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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, A FORÇA DA CIVILIDADE, O PAPA FRANCISCO E O CAPITALISMO

“Pouco pode ser muito
        
         Penso na fisioterapia. O paciente está com dores, dificuldade de se movimentar, incômodos musculares ou na coluna vertebral. Posturas inadequadas ou aflições afins. O profissional lhe ensina pequenos exercícios, curtos e localizados, gestos que aparentemente nada têm a ver com seu padecer. Dia após dia você segue o roteiro que lhe foi passado. Sem arroubos, sem espetáculo, quase em silêncio, o desconforto vai desaparecendo. Isso é rotina nas clínicas de recuperação. Os pequenos atos fazem o milagre e, de repente, não há mais nenhum sofrimento.
         Penso agora na fonoaudiologia. Há uma dificuldade de se expressar, a voz não segue a vontade da mente. Ou é caso de gagueira, sons desafinados, uma série de imperfeições no vocalizar que trazem angústia, timidez, insegurança. O convívio com os semelhantes se torna quase insuportável.
         Será possível que resolverei meus problemas com esses gestuais ridículos? Falar com uma rolha na boca me fará me expressar melhor?  E esses sons que me obrigam a emitir? Mais uma vez, pequenas repetições diárias, cientificamente estudadas, transformam o aluno da primeira sessão em uma pessoa relaxada, segura, capaz de falar em público e até cantar. Não é milagre, é trabalho, fruto de muito estudo especializado. E não mais nos esquecemos.
         O que vale para essas duas profissões cabe em muitos fatos de nossa vida. Tudo que fazemos em nosso dia a dia, de carinho e afeto, de atenção para com quem é do nosso convívio pessoal ou social se reverte em nosso favor. O simples geste vale mais que uma grande bajulação. Um bom-dia, boa-tarde, obrigado, um sorriso abrem as portas do mundo para nós. Não custa nada e nos faz melhores.
         Isso serve também para a política. Um prefeito que olha com atenção paras as pequenas necessidades de sua cidade, seja cuidar da limpeza das ruas, da boa pavimentação e das necessidades primeiras  dos cidadãos, pode ser exemplo.
         Uma cidade com água e esgotos encanados e tratados tem mais valor que estátuas na praça principal ou discurso de autolouvor. Os governantes estaduais e federais, quando realmente preocupados com o bem de todos, poderiam espalhar essas miúdas ações essenciais para todo o universo por eles comandado. Nesse capítulo estão certamente as escolas e os professores, os hospitais e os médicos.
         Infelizmente, o que se vê são grandes promessas, bombásticos discursos escritos por marqueteiros e resultado quase nenhum. Pois a propaganda do que se teria feito e do que se anuncia que fará, mas nunca se realiza, é mais importante, pois significa conservar o poder que os apodrece.
         Sei que o povo sofre com isso e lamento. E tenho nojo e desprezo por essa gente que se diz mas não é republicana.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor do romance Minas do ouro (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Francisco e o capitalismo
        
