quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A CIDADANIA BUSCA A ARTE DE GOVERNAR (4/56)

(Outubro = Mês 4; Faltam 56 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“No afresco que recebeu o título de Buongoverno, pintado por Ambrogio Lorenzetti no Pallazo Pubblico de Siena, a figura central do regente, contornada pelas virtudes cardeais e sobranceada pelas virtudes teologais, foi interpretada como representação do bem comum, segundo os versos que abaixo dela se lêem: “Questa santa virtú li dove regge/induce all’unità le animi molti/ e questi acciò ricolti/ um Ben Comun per lor signor si fanno”. (Esta santa virtude ali onde rege/induz à unidade os muitos ânimos/ e estes assim recolhidos/ um Bem Comum por seu senhor se fazem). Não é por acaso que as duas figuras centrais são aquele do bom regente, que personifica o bem comum e tem ao seu lado a paz, e aquela da Justiça inspirada, do alto, pela Sabedoria, que traz abaixo de si a Concórdia.”
(NORBERTO BOBBIO, em Teoria Geral da Política – Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000, página 211).

Mais uma OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇAO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2132 – ano 42 – nº 39, de 30 de setembro de 2009, página 26, de autoria de CLÁUDIO DE MOURA CASTRO, economista, que merece INTEGRAL transcrição:

“A arte de governar

Nas democracias, o governo cumpre os desígnios dos cidadãos. O povo diz o que quer, o governante executa. Parece uma receita infalível. Mas será? Em cidade relativamente próspera de Minas Gerais, uma pesquisa de opinião mostrou que três quartos dos jovens reclamavam da falta de diversões. Apesar de os esgotos serem jogados in natura nos córregos, nem mesmo entre os adultos houve reclamações quanto à falta de tratamento de efluentes. Sabidamente, esse é o investimento que mais faz cair a mortalidade infantil. O que deve fazer o prefeito? Esgotos que salvam vidas ou espetáculos de música sertaneja que trazem votos?

Um livro recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Understanding Quality of Life, mostra abundantes estatísticas sobre o que os latino-americanos mais valorizam. Nelas fica claro o conflito entre o que as pessoas querem e o que é necessário para garantir um futuro promissor para o país. Pesquemos alguns temas do livro. As pessoas querem medicina de alta tecnologia e atendimento hospitalar. Contudo, a saúde pública preventiva é mais barata e evita doenças. Verificou-se também que o estado de saúde das pessoas pouco se associa com as suas percepções de saúde. No Brasil, pobres e ricos estão igualmente satisfeitos com os serviços de saúde. Mas sabemos serem piores para os pobres. Nos países mais ricos da América Latina, há mais contentamento com a situação da saúde. No entanto, quando o país cresce, baixa essa satisfação. Não dá para entender. No Brasil, 65% dos entrevistados estão satisfeitos com a educação. Somente os mais educados percebem como ela é ruim. De fato, sabemos ser péssima a sua qualidade: último lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2001. Ainda pior, entre l980 e 2000, em um grupo de 35 países, o Brasil foi o que mais recuou de posição.

Na área econômica, as percepções também estão desalinhadas com a realidade. Mais renda se associa a mais satisfação. Até aqui, vamos bem. Mas o crescimento econômico traz desagrados. Entre outras coisas, requer mudança de políticas, reformas e outros sustos, mais temidos do que a pobreza. Apesar de o desenvolvimento econômico acabar beneficiando os pobres, são eles que mais resistem às mudanças. Ademais, têm um opinião mais ingênua acerca da competência do governo. Nessa área, entra em cena um mecanismo maldito. As aspirações crescem mais rápido do que a renda.

Em suma, os governados indicam aos governantes algumas prioridades incompatíveis com o progresso. Pensam no curto prazo e são consumistas impenitentes. Dizem que querem sistemas de saúde mais caros (e mais ineficientes). Querem conforto nas escolas e desdenham mais aprendizado. Não querem as reformas econômicas imprescindíveis para crescer.

A reação mais imediata diante dessa miopia nas preferências é perguntar se não seria a melhor receita um governo autoritário, do tipo “déspota esclarecido”. Contudo, como Churchill nos advertiu, a democracia é um péssimo sistema de governo, com a agravante de que não há outro melhor. A experiência com déspotas de todos os sabores não mostra um bom registro histórico. Quando acertam aqui, acolá cometem um erro mais estrondoso. Não é por aí. Temos de insistir nos acertos capengas que nos oferece um sistema democrático e na tentativa de esclarecer a opinião pública.

Os governantes se equilibram em terreno resvaladiço. Se tentam oferecer o que trará mais progresso e desenvolvimento, sem ouvir o povo, arriscam-se a perder sua popularidade e, com ela, seu poder de implementar reformas. Podem acabar execrados e sem reformas (veja-se Jimmy Carter). Governos populistas fecham as portas para o futuro se jogam confete ao povaréu ou alimentam seus anseios imediatistas. Os exemplos latino-americanos estão nos jornais. Em contraste, governantes bem-sucedidos não perdem a ressonância com a sociedade, mas negociam também uma agenda de futuro.

A história classifica como estadistas aqueles que perceberam as reais necessidades do país, assumiram o risco da impopularidade no curto prazo, mas souberam vender suas idéias com sucesso. Na teoria, a receita é simples: visão, coragem e liderança. A pílula pode ser amarga. Churchill jogou pesado quando ofereceu aos ingleses apenas “sangue, suor e lágrimas”. Mas ganhou. Pena que não adianta colocar um anúncio classificado do tipo “Precisa-se de um estadista”.”

Eis, pois, o nosso grande COMPROMISSO: através da EDUCAÇÃO, atingir elevado grau de CONSCIENTIZAÇÃO para a CIDADANIA e PARTICIPARMOS efetivamente da construção de uma SOCIEDADE que seja JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que PROPICIE a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS caminhos seguros para a PAZ, a PROSPERIDADE e a FELICIDADE.

Que o BRASIL 2014 nos LEVE à CONQUISTA da COPA DO MUNDO DE FUTEBOL e de OUTRAS COPAS PRECIOSÍSSIMAS: da ÉTICA, da CIDADANIA, da EDUCAÇÃO, do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...

O BRASIL TEM JEITO! É a nossa FÉ. É nossa ESPERANÇA...