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sexta-feira, 23 de maio de 2014

A CIDADANIA E OS DESAFIOS DA NOVA LIDERANÇA E DOS PRECONCEITOS

“O líder e a atual encruzilhada humana
       
          Estamos vivendo uma era de transformações. A realidade do mundo moderno, as inovações tecnológicas e as mudanças nos padrões culturais e sociais estão alterando sensivelmente as relações do ser humano com seu ambiente familiar e corporativo.
          Antes vivíamos conectados com a natureza, a terra, a água, as coisas que nos faziam bem. Hoje estamos, durante todo o tempo, conectados a um smartphone e a internet, compartilhando individualidades, em uma busca desenfreada pela exposição e com um sentimento de competição. Por fim, fica a sensação de que o dia foi insuficiente para resolver todas as nossas tarefas.
          Nossos amigos agora são virtuais; compartilhamos mensagens em vez de emoções. Pergunto-me se e pergunto-lhes será esse o caminho para o desenvolvimento da humanidade. Se a informação por si só nos levasse a bons lugares, estaríamos vivendo no paraíso. Entretanto, as pessoas estão cada vez mais querendo disputar e demonstrar um status econômico e social. Isso faz com que elas sofram dentro do ambiente corporativo.
          Sabemos que uma organização se faz com a união de pessoas focadas em trabalhar, se organizar e ganhar dinheiro, pois necessitam satisfazer suas necessidades pessoais e econômicas. Nesse ambiente, a palavra solidariedade deve caminhar junto à competitividade e, infelizmente, não é o que observamos atualmente. As pessoas, cada vez mais, tem visto seus colegas de trabalho como concorrentes ou ameaças. Isso gera um sofrimento por estresse, doenças psicossociais ou até físicas e apatia no trabalho. Elas vivem a segunda-feira como um martírio e terminam a sexta-feira como se estivessem saindo de uma prisão.
          De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association, no Brasil, quase metade dos profissionais, hoje, está apresentando sintomas de estresse. E o trabalho é a principal causa disso. Ainda segundo a pesquisa, quase 71% das pessoas entrevistadas apontaram a falta de tempo, as relações e o excesso de tarefas como causas primordiais do estresse.
          Diante desse cenário sem perspectivas de mudanças em curto prazo, a figura do novo líder desponta como fator transformador dentro das organizações e na sociedade. Grandes líderes sempre motivaram grandes mudanças movendo as pessoas e as nações pela inspiração, pelo exemplo e pelas atitudes.
          Segundo o físico quântico indiano Amit Goswani, em seminário recente no Brasil, o novo líder deve basear-se no princípio de amor no cérebro, liberando o medo e a necessidade de controle, para deixar a intuição influir. O papel do novo líder é esse. Motivar, transformar ambientes corporativos, defender e proteger o meio ambiente, zelar pelos valores éticos e morais; ser uma vela sempre acesa, inspirando a transformação em outras pessoas. E para isso, é preciso investir fundo no autoconhecimento.
          Um verdadeiro líder precisa, antes de tudo, alcançar a liderança de sua própria vida, para depois seguir como exemplo de transformação. O exemplo de Nelson Mandela como um líder, que passou por um processo profundo de autoconhecimento durante seu exílio e prisão mostrou como ele ficou depois disso, preparado para conduzir uma revolução no seu país e promover mudanças que repercutiram em todo o mundo. Essa é a encruzilhada atual da humanidade. Ou investimos nesse caminho de autoconhecimento, estando preparados para as mudanças necessárias, ou ficamos reféns dos modelos mentais coletivos, correndo o risco de passar a vida sem deixar um legado.”

(GLAUCUS PASSOS BOTINHA. Diretor do grupo Selpe Recursos Humanos e diretor da Associação Comercial e Empresarial de Minas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de maio de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 21 de maio de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor de A obra do artista – uma visão holística do Universo (José Olympio), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Preconceitos
       
