quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA DA CURA, OS COLAPSOS E AS ELEIÇÕES

“A oportunidade de vivermos plenamente a energia da cura
        Havendo concordância entre a vontade profunda de um indivíduo e a vontade superficial que vem da sua personalidade, a cura pode operar-se. Ao harmonizar  a personalidade com a Vida maior, que é a sua essência interior, a cura é processada, e seus efeitos tornam-se visíveis nos planos físico e energético da pessoa.
         Portanto, não se pode dizer de maneira precisa que um indivíduo cure outro, mas sim que cada qual cura a si próprio na medida em que faz essa união em si mesmo. O que chamamos de “curador” é apenas um intermediário para que certa energia incida sobre aquele que será curado, ajudando-o a tomar a decisão de integrar-se.
         A vida, quando não busca a união entre a nossa vontade consciente e a nossa vontade profunda, pode nos levar às doenças. Por isso, qualquer processo terapêutico, para agir de fato, deveria incluir o trabalho fundamental de o “paciente” procurar ver em que pontos de sua vontade pessoal precisa harmonizar-se com a vontade nos níveis sutis, internos do seu ser.
         Em certos casos, para que a cura aconteça, é necessário que estejam juntos aquele que vai ser instrumento da cura e aquele que precisa ser curado. E há circunstâncias em que é útil a presença de uma terceira pessoa, cuja energia, combinada com a de quem “cura” ou com a de quem quer ser liberto, pode ajudar. O lado imprevisto e misterioso da cura não se limita, porém, a fatos assim visíveis. Há exemplos nos quais o indivíduo é curado sem que o perceba: a alegria interior passa a estar presente em seu olhar e a carga da ansiedade deixa de existir em sua mente e em seu coração.
         Para que a cura interior ocorra, nem sempre são necessários intermediários. Essencial é que construamos voluntariamente uma ponte de comunicação entre o nosso eu consciente e o núcleo de amor e sabedoria que habita dentro de nós, núcleo formado de energia inclusiva.
         Essa energia, essência de cada ser, é representada em cada um pelo eu superior. Tomamos conhecimento dela mais cedo ou mais tarde, por meio, principalmente, da pura e simples aspiração por encontrá-la. Desejando manifestar esse amor que a tudo e a todos inclui, acabamos por reconhecê-lo dentro e fora de nós, e, a partir de então, passamos a servir ao mundo e a estar administrados pelos aspectos superiores das mesmas leis que regem o nível humano do nosso ser.
         Mesmo sem a ajuda palpável de intermediários, uma pessoa pode começar a construir essa ponte com a cura. A ajuda de que ele precisa encontra-se principalmente em níveis mais elevados de sua própria consciência. Nesses níveis de consciência mais sutis, nosso eu interno, a alma, é auxiliada a perceber qual é o seu caminho cósmico.
         É como se percorrêssemos uma rota desconhecida, porém cheia de sinais indicativos. Somos livres para segui-los ou não.
         Todo terapeuta que busca ajudar alguém a estabelecer o contato entre os dois aspectos da energia da vontade, a pessoal e a vontade da alma, pode tornar-se um curador. Mas, para sê-lo verdadeiramente, no sentido amplo e espiritual desse termo, precisa estar – ele próprio – com essa união feita em si mesmo, pelo menos até certo grau. É à medida que realiza o trabalho de harmonia em si mesmo que ele se torna capaz de ajudar os outros a se harmonizarem.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 31 de agosto de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Colapsos e eleições
        Colapsos e ameaças de crises emolduram, de modo muito preocupante, as eleições deste ano. Obviamente, trata-se de um alto preço que a sociedade brasileira está pagando, em razão de prejuízos causados ao longo de diferentes etapas da história. Essa constatação não é um agouro pessimista para obscurecer conquistas e avanços. Percebe-se que as demandas são tão grandes e a incompetência para enfrentá-las é tão evidente que não há como amainar a preocupação. Isto precisa tornar-se vetor de interpelação e incômodo na consciência cidadã em geral. Não se pode reduzir ao espaço estreito da política partidária a discussão sobre os rumos do Estado brasileiro.