         O papa Francisco acaba de divulgar o documento Alegria do Evangelho, no qual deixa claro a que veio. Sua voz profética incomodou a CNN, poderosa rede de comunicação dos EUA, que lhe concedeu a Medalha de Papelão, destinada àqueles que, em matéria de economia, falam bobagens.
         Quais as “bobagens” proferidas pelo papa Francisco? Julgue o leitor: “Hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Essa economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na bolsa. Isso é exclusão. Não se pode tolerar mais o fato de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isso é desigualdade social.”
         “Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, em que o poderoso engole o mais fraco. Em consequência dessa situação, grandes massas da população veem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas, num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar e, depois, lançar fora. Assim teve início a cultura do ‘descartável’, que, aliás, chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente de fenômeno de exploração e opressão, mas de uma realidade nova: com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não estão nela, mas fora. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras.”
         Em seguida, Francisco condena a lógica de que o livre mercado consegue, por si mesmo, promover inclusão social: “Essa opinião, que nunca foi confirmada pelos fatos, exprime uma confiança vaga e ingênua na bondade daqueles que detêm o poder econômico e nos mecanismos sacralizados do sistema econômico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar.”
         “Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com esse ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não compramos, enquanto todas essas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma.”
         O papa enfatiza que os interesses do capital não podem estar acima dos direitos humanos: “Uma das causas dessa situação está na relação estabelecida com o dinheiro, porque aceitamos pacificamente o seu domínio sobre nós e as nossas sociedades. A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano. Criamos novos ídolos. A adoração do antigo bezerro de ouro (cf. Êxodo 32, 1-35) encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. A crise mundial, que envolve as finanças e a economia, põe a descoberto os próprios desequilíbrios e, sobretudo, a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano a apenas uma das suas necessidades: o consumo.”
         Sem citar o capitalismo, Francisco defende o papel do Estado como provedor social e condena a autonomia absoluta do livre mercado: “Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Por isso, negam o direito de controle dos Estados, encarregados de velar pela tutela do bem-comum.”
         “Instaura-se uma nova tirania invisível, às vezes virtual, que impõe, de forma unilateral e implacável, as suas leis e as suas regras. Além disso, a dívida e os respectivos juros afastam os países das possibilidades viáveis da sua economia, e os cidadãos do seu real poder de compra. A tudo isso vem juntar-se uma corrupção ramificada e uma evasão fiscal egoísta, que assumiram dimensões mundiais. A ambição do poder e do ter não conhece limites. Nesse sistema que tende a deteriorar tudo para aumentar os benefícios, qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta.”
         Enfim, um profeta que põe o dedo na ferida, pois ninguém ignora que o capitalismo fracassou para dois terços da humanidade: os 4 bilhões que, segundo a ONU, vivem abaixo da linha pobreza.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidades de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômica, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, na pré-escola) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento) –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...    


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A CIDADANIA, A CARTA MAGNA E A LIÇÃO DE ROBIN HOOD

“A jovem bela senhora
        
         Acompanhei atento e de perto o seu parto. Crescia no útero da nação esperançosa. Todos os olhares cidadãos prestavam atenção àquele momento em que se procurava enterrar as mazelas do passado doído e castrador e encomendar um mundo novo. Parecia a visita dos três reis magos à manjedoura em que a criança respirava os primeiros ares da vida, ao lado de animais e dos pais. Todos iam à capela política para descrever seus anseios, chamar a atenção para seus direitos, os particulares e os sociais.
         Quando enfim nasceu, vi que estavam escritos em seu ventre os anseios da maioria dos brasileiros. Meu coração de compositor se sentiu satisfeito com as referências explícitas aos direitos exclusivos dos autores sobre suas criações. Decorei aqueles mandamentos, junto com outros que nos defendiam de todo autoritarismo.
         Na parte mais exuberante de seu corpo, aquela que servia de proteção e afago aos homens, mulheres e crianças de todo o Brasil, havia a beleza que garantia o que sonhávamos, mas não tínhamos. Seu nascimento foi um abrir de portas para um futuro revelado em canções entoadas pelo povo. Se nem tudo andou nesses anos de acordo com o que prescrevia não foi culpa dela. Foi a insensatez de maus brasileiros que não a leram nem entenderam. Logo, não a praticaram.
         Ma sua força se impôs e a maioria que a seguiu pôde implantar, em nosso país, a palavra essencial para o convívio social humano: democracia. Palavra mágica que se desdobra em outras três: liberdade, igualdade e fraternidade. A luz que vem da jovem bela senhora, a criança de 25 anos passados, é caminho, referência, harmonia. Valeu a pena vê-la nascer e acompanhar todos os seus passos até chegar ao presente, quando a maioria reconhece sua importância.
         Desprezá-la jamais, disse o seu parteiro, o comandante da epopéia, Ulysses. Filha de todos, esses todos, aos poucos, vão tomando ciência de que, não sendo infalível, ela é um mapa de conduta coletiva e individual indispensável para a vida em sociedade, para a vida cotidiana de cada um.
         Tábua de leis, preponderante e fundamental, pronta para ser lida por quem a procure, ela escalou o seu representante para solucionar os conflitos do dia a dia. Seu intérprete, seu porta-voz, seu papa. O Supremo, que só não é supremo em relação a ela. Ao contrário, cuida para que ela seja respeitada e não pode decidir nada que a renegue.
         Essa jovem bela senhora, que está completando 25 anos de idade, é a Constituição brasileira, de quem somos pais e filhos. Finda a tragédia da ditadura, ela iluminou a terra, o céu e o povo do Brasil. Vida longa para ela.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 9 de outubro de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importa e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de A obra do artista – uma visão holística do universo (José Olympio), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Robin Hood tinha razão
        