          García Márquez, em Doze contos peregrinos, conta a história de um cachorro que, todos os domingos, era encontrado no cemitério de Barcelona, junto ao túmulo de Maria dos Prazeres, uma ex-prostituta.
          Com certeza se inspirou nas histórias reais de Bobby, um terrier de Edimburgo, Escócia, que durante 14 anos guardou o túmulo de seu dono, enterrado em 1858. Pessoas comovidas com a sua fidelidade cuidavam de alimentá-lo. O animal foi sepultado ao lado e, hoje, há ali uma pequena escultura dele e uma lápide, na qual gravaram: “Que a sua lealdade e devoção sejam uma lição para todos nós”.
          Em Tóquio, ergueram também uma estátua na estação Shibuya, em homenagem a Hachiko, cão da raça Akita que todos os dias ali aguardava seu dono retornar do trabalho. O homem morreu em 1925. Durante 11 anos o cachorro foi aguardá-lo na mesma hora em que costumava regressar. Hoje, a estação tem o nome do animal.
          Cães e seres humanos são mamíferos e, como tal, exigem cuidados permanentes, em especial na infância, na doença e na velhice. Manter vínculos de afeto é essencial à felicidade da espécie humana. A Declaração da Independência dos EUA teve a sabedoria de incluir o direito à felicidade, considerada uma satisfação das pessoas com a própria vida.
          Pena que atualmente muitos estadunidenses considerem a felicidade uma questão de posse, e não de dom. Daí a infelicidade geral da nação, traduzida no medo à liberdade, nas frequentes matanças, no espírito bélico, na indiferença para com a preservação ambiental e as regiões empobrecidas do mundo.
          É o chamado “mito do macho”, segundo o qual a natureza foi feita para ser explorada, a guerra é intrínseca à espécie humana, como acreditava Churchill; e a liberdade individual está acima do bem-estar da comunidade.
          O darwinismo social é uma ideologia cujos hipotéticos fundamentos já foram derrubados pela ciência, em especial a biologia e a antropologia. Basta ler os trabalhos do pesquisador Frans de Waal, editados no Brasil pela Companhia das Letras. Essa ideologia foi introduzida na cultura ocidental pelo filósofo inglês Herbert Spencer, que no século 19 deslocou supostas leis da natureza, indevidamente atribuídas a Darwin, para o mundo dos negócios. John D. Rockfeller chegou ao ponto de atribuir à riqueza um caráter religioso ao afirmar que a acumulação de uma grande fortuna “nada mais é que o resultado de uma lei da natureza e de uma lei de Deus”.
          Na natureza há mais cooperação que competição, afirmam hoje os cientistas. O conceito de seleção natural de Darwin deriva de sua leitura de Thomas Malthus, que em 1798 publicou um ensaio sobre o crescimento populacional. Malthus afirmava que a população que crescer à velocidade maior que o seu estoque de alimentos seria inevitavelmente reduzida pela fome.
          Spencer agarrou essa ideia para concluir que, na sociedade, os mais aptos progridem à custa dos menos aptos e, portanto, a competição é positiva e natural. E os que são cegos às verdadeiras causas da desigualdade social alegam que a miséria decorre do excesso de pessoas neste planeta, e que medidas rigorosas de limitação da natalidade devem ser aplicadas.
          Nem Malthus nem Spencer colocaram uma questão muito simples que, em dados atuais, merece resposta: se somos 7 bilhões de seres humanos e, segundo a FAO, produzimos alimentos para 12 bilhões de bocas, como justificar a desnutrição de 1,3 bilhão de pessoas? A resposta é óbvia: não há excesso de bocas, há falta de justiça.
          Quanto mais são derrubadas barreiras entre classes, hierarquias, pessoas de cor de pele diferente, mais os privilegiados e seus ideólogos se empenham em busca de possíveis justificativas para provar que, entre humanos, uns são naturalmente mais aptos que outros.
          Outrora, os nobres eram considerados uma espécie diferente, dotada de “sangue azul”. Como quase não tomavam sol e tinham a pele muito branca, as veias das mãos e dos braços davam essa impressão.
          Com a Revolução Industrial, gente comum se tornou rica, superando em fortuna a nobreza. Foi preciso então uma nova ideologia para tranquilizar aqueles que galgam o pico da opulência sem olhar para trás. “Que o Estado e a Igreja cuidem dos pobres”, insistiam eles. E tão logo o Estado e A Igreja passaram a dar atenção aos pobres (e é bom frisar, sem deixar de cuidar dos ricos, que o digam o BNDES e a Cúria Romana), como no caso do Estado de bem-estar social, do socialismo e da Teologia da Libertação, os privilegiados puseram a boca no trombone, demonizando as políticas sociais, acusadas de gastos excessivos, e a “opção pelos pobres” da Igreja.
          Preconceitos e discriminações não nascem na natureza. Brotam em nossas cabeças e contaminam as nossas almas.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)    a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos (por exemplo, os sempre crescentes congestionamentos especialmente nas regiões metropolitanas...);

     c)    a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais particularmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...
  
           


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A CIDADANIA, A CIÊNCIA, A EDUCAÇÃO E AS EXIGÊNCIAS DA COMPETITIVIDADE

“Ciência e educação para o futuro

O Instituto de Física e Química de São Carlos (USP) acaba de dar um passo à frente ao implantar um curso noturno inovador e inédito de Licenciatura em Ciências Exatas, que almeja valorizar o professor da escola básica, dando-lhe uma formação multidisciplinar e integrada do conhecimento científico. As aulas tiveram início quando os jornais ainda repercutiam a decisão do presidente Itamar Franco autorizando as universidades federais a criar cursos noturnos destinados ao atendimento desse programa, essencial para a formação de professores para o ensino de 1º e 2º graus, notadamente para as disciplinas de ciências exatas. O novo curso de São Carlos complementa o trabalho que há mais de dez anos vem sendo realizado pela Coordenadoria de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) daquele Instituto que, entre outras atividades, desenvolve kits modulares de laboratório para alunos e treina professores de ciência da rede escolar primária e secundária.

