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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DO SUCESSO DE EMPRESAS NA NUVEM E A TRANSCENDÊNCIA DO PROGRESSIVO DIREITO NA SUSTENTABILIDADE


“Empresas de sucesso na nuvem
        Segundo informações da International Data Corporation (IDC), duas em cada três empresas brasileiras enxergam a computação em nuvem como um fator-chave para o sucesso do negócio. Gigantes mundiais já “enxergaram” que a nuvem é o futuro. Médias e pequenas empresas também estão optando por gerir os seus negócios na nuvem. Mas por que tantas outras ainda estão fora dela? Talvez por medo de perder a segurança e privacidade de seus dados – o que não é justificável. Uma vez vencida essa barreira, os benefícios são vários.
         Economia é fundamental para que as corporações prosperem. O custo/benefício do gerenciamento de dados na nuvem está na possibilidade de gerar mais escala, armazenar uma quantidade maior de arquivos com um investimento reduzido, sem precisar de servidores locais. Além disso, geralmente, as manutenções e backups automáticos já são incluídos no pacote de serviços contratados. Isso também gera economia de tempo, ganho em produtividade e, consequentemente, reduz os gastos operacionais mensais da empresa.
         Segurança é a maior das exigências das grandes empresas. Os sistemas baseados em computação na nuvem geralmente são certificados por padrões internacionais de segurança e permitem maior controle e privacidade. Dessa forma, é necessária autorização para acessar os dados armazenados e isso reduz riscos de invasões e perda de informações. Além disso, se os dados não estão em equipamentos físicos, não existe o risco de perdê-los por meios acidentais (incêndio, por exemplo).
         Acessibilidade é o que as organizações precisam, em um mundo onde a multiplicação de informações e dados é instantânea e precisa ser acessada a qualquer hora e em qualquer lugar, por meio de conectividade com a internet. Essa é uma característica importante no armazenamento de informações na nuvem que dá velocidade para as operações.
         Flexibilidade é o que as instituições querem para alavancar os seus negócios. Uma gestão de dados totalmente adaptável à operação da empresa, como é possível com a cloud computing, traz ganhos relevantes de tempo, dinheiro, produtividade e colaboração para a sua empresa.
         A computação em nuvem permite, de forma simples, acessar servidores, bancos de dados e outros serviços por meio da internet. Uma plataforma de serviços em nuvem, como por exemplo a Amazon Web Services – maior e mais segura nuvem do mundo, segundo o quadrante mágico de Gartner –, é a proprietária do sistema de armazenamento e faz a manutenção do hardware conectado à rede que pode ser acessada via web.
         Em resumo, a computação em nuvem não requer grandes investimentos iniciais em hardware e não dispensa tempo nas atividades de manutenção e gerenciamento desse hardware. Além disso, é possível acessar a qualquer hora e em qualquer lugar os recursos necessários e pagar apenas pelo que usa.
         Esses são os principais atributos da gestão de dados cloud computing (computação na nuvem) e explicam por que empresas de sucesso como Netflix, Spotify, GOLAirlines, McDonald’s, Unilever, Johnson e Dow Jones, entre outras, estão nas nuvens.”.

