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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A MEDICINA E AS NOVAS TECNOLOGIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS LIÇÕES DE EINSTEIN NA SUSTENTABILIDADE (10/160)

(Agosto = mês 10; faltam 160 meses para a Primavera Brasileira)

“Medicina sem EAD pode?
        Muitas vezes me perguntam, com certa ironia, se seria possível um curso de graduação de medicina na modalidade educação a distância (EAD). Todas as vezes, sem titubear, responde: “Tanto em medicina como em um conjunto de outras carreiras, a formação exclusivamente a distância não seria adequada; porém, acho que seria igualmente inadmissível um curso contemporâneo de medicina sem as ferramentas da educação interativa baseadas nas tecnologias digitais”.
         Na verdade, as terminologias que separam abruptamente as modalidades presencial e a distância são anacrônicas e favorecem pouco o inexorável futuro de uma educação flexível, híbrida e personalizada. Essas denominações foram consolidadas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, de 1996. Seria injusto exigir dos educadores e legisladores de então que tivessem a premonição do que seria este mundo atual em termos de absoluta preponderância das tecnologias digitais.
         A adequada formação de um médico, bem como dos demais profissionais na área da saúde, demanda que eles dominem a utilização de plataformas digitais e de tecnologias móveis e que tenham familiaridade com realidade virtual imersiva, impressoras tridimensionais e com técnicas de modelagem e simulação.
         Recentemente, a McKinsei&Company apresentou um relatório sobre tendências e perspectivas internacionais acerca da dinâmica das organizações responsáveis por saúde em direção ao mundo completamente digitalizado. O relatório aponta que há mais de 20 anos os detalhes de gestão das instituições de saúde já estão completamente digitalizados, mas, segundo o relatório, esta onda é cosmética, comparada com as novidades em curso e aquelas que ainda estão por vir.
         O estado do Rio Grande do Sul acaba de adotar, com o aval da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a oftalmologia a distância. Trata-se de inovador projeto de telemedicina que prevê reduzir em 40% a fila de espera pelos procedimentos. Os pacientes das unidades básicas de saúde serão encaminhados a oito consultórios espalhados pelo estado, onde serão atendidos por técnicos de enfermagem. Estes conduzirão a parte física e presencial do exame oftalmológico (pressão ocular etc.), supervisionados por oftalmologistas em tempo real a distância, os quais são abastecidos por imagens teletransmitidas via uma plataforma de telessaúde.
         Ainda que de forte impacto a cada um dos milhares que aguardam nas filas de atendimentos oftalmológicos, o caso em pauta é somente um pequeno exemplo dos recursos que gradativamente estarão sendo disponibilizados aos profissionais de saúde para enfrentar os gigantescos desafios em que estão envolvidos.
         Há inúmeros outros casos ilustrativos na área. Este ano completa 10 anos o Programa Telessaúde Brasil Redes, do Ministério da Saúde, reconhecido pela Organização Pan-americana da Saúde como exemplo aos demais países, o qual oferece laudos diagnósticos de eletrocardiogramas, retinografias na detecção de retinopatias diabéticas, entre outros serviços, além da segunda opinião aplicada à atenção primária à saúde.
         Atualmente, é imprescindível uma educação superior na área de saúde que incorpore no processo de formação básica desses profissionais as competências e habilidades no uso de múltiplas ferramentas digitais. A telemedicina, por exemplo, deverá fazer parte obrigatória dos currículos, bem como técnicas para propedêutica médica a distância e o uso de ambulatórios didáticos virtuais.”.