A Universidade de São Paulo está agindo preventivamente. O baixo nível de formação dos licenciados para as escolas de primeiro e segundo graus compromete irremediavelmente o desenvolvimento científico e tecnológico e põe em sério risco o futuro do país. O Instituto de Física e Química de São Carlos, reconhecido internacionalmente por suas pesquisas de fronteira e respeitado pelo desenvolvimento e domínio de tecnologias de ponta, receia que a falta de motivação atual de nossas crianças pelas ciências, em virtude da precária qualidade do ensino, acabe afetando, a médio prazo, a necessária constituição de uma sólida base científica. Sendo as universidades públicas, em nosso país, detentoras da maior competência e da melhor capacidade instalada, é inaceitável que mais de 90% dos professores da escola básica continuem sendo oriundos do ensino particular.

Além do grave e crônico problema salarial do professorado amplamente combatido e que exige pronta solução pelos Estados e municípios, do desprestígio social da profissão e das más condições de trabalho do professor, a questão das licenciaturas oferece outros ângulos para o debate. Na verdade, o declínio da qualidade do ensino básico em geral e em especial do ensino de ciências não é um drama vivido apenas pelo Brasil.

Mantidas as devidas proporções, o sistema educacional norte-americano também passa por uma grande crise de competência e identidade e vem sendo sistematicamente questionado em sucessivas reuniões científicas internas, desde o início dos anos 80. Recentemente, a revista “Scientific American”, abordando este assunto, revelou que as crianças americanas têm um conhecimento muito pobre de ciência. Divulgou o resultado de uma pesquisa realizada durante os anos 90/91, em 15 países, apontando os Estados Unidos em um malogrado 13º lugar, atrás da Coréia, Taiwan, Hungria, Eslovênia, Israel e Espanha, entre outros. E mais, verificou-se que nos últimos dez anos cresceu de 25% para 35% o desinteresse por ciência entre os estudantes na faixa de quatro a 12 anos de idade. Observou-se ainda que a população norte-americana, de um modo geral, apresenta poucas noções de ciências e não pode acompanhar o avanço das tecnologias que chegam cada vez mais ao seu mercado: disc laser, cassete digital, fibras óticas, telefonia celular, códigos de barras, realidade virtual, inteligência artificial, automação etc. Em vista destes resultados tão desastrosos, vários organismos do governo americano tomaram para si a tarefa de proceder reformas educacionais profundas e radicais nas estruturas curriculares de suas escolas secundárias. Esta já é uma segunda reação. O primeiro alerta foi disparado ainda em 1983 através da publicação do relatório “A Nação em Risco”, elaborado pela Comissão Nacional para a Excelência em Educação. O documento aparentemente não produziu grandes resultados uma vez que sete anos depois apenas quatro Estados americanos tinham aderido aos programas federais de melhoria do ensino de ciência.

Apesar de termos problemas fundamentalmente análogos, as dificuldades no Brasil são entretanto infinitamente superiores àquelas existentes nos Estados Unidos. As diferenças estão nas ações que podem levar a resultados satisfatórios, a médio e longo prazos. Enquanto lá o estabelecimento de novas diretrizes governamentais resultou em uma grande mobilização da comunidade científica com a participação ativa de alguns Prêmios Nobel em diferentes programas que visam a melhoria do sistema educacional de ciência nas escolas de primeiro e segundo graus, aqui apenas alguns grupos, ainda pouco articulados, agem concretamente e com competência nessa direção. Esperemos pois pelos efeitos práticos na lei sancionada pelo senhor presidente da República, registrando o pioneirismo da Universidade de São Paulo neste esforço de valorização da escola básica para salvar o futuro de nosso país.”

(OSCAR HIPÓLITO, 48, é diretor do Instituto de Física e Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), em artigo publicado no jornal FOLHA DE SÃO PAULO, edição de 29 de março de 1993, caderno opinião, página 1- 3).

Mais uma importante, adequada e oportuna contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na revista VEJA – 2181 – ano 43 – nº 36, de 8 de setembro de 2010, páginas 120 e 121, de autoria de GUSTAVO IOSCHPE, que é economista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Uma meta para o próximo presidente: todo aluno sai da escola alfabetizado

Esta eleição para presidente trouxe de volta algo que não se via desde o tempo da República do Café com Leite. Pela primeira vez depois da redemocratização, não há uma questão candente que divida os candidatos. Essa modorra dá a impressão de que as questões estruturais do Brasil já estão resolvidas, ou pelo menos encaminhadas, e transforma o debate sobre os rumos da nação em uma conversa que se assemelha a uma escolha de gerente de banco. Cada um quer mostrar que administra melhor ou que é o mais adequado para manter o que está dando certo.