         ‘A desigualdade mata’, afirmou o epidemiologista britânico Richard Wilkinson ao constatar que nas regiões menos igualitárias os índices de mortalidade  são mais altos. Os pesquisadores Frans de Waal e Sarah Borsnan, ao testar macacos-prego, verificaram que eles se zangavam ao ver um companheiro receber uma recompensa melhor. Sarah entregava um seixo a um dos animais e, em seguida, estendia a mão para que o macaco o devolvesse em troca de um pedaço de pepino. Os dois macacos aceitaram a troca 25 vezes consecutivas.
         Sarah passou a entregar a um dos animais um cacho de uvas, um dos alimentos preferidos dos macacos-prego. O outro continuou a receber pepino. O clima azedou. O macaco merecedor de pepino demonstrou nítida aversão à desigualdade. Ao ver seu companheiro receber uva, ficou agitado e atirou longe seixo e pepino. Um alimento de que ele tanto gosta tornou-se repulsivo.
         Os macacos não se irritavam quando as uvas eram exibidas a todos eles e pepinos continuavam a ser trocados por seixos. A irritação aparecia quando um deles recebia uvas. A desigualdade era motivo da revolta. (O teste está descrito por De Waal em A era da empatia, Companhia das Letras, 2010).
         Ao tornar público o resultado da pesquisa, Sarah e Frans receberam duras críticas de economistas, filósofos e antropólogos, chocados com a comparação entre macacos e humanos. Para azar dos críticos, a divulgação da pesquisa coincidiu com a denúncia de que Richard Grasso, diretor da Bolsa de Valores de Nova York, viu-se forçado a pedir demissão diante dos protestos gerados pelos quase US$ 200 milhões que ele recebeu de bônus (New Iorker, 3/10/2003). Em 2008, a opinião pública dos EUA mostrou-se indignada quando, em plena crise econômica, o governo destinou US$ 700 milhões como “socorro” aos executivos que haviam provocado tantas perdas no setor imobiliário. Uvas aos figurões; pepinos à plebe.
         No Brasil, a opinião pública também se mostrou indignada ao saber que senadores utilizavam jatinhos da FAB para eventos particulares, como viagens de familiares e festas de casamento. As mordomias, em especial as que são pagas com dinheiro público, suscitam revolta entre os eleitores. Os animais têm muito a nos ensinar. Sarah Brosnan colocou dois macacos juntos, separados apenas por uma grade. O primeiro tinha à sua frente duas latinhas, semelhantes a essas de refrigerante, em cores diferentes. Elas podiam ser trocadas por comida. Se ele entregasse a ela a lata A, receberia comida suficiente para seu próprio consumo. Se entregasse a lata B, ganharia o bastante para dividir com o segundo macaco. Os macacos-prego testados davam, em geral, preferência à lata que favorecia a partilha da refeição.
         A democracia ocidental continuará a ser uma falácia enquanto não criar condições para que todos tenham acesso aos bens essenciais a uma vida digna e feliz. Os três ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – na verdade têm sido limitados e deturpados.
         A liberdade passou a ser entendida como direito de um se sobrepor ao outro, ainda que o outro seja relegado à miséria. A igualdade existe, quando muito, na letra da lei. Ricos e pobres merecem tratamentos diferenciados perante a Justiça, e mesmo os recursos públicos são destinados, preferencialmente, aos mais abastados, como faz o nosso BNDES. A fraternidade ainda permanece uma utopia. Supõe que todos se reconheçam como irmãos e irmãs. Basta recorrer ao exemplo familiar para saber o que isso significa. Em uma família, embora as pessoas sejam diferentes, com talentos e aptidões próprios, todos devem ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades. Ninguém pode ser excluído da escolaridade ou do uso comum dos bens, como alimentação ou equipamentos. Fraternidade significa inclusão, reconhecimento, e até mesmo abrir mão de um direito para que o outro, mais necessitado, possa se livrar de uma dificuldade.
         Robin Hood tinha razão. O que a humanidade mais anseia é a partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano. Essa a verdadeira comunhão. No entanto, a riqueza e o poder, quase sempre associados, cegam seus detentores, incapazes de se colocar no lugar do outro, daquele que sofre ou padece de exclusão social. E para que a cegueira não seja acusada de indiferença criminosa e desumana, inventam-se teorias econômicas e ideologias que justifiquem e legitimem a aberração como natural.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança da nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização  de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; esporte, cultura e lazer; turismo; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A CIDADANIA, AS SANDÁLIAS DA HUMILDADE E OS INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS

“As sandálias da humildade
        
         Um homem de branco passou por aqui falando manso ao coração de todos. Quando verdades e palavras justas são ditas, não é preciso levantar a voz, pois todos os que desejam entender entenderão. Os ouvidos estiveram atentos durante a semana e espero que continuem por todo o tempo. Ele não gosta de jovens que não protestam, moderação é atitude de gente experiente, que não tem mais razão para errar e já teve tempo de aprender as complexidades da vida.
         Tão simples as coisas que diz, quase óbvias, mas a simplicidade vem do conhecimento, não fosse ele um jesuíta. Há crianças sem alimento, sem saúde e educação? Não importa se quem vai sanar essas impropriedades seja católico, protestante, muçulmano, umbandista, espírita, judeu ou ateu. A ação e o fato valem mais do que a seita ou a ideologia.
         As ideias diferentes circulam e devem ser aceitas. Por que ranger os dentes de ódio diante de uma opinião oposta à nossa ou de maneiras de ser que não prejudicam ninguém, mas fazem parte da existência de tantos? Não perco nada se alguém tem opção sexual diversa da minha. Que todos tenham a liberdade de ser o que são. Temos todos o direito de ser felizes. “Com a razão nunca entendi, com o coração menos então”, diz a canção que escrevi com meu parceiro e sobrinho Robertinho Brant, a respeito de todos os tipos de preconceitos.
         Não consigo entender o motivo de homens se acharem melhores (e com mais direitos) do que as mulheres. A cor da pele não torna ninguém superior a outra pessoa, e esse é um sentimento que trago desde criança. É preciso repetir, até hoje, que somos uma raça única, a humana, e viemos do mesmo berço? É que é a educação, e não o dinheiro, que qualifica?
          O homem simples e de branco, com sua fala que todos entendiam, com a serenidade de pastor, realçou o respeito e a proteção que devem ser dados aos jovens e aos idosos. A máquina do mundo da economia global anda a retirar trabalho da juventude e a condenar à exclusão os mais velhos. Como permitir que os que serão o futuro sejam afastados da convivência com os que lhes podem passar conhecimentos?
         Foi uma semana do povo, de jovens na rua. As palavras mais ouvidas: solidariedade, justiça, igualdade, fraternidade. São conceitos que não têm dono. Se o sentido de religião é ligar, atar, que todos os brasileiros abracem esses sentimentos, professem crenças ou não. As sandálias da humildade que o homem de branco nos trouxe servem a todos nós. Vamos calçá-las.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de julho de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 17 de julho de 2013, caderno O.PINIÃO, página 23, de autoria de WILSON CAMPOS, que é advogado, e que merece igualmente integral transcrição:

