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sexta-feira, 5 de julho de 2013

A CIDADANIA, UM CORAÇÃO DESERTO E O RECADO DAS RUAS

“Quando o coração está deserto
        
         Sou um homem em busca da felicidade. Se não for possível, me contento com a paz, harmonia e tranquilidade. Vocês dirão, mas esse cara é maluco, quem não quer esse ambiente em sua existência? No geral sou bem aquinhoado em meus desejos, mas alguns dias, algumas pessoas, algumas situações me tiram o sossego e chegam mesmo a formar um turbilhão em minha mente, me perturbam.
         Será que ainda vale a pena lutar contra a ignorância, a mentira e a avidez de alguns que andam em nosso redor? Confesso que, por momentos, o desânimo toma conta de mim. O que existe de gente que só sabe falar, imperiais em suas convicções, e nunca ouvem e prestam atenção no que lhes é dito. Arrogantes donos da verdade, seres que se julgam superiores, mas não passam de medíocres participantes de uma farsa.
         Preferiria estar falando de pessoas de quem gosto, que amo e me alegram. Ou do baile que a Seleção deu no tique-taque dos espanhóis, no domingo de festa em que o relógio deles enguiçou. Gosto da vida que é gol, abomino as bruxas de espírito pesado e malditos que frequentam salões elegantes da música popular brasileira. Reparem, por outro lado, que ficou fora de moda defender o direito e a Constituição cidadã de 1988. Eles não se importam, ou porque não viveram os tempos militares ou porque querem a sua ditadura, que se rasgue a maior conquista de nossa geração.
         Um senador acaba de sugerir, na televisão, que não importa se uma reforma política, que não estava nos cartazes das manifestações de rua, seja aprovada depois do prazo pela Constituição. Faz-se uma emenda e se resolve a questão. Ô louco, há cláusulas irremovíveis na Constituição e essa é uma delas. Pensam que podem fazer com a bíblia do cidadão o que quiserem. Não podem e não farão, porque o Brasil não é a casa da mãe Joana. Entre o palácio e a praça, o palácio quer que a praça, o povo, só diga sim ou não.
         Os tempos mudam e as pessoas também. Mas, o direito, a justiça e a dignidade de todos – garantidos pelo capítulo constitucional dos direitos e garantias individuais –, são permanentes. Não será o poder econômico, muito a vaidosa impressão daqueles que se pensam donos do mundo, que irá apagar o que se conquistou com tanto amor dos brasileiros com o nosso país.
         Escrevi há tempos uma frase para uma gravura de Galileu Galilei, criada por Gianfranco Cerri, para uma campanha dos professores universitários mineiros: “O poder não tem o poder de esconder eternamente a verdade”. Viva a inteligência, viva a vida. Pronto: desabafei. Volto à festa e à alegria.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de julho de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Calendário do poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Recado das ruas
        