(RONALDO MOTA. Reitor da Universidade Estácio de Sá, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de julho de 2017, caderno OPINIÃO, página7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, mesma edição, caderno e página, de autoria de OTACÍLIO LAGE, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Lições de Einstein
        Ele formulou a Teoria da Relatividade, estabeleceu a base da matemática da estrutura do universo e substituiu a Teoria da atração gravitacional, de Isaac Newton, pela Teoria de um campo de gravitação no contínuo espaço de tempo. Mas nem por isso deixou de dar atenção às coisas simples, de ser feliz, amigo de todos; amava as crianças e era capaz de passar horas tocando violino à cabeceira da cama da tia doente. Dava valor extremo à conduta humana, tanto que repetia sempre que “sem cultura moral, não haveria nenhuma saída para os homens”. Nasceu em 14 de março de 1879, em Wurttemberg, Sul da Alemanha, e morreu em 18 de abril de 1955, aos 76 anos, em Princeton, Nova Jersey, Estados Unidos.
         Claro, trata-se de Albert Einstein, alemão de origem judaica, acolhido nos EUA desde 1935, quando fugiu da perseguição de Adolf Hitler. Para o mundo, a imagem que ficou dele foi aquela em que aparece de língua de fora, gravada quatro anos de morrer, em 1951, no aniversário de 72 anos. Além do violino, Einstein tocava piano e era muito religioso, sem, contudo, professar religião alguma. Para o genial matemático, “a paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos”. Era, acima de tudo, um místico, pois intuitivamente, ele tirava da sintonia que tinha com o cosmo muitas respostas para suas constantes indagações. “Eu penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar e mergulho no silêncio; e eis que a verdade me é revelada”, dizia sempre. Para Einstein, Deus era a lei, a voz da natureza.
         Desde jovem, revelava ojeriza às autoridades. Então, depois dos 50 anos, ao ser forçado a deixar a Alemanha, ficou ainda mais incisivo, tanto que questionava sempre a razão de os religiosos e os governos não dizerem a verdade sobre Deus, o mundo e o homem. “Quais as intenções secretas que eles tinham para manter o homem na ignorância?”, questionava Einstein, que insistia que “meditar não é pensar, mas esvaziar os canais de toda a substância oriunda dos nossos sentidos e colocar-se diante da fonte”, segundo ele, a realidade, a imaginação de Deus. “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”, reforçava.
         Quando estudava em Princeton, o filosófico brasileiro Humberto Rohden, catarinense de Tubarão, escreveu sobre o colega Albert: “Lá estava um homem cujo corpo ainda vivia na Terra, mas cuja mente habitava as mais remotas plagas do cosmo”. Realmente, Einstein era desprendido, desgarrado das coisas mundanas. Certa vez, sua empregada encontrou um cheque de US$ 1,5 mil, recebido por ele havia meses, marcando a leitura de um livro. Era comum ele não se lembrar se havia almoçado, nem sequer sabia o número do telefone da casa em que vivia com a mulher e os dois filhos. Sobre a Teoria da relatividade, o matemático revelou que ela lhe veio por intuição, pois sabia que a certeza intuitiva era anterior a qualquer prova.
         Muitos contemporâneos de Einstein, de vários segmentos da sociedade, questionavam a insistência de ele “falar tanto” com Deus, apesar de os teólogos de então acharem que ele era ateu. Ele não admitia um Deus pessoal, mas um Deus supremo, onipresente e onisciente, que está no centro de todos os lugares e de todas as coisas, como já intuíra Santo Agostinho, fazendo Einstein sentir-se em meio a uma grande fraternidade universal. Em suma, para ele, Deus não era uma personalidade capaz de premiar ou punir, mas a invisível realidade do universo, o que fazia o cientista pensar 99 vezes até que a resposta lhe chegasse intuitivamente, resultando na perfeita sintonia com a fonte, “o silêncio dinâmico onde tudo já está pronto e acabado”. O matemático alemão era um “religado” – religião significa “re-ligação” do homem com o poder infinito. Frisava sempre: “O homem pode não achar Deus, mas Deus o achará, se homem, naturalmente, não se esconder Dele”.
         Sobre o conhecimento era direto: “A leitura, depois de certa idade, distrai excessivamente o espírito humano de suas reflexões criadoras. Todo homem que lê demais e usa o cérebro de menos, adquire preguiça de pensar. A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Einstein tinha forte atração pelo mistério. Segundo ele, o homem que desconhece esse encanto, incapaz de sentir admiração e estupefação, já está, por assim dizer, morto, e tem os olhos extintos. “A emoção é fundamental e está na raiz de todo ciência e arte”, dizia.
         Quanto à fama, tinha resposta curta: “Ela é para o homem como os cabelos – crescem depois da morte, quando já lhe é de pouco serventia”. Tinha com ele que não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará mais uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que ele adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser compreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto.
         Pouco antes de morrer, há 62 anos, Einstein preconizou: “Nossa era deveria ser a do Paraíso na Terra. A humanidade nunca teve, como agora, melhor ensejo de ser feliz”. “O meu ideal político é a democracia, na qual seja cada homem respeitado como um indivíduo; e ninguém idolatrado”, pontuava. Bom seria se os homens de hoje que detêm poder financeiro e político mundo afora – especialmente no Brasil – tivessem um pouco de humildade e se espelhassem no cientista que esquecia cheque ao portador dentro de livros; que detestava mesquinharia, brutalidade, militarismo e guerra; que primava pela ética e que tinha a certeza de que estava sempre falando com Deus. A utopia, às vezes, vale a pena.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
d)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
e)     o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho/2017 a ainda estratosférica marca de 378,30% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 322,60%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses chegou a 3,00%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
f)      a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        