         As questões são mais complexas e enraizadas, de tal maneira que exigem uma novidade que não pode se restringir às siglas partidárias nem aos chavões que anunciam “o novo na política”. Precisa-se de uma renovação mais profunda e revolucionária de entendimentos. O que se constata, lamentavelmente, é a pouca atenção com a conquista de predicados que possibilite a cidadãos, especialmente àqueles que disponibilizam seus nomes ao sufrágio nas urnas, participar de modo qualificado da política. É grave, pois, o colapso, já cristalizado no funcionamento da sociedade, fruto da equivocada compreensão de que política é oportunidade para ganhar poder, enriquecer-se e distribuir  favores, em benefício de correligionários. Esta conduta enfraquece o entendimento de que a participação na vida pública precisa ser fundamentada na nobreza de servir o povo.
         Os resultados são desastrosos e provocam desânimo no eleitor. Chega-se à situação extrema de ouvir, com frequência, nas conversas cotidianas, que a escolha de candidatos não será pela observação das qualidades, mas pela avaliação de que determinado concorrente é “menos ruim”. A responsabilidade por se ter chegado a isso há de ser partilhada pelo conjunto da sociedade, com uma fatia maior para aqueles que exercem cargos de poder e liderança, formadores de opinião e educadores. Percebe-se uma realidade que clama por urgentes reformas, uma constatação cada vez mais consensual entre todos, no entanto sem sinais de avanços rumo à efetivação. Para realizá-las, são necessárias mudanças de mentalidade. Cada pessoa deve revitalizar o próprio senso de cidadania, priorizar projetos que busquem o bem da sociedade e o crescimento das instituições de onde conseguem o próprio sustento.
         Se todos buscassem essa meta, surgiria um grande movimento, com força de incidência, antídoto para corrigir o afã da corrupção e a falta de vergonha que permite o leilão do patrimônio público em favor de interesses particulares. Permanecer na mesmice é conformar-se com a mediocridade de propostas, reflexo  de quem busca fazer o mínimo, sem coragem para enfrentar sacrifícios, considerando o trabalho apenas como possibilidade de ganho pessoal, a partir da lógica do “quanto mais, melhor”.
         Na raiz dos problemas, está um sério colapso moral de valores e princípios, que provoca crises em muitos campos. As notícias recentes informam, por exemplo, sobre a estagnação da economia. Preocupa, também, e torna-se sinal de alerta, a falta de água, fruto da exploração gananciosa do meio ambiente, prenúncio de situações caóticas. As crises, de vários tipos, pesam nos ombros da sociedade e, se nada for feito, permanecerá delineado um futuro em que elas se apresentarão com maior densidade. É urgente recomeçar. O primeiro passo é a renovação da consciência de cada pessoa no exercício da cidadania e de suas tarefas. Trata-se de construir uma nova cultura, com a colaboração da arte, da beleza e da espiritualidade, do respeito a memórias, da recuperação de sensibilidades que combatem e curam as mediocridades.
         Espera-se, de políticos a construtores da sociedade pluralista, de lideranças a cidadãos comuns, a inspiração a partir de um horizonte humanístico, e não meramente mercadológico.  Somente assim as eleições de 2014 e o decorrer dos dias da sociedade brasileira serão salvos dos prejuízos resultantes de tantos colapsos. A recuperação das perdas supõe a nobreza da cidadania.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância,  de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, há séculos, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a crescente descrença na política e nos políticos, ferindo brutalmente o arcabouço da democracia e maculando a representatividade institucional...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (haja vista a escassez de água...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor a pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com  todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A CIDADANIA, AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS E O DISCERNIMENTO ELEITORAL (2/22)

(Outubro = mês 2; faltam 22 meses para a Olimpíada de 2016)

“Instituições democráticas
        A partir dos primeiros estudos de Douglass North, foi demonstrado que, além das tradicionais variáveis de produtividade, juros, inflação e taxa de câmbio, o sucesso econômico das nações depende essencialmente do grau qualitativo das instituições nacionais. Recentemente, os professores Daron Acemoglu e James Robinson, em seu belo livro Why nations fail, bem realçaram a relação existente entre crescimento econômico e instituições eficazes. Ainda, merece destaque o excelente The great degeneration, escrito pelo prestigiado professor de Harvard Niall Ferguson, que igualmente analisou o declínio americano sob uma ótica de retrocesso institucional. De tudo, fica a clara certeza de que as instituições pesam para o bem ou para o mal dos povos.