         As manifestações de rua no Brasil fundem a cuca de analistas e cientistas políticos. Dirigentes partidários e lideranças políticas se perguntam perplexos: quem lidera, se não estamos lá? Recordo quando deixei a prisão, em fins de 1973. Ao entrar, quatro anos antes, predominava o movimento estudantil na contestação à ditadura. Ao sair, encontrei um movimento social – Comunidades Eclesiais de Base, oposição sindical, grupos de mães, luta contra a carestia – que me surpreendeu. Do alto de meu vanguardismo elitista fiz a pergunta: como é possível se nós, os líderes, estávamos na cadeia?
         Com essa mesma perplexidade Marx encarou a Comuna de Paris, em 1871; a esquerda francesa, o Maio de 1968; e a esquerda mundial, a queda do muro de Berlim e o esfacelamento da União Soviética, em 1989.
         “A vida extrapola o conceito”, já dizia meu confrade São Tomás de Aquino, no século 13. Agora, aqui no Brasil, todas as lideranças políticas encaram confusas e despeitadas as recentes manifestações de rua. Com a mesma interrogação invejosa que a esquerda histórica do Brasil mirou o surgimento do PT em 1980: que história é essa de, agora, os proletários querem ser a vanguarda do proletariado?
         Historicamente eram os líderes da esquerda brasileira homens oriundos da classe média (Astrogildo Pereira, Mário Alves e João Amazonas), dos círculos militares (Prestes, Gregório Bezerra, Apolônio de Carvalho) e da intelectualidade (Gorender e Caio Prado Júnior). Marighella foi das raras lideranças provenientes das classes populares.
         O recado das ruas é simples: nossos governos se descolaram da base social. Para usar uma categoria marxista, a sociedade política se divorciou da sociedade civil, risco que previ e analisei no livro A mosca azul – Reflexão sobre o poder  (Rocco, 2005). A sociedade política – Executivo, Legislativo e Judiciário – se convenceu de que representava de fato o povo brasileiro, e mantinha sob seu controle os movimentos de representação da sociedade civil, como ocorre, hoje, com a UNE e a CUT.
         Nem só de pão vive o homem, alertou Jesus. Embora 10 anos de governo petista tenham melhorado as condições sociais e econômicas do Brasil, o povo não viu saciada sua fome de beleza – educação, cultura e participação política. O governo petista optou por uma governabilidade assegurada pelo Congresso Nacional – onde ainda perduram os “300 picaretas” denunciados por Lula. Desprezou a governabilidade apoiada nos movimentos sociais, como fez Evo Morales, com êxito, na Bolívia.
         Assim, nosso governo aos poucos perdeu os anéis para conservar os dedos. Acreditou que tudo permaneceria como dantes no quartel de Abrantes. Seja porque a oposição anda enfraquecida por suas próprias disputas internas, seja porque considera Eduardo Campos e Marina Silva meros balões de ensaio. O que nem a Abin (olhos e ouvidos secretos do governo) previu foi o súbito tsunami popular invadindo as ruas do Brasil em pleno período da Copa das Confederações – quando se esperava que todos estivessem com a atenção concentrada nos jogos.
         Agora o governo inventa o discurso de que sem partidos não há política nem democracia. Ora, basta uma aula de história de ensino médio para aprender que a democracia nasceu na Grécia muitos séculos antes da era cristã, e mais ainda do aparecimento de partidos políticos. Hoje, a maioria dos partidos nega a democracia ao impedir um governo do povo com o povo. Não basta pretender governar para o povo e, assim, considerar-se democrata. O povo nas ruas exige novos mecanismos de participação democrática, enquanto manifesta sua descrença nos partidos, que são intimados a renovar seus métodos políticos ou serão atropelados pela sociedade civil.
         Eis o recado das ruas: democracia participativa, não apenas delegativa, ou seja, governo do povo, com o povo e para o povo. Isso não é utopia, desde que não se considere  modelo perpétuo o pluripartidarismo e se admita que o regime democrático pode e deve ganhar novos desenhos de participação popular nas esferas de poder.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A CIDADANIA, A CIÊNCIA, A FÉ E A HARMONIA COM A NATUREZA (22/38)

(Abril = Mês 22; Faltam 38 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“Diálogo entre ciência e fé

Fé e ciência nem sempre tiveram um bom diálogo. As primeiras respostas às indagações do ser humano a respeito do cosmo, dos fenômenos naturais e da vida foram dadas pela religião. Xamãs, feiticeiros, gurus e sacerdotes faziam a mediação entre o Céu e a Terra.

A religião é filha da fé e a ciência, da razão. Frente às pesquisas científicas dos gregos antigos a religião mirou com os olhos da desconfiança. Não admitia que os fatos narrados na Bíblia fossem apenas mitos e símbolos, sem base científica, como a existência de Adão e Eva, a construção da torre de Babel e o dilúvio universal.

Durante 1.300 anos a Igreja se apegou à cosmologia de Ptolomeu (90-168), adequada à crença de que a Terra é o centro do Universo, no qual Deus se encarnou em Jesus.

Se a fé parte de verdades reveladas que, por sua vez, exigem adesão de fé, sem comprovação experimental, a ciência é o reino da dúvida e se apoia em pesquisas empíricas. A fé apreende a essência das coisas; a ciência, a existência.

Para a ciência, não importa quem ou o por quê, importa o como. A ela não interessa quem criou o Universo e qual a finalidade de nossas vidas. Quer saber como funcionam as leis cosmológicas, como as forças da natureza interagem entre si, como retardar o envelhecimento de nossas células, ampliando nosso tempo de vida.