  

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A CIDADANIA E O ESTADO APARTADO

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de agosto de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de OTACÍLIO LAGE, Jornalista, que merece INTEGRAL transcrição:

“Estado apartado

É certo que as normas jurídicas devem ser cumpridas voluntariamente pelos cidadãos subordinados ao Estado. Mundo afora, a democracia predomina, embora ainda existam ditadores e ditaduras, ali e acolá. Houve evolução, mas em muitas regiões do planeta ainda não foram consolidadas formas efetivas para o exercício pleno da cidadania, o que permite a participação concreta dos indivíduos na definição dos destinos da sociedade. Se ela não for forte, consciente e participativa, não há efetiva democracia, pois a proposta de um Estado democrático de direito mostra-se inócua quando há carência de instrumentos que possam limitar o poder e as ações dos administradores. Os subordinados ao Estado não estão apenas à mercê de um poder central (os três poderes), mas submetidos a níveis de poder estratificado, em muitos dos quais as normas jurídicas não assumem formas clássicas (Constituição, leis, decretos etc.), pois são contaminadas pela ação de pequenas autoridades – às vezes, o carcereiro manda mais que o delegado.

No Brasil, o artigo 3º, III, da Constituição Federal, afirma constituir objetivo fundamental da República “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, mas o país, porém, convive com a mortalidade infantil e miséria. A Carta Magna consagra, em seu artigo 196, a saúde como “direito do cidadão e dever do Estado”, mas o país ainda tem muito a fazer para assistir sua população nessa área. Sobre omissão do poder/dever de proteger o povo (legislando eficazmente, processando e julgando). O Estado brasileiro tem em volta de si grossos “anéis” de burocracia, cada um deles influenciando nos interesses e particularismos de sua clientela específica. Programas sociais são distorcidos, recursos e subsídios de projetos, destinados originariamente aos segmentos mais carentes da população, são redirecionados para os próprios setores estatais, para vários grupos empresariais e alguns segmentos das classes sociais mais influentes. Isso gera má distribuição dos direitos e deveres consagrados pelas leis, com os grupos mais articulados conquistando acesso a nichos decisórios privilegiados. Haja incentivos fiscais, créditos facilitados, juros subsidiados, reservas de mercado!

A análise do exame das práticas de Estado traz à tona situações conflitantes ao direito, à ética e à moral, fatores clássicos do processo de interpretação e aplicação das normas que regem um país. Como a maioria da população desconhece os meandros desses princípios e os mais elementares ditames do direito, fica à mercê de ações impregnadas de subterfúgios e carentes de transparência. O exercício da cidadania no Brasil encontra três grandes barreiras: o sistema jurídico brasileiro não tem uma ampla definição de possibilidades para uma efetiva participação popular consciente; a postura excessivamente conservadora de parcelas do Judiciário, apegando-se a interpretações que limitam absurdamente o alcance dos dispositivos legais que permitiriam uma efetiva democratização do poder; e uma profunda ignorância da maioria da população quanto ao direito. Além do poder de votar e ser votado, o brasileiro dispõe de poucas e limitadas possibilidades de fazer valer a lei. Nossas eleições são jogos de cartas marcadas por retórica, teatralidade e publicidade, em que imagens passadas ao público nem sempre são verdadeiras e honestas. Os horários políticos viraram programas cômicos, nada objetivos.

