se a discutir formas de acesso, financiamento e descentralização. Todas essas áreas são muito importantes, fundamentais mesmo, mas não dão conta do maior problema da cultura hoje: a qualidade. É sempre difícil falar em qualidade, num terreno em que o gosto individual predomina. O que é qualidade para um pode não ser para outro. No entanto, existem elementos que parecem mostrar um esgarçamento das possibilidades, em nome da facilidade. A cultura se divorciou da educação (não há mais educação para a cultura) e ocupou o campo do divertimento. Tomada como lazer (que não deixa de ser uma condição psicológica importante), as obras de cultura passaram a ocupar apenas o território da sensação, não mais da inteligência.

Uma das formas de se perceber essa operação está na entronização da facilidade. Tudo que é lento, difícil, exigente, articulado, marcado pela história interna das artes e do pensamento, tudo isso ganha a pecha de erudito, quando não pernóstico, reclamando o prazer da fruição imediata, como prova dos noves da boa realização da obra cultural.

Com isso, criou-se uma geração (como querem fazer crer os críticos saudosos de uma mentirosa era de ouro, quase sempre a deles), mas uma categoria de pessoas orgulhosas da ignorância. Há uma arrogância satisfeita em não saber. Um obscurantismo gozoso, uma troca da inteligência pelas sensações imediatas.

Abertura ao aprendizado, recomposição da política e busca da totalidade parecem três tarefas que valem a pena para se alcançar a mudança do quadro de superabundância da morte, da ignorância e da alienação. Não é tarefa para amanhã, mas não pode deixar de começar hoje.”

Eis, pois, páginas de apurado cunho PEDAGÓGICO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nessa grande CRUZADA NACIONAL para a DIGNIDADE NA POLÍTICA, a CIDADANIA E QUALIDADE, que permita a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, e que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, como exigência de uma NOVA ERA, do CONHECIMENTO, da LUZ, da PAZ e da FRATERNIDADE num mundo GLOBAL, BELO e FASCINANTE...

Este é o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

NA CIDADANIA A GENTE DECIDE

“A polis se diferenciava da família pelo fato de que a primeira só conhecia ‘iguais’, ao passo que a segunda era o centro da mais estrita desigualdade. Ser livre significava não estar submetido à necessidade da vida nem sob o mando de alguém e não mandar em ninguém, isto é, não governar nem ser governado. Assim, pois, dentro da esfera doméstica, a liberdade não existia, já que o cabeça da família só era considerado livre quando tinha a faculdade de abandonar o lar e entrar na esfera política, onde todos eram iguais. Nem é preciso dizer que essa igualdade tem muito pouco em comum com nosso conceito de igualdade: significava viver e tratar apenas entre pares, o que pressupunha a existência de ‘desiguais’ que, naturalmente, sempre constituíam a maioria da população numa cidade-estado. Portanto, a igualdade, longe de estar relacionada com a justiça, como nos tempos modernos, era a essência da própria liberdade: ser livre era sê-lo da desigualdade presente no governo e mover-se numa esfera em que não existiam nem governantes nem governados.”
(HANNAH ARENDT, in A condição humana)

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2135 – ano 42 – nº 42, de 21 de outubro de 2009, página 26, de autoria da escritora LYA LUFT, que merece INTEGRAL transcrição:

“A gente decide

No dia dos seus 102 anos, uma adorável matriarca está sentada junto à mesa de sua cozinham rodeada de filhas e amigas. Ela corta os quiabos que serão preparados e servidos mais tarde aos visitantes, como de costume. Entrevistada, diz ao jornalista: “A vida, a gente é que decide. Eu escolhi a felicidade”.

A aniversariante, dona Canô, mãe de Bethânia, minha irmã querida, naturalmente não quis dizer que “escolher felicidade” é viver sem problemas, sem dramas pessoais ou as dores do mundo. Nem quis dizer ser irresponsável, eternamente infantil. Ao contrário, a entrevistada falou em “decidir” e “escolher”.

Apesar de fatalidades como a doença e a morte, o desemprego, as perdas amorosas, a falta do dinheiro essencial à dignidade, podemos decidir que tudo fica como está ou vai melhorar, dentro do que podemos. Posso optar por me sentir injustiçada, ficando amarga e sombria; posso escolher acreditar no ser humano e em alguma coisa maior do que toda a nossa humana circunstância; posso sempre buscar alguma claridade, e colaborar com ela. Dentro de minhas limitações pessoais e de minha condição individual, eu faço diferença, todos fazemos.