O diálogo entre fé e ciência iniciou-se quando, na modernidade, a razão se emancipou da religião. Copérnico, Galileu e Giordano Bruno que o digam. Houve atritos e condenações recíprocas, até que a extensa obra do jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) – geólogo, paleontólogo e teólogo – fez a Igreja Católica reconhecer que a fé pode não estar de acordo com o uso que se faz de descobertas científicas, como a fissão do átomo para a construção de ogivas nucleares, mas jamais negar a autonomia da ciência e o modo como ela desvenda os mistérios da natureza

Nesse intuito de atualizar o diálogo entre a ciência e a fé é que a Editora Agir reuniu, durante três dias, em hotel do Rio, o físico teórico Marcelo Gleiser e eu, mediados por Waldemar Falcão, espiritualista e pesquisador de fenômenos esotéricos. De nosso encontro resultou o livro Conversa sobre a fé e a ciência, que chegou esta semana às livrarias.

Marcelo Gleiser é originário de família judia, formado em física pela PUC Rio e, hoje, professor e pesquisador na Universidade de Dartmouth, nos EUA. Autor de excelentes obras, como a recente Criação imperfeita (Record), Gleiser se considera agnóstico. Surpreendeu-me seus conhecimentos de história das religiões e de como elas se relacionam com a ciência.

Não tenho formação científica, mas muito cedo me interessei pelas obras de Teilhard de Chardin, cuja nova edição a Editora Vozes fará chegar às livrarias ainda este ano.

Mais tarde, vi-me obrigado a me improvisar em professor de química, física e biologia num curso supletivo. O dever virou prazer e me levou a escrever A obra do artista – uma visão holística do Universo, cuja nova edição a José Olympio prepara para o segundo semestre.

Gleiser leu meus livros e eu os dele, o que favoreceu nosso diálogo, no qual houve mais convergência que divergência, sobretudo no que concerne à correta postura da ciência diante da religião e da fé diante da ciência.

São esferas independentes, autônomas e que, no entanto, encontram suas sínteses em nossas vidas. Ninguém prescinde da ciência e de sua filha dileta, a tecnologia, assim como todos têm uma dimensão da fé, ainda que restrita ao amor que une marido e mulher.

Marcelo Gleiser e eu coincidimos que a finalidade da ciência não é obter lucros (vide as indústrias farmacêuticas e bélicas), e nem a da fé impor verdades (vide o fundamentalismo) ou arrecadar fundos (Jesus é o caminho, mas o padre ou pastor cobram pedágio...).

Ciência e fé servem para nos propiciar qualidade de vida, conhecimento da natureza e sentido transcendente à existência. Se pela fé descobrimos a origem e a finalidade do Universo e da vida e, pela ciência, como funcionam um e outro, tudo isso pouco importa se não nos conduz ao essencial: a uma civilização na qual o amor seja também uma exigência política.”
(FREI BETTO, que é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de março de 2011, Caderno CULTURA, página 10).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de março de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Harmonia com a natureza

A harmonia com a natureza para preservação e promoção da vida no planeta é uma questão de fidelidade a valores. Fidelidade que tem um santuário próprio, o da interioridade. A consciência dita a dinâmica da conduta pessoal e social para tecer o cenário que revela a vida vivida com dignidade e o consequente respeito à criação, dom de Deus para o bem de todos. Portanto, é indispensável ser fiel a valores que norteiam e mantêm condutas no horizonte e nas dinâmicas da pretendida harmonia com a natureza. E também as relações dignas e cidadãs, tanto no que é pessoal quanto na família e nas instituições, que organizam e configuram a sociedade contemporânea.