“Efetividade da cidadania
        
         Sem o rigorismo terminológico, que não acrescenta excelência aos termos, embora respeitados os doutrinadores que primam pela diferenciação, prepondera o entendimento de sinonímia entre “direito” e “interesse”, quando se trata da ampliação do espectro de tutela jurídica e jurisdicional dos interesses difusos e coletivos.
         Na realidade, o que se pretende, de fato, é a busca pelo reconhecimento de instrumentos legais que promovam a tutela coletiva, sem distinção, haja vista que a meta a ser alcançada seja a de dar efetividade aos postulados da cidadania e da dignidade da pessoa humana.
         De bom alvitre, a tutela dos interesses difusos  não pode ficar restrita às questões básica do consumidor, do meio ambiente ou do patrimônio cultural, posto que ela deva alcançar os novos conflitos de massa, notadamente na área social, como o acesso dos excluídos para a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e intelectuais.
         Os interesses difusos ocorrem quando não se pode identificar um prejudicado determinado, sendo os sujeitos de direito integrantes de uma grande massa lesada. O objeto é de natureza indivisível , além do que o prejuízo sempre se origina de um fato comum que une os interessados em um só descontentamento. É exemplo clássico de interesse difuso o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
         Já nos interesses coletivos, os lesados são determinados, ou pelo menos determináveis, e sempre estão ligados entre si ou com o transgressor por uma relação jurídica básica, não havendo como fragmentar as parcelas de interesse. É exemplo o direito de associação de moradores representar a sua comunidade em determinada demanda em face do poder público, assegurando a qualidade de vida e a melhoria dos serviços na região.
         Apesar dessas diferenças conceituais, não raras vezes, peculiaridades de uma ou outra categoria desses interesses fundem-se, proporcionando uma defesa coletiva sob diferentes focos, de acordo com a característica ressaltada pelo substituto processual no manejo da ação civil pública. O importante, portanto, é saber identificar quando o prejuízo causado por um evento transcende a esfera do interesse íntimo para propagar-se pela seara de insatisfações comuns a certa coletividade.
         Os interesses difusos e os coletivos da sociedade são também o que se pode chamar de direitos de terceira geração, nos quais são consagrados os princípios da fraternidade e da solidariedade. São direitos que transcendem o indivíduo, sendo designados como transindividuais, obrigando o reconhecimento e a proteção de direitos como a qualidade de vida, a saúde, a segurança, o meio ambiente equilibrado e o desenvolvimento com sustentabilidade, dentro outros de natureza fluida, cuja titularidade compete àqueles de posse da consagrada e constitucional cidadania.
         Nesse sentido é que deverão ser empreendidos os esforços da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Difusos e Coletivos da Sociedade instalada pela OAB-MG, no último dia 9.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
    
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; sistema financeiro nacional; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A CIDADANIA, A HARMONIA E O BURACO NO PEITO

“Harmonia
        
         O que passou é passado e não há mais nada a fazer em relação a ele. É um pensamento simples, quase óbvio, mas pouco usado na prática. Não me canso de assistir a pessoas lamentando algo ocorrido, inertes diante do que não pode ser modificado. Um fato pronto e acabado pode, muitas vezes, ser enfrentado com ações que provoquem outras condições. Não adianta chorar pelo leite derramado, melhor ordenhar outra vaca.
         Não estou tratando de episódios que estão fora de nossa possibilidade de exercer influência. E a vida está cheia deles. Não podemos parar o rio, domar o mar, tomar as rédeas das chuvas de São Pedro, congelar o fogo.
         Chorar em braços amigos pode ser inevitável para readquirir as forças necessárias e prosseguir. Uma casa que desmorona pode ser reconstruída, as coisas materiais sempre podem ser reerguidas de maneira mais consistente. De alguma forma, enquanto a energia corporal enfraquece com o passar dos anos, é inegável que a mente fica mais tranquila e o pensar se torna mais sereno e maduro. Tenho usado isso ultimamente quando me vejo diante de situações que parecem irremediáveis. Há sempre algo a fazer.
         Se somos atingidos por um raio desorganizador, vindo, por exemplo, dos poderes políticos federais, sempre há a possibilidade de novos caminhos, de buscar outro poder, outras luzes. Não há derrota para quem não desiste de brigar por seus princípios.
         Nem falo do que se refere à ideologia ou a religiões. Falo de convicções testadas no dia a dia de diálogo e de trabalho, sem obscurantismo e intolerância, mas com o coração aberto para absorver e respeitar outros conhecimentos, outras maneiras de ver o mundo.
         Pois o que quero, por mais utópico que seja, é a harmonia. E essa é o contrário da gritaria. Fica cada vez mais difícil encontrar quem represente os ideais humanos de justiça, liberdade, igualdade e fraternidade. Não enxergamos essa virtude nos partidos, eles são só parte; nem em facções e seitas, essas são mais minúsculas ainda.
         A solução certamente não será dançar um tango argentino nem um samba. Mas na poesia encontramos veredas interessantes para chegar a um lugar ideal. Ou na música, linguagem universal, presente em todos os recantos do planeta. Nem sempre, porém, os poetas e os cancionistas correspondem, em seu estar no mundo, ao canto que criam e declamam. E existe muita gente que não poeta nem canta e é admirável em sua maneira de conduzir a existência. Estes estão mais perto da harmonia do que aqueles.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de julho de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de O que a vida me ensinou (Saraiva), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Buraco no peito
        