A percepção de que agora basta gerenciar é ilusória. A maioria dos brasileiros ainda não se deu conta, mas estamos em guerra, e uma guerra total em pelo menos uma frente, a da deseducação. Mesmo que mantenhamos a inflação sob controle e o superávit primário; mesmo que resolvamos todos os gargalos de infraestrutura e que tornemos a tributação mais racional; mesmo que acabemos com a corrupção, os problemas na saúde pública e a violência urbana; ainda assim não nos tornamos um país de Primeiro Mundo se continuarmos formando tão poucos jovens e com qualificação tão baixa.

Grosso modo, só há duas maneiras de fazer uma economia crescer. A primeira é aumentar os fatores de produção (trabalho e capital). A segunda é aumentar a produtividade. A longo prazo, só a segunda é sustentável. Sempre é possível colocar mais gente no mercado, trabalhando mais horas, e mobilizar mais capital, mas essas alternativas têm um limite, que é a finitude dos fatores. Para superá-lo, é preciso ser mais produtivo, alcançar um resultado maior com os mesmos insumos. O caminho para o aumento sustentado da produtividade é um só, a educação.

Nesse quesito, estamos falhando barbaramente. Os dados são ruins em todos os níveis. Na pós-graduação, área responsável pela geração da pesquisa que leva à produção de bens de alto valor agregado, temos apenas 58 000 pessoas fazendo doutorado em todo o país – e 31 000 destas concentradas em apenas dois estados (SP e RJ). Segundo os últimos dados da Unesco, no Brasil há 213 000 pessoas envolvidas em pesquisa. A China tem 1,5 milhão, no Japão são 935 000 e na Rússia, 916 000. Para piorar, ainda que o volume de pesquisa venha crescendo, ela tem na maioria das vezes um interesse meramente acadêmico, com pouca ou nenhuma relevância para o mundo real. No nível de graduação, a taxa de matrícula no Brasil anda em torno dos 20%, enquanto mesmo países subdesenvolvidos como Peru, Chile e Venezuela têm o dobro disso. Os países desenvolvidos estão na casa dos 60%, 70%, superados apenas por Coreia do Sul e Finlândia, ambos próximos dos 100%.

O setor universitário brasileiro é tão mirrado, em parte, porque formamos muito pouca gente no ensino médio. É um nível de ensino arcaico, academicista, que entope o aluno com um currículo muito extenso e ensina pouco. E o faz dentro de um único modelo, sem dar ao estudante a opção de um curso de viés técnico ou profissionalizante. Hoje o ensino é sofrível. No teste Pisa, que analisa o aprendizado de alunos de 15 anos de idade em 57 países, o Brasil ficou em 54º em matemática, 52º em ciências e 49% em linguagem.

O ensino médio é limitado porque, além da sua rigidez e arcaísmo conceituais, poucos estudantes chegam até ele, oriundos do ensino fundamental. A baixa qualidade do nosso ensino faz com que os alunos repitam o ano múltiplas vezes, até que desistam e abandonem a escola. Já nos últimos quatro anos do fundamental, em que os alunos deveriam ter entre 11 e 14 anos de idade, um em cada quatro tem 15 anos ou mais. Esse é um contingente de incríveis 3,6 milhões de pessoas.

Esse problema não começa nos anos derradeiros da escolarização, mas vem desde o seu início. Temos aí o dado que é o mais cabal indiciamento das nossas possibilidades de sonhar com a construção de uma Roma tropical: as pesquisas que medem o grau de alfabetização da população mostram que só um em cada quatro brasileiros é plenamente alfabetizado. Setenta e cinco por cento da nossa população não conseguiria entender uma matéria desta revista. Não pense que isso é apenas rescaldo de tempos passados, que se trata de gente idosa que não foi à escola. Não. Até hoje a maioria das escolas brasileiras não consegue ter êxito na tarefa de alfabetizar seus alunos nos dois primeiros anos de estudo. Os dados do Saeb do ano passado mostram que quase sete em cada dez alunos não alcançam o nível de conhecimento de português considerado ideal pelo Compromisso Todos pela Educação. É um susto, não? Pois, agora, sente-se. O mesmo estudo revela que 25% dos alunos da 4ª série são basicamente analfabetos (depois de quatro anos de escola!).

O insucesso na alfabetização de crianças, em pleno ano de 2010, não é apenas um dificultador do desenvolvimento. É uma verdadeira chaga coletiva, uma vergonha nacional. A “tecnologia” da alfabetização em massa para crianças já foi dominada por alguns países em desenvolvimento. Há 100 anos esse passo foi dado na Argentina e no Uruguai – e, em muitos países desenvolvidos, há 200 anos. Se a medicina brasileira estivesse no mesmo nível de desenvolvimento da educação, ainda operaríamos sem anestesia e usaríamos sanguessugas. Se fosse na nossa indústria automotiva, estaríamos na etapa do motor a vapor. É uma situação incompreensível, e totalmente inaceitável. O que mais desafia a compreensão é que já existem, no Brasil, dezenas de escolas e professores, mesmo em regiões paupérrimas, que alfabetizam 100% de seus alunos na 1ª série. Há ONGs que atacam o problema com altas taxas de sucesso.Portanto, existem soluções aqui mesmo. Elas são perfeitamente replicáveis, a baixo custo.