O cidadão brasileiro precisa parar de ser omisso e participar efetivamente das ações de Estado. Afinal, é ele quem elege quem fica à frente deste ente. Não basta a Constituição proclamar (art. 1º, III) que o Estado brasileiro tem como fundamento a “dignidade da pessoa”, se o indivíduo pouco faz para impedir a degradação de sua própria família. Nossa Carta está cheia de previsões normativas não regulamentadas (cadê os juros de 12% ano ano?). Seu artigo 3º assegura que constituem objetivos fundamentais da República: “construir uma sociedade livre, justa e solidária”; “garantir o desenvolvimento nacional”; “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”; e “promover o bem-estar de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Como o cidadão comum pode exigir sua concretização? Haja retórica!

Obras superfaturadas, milhões de reais destinadas a programas de saúde desviados acintosamente, fraudes por todos os lados, crime organizado, segurança fragilizada, inquéritos policiais feitos sob holofotes da mídia, enfim, um rosário de malvadezas minando o erário e engabelando o povo, cuja maioria maciça ainda é boa e honesta. Vem a Justiça e anuncia mutirão para dar uma “faxina” nos presídios, libertando quem já tem direito ou julgando quem é culpado e está nas ruas. Mas faltam presídios e sobram verdadeiras masmorras. Cadê o Estado que não reforma o Código de Processo Penal, com 70 anos de uso. Há no país uma endêmica resistência da magistratura em concretizar avanços sociopolíticos, insistindo em posturas excessivamente conservadoras, formalistas, o que contribui para a impunidade em todos os sentidos.

Cidadania, no Brasil, não é uma realidade, mas apenas uma promessa. Não temos participação consciente dos cidadãos, de pessoas dispostas a participar da condução da sociedade em Estado. Consequentemente, nossa democracia segue manca. Uma sociedade verdadeira não é composta de indivíduos, mas, sim, de cidadãos conscientes. O que a constitui é o sistema de relações sociais, em que vivem, trabalham e lutam seus integrantes. A questão da cidadania não é apenas normativa e doutrinária, mas sociológica. Pouco adianta propalar que cada um é agente de seu destino político, social, econômico, jurídico, se não há condições jurídicas e mesmo pessoais para que isso ocorra. Na Europa medieval, as pessoas acreditavam em fadas, feiticeiros, magos, maldições etc. A vida era tida como mera provação, uma luta entre Deus e o diabo, entre a salvação eterna e o castigo do inferno. Hoje, criança alguma acredita em Papai Noel.

A consolidação do verdadeiro Estado democrático de direito exige muito mais. É preciso que repensemos nossa postura, banindo do dia a dia a alienação política que sustenta a continuidade do sistema espoliativo, que levou o país a ter milhões de habitantes vivendo abaixo da linha da pobreza. Milhares deles se entregam às seduções do vício e da criminalidade, afogada na ilusão de que nesse meio podem exercitar algum tipo de poder. É preciso construir um sistema educacional capaz de criar seres humanos aptos a compreender, de forma crítica e participativa, a realidade social e política, de alterar as legislações que cuidam da participação popular na administração pública e da defesa dos direitos constitucionais. No plano jurídico, urge o comprometimento com o exercício dos meios processuais disponíveis, concretizando uma luta pelos direitos individuais, coletivos ou difusos previstos, bem como pela defesa dos bens e interesses públicos e pela alteração das práticas judiciárias e administrativas de Estado, em que a busca de formalismo determina que se tratem, de forma igualitária, fracos e fortes, espoliados e exploradores. Esse é o desafio posto no colo da sociedade brasileira. Abraçá-lo é uma opção de justiça, postura humanista, calcada num princípio fundamental: evolução.”

São, pois, reflexões LÚCIDAS, CONCISAS, PROFUNDAS e AMPLAS como esses que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO, no exato atendimento dos OBJETIVOS FUNDAMENTAIS proclamados em nossa CONSTITUIÇÃO FEDERAL, que seja verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, LIVRE, SUSTENTAVELMENTE DESEN VOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do Século XXI, da GLOBALIZAÇÃO, da SUSTENTABILIDADE, das NOVAS TECNOLOGIAS, das TECNOCIÊNCIAS e de um mundo da PAZ e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!....