         Fome não se combate apenas com prato de comida. Digerida a esmola em forma de alimento, abre-se de novo o oco na barriga, buraco negro da cidadania. Não basta dar de comer ao faminto. É preciso evitar que haja pessoas desprovidas dos bens essenciais à vida, capazes de prover o próprio sustento, como preconizava o Fome Zero. Para que o direito à cidadania não fique restrito aos discursos políticos, o combate à fome exige, no mínimo, reforma agrária, distribuição de renda e escolarização compulsória de todas as crianças.
         O mesmo se aplica à violência. Não é um fenômeno restrito a São Paulo e outras cidades populosas. Nova York é mais perigosa que a Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Em Goiânia, Salvador ou Porto Alegre, os assassinatos fazem parte do cotidiano. O grave é quando os narcotraficantes infiltram-se nas malhas da polícia, corrompendo juízes e delegados, obtendo armas privativas das Forças Armadas e delimitando territórios sob o seu comando. O traficante, como o político corrupto e o empresário especulador, é filho da impunidade. Porém, é preciso que não se cometa o erro de certo telejornalismo espúrio que já não distingue morador da favela de traficante.Não se pode aplicar às favelas o que recomendava o grande inquisidor: “Matemos todos, Deus saberá quem são os inocentes e quem são os culpados”. Medida, aliás, que Barack Obama vem aplicando com seus drones no Afeganistão.
         A violência do narcotráfico não é causa, é fruto da violência maior de uma elite que manteve este país amordaçado ao longo de 21 anos de ditadura militar, ceifando ideais e utopias. Esses filhos e netos nascidos durante ou logo após os anos de chumbo não tiveram a educação para a cidadania nos grêmios escolares e dos movimentos estudantis, das academias literárias e dos cineclubes. Perdidos na noite, muitos buscam a luz na maconha e a onipotência na cocaína. Se o tráfico de drogas é tão bem organizado não é por causa dos assalariados que, quando perdem a cabeça, no máximo recorrem à cachaça. É graças ao sofisticado mercado de consumo que paga bem pela droga. E, na falta de dinheiro, apela para o crack.
         Na espiral da violência, o garoto “avião” que conduz a droga, a “mula” que cobre os pontos de venda, o traficante que dirige e não mora em favela – tem casa com piscina e carro do ano – são o resultado da política equivocada do governo em relação aos direitos sociais. Não basta assegurar renda, encher o bolso, é preciso sobretudo encher a cabeça, dar acesso à cultura, de modo a que haja protagonismo empreendedor. Tivesse a maioria do povo brasileiro terra para plantar, melhores salários e educação escolar de alta qualidade, não haveria favelas nem favelados. Contasse a nossa juventude com áreas de lazer, de esportes e de criatividade artística e cultural, não teríamos tantos mortos-vivos destruídos pelo crack e outras drogas.
         “E se a TV decidisse fazer o bem?”, indagou um dia o jornalista Ricardo Gontijo. O que se pode esperar de crianças e jovens que passam horas diante das caixinhas de mágicas eletrônicas, embotados pelo entretenimento consumista, pela publicidade hedonista, encharcados de filmes, sites e programas que nada adicionam à formação de sua subjetividade e ao aprimoramento de sua cultura? Impelidos pelo desgoverno de si, na falta de quem lhes indique o caminho do absoluto, eles buscam o do absurdo, sustentando o narcotráfico. Quem são os ídolos dos jovens de hoje? Gente altruísta como Jesus, Gandhi, Luther King, Mandela e Che Guevara? Quais os valores mais perseguidos, hoje em dia, pela mocidade? Riqueza, beleza, fama e poder. Ora, quanto mais ambição, maior o tombo. E o rombo no coração. O buraco no peito precisa ser compensatoriamente preenchido de alguma forma.
         A sociedade se laicizou. Eis uma conquista da modernidade. O ser humano, no entanto, é sempre o mesmo, desde que foi expulso do Paraíso por ter se equivocado e querer ser Deus, quando sua vocação é ter Deus. Impregnar-se  do absoluto. Saciar-se no Poço de Jacó (Evangelho de João, cap. 4). Acho no mínimo estranho quando em cerimônias litúrgicas, observo crianças e jovens acompanhados de pais e avós cristãos, que não sabem sequer rezar a Ave Maria e o Pai Nosso. O que esperar de uma geração desprovida de espiritualidade?”.