(CLEBER PIÇARRO. Especialista em TI para o varejo e diretor da EAC Software, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de março de 2018, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de setembro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de SACHA CALMON, advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“O direito progressivo
        Seria imprudente não ver que a moral egoísta e utilitária (“não faças aos outros aquilo que não queres que te façam”) deixa pouco a pouco de se basear no dever para se firmar no amor. Comte-Sponville, autor do mais importante livro sobre a ética no século 20, faz-nos ver maravilhados que a moral, ao invés de constranger, pode nos tornar felizes, até mesmo sem religião. O seu livro se intitula O pequeno tratado das grandes virtudes e o cerne da sua prédica escora-se em uma máxima, profunda e bela: “O que fazemos por dever não fazemos por amor, e o que fazemos por amor não fazemos por dever”. O amor é, então, a maior de todas as virtudes. Quanto à religião, foi preciso esperar a teologia do amor e do perdão contra a da culpa e do castigo para entender o fenômeno religioso mais como alegria pessoal do que como estrutura implacável de poder normativo, com base em ameaças. Teilhard de Chardin, que foi cientista e teólogo católico, jamais negou que nós somos o elo final e pensante da evolução das espécies e que nossos corpos e mentes resultam da primeira molécula surgida no planeta no dealbar da vida, depois de longo processo evolutivo. Nem por isso deixou de ver, na evolução, uma formidável epopeia; viu o mais complexo surgindo do mais simples e o espírito resultando da carne num plano majestoso, cuja razão humana, imersa em profunda vertigem, não explica, mas a alma pressente: a caminhada da consciência para o ponto ômega, para Ele que, fora do tempo, funda o homem e a história. Haverá um tempo em que igrejas e doutrinas morais e religiosas serão, talvez, desnecessárias, e o homem estará como o centro.
         Mas o que estará reservado ao direito? Qualquer olhar que lancemos ao passado, já vimos, deixa-nos lívidos de pavor: penas infamantes, torturas, arbítrio, medo, angústia, as galés. Grandes são as diferenças entre os direitos de antanho e os de hoje. A escravidão e a desigualdade eram comuns. O tributo, castigo e opressão, poder do governante. O processo, tosco; a Justiça, parcial; o sistema de provas, irracional. Até mesmo em Roma, sede primeira da ciência jurídica, houve um tempo em que o credor podia lançar as mãos sobre o devedor, reduzi-lo à escravidão ou jogá-lo do alto da pedra tarpeia para que morresse à vista de todos (o direito em seus primórdios. Logo os seus bens passaram a garantir suas dívidas).
         É verdade que, hoje em dia e por toda parte, injustiças sociais e leis injustas nos fazem descrer do homem. A condição feminina, para não nos alongarmos noutras injustiças, mormente no Oriente, em que pesem todos os avanços, é, ainda, profundamente discriminatória, para dizer o mínimo. Os direitos das minorias, quando não são objeto de desprezo ou mofa, nem seque são reconhecidos. Racismo e misérias humanas parecem indiferentes ao direito, que muitas vezes até os estimula. A África do Sul e o Sr. Mandela. E o que dizer dos direitos dos não heterossexuais? Tudo isso, no entanto, está em mutação. Como linhas longamente convergentes destinadas a se unir em algum ponto do futuro, direito, justiça e igualdade, finalmente, serão um plexo pleno e inextrincável.
         Por isso os juristas, os operadores do direito, que é ciência e arte, devem ser pessoas de fé, cientes de sua missão. Devemos servir aos valores humanos: liberdade, pluralismo, humanismo, a pessoa como centro de respeito (todas as pessoas), dignidade, igualdade, verdade e paz, acima de povos, raças, credos, religiões e pátrias. A missão do jurista, a par de conhecer o direito, é introduzir nos sistemas jurídicos a axiologia do justo e do igual em escala planetária. Não estaremos fazendo na sublime, apenas uma tarefa cotidiana. É hora de encerrar esta parte citando dois grandes juristas, à guisa de síntese de tudo quanto foi dito sobre a ambiguidade do direito, a um só tempo opressão e caminho para a liberdade e a justiça.
         “A ciência do direito é a ciência do direito positivo. O conhecimento jurídico dirige-se a estas normas jurídicas que possuem o caráter de normas jurídicas e conferem a determinação dos fatos o caráter de atos jurídicos.” (Hans Kelsen)
         A perspectiva aí é absolutamente positivista. O objeto da ciência do direito é a norma jurídica (qualquer norma de qualquer sistema jurídico, legítimo ou não em sua formação, justo ou não em seu conteúdo). Expressivo, portanto, o título do livro: Teoria pura do direito.
         Mas vimos que o direito vem de envolta com a história e as suas tormentas, numa busca obstinada de igualdade, segurança e justiça.
         “O direito é, essencialmente, um esforço humano no sentido de realizar o valor da justiça. Essa dimensão ideal existe na norma jurídica. Pois a norma não se reduz a uma mera forma de relacionar atos, com total indiferença para o valor. Se a norma é dever-se, é dever-se de algo, como diz Lourival Vilanova, jurisconsulto brasileiro, reconhecendo que o direito é, progressivamente, o caminho das liberdades e da igualdade entre os homens. Não é hoje, mas peleja para sê-lo no porvir. O direito é progressivo. Mas quem o empurra? As sociedades...”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 307,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,86%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