         Estamos em ano eleitoral, sendo absolutamente obrigatório o debate sobre o nível das instituições brasileiras. Quanto ao ponto, é importante frisar que a existência de um ambiente institucional favorável depende tanto de condições políticas como de iniciativas cívicas positivas. É justamente a comunhão de perspectivas saudáveis que garante as necessárias condições de desenvolvimento humano, político, econômico e social. A política pode e deve ser imediatamente remediada pelas organizações da vida civil e, assim, retomar o prumo, voltando a honrar os alto interesses políticos dos cidadãos.
         Indubitavelmente, a existência de altas lideranças e de partidos autênticos estimula e compele a formação de uma política mais decente. Acontece que, infelizmente, vivemos um tempo de líderes sem brio e de partidos tíbios. Nesse ocaso da política, temos que resgatar a força transformadora da sociedade civil que, pela ação conjugada de seus membros e organizações, deve compensar o temporário vácuo político com práticas coletivas e firmeza de caráter. Em outras palavras, quando a política falha, engana ou se omite, são as instituições democráticas que devem se impor. Afinal, se os políticos passam, as instituições permanecem.
         O Brasil tem jeito. Para tanto, temos que trabalhar por nosso país. Quando a cidadania faz a sua parte, a política se regenera por osmose. Todavia, quando o cidadão se ausenta, a política degenera e as instituições definham. A decadência da vida pública nacional é um palpável sintoma da falta de sentimento republicano. Na verdade, existe um hiato de participação política responsável no Brasil. Nós, os mais jovens, estamos alheios ao processo democrático, deixando que velhos hábitos corroam novas esperanças e justas expectativas de futuro. Eventuais novos candidatos de fôlego são, geralmente, celebridades de rasa formação política, mas de grande potencial eleitoral. Prestigia-se, com isso, apenas a roda fútil do poder, prejudicando, ato contínuo, a fundamental qualidade da representação.
         Por circunstâncias especiais do meu viver, tive a sorte de conhecer uma teoria política que vislumbrava o desempenho da vida pública como um  dever, e não como uma profissão. Eram cidadãos plenamente conscientes de que um futuro melhor estava intimamente ligado ao exercício sério e responsável da atividade política. Objetivamente, hoje, a maioria dos mais capazes abdicou do dever da vida pública. E, quando o bom cidadão se ausenta da política, a democracia se transforma em um precário governo de medíocres.
         Alguns irão dizer que as altas personalidades do passado ou mesmo do passado recente fazem parte de um tempo político que se foi e nunca mais irá voltar. Ora, esse tipo de pensamento é justamente o que os tacanhos querem para, com isso, manter a estratégia de diariamente banalizar a política, afastando aqueles que poderiam fazer a diferença. Sem cortinas, a inércia de nossa geração é um desrespeito a todos que lutaram pela liberdade no Brasil. Não podemos mais nos omitir. A indiferença cívica é a semente da derrota da democracia.
         Outubro é logo ali. E você, meu caro leitor, de que lado está? Quer um Brasil melhor ou apenas deseja ser um fantoche da democracia? Quer participar de verdade ou simplesmente se contenta em ser massa de manobra? Enfim, quer ser autenticamente um  cidadão ou está confortável em ser um simples nada político?”

(SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR. Advogado, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 5).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 3 de outubro de 2014, mesmo caderno, página 9, de autoria de DOM  WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Discernimento eleitoral
        A cidadania brasileira está desafiada, mais uma vez, a viver o necessário discernimento eleitoral, para fazer escolhas qualificadas no próximo domingo. Esse exercício é de fundamental importância, pois serão definidos nomes que vão ocupar os cargos eletivos, todos estratégicos para a condução do país. Não é fácil esse processo de discernimento. A primeira e importante consideração , necessariamente, é sobre o perfil e a vida de cada candidato. É difícil encontrar um nome que reúna todos os itens apontados como indispensáveis para governar e representar bem o poder que pertence ao povo; e que a ele deve ser devolvido na forma de serviços. Os eleitos precisam ser pessoas capazes de reconhecer e atender os anseios da população, particularmente dos mais pobres. Diante dos critérios a serem observados, constata-se que processo de qualificada escolha de candidatos é laborioso, mas isso não pode produzir desânimo.