Uma das tragédias do subdesenvolvimento, ainda mais em um país democrático, é que as demandas populares são sempre maiores do que a capacidade do país de atender a elas. Isso gera uma tentação para que as lideranças políticas abdiquem de uma de suas funções cardinais, que é escolher prioridades. O excesso de problemas da nossa educação é um convite ao populismo: qualquer líder que não ataque simultaneamente todos os problemas educacionais corre o risco de ser tachado de desalmado ou elitista. E aí seguimos uma rotina em que se faz de tudo um pouco, menos o essencial. Porque o essencial, que é fazer com que os alunos aprendam e assim saiam da escola preparados para o mundo, requer alterações radicais, que provocam protestos das corporações do ensino. Podemos tocar o barco assim por certo tempo, mas algum dia, mais cedo do que tarde, o crescimento do Brasil será interrompido pela falta de gente qualificada. Quando notarmos, será tarde. Teremos perdido mais uma geração. Ou podemos reconhecer que a educação é uma área prioritária para qualquer país, e que nela o Brasil vai muito mal.

O presidente americano John Kennedy (1917-1963) prometeu colocar um homem na Lua e trazê-lo de volta a salvo. O estadista inglês Winston Churchill (1874-1965) urrou como um leão que seu país nunca se renderia aos agressores nazistas. Nelson Mandela traçou como objetivo de vida ter uma África do Sul sem a odiosa mancha do racismo. As visões grandiosas desses líderes tornaram-se também as de seus povos. Que não seja apenas um sonho termos um dia um líder brasileiro que assuma o seguinte compromisso: “Ao fim do meu mandato, nenhuma criança sairá do 2º ano da escola sem saber ler e escrever”. Tenho confiança de que essa é uma visão capaz de mobilizar a sociedade brasileira. A alfabetização não é condição suficiente para o nosso desenvolvimento, mas é necessária. Indispensável. E, com ela, boa parte dos problemas – não só da educação, mas da infraestrutura, da saúde e de quase todas as áreas – já começaria a se resolver. Depois da primeira vitória militar inglesa contra tropas nazistas na batalha de El Alamein, no norte da África, em 1942, Churchill resumiu brilhantemente o estágio da luta contra Hitler: “Não é o fim. Não é nem o começo do fim. Mas talvez seja o fim do começo”.

No Brasil do século XXI, a alfabetização pode ser o primeiro e decisivo passo na construção de uma país que encontra o futuro e se reconcilia com a história.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, lúcidas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das potências mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de seis anos de idade na primeira série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de seus nascimento –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o COMBATE, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a CORRUPÇÃO, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos, a exigir igualmente uma imediata, abrangentes, qualificada e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tamanha sangria, que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a confiança em nossas instituições, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades de AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de setores como a GESTÃO PÚBLICA; a INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos); a EDUCAÇÃO; a SAÚDE; o SANEAMENTO AMBIENTAL (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); o MEIO AMBIENTE; a MOBILIDADE URBANA (trânsito, transporte, acessibilidade); a ASSISTÊNCIA SOCIAL; a PREVIDÊNCIA SOCIAL; MORADIA; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; SEGURANÇA ALIMENTAR e NUTRICIONAL; SEGURANÇA PÚBLICA; FORÇAS ARMADAS; POLÍCIA FEDERAL; DEFESA CIVIL; MINAS e ENERGIA; AGREGAÇÃO DE VALOR ÀS COMMODITIES; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; CIÊNCIA, TECNOLOGIA e INOVAÇÃO; LOGÍSTICA; TURISMO; ESPORTE, CULTURA e LAZER; SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL; COMUNICAÇÕES; QUALIDADE (planejamento, eficiência, eficácia, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade), entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ÂNIMO nem arrefecem o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande cruzada nacional pela CIDADANIA e QUALIDADE, visando à construção de uma nação verdadeiramente JUSTA, LIVRE, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com TODAS as brasileiras e com TODOS os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013; a Copa das Confederações de 2013; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do século 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um possível e novo mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE universal...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 7 de março de 2012

A CIDADANIA, A DEMOCRACIA, A EDUCAÇÃO, AS PALAVRAS E OS ATOS

“A ameaça que vem das loucuras do capital

Continua a soar-nos a famosa blague de Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Traduzindo em termos de reflexão, não se trata de buscar outro sistema fora da democracia, mas de tomar consciência de suas mazelas e buscar superá-las. Chamemos tal empreendimento de “reinventar a democracia”.

Passo fundamental: que parece na democracia ser conquista inegociável? Perder tal valor significa retrocesso na cultura humana. A democracia surge na dialética da negação da negatividade de regimes antigos autoritários, sobretudo aqueles que invocavam a origem divina do poder dos monarcas.