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A CIDADANIA VALORIZA AS VIRTUDES (3/57)

(SETEMBRO = Mês 3; Faltam 57 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)


“Um governo livre é um governo que não prejudica os cidadãos, mas que, pelo contrário, lhes dá segurança e tranqüilidade. Mas ainda há muito chão daí à felicidade, e o homem deve percorrê-lo por conta própria, pois seria uma alma muito grosseira a que se considerasse perfeitamente feliz por desfrutar de segurança e felicidade.”
(STENDHAL, in Do amor)

Nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE acolhe mais uma OPORTUNA e IMPORTANTE contribuição que vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de agosto de 2009, Caderno OPINIÃO, página 9, com a assinatura do Jornalista OTACÍLIO LAGE, com INTEGRAL transcrição:

“Virtudes esquecidas

No dia a dia do país, palavras como fraude, corrupção, golpe, falcatrua, maracutaia, desvio, superfaturamento, contrabando, falsificação, roubo, furto e afins povoam os noticiários. Nas redações de jornais, revistas, rádios e TVs, elas são inseridas em boa parte dos textos que vão para as páginas e ao ar, numa costura cansativa, repetitiva e enfadonha. Não há um só dia que os repórteres se vêem livres delas. No contexto, elas decorrem de outras palavras e expressões como desonestidade, falta de integridade moral e de caráter. Entre as virtudes que o ser humano deve aprender a desenvolver para expressar sua perfeição latente, a integridade constitui um dos fundamentos da dignidade da pessoa. Aquele que é desprovido dela é então indigno de si mesmo e da confiança dos outros. Diriam uns que é relativamente difícil ser totalmente íntegro em pensamento, palavra e ato, porque as circunstâncias da vida nos confrontam constantemente com nossa própria imperfeição e nos submetem a múltiplas tentações.

Mas o que é integridade? É o respeito aos valores morais em que acreditamos, desde que eles estejam em sintonia com o bem-estar físico, mental e espiritual dos outros. Ser íntegro é viver em conformidade com seus ideais., desde que estes não se oponham aos interesses alheios. Inversamente, não ser íntegro é mentir para si mesmo, seja para se consolar por agir mal e tentar ficar de consciência limpa, seja para enganar os menos experientes em algum momento. A integridade anda abraçada com a honestidade, virtude que é a expressão de uma alma pura. Na escolta das duas, está a equidade (senso de justiça).

Hoje, no Brasil, honestidade, integridade e equidade estão vivendo nas sombras, com receio danado de dar as caras. No cenário cotidiano, a sujeira é tanta e falta de brio, de honra e de cumprimentos de promessas e tão vergonhosamente patente que elas parecem deserdadas pela maioria dos
190 milhões de habitantes deste país de substantivo potencial. Não se pode ser íntegro quando se é desonesto. No sentido mais claro, honestidade é a virtude da pessoa de respeitar os bens materiais de outrem e nunca procurar se apropriar deles de maneira indigna ou fraudulenta. Infelizmente, há pessoas – hoje, em grande número – sem escrúpulos que se enriquecem dando trambiques ou roubando mesmo os pertences alheios. Falta aí espiritualidade e sobra vontade vontade desmedida de possuir bens materiais. Muitos desses espertos querem provar que são mais inteligentes ou mais poderosos do que aqueles a quem prejudicam. Não importa o motivo, mas nada justifica o fato de ser desonesto, a não ser a falta de evolução ou de educação desses indivíduos.

Os noticiários envolvendo políticos, então, passam recibo do que vivemos no país em termos de integridade e honestidade. Nas edições de ontem e de hoje, o EM mostra como a chaga da corrupção está presente em cidades pequenas e pobres de Minas Gerais. Na área empresarial, pipocam todos os dias casos de fraudes, falsificação de medicamentos, sonegação fiscal, desvio de cargas, recepção de contrabando, gasolina adulterada, queimadas criminosas, desleixo com a conservação do meio ambiente e do patrimônio histórico etc. Em todos esses exemplos, a desonestidade campeia solta, rodeada por mentiras e até mesmo por ações do crime organizado. No campo político, as pessoas usam e abusam de seu carisma para implantar na opinião pública ideais partidários e dogmáticos, às vezes, com vieses filosófico ou religioso? Quase sempre, elas não são sinceras e carecem totalmente de honestidade em seus propósitos. Geralmente, sua motivação principal é a busca de poder e honrarias, o que revela paralelamente um ego dominador. Essa forma de desonestidade é, ao mesmo tempo, insidiosa e perigosa, pois, sob aparência de sinceridade e verdade, pode induzir a erro milhões de pessoas e subjugar sua consciência.