         Nas eleições, o povo tem a chance de compor um time que, embora possa não alcançar o patamar da seleção sonhada, seja capaz de produzir avanços na superação urgente de graves problemas, como as desigualdades sociais. Para isso, é preciso contrabalançar elementos – trajetória, consistências pessoais, força de liderança, lastro de representatividade. Essas qualidades, e muitas outras, precisam ser observadas e identificadas nas pessoas que se submetem ao sufrágio das urnas. Eleger políticos com perfil marcado pela articulação dessas características é contribuir para a composição de um quadro, nos governos e parlamentos, com mais lucidez no trato, defesa e promoção de tudo que é público.
         Vale ressaltar que mediocridades são um veneno terrível que enterra definitivamente as aspirações do povo. Elas corroem instâncias de grande importância política e social, transformando-as em palcos de interesses partidários e de grupos. A partir da presença de pessoas desqualificadas, governos e parlamentos tornam-se marcados por uma visão míope das urgências da sociedade, agravada pela incapacidade de analisar, escolher e agir com rapidez. Não se pode permitir que um mandato de quatro anos torne-se tempo para o eleito “ciscar de cá para lá e de lá para cá”, obrigando o gigante que é esta nação a permanecer adormecido. Bom seria contar com uma série de nomes cuja dificuldade de escolha residisse na excelência dos muitos perfis, todos sem senões, com os elementos adequados da vida pessoal, social e política. Infelizmente, não é assim.
         Não se crê que o ambiente político-partidário vigente consiga produzir essas excelências cidadãs. Ao contrário, talvez muitas vezes seduza em direção inadequada aqueles que poderiam construir uma trajetória brilhante no mundo da política. Mas a sabedoria popular ensina que “não adianta chorar o leite derramado”. Providências significativas e transformadoras são sonhadas e buscadas, entre elas, a urgência da reforma política, que deve contracenar com um processo educativo e de configuração social capaz de revitalizar a cidadania brasileira. Agora,  na lista dos nomes a serem escolhidos, com uma isenção que localiza o discernimento no território da lucidez, é preciso escolher quem pode representar melhor o povo, sem sucumbir ao “peso pesado”, e até perverso, do mundo da política.
         Há quem preferiria que se apontassem os nomes, à moda do chamado “voto de cabresto”, algo totalmente obsoleto e prejudicial que não pode mais ser o vetor das eleições. Seu contraponto é o qualificado processo de discernimento. Ainda é tempo para vivê-lo, confrontando perfis, nomes, histórias e, não menos importante, o fôlego de candidatos para dar conta de sua missão. A meta dos eleitos não pode se resumir ao sucesso nas urnas. Definidos como representantes da população nos governos e parlamentos, eles precisam permanentemente buscar o diálogo, a proximidade com o povo, disposição para trabalhar com transparência e almejar sempre as conquistas sociais.
         Não é possível, a modo de cartilha, listar todos os critérios que sirvam de parâmetro para a definição dos perfis ideais de candidatos. Nesse período de preparação que precede a ida às urnas, é cidadania bem vivida guiar-se também por um razoável tempo de silêncio e confrontos pessoais para chegar ao nome. Discernimento eleitoral não é simples emoção, simpatia ou antipatia, cor partidária, mero conhecimento ou amizade pessoal. O atual momento exige muito mais esforço de cada pessoa. Todos precisam partilhar a certeza de que a situação social, o desenvolvimento integral e o tratamento lúcido da sociedade estão no que é poder de cada cidadão: o seu discernimento eleitoral.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado),  como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;  
  
     b) o combate, implacável, sem eufemismos e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, em dezembro de 1994, já dizia o presidente da CEI - Comissão Especial de Investigação, ministro Romildo Canhim : “É preciso que se crie uma política anticorrupção no país, pois o esquema empregado atualmente é sofisticadíssimo...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível  e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...


terça-feira, 30 de setembro de 2014

A CIDADANIA, O APAGÃO DA AUTORIDADE E AS ELEIÇÕES COM FOCO NOS POBRES




“Apagão da autoridade
        A multiplicação dos crimes em família tem deixado a opinião pública em estado de choque. Paira no ar a mesma pergunta que Fellini pôs na boca de um dos personagens do seu filme Ensaio de orquestra, quando, ao contemplar o caos que tomara conta dos músicos depois da destruição do maestro, pergunta perplexo: “Como é que chegamos a isto?”. A interrogação está subjacente nas reações de todos nós, caros leitores, que, atordoados, tentamos encontrar resposta para a escalada de maldade que tomou conta do cotidiano.