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
   
     b)    o combate, implacável e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente  inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; comunicações; turismo; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de sua extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A CIDADANIA, UM CORAÇÃO DESERTO E O RECADO DAS RUAS

“Quando o coração está deserto
        
         Sou um homem em busca da felicidade. Se não for possível, me contento com a paz, harmonia e tranquilidade. Vocês dirão, mas esse cara é maluco, quem não quer esse ambiente em sua existência? No geral sou bem aquinhoado em meus desejos, mas alguns dias, algumas pessoas, algumas situações me tiram o sossego e chegam mesmo a formar um turbilhão em minha mente, me perturbam.
         Será que ainda vale a pena lutar contra a ignorância, a mentira e a avidez de alguns que andam em nosso redor? Confesso que, por momentos, o desânimo toma conta de mim. O que existe de gente que só sabe falar, imperiais em suas convicções, e nunca ouvem e prestam atenção no que lhes é dito. Arrogantes donos da verdade, seres que se julgam superiores, mas não passam de medíocres participantes de uma farsa.
         Preferiria estar falando de pessoas de quem gosto, que amo e me alegram. Ou do baile que a Seleção deu no tique-taque dos espanhóis, no domingo de festa em que o relógio deles enguiçou. Gosto da vida que é gol, abomino as bruxas de espírito pesado e malditos que frequentam salões elegantes da música popular brasileira. Reparem, por outro lado, que ficou fora de moda defender o direito e a Constituição cidadã de 1988. Eles não se importam, ou porque não viveram os tempos militares ou porque querem a sua ditadura, que se rasgue a maior conquista de nossa geração.
         Um senador acaba de sugerir, na televisão, que não importa se uma reforma política, que não estava nos cartazes das manifestações de rua, seja aprovada depois do prazo pela Constituição. Faz-se uma emenda e se resolve a questão. Ô louco, há cláusulas irremovíveis na Constituição e essa é uma delas. Pensam que podem fazer com a bíblia do cidadão o que quiserem. Não podem e não farão, porque o Brasil não é a casa da mãe Joana. Entre o palácio e a praça, o palácio quer que a praça, o povo, só diga sim ou não.
         Os tempos mudam e as pessoas também. Mas, o direito, a justiça e a dignidade de todos – garantidos pelo capítulo constitucional dos direitos e garantias individuais –, são permanentes. Não será o poder econômico, muito a vaidosa impressão daqueles que se pensam donos do mundo, que irá apagar o que se conquistou com tanto amor dos brasileiros com o nosso país.
         Escrevi há tempos uma frase para uma gravura de Galileu Galilei, criada por Gianfranco Cerri, para uma campanha dos professores universitários mineiros: “O poder não tem o poder de esconder eternamente a verdade”. Viva a inteligência, viva a vida. Pronto: desabafei. Volto à festa e à alegria.”