sexta-feira, 3 de julho de 2015

A CIDADANIA E OS GRAVES DESAFIOS DA ECOLOGIA INTEGRAL E DA SUSTENTABILIDADE

“A perspectiva singular do papa ao propor 
uma ecologia integral
        
         O papa Francisco operou uma grande virada no discurso ecológico ao passar da ecologia ambiental para a ecologia integral, que inclui a ecologia político-social, a mental, a cultural, a educacional, a ética e a espiritual.
         Há o risco de que essa visão integral seja assimilada dentro do costumeiro discurso ambiental, não se dando conta de que todas as coisas, saberes e instâncias estão interligadas. Ora, é essa cosmologia que leva o papa a dizer: “Nunca maltratamos e ofendemos nossa casa comum como nos últimos dois séculos”.
         Como superar essa rota perigosa? O papa responde: “Com uma mudança de rumo” e ainda mais com a disposição de “delinear grandes percursos de diálogo que nos ajudem a sair desta espiral de autodestruição na qual estamos afundando”. Se nada fizermos, podemos ir ao encontro do pior. Mas o papa confia na capacidade criativa dos seres humanos.
         Para enfrentar os múltiplos aspectos críticos de nossa situação, o papa propõe a ecologia integral. O pressuposto teórico deriva da nova cosmologia, da física quântica, da nova biologia, do novo paradigma contemporâneo que implica a teoria da complexidade e do caos. Nessa visão o repetia um dos fundadores da física quântica, Werner Heisenberg: “Tudo tem a ver com tudo em todos os pontos e em todos os momentos; tudo é relação, e nada existe fora da relação”.
         Seguramente, a mais bela e poética das formulações é encontrada no número 92 da encíclica, no qual enfatiza: “Tudo está em relação, e todos nós estamos unidos como irmãos e irmãs (...) com todas as criaturas que se unem conosco”.
         Essa visão existe já há quase um século, mas nunca conseguiu se impor na política e na condução dos problemas e para cada um procura uma solução específica, sem se dar conta de que essa solução pode ser maléfica para outro problema.
         A encíclica poderá servir de instrumento educativo para apropriarmo-nos dessa visão inclusiva e integral. Por exemplo, como assevera a encíclica: “Quando falamos em ambiente, nos referimos a uma particular relação entre a natureza e a sociedade; isso nos impede de considerar a natureza como algo separado de nós. Somos incluídos nela, somos parte dela”.
         E continua, dando exemplos convincentes: “Toda análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, trabalhistas, urbanos e da relação de cada pessoa consigo mesma, que cria um determinado modo de relações com os outros e com o ambiente”. Se tudo é relação, então a própria saúde humana depende da saúde da Terra e dos ecossistemas. Todas as instâncias se entrelaçam para o bem ou para o mal. Essa é a textura da realidade, não opaca e rasa, mas complexa e altamente relacionada com tudo.
         Se pensássemos nossos problemas nacionais nesse jogo de inter-retrorelacionais, não teríamos tantas contradições entre os ministérios e as ações governamentais. O papa nos sugere caminhos certeiros que nos podem tirar da ansiedade em que nos encontramos face ao nosso futuro comum.
         Teilhard de Chardin tinha razão quando, nos anos 30 do século passado, escrevia: “A era das nações já passou. A tarefa diante de nós agora, senão pereceremos, é construir a Terra”. Cuidando da Terra com terno e fraterno afeto no espírito de são Francisco de Assis e de Francisco de Roma, podemos seguir “caminhando e cantando”, como conclui a encíclica, cheios de esperança. Ainda teremos futuro e iremos irradiar.”