         A tragédia que tem fustigado algumas famílias aparece tingida por marcas típicas da atual crônica policial: uso das drogas, dissolução da família e crise de autoridade. Não sou juiz de ninguém, mas minha experiência profissional indica a presença de um elo que dá unidade aos crimes que destruíram inúmeros lares: o esgarçamento das relações familiares. Há exceções, é claro. Desequilíbrios e patologias independem da boa vontade de pais e filhos. A regra, no entanto, indica que o crime hediondo costuma ser o dramático corolário de um silogismo e da ausência, sobretudo paterna. A desestruturação da família está, de fato, na raiz da tragédia.
         Psiquiatras, inúmeros, tentam encontrar explicações nos meandros das patologias mentais. Podem ter razão. Mas nem sempre. Independentemente dos possíveis surtos psicóticos, causa imediata de crimes brutais, a grande doença dos nossos dias tem um nome menos técnico, mas mais cruel: a desumanização das relações familiares. O crime intra e extralar medra no terreno fertilizado pela ausência.O uso das drogas, verdadeiro estopim da loucura final, é, frequentemente, o resultado da falência da família.
         A ausência de limites e a crise da autoridade estão na outra ponta do problema. Transformou-se o prazer em regra absoluta. O sacrifício, a renúncia e o sofrimento, realidades inerentes ao cotidiano de todos nós, foram excomungados pelo marketing do consumismo alucinado. Decretada a demissão dos limites e suprimido qualquer assomo de autoridade – dos pais, da escola e do Estado –, sobra a barbárie. A responsabilidade, consequência direta e imediata dos atos humanos, simplesmente evaporou. Em todos os campos. O político ladrão e aético não vai para a cadeia. Renuncia ao mandato. O delinquente juvenil não responde por seus atos. É “de menor”.
         A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. Gastamos muito tempo no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas. O saldo é uma geração desorientada e vazia. O inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem de inúmeras patologias. A forja do caráter, compatível com o clima de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução válida. A pena é que tenhamos de pagar um preço tão alto para redescobrir o óbvio.
         O pragmatismo e a irresponsabilidade de alguns setores do mundo do entretenimento estão na outra ponto do problema. A valorização do sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima de normalidade e a consagração da impunidade têm colaborado para o aparecimento de mauricinhos do crime. Apoiados numa manipulação do conceito de liberdade artística e de expressão, alguns programas da televisão crescem à sombra da exploração das paixões humanas.
         As análises dos especialistas e as políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos politicamente corretos. Fala-se de tudo. Menos da crise da família e da demissão da autoridade. Mas o nó está aí. Se não tivermos a coragem e a firmeza de desatá-lo, assistiremos a uma espiral de crueldade sem precedentes. É só uma questão de tempo. Já estamos ouvindo as primeiras explosões do barril de pólvora. O horror dos lares destruídos pelo ódio não está nas telas dos cinemas. Está batendo às portas das casas de um Brasil que precisa resgatar a cordialidade e a tolerância.”

(CARLOS ALBERTO DI FRANCO. Doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 29 de setembro de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 12 de setembro de 2014, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Os pobres e as eleições
        A propaganda eleitoral, produzida com a finalidade cidadã de dar a conhecer perfis de candidatos, suas propostas e programas, apresenta-se como um gênero de pouca qualidade formativa, sem entrar no mérito dos recursos  tecnológicos, técnicas de comunicação, cenários atrativos e criativos. O infrutífero discurso de ataques recíprocos contribui menos ainda. Não é nobre tentar convencer o eleitorado a partir da desconstrução da imagem do adversário. No entanto, trata-se de uma prática muito comum que revela mediocridades. O mundo digital tem facilitado esse tipo de conduta, que é, no mínimo, antiética. A internet é, muitas vezes, utilizada como esconderijo de pessoas que não têm coragem de se revelar publicamente e, na comodidade do anonimato, sentem-se no direito de fazer críticas e acusações, mesmo que infundadas. Os novos ambientes que surgem com as tecnologias de comunicação, neste aspecto, tornam-se refúgio dos que evitam o “frente a frente” e dos que são incapazes de exercer a nobreza da escuta.