As reviravoltas surpreendentes da natureza são desafios que suscitam sérios questionamentos, com as indagações religiosas e os entendimentos científicos. Essas permitem planejamentos e apontam na direção de ações e atitudes que possam garantir o indispensável respeito à natureza e ao mais recôndito de sua gênese, com propósito de evitar catástrofes e dolorosos sofrimentos. Semelhante a placas tectônicas, a consciência coletiva de indivíduos, que pautam suas vidas no compromisso com a verdade e na fidelidade aos valores que balizam a vida, se remexe. Não pode ser desconsiderado, nos muitos movimentos da história política e cultural da humanidade, o que recentemente tem merecido atenção de cientistas políticos, de lideranças mundiais e de todos os que vivem sua vida e exercem suas responsabilidades. Trata-se de insurreições significativas do mundo árabe, alavancadas pela iluminação que vem de valores irrenunciáveis, como democracia, participação cidadã, condições dignas de vida para todos, em contraposição às fortunas ajuntadas por dirigentes de governos e outros, o que perpetua situações injustas de exclusão e miséria. Essas insurreições, contracenando com tantos descalabros políticos, empresariais e outros, são sinais de que está reavivada na consciência cidadã a necessidade de pautar a vida na fidelidade e na vivência de valores. Valores que balizem mudanças em cenários inaceitáveis de arbitrariedades e de usurpações no exercício do poder e no usufruto dos bens da criação. Isso causa descontentamento e provoca reações que urgem e impõem mudanças mais rápidas na direção dessa terapêutica fidelidade.

Nesse mesmo horizonte localiza-se o adiamento da aplicação da Lei da Ficha Limpa, agora, apenas considerada como lei do futuro. O processo de sua interpretação merece considerações, tratando-se da Suprema Corte, que avalia, configurando um empate, decidido por um voto que considera sua imediata aplicação um desrespeito à Constituição. Cinco ministros não votaram assim, revelando que o caminho da interpretação é importante e dele se esperam avanços na direção de uma aplicação, não retardada, de normas que corrijam, imediatamente, sem delongas, os desvarios políticos, as falcatruas financeiras e as condutas de corrupção.

Insurreições do povo no mundo árabe, lutas dos movimentos populares, empenhos por normas como a Ficha Limpa, avanços jurídicos que coíbem desmandos e imoralidades e outras bandalheiras, como a defesa da vida em todas as suas etapas – desde a fecundação até a morte com o declínio natural –, vão tornando patente que há um anseio, até, muitas vezes, adormecido no coração humano. Anseio exigente e convencido de moralização, de encaminhamentos pautados em valores com força de ressurreição e configurações novas de dinâmicas da vida. É preciso dar passagem larga a essas demandas, deixando espaços estreitos, ou quase nenhum, para entendimentos tacanhos que atrasam conquistas de instituições sociais, políticas e religiosas.

Esses sinais nos desejos de mudança têm pouco a ver com uma obsoleta compreensão de reivindicações. Especialmente aquelas, cujo discurso tem teor ultrapassado, que parecem projetar o presente num tipo de passado que teve sua vez e não atende mais às demandas contemporâneas. Entre as dinâmicas que atrasam sonhos e comprometimentos – frutos de fidelidades a valores – há uma visão estreita de interesses e necessidades de instituições e grupos, sobre projetos importantes para os avanços da sociedade, fecundado por uma falta de espiritualidade e de humanismo que aprisiona pessoas que poderiam, com um pouco mais de altruísmo, suportar pesos e ajudar a levar em frente a abertura de novos horizontes para a cultura, a sociedade e as instituições todas.

É hora de gestos mais corajosos, ancorados na clarividência e na fidelidade a valores que qualificam as condutas. Gestos descolados de protestos por razões de pequenez, ou de propostas que têm o tamanho diminuto da compreensão, fruto de um fechamento que mantém a esterilidade de determinados discursos e a função inócua de certas propostas e intervenções. A fidelidade a valores é a meta da Campanha da Fraternidade 2011. No horizonte rico do evangelho de Jesus Cristo, é a condição indispensável para compreender o alcance e a medida justa que a vida no planeta depende dessa vivência, permitindo e mantendo o que é harmonia com a natureza.”

Eis, portanto, mais páginas RICAS em ponderações e REFLEXÕES que acenam para a MUDANÇA RADICAL no pensamento que VEM sendo transmitido às GERAÇÕES cujos PROBLEMAS estão a EXIGIR novas POSTURAS e ATITUDES... o que, longe de ABATER nosso ÂNIMO, ainda mais nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...