(FERNANDO BRANT, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de julho de 2013, caderno CULTURA, página 8).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Calendário do poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Recado das ruas
        
         As manifestações de rua no Brasil fundem a cuca de analistas e cientistas políticos. Dirigentes partidários e lideranças políticas se perguntam perplexos: quem lidera, se não estamos lá? Recordo quando deixei a prisão, em fins de 1973. Ao entrar, quatro anos antes, predominava o movimento estudantil na contestação à ditadura. Ao sair, encontrei um movimento social – Comunidades Eclesiais de Base, oposição sindical, grupos de mães, luta contra a carestia – que me surpreendeu. Do alto de meu vanguardismo elitista fiz a pergunta: como é possível se nós, os líderes, estávamos na cadeia?
         Com essa mesma perplexidade Marx encarou a Comuna de Paris, em 1871; a esquerda francesa, o Maio de 1968; e a esquerda mundial, a queda do muro de Berlim e o esfacelamento da União Soviética, em 1989.
         “A vida extrapola o conceito”, já dizia meu confrade São Tomás de Aquino, no século 13. Agora, aqui no Brasil, todas as lideranças políticas encaram confusas e despeitadas as recentes manifestações de rua. Com a mesma interrogação invejosa que a esquerda histórica do Brasil mirou o surgimento do PT em 1980: que história é essa de, agora, os proletários querem ser a vanguarda do proletariado?
         Historicamente eram os líderes da esquerda brasileira homens oriundos da classe média (Astrogildo Pereira, Mário Alves e João Amazonas), dos círculos militares (Prestes, Gregório Bezerra, Apolônio de Carvalho) e da intelectualidade (Gorender e Caio Prado Júnior). Marighella foi das raras lideranças provenientes das classes populares.
         O recado das ruas é simples: nossos governos se descolaram da base social. Para usar uma categoria marxista, a sociedade política se divorciou da sociedade civil, risco que previ e analisei no livro A mosca azul – Reflexão sobre o poder  (Rocco, 2005). A sociedade política – Executivo, Legislativo e Judiciário – se convenceu de que representava de fato o povo brasileiro, e mantinha sob seu controle os movimentos de representação da sociedade civil, como ocorre, hoje, com a UNE e a CUT.
         Nem só de pão vive o homem, alertou Jesus. Embora 10 anos de governo petista tenham melhorado as condições sociais e econômicas do Brasil, o povo não viu saciada sua fome de beleza – educação, cultura e participação política. O governo petista optou por uma governabilidade assegurada pelo Congresso Nacional – onde ainda perduram os “300 picaretas” denunciados por Lula. Desprezou a governabilidade apoiada nos movimentos sociais, como fez Evo Morales, com êxito, na Bolívia.
         Assim, nosso governo aos poucos perdeu os anéis para conservar os dedos. Acreditou que tudo permaneceria como dantes no quartel de Abrantes. Seja porque a oposição anda enfraquecida por suas próprias disputas internas, seja porque considera Eduardo Campos e Marina Silva meros balões de ensaio. O que nem a Abin (olhos e ouvidos secretos do governo) previu foi o súbito tsunami popular invadindo as ruas do Brasil em pleno período da Copa das Confederações – quando se esperava que todos estivessem com a atenção concentrada nos jogos.
         Agora o governo inventa o discurso de que sem partidos não há política nem democracia. Ora, basta uma aula de história de ensino médio para aprender que a democracia nasceu na Grécia muitos séculos antes da era cristã, e mais ainda do aparecimento de partidos políticos. Hoje, a maioria dos partidos nega a democracia ao impedir um governo do povo com o povo. Não basta pretender governar para o povo e, assim, considerar-se democrata. O povo nas ruas exige novos mecanismos de participação democrática, enquanto manifesta sua descrença nos partidos, que são intimados a renovar seus métodos políticos ou serão atropelados pela sociedade civil.
         Eis o recado das ruas: democracia participativa, não apenas delegativa, ou seja, governo do povo, com o povo e para o povo. Isso não é utopia, desde que não se considere  modelo perpétuo o pluripartidarismo e se admita que o regime democrático pode e deve ganhar novos desenhos de participação popular nas esferas de poder.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...