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de junho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de reportagem  publicada no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de julho de 2015, caderno CIÊNCIA & TECNOLOGIA, página 12, de autoria de HENRIQUE REZENDE, e que merece igualmente integral transcrição:

“O desafio da sustentabilidade
        Apesar de extremamente necessária para a saúde do planeta, uma mudança na forma como as pessoas consomem, tornando-a ambientalmente mais correta, pode prejudicar o crescimento econômico dos países. A percepção é da maioria dos especialistas da área do meio ambiente ouvidos em uma pesquisa apresentada no Seminário Internacional sobre os Padrões de Consumo para o Desenvolvimento Sustentável, realizado terça-feira e ontem em Brasília. O estudo, conduzido por Antônio Carlos Filgueira Galvão, diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), revela o quanto o enfrentamento das mudanças climáticas é um desafio complexo, que envolve diferentes e interesses.
         Para enfrentar o aquecimento global, todos os países precisam realizar uma série de mudanças que afetam, principalmente, a forma de mover a economia. Usar menos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, apostar mais nas energias renováveis, e parar de derrubar florestas para transformá-las em áreas de plantio são algumas delas. Adotar essas e outras medidas significa promover a produção e o consumo sustentáveis, que também está intimamente ligada à geração de riquezas. Segundo Galvão, tem sido mais fácil para os governos adotarem medidas que tornem a produção menos agressiva à natureza, pois isso pode ser feito por meio de ações como novas legislações e políticas fiscais e de incentivo à indústria. “A ideia de padrões de consumo é muito mais complicada, pois envolve a mudança de hábitos culturais arraigados”, explica. Por isso, tanto o estudo quanto o seminário focaram nesse último aspecto, diz.
         Participaram do levantamento 579 especialistas que trabalham com a questão ambiental, sendo a maioria do Brasil (67%), da França (13%) e da Suécia (4%) – uma forma de comparar as percepções dos profissionais de um país em desenvolvimento com as daqueles de duas nações europeias. Para mais da metade dos brasileiros e dos franceses ouvidos, a transição para padrões de consumo que promovem o desenvolvimento sustentável faria o crescimento ocorrer de forma mais modesta ou o tornaria nulo ou negativo. Entre os suecos, o pessimismo se mostrou maior, como mais de 60% deles pensando dessa maneira.
         Quando um estudo semelhante, com especialistas dos mesmos países, foi feito na época da Rio+20, conferência ambiental realizada na capital fluminense em 2012, havia mais otimismo, com um número maior de pessoas que acreditavam ser possível crescer de forma igual ou melhor com a adoção de uma economia verde.
         “Na realidade, o que os dados mostram é que precisamos debater o tema com mais propriedade”, avalia o diretor do CGEE, organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Não é possível ignorar o fato de que o desafio não é apenas mudar a forma de produzir e consumir para degradar menos o meio ambiente, mas fazer isso sem aumentar problemas como o desemprego, um dos reflexos do baixo crescimento. Para Galvão, o Brasil tem, a médio prazo, o desafio de “inocular mais qualidade ao seu crescimento”. Isso significa ser menos dependente das commodities, que geram muito emprego, mas com remuneração mais baixa, e fortalecer a indústria e a inovação. O país, apesar de muitos obstáculos, tem alguns trunfos que podem ajudá-lo, como grande potencial para adoção de energias verdes, a eólica e o etanol, por exemplo, uma cultura estabelecida de reciclagem; e uma agricultura pujante, cada vez mais eficiente em produzir mais em menos espaço.