No cotidiano brasileiro, muitos estão convencidos de serem honestos, e o são efetivamente. Entretanto, será que sua honestidade é baseada numa integridade real ou no medo de que lhes poderia ocorrer se fossem apanhados em delito de desonestidade? Seriam eles também respeitadores das leis caso tivessem certeza de poder violá-las com total impunidade? Nada é menos seguro que isso. Um indivíduo é considerado muito honesto quando a todas as tentações para sair dos trilhos da integridade, caracterizando-se como incorruptível, no sentido mais nobre do termo. A incorruptibilidade é uma virtude que todos deveriam ter a intenção de desenvolver; é a honestidade plena.

O Brasil está envolto por um manancial de fatos escusos, para não dizer termos mais fortes, como se jogássemos água no terreno já encharcado. Haja falta de integridade, tão escassas por nossas plagas. Esta virtude também recorre ao senso de justiça, embora saibamos que é difícil ser justo, tanto para consigo mesmo como outros, porque somos imperfeitos e julgamos em função das nossas próprias opiniões, que, muitas vezes, não são necessariamente boas. No nosso dia a dia, há comportamentos de certos políticos, governantes e empresários que revelam uma evidente má fé ou vontade de ser injusto, quase sempre por interesse. Os mais inclinados a esse tipo de comportamento estão entre os que acham que o fim justifica os meios. A pessoa justa jamais usa sua função, sua autoridade, seu poder ou sua força para obrigar as outras a dizer ou fazer seja lá o que for que eles desaprovem ou que vá contra o sem bem-estar. A integridade não deve ser limitada a mantermos relações sinceras com os outros. Ela está relacionada à maneira como aplicamos à nossa própria vida os princípios morais que defendemos frente aos outros. Apesar de suas fraquezas, inerentes ao homem, melhor seria que as pessoas se esforçassem para viver tanto quanto possível em consonância com seus ideais, a fim de serem um exemplo para as outras com as quais convive ou sobre as quais exercem poder de influência. No Brasil, os honestos e íntegros têm pouca regalia. A maioria depende de promessas cumpridas, da integridade e da lisura dos que governam e administram e da honestidade de quem produz, transporta e negocia.

Sonhar nunca é demais, mas quem sabe um dia o nosso país abraçará de vez as palavras integridade e honestidade, escoltadas pela equidade e avalizadas pela justiça. Integridade é ainda o respeito à palavra dada, o que implica cumprirmos nossos compromissos, sejam quais forem. Antes de prometermos isso ou aquilo, devemos, portanto, mensurar com cuidado se somos efetivamente capazes de cumprir as promessas feitas. Na verdade, mais vale nos abstermos de prometer, dizer ou fazer seja o que for. Há muitas pessoas que ao longo da vida, às vezes, se vêem obrigadas a voltar atrás em suas promessas. Mas fazer disso um hábito é porque realmente não têm palavra ou mesmo honra. E, quando a pessoa perde a confiança das outras e a honra, até sua integridade física está comprometida. Haja carapuça!”

São, portanto, mananciais como esse que devem servir para MITIGAR nossas CARÊNCIAS que nos AFASTAM dos IDEAIS coletivos e, POSSAMOS, com o mesmo ENTUSIASMO, a mesma FÉ, a mesma ESPERANÇA, prosseguir na construção de uma NAÇÃO JUSTA, LIVRE, PRÓSPERA e SOLIDÁRIA, onde a SUPREMA RIQUEZA seja a PARTILHA, a profunda REDUÇÃO das DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS e a verdadeira PROMOÇÃO HUMANA.

O BRASIL TEM JEITO!...