A sua originalidade definitiva consiste na contundente afirmação: “Todo poder emana do povo e por ele deve ser exercido”. Aqui reside a beleza da democracia. Em termos de dialética weberiana, este lhe é o carisma. E a sua institucionalização? Aí surgem os limites, as falhas, as doenças.

A Constituição do Brasil defende, em termos universais, os direitos básicos da soberania, da cidadania, da dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, do pluralismo político. Outra declaração sublime! Ela desmitifica o poder divino dos reis, dos ditadores, dos soberanos autárquicos.

Quando descemos à concretização dos valores democráticos, entram os engodos, as falsificações, as ilusões. E nesse campo impõe-se a necessidade das lutas de superação das contradições do sistema democrático. São muitas.

A maior de todas, a mais terrível e perversa, advém da ditadura do capital. O termo “ditadura” significa precisamente o oposto de democracia. Nega-lhe a alma.

Em que ela consiste? O domínio do poder econômico globalizado estraçalha a democracia por meio da força do mais forte contra o mais fraco. O capital transnacional globalizado, regido pelos princípios neoliberais, submete a ele os Estados nacionais, um dia pensados como fortes e autônomos. Eles se dobram diante dos fluxos econômicos que entram e saem impunemente, absorvendo grande parte do dinheiro suado dos assalariados, sob o nome de pagamento das dívidas.

O povo, em nome de quem o regime democrático se diz organizado, é alijado das grandes e verdadeiras decisões. Haja vista a atual crise da Grécia, da Espanha, de Portugal e de outros países do mundo europeu, onde o capitalismo neoliberal reinava não só triunfantemente, mas aparentemente propiciador de benesses para suas populações. Agora estas mesmas saem “indignadas” às ruas em barulhento protesto. A agenda econômica mundial se monta totalmente independente dos interesses do povo, mas unicamente em benefício dos grandes capitais financeiros, especialmente dos bancos sob a vigilância de seus órgãos policiais: FMI, Banco Mundial, BID e congêneres.

A maior ameaça à democracia já não vem dos hitlers, mussolinis e do comunismo stalinista, mas do liberalismo desenfreado que não consegue impedir as loucuras do capital financeiro.”
(J. B. LIBÂNIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de março de 2012, Caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de março de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SACHA CALMON, Presidente da Associação Brasileira de Direito Financeiro (ABDF), parecerista, ex-professor titular de direito tributário das universidades federais de Minas Gerais (UFMG) e do Rio de Janeiro (UFRJ), e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Educação, palavras e atos

Governadores querem mudar a forma de reajustar os vencimentos dos professores dos cursos primários, ou se se quiser, dos ciclos fundamentais. Os prefeitos vão além, querem ficar aquém do piso, algo em torno de R$ 1.380.

Lado outro o noticiário aligeirado da mídia dá-nos conta de que entre mais de 100 países, o Brasil é um entre poucos que remuneram regiamente os vereadores (antigamente eram os homens bons ou de bem das vilas e cidades do país, reminiscência dos antigos “concêlhos” de Portugal, de quem herdamos ditas instituições, mas sem remuneração).

O discurso dos acadêmicos, dos políticos, do governo é no sentido de termos educação para todos, se possível gratuita, em todos os níveis e da melhor qualidade, com todas as técnicas e recursos da modernidade. Nada que se pareça com a educação sul-coreana (país médio), com a chinesa (país imenso) ou a norueguesa, país com 4 milhões de habitantes apenas, um nível de igualdade absoluta e riqueza farta (Deu-se ao luxo de não entrar na Comunidade Europeia de Nações). Queremos, com ardor, educar nossas crianças, rapazes e moças, ao nível da Grécia, da Irlanda, da Polônia (e para logo). À hora de agir e planejar e priorizar e pagar o professorado os atos são diversos, a revelar irritante hipocrisia. Dizem alto e bom som que não têm dinheiro. Mas para onde foi ele, é de se perguntar.

Quisera poder quantificar pelos Brasis afora ou quando nada nos 800 e tantos municípios mineiros – criados com grande e irresponsável facilidade – os gastos totais das câmaras de vereadores e sua proporção em relação à receita de cada município. Uma solução radical passaria por extinguir a vereança. É factível? Em face do quadro federativo desenhado na Constituição, o município é pessoa política dotada de autonomia e auto-organização e, portanto, detentora de status constitucional. Teríamos que emendar a Constituição extinguindo o Poder Legislativo municipal. (O município já não tem Poder Judiciário).

É conveniente extinguir o poder deles de fazer leis locais e legislar sobre o peculiar interesse municipal? A resposta é negativa, até porque os municípios são muito díspares, há o da cidade de São Paulo, o de Uberlândia ou Ribeirão Preto, o de Salinas e Santa Bárbara do Tugúrio, embora todo e qualquer munícipe, em qualquer lugar deste imenso país, mereça igual respeito político e social, independentemente da sua região e do partido que o governe.