PRIORIDADES O estudo capta bem a diferença de necessidades vividas por países desenvolvidos e em desenvolvimento. Hoje, sabe-se que uma economia menos agressiva ambientalmente deve ser construída por todos, mas o que cada um fará é a origem de todos os impasses. No centro desse debate, está o financiamento pelos países ricos de tecnologias verdes para serem adotadas pelos mais pobres, que não têm como arcar uma revolução nos meios de produção sem sacrificar seus orçamentos ou outras ações ainda necessárias, como a universalização do acesso ao saneamento básico.
         Essa diferença de visões aparece quando os especialistas são perguntados sobre qual deve ser o foco para a implementação do 10YFP, programa internacional coordenado pelas Nações Unidas para aprimorar nos próximos 10 anos, a cooperação entre países visando acelerar a transição rumo a um consumo e uma produção sustentáveis. Para os brasileiros, o principal ponto deve ser a transferência e o acesso a novas tecnologias, um dado que não aparece entre as principais sugestões de franceses e suecos, que dão mais destaque à adequação de recursos financeiros, capacitação e desenvolvimento de redes profissionais e medidas com a taxação maior de produtos pouco duráveis. Par Galvão, o debate do financiamento é central hoje, mas se torna um grande desafio em tempos de crise econômica com agora. “Há um grande consenso sobre as necessidades, mas há também diferentes interesses que precisam ser enfrentados para entrarmos em uma trilha de cooperação internacional”, avalia.
         Para a botânica Laure Emperaire, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), na sigla em francês) – instituição parceira do CGEE no seminário, ao lado do governo sueco e outras entidades brasileiras – há um desafio a ser superado. “estamos com dificuldade de implementar um conjunto de ações comuns para alcançar um consumo socioambientalmente sustentável”, avalia.
         Emperaire faz questão de acrescentar o fator social na discussão por considerar que o debate passa pelo respeito à diversidade cultural. Segundo ela, a busca por um consumo sustentável deve, obviamente, se pautar pelo baixo impacto ambiental, mas é preciso evitar o excesso de normatização que impeça modelos de produção e consumo tradicionais, especialmente em relação a sistemas alimentares diferenciados. “Precisamos abrir para o grande público a importância da diversidade na forma de produzir”, defende.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir IMEDIATA, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...     
     
        




   

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A CIDADANIA, A CIÊNCIA, A FÉ E A HARMONIA COM A NATUREZA (22/38)

(Abril = Mês 22; Faltam 38 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“Diálogo entre ciência e fé

Fé e ciência nem sempre tiveram um bom diálogo. As primeiras respostas às indagações do ser humano a respeito do cosmo, dos fenômenos naturais e da vida foram dadas pela religião. Xamãs, feiticeiros, gurus e sacerdotes faziam a mediação entre o Céu e a Terra.

A religião é filha da fé e a ciência, da razão. Frente às pesquisas científicas dos gregos antigos a religião mirou com os olhos da desconfiança. Não admitia que os fatos narrados na Bíblia fossem apenas mitos e símbolos, sem base científica, como a existência de Adão e Eva, a construção da torre de Babel e o dilúvio universal.

Durante 1.300 anos a Igreja se apegou à cosmologia de Ptolomeu (90-168), adequada à crença de que a Terra é o centro do Universo, no qual Deus se encarnou em Jesus.

Se a fé parte de verdades reveladas que, por sua vez, exigem adesão de fé, sem comprovação experimental, a ciência é o reino da dúvida e se apoia em pesquisas empíricas. A fé apreende a essência das coisas; a ciência, a existência.

Para a ciência, não importa quem ou o por quê, importa o como. A ela não interessa quem criou o Universo e qual a finalidade de nossas vidas. Quer saber como funcionam as leis cosmológicas, como as forças da natureza interagem entre si, como retardar o envelhecimento de nossas células, ampliando nosso tempo de vida.