         Não é raro ver gente de diferentes idades, no mundo virtual, falando mal dos outros, mesmo sem conhecer processos, esforços e realidades. De fato, é muito fácil ficar repetindo, “como papagaio”, frases alheias. Mas quem o faz, sem refletir, se enquadra em parâmetros medíocres, principalmente quando se acha no direito de julgar e atacar os outros. Vale sempre perguntar onde se vai chegar com essa dinâmica. O universo digital permite grandes mudanças e acelera o ritmo da vida. Exige de todos uma postura mais consciente, pois está em jogo o modo de aproximar-se da verdade. A truculência imoral de crescer porque desprestigiou o outro, sustentando inverdades, é contramão de um caminho construtivo. De certo modo, quem o faz indica que todos os nomes submetidos ao sufrágio das urnas, exceto o seu, são inadequados. Prioriza-se um discurso depreciativo para indicar que o outro é pior.
         Essas práticas viciam não somente o cenário eleitoral, mas também as relações construtivas entre pessoas, famílias e instituições. O mais grave de tudo isso é priorizar discursos de autopromoção e de desqualificação dos outros, em detrimento às ações que realmente contribuam para o exercício da cidadania. Esses vícios e mediocridades, comuns à prática política vigente, produzem o resultado que interessa apenas a quem se candidata e, a qualquer preço, busca vencer as eleições. Certamente, o país e, especificamente, o cidadão ganhariam mais com uma política qualificada por discussões propositivas, pela abordagem de questões com mais profundidade. Alcançar este estágio exige ainda um longo percurso cidadão e novos passos na construção da sociedade.
         Não é fácil enxergar frutos que nascem desses discursos que se resumem à autopromoção, distantes da inegociável modéstia e do indispensável reconhecimento dos próprios limites. Eles formam uma grande mistura que obscurece o que de fato está acontecendo. Trazem prejuízos às escolhas que precisam ser resultado de um amadurecido discernimento social e político. Fortalecem a preguiça que enfraquece a cidadania, base para escolhas feitas por impulsos, simpatias que não cabem mais em política e outros vetores que não qualificam o processo eleitoral. Talvez, também por isso, qualquer um sente-se encorajado a se candidatar, mesmo sem propostas concretas.
         Neste cenário desafiador, examinando a propaganda eleitoral, em meio ao “tiroteio” de uma ladainha de promessas, muitas inexequíveis, vale observar o que, no discurso dos candidatos, indica compreensão humanística e antropológica sobre o compromisso com os mais pobres. Não se trata das falas demagógicas. Incontáveis promessas são feitas para o âmbito da economia – seu funcionamento, reformas, intervenções.Nessas falas, vale examinar e tentar encontrar sinais de sensibilidade, dos partidos e políticos, sobre a condição dos mais pobres. Aos políticos, essas indicações não devem ser mecanismo marqueteiro para conquistar simpatia de grandes camadas carentes da população. Precisam sinalizar estratégias e inteligência comprovada para mudar os cenários vergonhosos de exclusão social e superar problemas graves que se arrastam ao longo de tanto tempo.
         Todos reconhecem a necessidade de mudanças nos complexos funcionamentos e mecanismos da economia, da infraestrutura, educação, saúde. Contudo,  é determinante – e deve ser um critério forte na escolha para votar – a adequada compreensão antropológica dos pobres, sem a qual não será possível a construção das esperadas propostas para todos esses campos. A opção preferencial pelos pobres, ensinada nos evangelhos, faz parte da fé cristã. Mas ainda falta muito para ser também a opção preferencial de candidatos, executivos, gestores, governantes. Assumi-la corajosamente é uma indispensável saída para qualificar a política, dar velocidade às mudanças necessárias, corrigir injustiças e cultivar o gosto pela solidariedade. A sociedade brasileira espera isso dos políticos e ainda não se vê efetivamente contemplada com as propostas. Exige-se a preferência dada aos pobres para gerar efetivas políticas emancipatórias, e não apenas compensatórias. Só assim as eleições trarão resultados novos, abrindo caminhos para inovações sociais, políticas e na gestão.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável, sem eufemismos e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis (a propósito,  estudo feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que no ano passado tramitaram 95,1 milhões de processos, sendo que 66,8 milhões – 70% deles – já estavam acumulados, e 28,3 milhões foram de novos processos...);

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...