Desse início pessoal, passo ao mais geral: leio que 40% dos nossos jovens e crianças vivem abaixo da linha de pobreza; que o desemprego é uma calamidade, a violência cresce a cada dia e o analfabetismo não diminui; que crianças continuam, aos milhares e milhares, brincando no barro feito de terra e esgoto. Leio, vejo e sei que milhares e milhares de velhos vivem em condições sub-humanas, pois sua aposentadoria é miserável, o serviço de saúde pública também, morre-se em corredores de hospitais ou em filas de postos de saúde, onde médicos exaustos e pessimamente pagos fazem muito mais do podem.

Não vou recitar a ladainha de que as circunstâncias não justificam euforia nem ufanismo simplesmente porque nós não decidimos algo melhor do que isso que escrevi acima, e todo o resto que qualquer um conhece – e apesar disso continuamos deitando a cabeça no travesseiro toda noite e dormindo quem sabe até bem.

Tenho medo do ufanismo: ele pode ser burro e cego. Olimpíada no Brasil, Copa do Mundo no Brasil, tudo bem: mas eu preferia que antes disso a gente tivesse resolvido os gravíssimos e tristes problemas, tão dramáticos, de comida, saúde, educação, moradia, decência e dignidade de boa parte do povo brasileiro que agora samba e celebra porque teremos Copa, teremos Olimpíada, teremos festa.

Sei que este não é um artigo simpático. Certamente não é alegrinho. Realmente ele trata do que não decidimos, ou decidimos mal, ou decidimos não existir, como, por exemplo, exigir líderes mais sensatos, mais presentes, mais realistas, mais dignos em todos os níveis. Podíamos decidir ser mais respeitados enquanto povo, mais olhados enquanto gente, mais seguros e mais protegidos enquanto sociedade.

Ou isso a gente não decide porque nem sabe das coisas, pois não se informa, não sabe ler, se sabe ler não costuma, nem o jornal esquecido no banco do ônibus. Onde o povo carrega doença e dor, descrença e desalento, mas também, aqui e ali, leva um jornal para saber onde afinal vivemos, em quem afinal podemos acreditar, e o que afinal deveríamos esperar. Indagados, os mais desassistidos dirão que Deus é quem sabe, Deus decide, a quem ama Deus faz sofrer – frase de imensurável crueldade.

Ou será melhor nem saber nem aprender a ler, nem pegar a folha de jornal, nem ouvir o noticioso no radinho de pilha. Basta saber que sempre há em algum canto motivo para um breve ou longo carnaval, celebrando alguma coisa que possivelmente não vai encher nem o nosso bolso nem a barriga de nossos filhos, nem construir uma casa decente, nem botar esgoto, nem cuidar da nossa saúde, nem amparar nossos velhos, nem coisa nenhuma que seja forte, firme, boa e real. Porque, infelizmente, por aqui ainda decidimos pouco, e poucas vezes decidimos bem. Não porque Deus quis assim, mas porque a gente nem ao menos sabe por onde começar.”

Eis, pois, cenários que nos FORTALECEM e nos MOTIVAM nessa MOBILIZAÇÃO de TODOS para a construção de um BRASIL da COPA DO MUNDO de 2014, da OLIMPÍADA de 2016 e do PRÉ-SAL que seja verdadeiramente JUSTO, LIVRE, DESENVOLVIDO e SOLIDÁRIO, onde os BILIONÁRIOS INVESTIMENTOS e RIQUEZAS NATURAIS, CULTURAIS e ECONÔMICAS cheguem a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS, nas formas de EDUCAÇÃO, SAÚDE, EMPREGO E RENDA, LAZER, MORADIA DECENTE, INFRA-ESTRUTURA URBANA e NO CAMPO, SANEAMENTO BÁSICO (com ÁGUA TRATADA, com ESGOTO TRATADO, LIXO TRATADO e DRENAGEM URBANA EFICIENTE), TRANSPORTE URBANO MODERNO (em todas as MODALIDADES), MEIO AMBIENTE SUSTENTADO, ATENÇÃO MODERNA e QUALIFICADA às nossas CRIANÇAS, ADOLESCENTES, IDOSOS...

O BRASIL TEM JEITO!...