O diálogo entre fé e ciência iniciou-se quando, na modernidade, a razão se emancipou da religião. Copérnico, Galileu e Giordano Bruno que o digam. Houve atritos e condenações recíprocas, até que a extensa obra do jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) – geólogo, paleontólogo e teólogo – fez a Igreja Católica reconhecer que a fé pode não estar de acordo com o uso que se faz de descobertas científicas, como a fissão do átomo para a construção de ogivas nucleares, mas jamais negar a autonomia da ciência e o modo como ela desvenda os mistérios da natureza

Nesse intuito de atualizar o diálogo entre a ciência e a fé é que a Editora Agir reuniu, durante três dias, em hotel do Rio, o físico teórico Marcelo Gleiser e eu, mediados por Waldemar Falcão, espiritualista e pesquisador de fenômenos esotéricos. De nosso encontro resultou o livro Conversa sobre a fé e a ciência, que chegou esta semana às livrarias.

Marcelo Gleiser é originário de família judia, formado em física pela PUC Rio e, hoje, professor e pesquisador na Universidade de Dartmouth, nos EUA. Autor de excelentes obras, como a recente Criação imperfeita (Record), Gleiser se considera agnóstico. Surpreendeu-me seus conhecimentos de história das religiões e de como elas se relacionam com a ciência.

Não tenho formação científica, mas muito cedo me interessei pelas obras de Teilhard de Chardin, cuja nova edição a Editora Vozes fará chegar às livrarias ainda este ano.

Mais tarde, vi-me obrigado a me improvisar em professor de química, física e biologia num curso supletivo. O dever virou prazer e me levou a escrever A obra do artista – uma visão holística do Universo, cuja nova edição a José Olympio prepara para o segundo semestre.

Gleiser leu meus livros e eu os dele, o que favoreceu nosso diálogo, no qual houve mais convergência que divergência, sobretudo no que concerne à correta postura da ciência diante da religião e da fé diante da ciência.

São esferas independentes, autônomas e que, no entanto, encontram suas sínteses em nossas vidas. Ninguém prescinde da ciência e de sua filha dileta, a tecnologia, assim como todos têm uma dimensão da fé, ainda que restrita ao amor que une marido e mulher.

Marcelo Gleiser e eu coincidimos que a finalidade da ciência não é obter lucros (vide as indústrias farmacêuticas e bélicas), e nem a da fé impor verdades (vide o fundamentalismo) ou arrecadar fundos (Jesus é o caminho, mas o padre ou pastor cobram pedágio...).

Ciência e fé servem para nos propiciar qualidade de vida, conhecimento da natureza e sentido transcendente à existência. Se pela fé descobrimos a origem e a finalidade do Universo e da vida e, pela ciência, como funcionam um e outro, tudo isso pouco importa se não nos conduz ao essencial: a uma civilização na qual o amor seja também uma exigência política.”
(FREI BETTO, que é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade (Agir), em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de março de 2011, Caderno CULTURA, página 10).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 25 de março de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Harmonia com a natureza

A harmonia com a natureza para preservação e promoção da vida no planeta é uma questão de fidelidade a valores. Fidelidade que tem um santuário próprio, o da interioridade. A consciência dita a dinâmica da conduta pessoal e social para tecer o cenário que revela a vida vivida com dignidade e o consequente respeito à criação, dom de Deus para o bem de todos. Portanto, é indispensável ser fiel a valores que norteiam e mantêm condutas no horizonte e nas dinâmicas da pretendida harmonia com a natureza. E também as relações dignas e cidadãs, tanto no que é pessoal quanto na família e nas instituições, que organizam e configuram a sociedade contemporânea.