O que fazer? É prioritário pagar o vereador ou o professor? A resposta é ululantemente óbvia. Um projeto antigo previa conselhos municipais, com duas reuniões semanais, no máximo, salvo convocação extraordinária, para municípios com até 50 mil habitantes, a funcionarem em sala da Prefeitura, gratuitamente, mas com independência política. Daí até 200 mil habitantes, os vereadores receberiam por comparecimento (jetons), os quais não poderiam superior R$ 5 mil por cabeça. Somente a partir desse número haveria legislativo municipal pago nos termos da Constituição.

Penso que é bastante razoável o projeto. Somos uma federação em que 95% da legislação é proveniente do Congresso Nacional, ficando para estados e municípios, mormente estes últimos pouca matéria legislativa. Todavia, é no ente municipal que realmente vivemos e convivemos, o espaço onde se passam as nossas vicissitudes cotidianas. É inegável a existência de um “peculiar interesse municipal”, cada vez mais presente e importante. Mas a representação dos munícipes perdeu qualidade e espírito público, quase virou profissão, das mais rentáveis, com extraordinários déficits éticos. Pagar para ter mercadores do interesse público não rima com democracia.

Precisamos, com urgência, reformular o Poder Legislativo municipal. Prefiro pagar melhor os professores, os bombeiros e os policiais, antes que eles se tornem desertores dos respectivos misteres, em detrimento de toda a sociedade brasileira. Três fatores são visíveis. A uma, o país é urbano, 90% dos brasileiros vivem em cidades. A duas, nas urbes estão nossas carências vitais a demandar normas (Poder Legislativo) ação e planejamento (Poder Executivo) relativamente à mobilidade, segurança, limpeza pública, saúde, educação, cultura e recreação.

Tudo isso leva a um novo pacto federativo, à governança das zonas metropolitanas e à recuperação ética do poder na civitas. Quem está pensando o Brasil? Que venha Diógenes com a sua lanterna a buscar pessoas capazes. Presentemente, quem busca os supostamente capazes em Belo Horizonte não são nem os partidos, mas uns poucos iluminados. Como no Brasil temos partidos demais, ideias não, ficamos quedados, inertes, abestalhados, esperando que a sorte ajude a cidade. Mea-culpa e também decepção. Até quando, ó sina ingrata, abusarás de nossa paciência?”

Eis, portanto, mais páginas contendo IMPORTANTES, CONTUNDENTES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade, em meio à MAIOR crise de nossa HISTÓRIA – que é de ÉTICA, de MORAL, de CARÁTER –, de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, POLÍTICAS, JURÍDICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escola) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de modo a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como câncer a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, igualmente a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, sem dúvida irreparáveis;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUSTENTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a exigir também uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Nesse diapasão, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de monstruosa SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, afeta a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, embaçando o AMOR à PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM a nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como: a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A CIDADANIA, A SABEDORIA E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

“Deus e ecologia: dignidade de vida a ser cultivada

A onda ecológica veste-se facilmente de religiosidade. Toca-lhe fortemente a aura sagrada. Fala-se de mistério, de espírito, de totalidade, enfim, de termos que ressudam religião. Que há realmente de verdade nesse discurso? Encontra-se realmente a pessoa de Deus no cosmos ou projetam-se sobre ele aspirações sacralizantes tipicamente humanas. Não valeria aqui a acre crítica ateia de L. Feurbach de que Deus não passa de projeção do ser humano? A “morte de Deus” significaria então o encontro do ser humano com a sua verdade. Deus falseia-lhe a percepção e mascara-lhe a autoconsciência.

Vamos devagar. Existe uma sacralidade cósmica que beira o panteísmo. Tudo é Deus. Ele não passa de uma realidade humana na totalidade do criado. O conjunto do cosmo é divino, mas não Deus. Existe o adjetivo e o substantivo. O adjetivo reflete o sentimento que temos. O substantivo aponta para a realidade existente. Não afirmamos nada de Deus, mas sentimo-nos maravilhados em face do cosmos, atribuindo-lhe respeito e admiração que raia o divino.

A visão cristã caminha em outra direção. Na origem está o ato criador. Ressoam-nos as primeiras palavras da Escritura: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Esse princípio tem dois sentidos bem diferentes. A criação inicia o tempo. Nesse princípio, que antecede o tempo, está Deus a criá-lo juntamente com o mundo. Princípio significa ainda algo mais profundo. Denota origem, fonte primeira, sustentáculo fundamental. Não termina nunca. Não conota continuidade. Permanece continuamente princípio de existência.

Assim Deus faz saltar para dentro do tempo a energia fundamental que se cria simultaneamente com ele. Essa explode no big-bang das galáxias até hoje em expansão. Deus não abandona, porém, essa criação. Mantém-na sob a sua força criativa de modo que se a subtraísse, um instante sequer, tudo voltaria ao nada abissal.