As reviravoltas surpreendentes da natureza são desafios que suscitam sérios questionamentos, com as indagações religiosas e os entendimentos científicos. Essas permitem planejamentos e apontam na direção de ações e atitudes que possam garantir o indispensável respeito à natureza e ao mais recôndito de sua gênese, com propósito de evitar catástrofes e dolorosos sofrimentos. Semelhante a placas tectônicas, a consciência coletiva de indivíduos, que pautam suas vidas no compromisso com a verdade e na fidelidade aos valores que balizam a vida, se remexe. Não pode ser desconsiderado, nos muitos movimentos da história política e cultural da humanidade, o que recentemente tem merecido atenção de cientistas políticos, de lideranças mundiais e de todos os que vivem sua vida e exercem suas responsabilidades. Trata-se de insurreições significativas do mundo árabe, alavancadas pela iluminação que vem de valores irrenunciáveis, como democracia, participação cidadã, condições dignas de vida para todos, em contraposição às fortunas ajuntadas por dirigentes de governos e outros, o que perpetua situações injustas de exclusão e miséria. Essas insurreições, contracenando com tantos descalabros políticos, empresariais e outros, são sinais de que está reavivada na consciência cidadã a necessidade de pautar a vida na fidelidade e na vivência de valores. Valores que balizem mudanças em cenários inaceitáveis de arbitrariedades e de usurpações no exercício do poder e no usufruto dos bens da criação. Isso causa descontentamento e provoca reações que urgem e impõem mudanças mais rápidas na direção dessa terapêutica fidelidade.

Nesse mesmo horizonte localiza-se o adiamento da aplicação da Lei da Ficha Limpa, agora, apenas considerada como lei do futuro. O processo de sua interpretação merece considerações, tratando-se da Suprema Corte, que avalia, configurando um empate, decidido por um voto que considera sua imediata aplicação um desrespeito à Constituição. Cinco ministros não votaram assim, revelando que o caminho da interpretação é importante e dele se esperam avanços na direção de uma aplicação, não retardada, de normas que corrijam, imediatamente, sem delongas, os desvarios políticos, as falcatruas financeiras e as condutas de corrupção.

Insurreições do povo no mundo árabe, lutas dos movimentos populares, empenhos por normas como a Ficha Limpa, avanços jurídicos que coíbem desmandos e imoralidades e outras bandalheiras, como a defesa da vida em todas as suas etapas – desde a fecundação até a morte com o declínio natural –, vão tornando patente que há um anseio, até, muitas vezes, adormecido no coração humano. Anseio exigente e convencido de moralização, de encaminhamentos pautados em valores com força de ressurreição e configurações novas de dinâmicas da vida. É preciso dar passagem larga a essas demandas, deixando espaços estreitos, ou quase nenhum, para entendimentos tacanhos que atrasam conquistas de instituições sociais, políticas e religiosas.

Esses sinais nos desejos de mudança têm pouco a ver com uma obsoleta compreensão de reivindicações. Especialmente aquelas, cujo discurso tem teor ultrapassado, que parecem projetar o presente num tipo de passado que teve sua vez e não atende mais às demandas contemporâneas. Entre as dinâmicas que atrasam sonhos e comprometimentos – frutos de fidelidades a valores – há uma visão estreita de interesses e necessidades de instituições e grupos, sobre projetos importantes para os avanços da sociedade, fecundado por uma falta de espiritualidade e de humanismo que aprisiona pessoas que poderiam, com um pouco mais de altruísmo, suportar pesos e ajudar a levar em frente a abertura de novos horizontes para a cultura, a sociedade e as instituições todas.

É hora de gestos mais corajosos, ancorados na clarividência e na fidelidade a valores que qualificam as condutas. Gestos descolados de protestos por razões de pequenez, ou de propostas que têm o tamanho diminuto da compreensão, fruto de um fechamento que mantém a esterilidade de determinados discursos e a função inócua de certas propostas e intervenções. A fidelidade a valores é a meta da Campanha da Fraternidade 2011. No horizonte rico do evangelho de Jesus Cristo, é a condição indispensável para compreender o alcance e a medida justa que a vida no planeta depende dessa vivência, permitindo e mantendo o que é harmonia com a natureza.”

Eis, portanto, mais páginas RICAS em ponderações e REFLEXÕES que acenam para a MUDANÇA RADICAL no pensamento que VEM sendo transmitido às GERAÇÕES cujos PROBLEMAS estão a EXIGIR novas POSTURAS e ATITUDES... o que, longe de ABATER nosso ÂNIMO, ainda mais nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...