A fé bíblica continua e a teologia reflete. Esse mundo criado e sustentado por Deus está entregue à liberdade, à autonomia, à razão humana. Também ela se sustenta em Deus que não lhe deixa de ser o primeiro e último princípio a iluminá-la de modo misterioso, embora real. E nessa conjugação de razão e fé, o ser humano caminha defrontando-se com o cosmos. A ecologia significa, então, esforço de pôr a razão a serviço da harmonia do ser humano com tudo o que o cerca e nisso realiza o projeto primeiro de Deus.

A razão se rege pela ética responsável pela sustentabilidade do criado. A fé acolhe a autocomunicação de Deus que se revela como a última fonte da beleza de toda a criação a impelir-nos a respeitá-la, amá-la e torná-la companheira de caminhada até a plenitude da vida eterna. Esse Deus pessoal, dialogante e interpelante, paradoxalmente dessacraliza e sacraliza o cosmos. Dessacraliza-o, ao colocá-lo sob nossa responsabilidade ética. Sacraliza-o, ao arrancá-lo da simples condição de mero objeto de nossa exploração, para dar-lhe dignidade de vida a ser cultivada.”
(J. B. LIBÂNIO, Teólogo, escritor e professor; padre jesuíta, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de novembro de 2011, Caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de janeiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de SACHA CALMON, Advogado, coordenador de especialização em direito tributário das faculdades Milton Campos, presidente da Associação Brasileira de Direito Financeiro (ABDF) no Rio de Janeiro, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Sobre a sabedoria

Para Mahatma Gandhi, a quem Churchill chamava de homúnculo e ave pernalta e disforme, pois não era belo fisicamente – o que importa pouco –, ante a elevação do seu espírito o ser humano desce quando faz política sem princípios, busca o prazer sem compromisso, a riqueza sem trabalho, a sapiência sem caráter, os negócios sem moral, a ciência sem humanidade e a oração sem caridade. É de se meditar. O mesmo Churchill, tão valoroso na defesa da Inglaterra contra a sanha nazista – inobstante Hitler contar com o apoio de 70% da população alemã, austríaca e dos sudetos (parte alemã da Tchecoslováquia) –, fez o mesmo que seu antagonista odioso, ao destruir sem fins estratégicos duas belas cidades alemãs: Colônia e Dresden, vitimando civis covardemente sob toneladas de bombas.

Por falar de guerra e paz, tema de grandes escritores, Gandhi arrancou, depois da Segunda Guerra Mundial, a liberdade da Índia, submetida à arrogância e ganância do império britânico, com a doutrina da resistência pacífica, plena de atos sustentados pela força do espírito. A recente crise que assola o mundo nasceu da inobservância de dois preceitos de Gandhi: a política sem princípios e os negócios sem moral. Os governos Bush, na esteira da doutrina Reagan-Thatcher, levou até o limite do suportável políticas internas e externas hipócritas e à total desregulamentação dos mercados financeiros, para gáudio de Wall Street. Dois filmes e vários documentários de roteiristas anglófonos estão a denunciar a imoralidade, a desumanidade e a desonestidade que levaram ao colapso de Wall Street e, na sequência, ao emparedamento do mundo inteiro, especialmente das economias dos EUA e da Europa Ocidental.

Os filmes Tudo pelo poder e O dia antes do fim estão ligados a essas temáticas. O último narra a safadeza dos poderosos executivos de Wall Street a venderem deliberadamente tranches de créditos apodrecidos ou se se quiser tóxicos, com absoluta desfaçatez, embora o filme seja de um cinismo irritante. No fim, tudo fica explicado pela teoria dos ciclos e da vantagem de safar-se em primeiro lugar (autojustificação). Urge que o direito penal internacional tipifique doravante as condutas irresponsáveis dos banqueiros de Wall Street e da City londrina, pelos malfeitos às pessoas e empresas levadas à bancarrota mundo afora, de modo que não se repitam, em que pese a resistência da City e de Wall Street a qualquer forma de regulamentação de suas atividades.

Crimes que tais são graves como os advindos do terrorismo, da intolerância religiosa ou étnica e de governantes ditatoriais. O mundo hoje olha para todos os seus cantos e inquieta-se. A matança na Síria, para exemplificar, nos inquieta. Queremos intervir. No direito internacional duas tendências se digladiam: o princípio da autodeterminação dos povos, segundo o qual cada povo decide o seu destino sem intervenção de terceiros (princípios da não intervenção). Outro princípio se opõe a este, o da dignidade da pessoa humana, urbi et orbi.

Precisamos de um meio-termo, a resistência ao governo ilegítimo impõe que ele tenha desdenhado ou aviltado o voto popular. Há lugar para a intervenção da ONU, nunca de outro Estado. Lado outro, onde houver fome, como na Somália, a ONU deve intervir. A igualdade e o humano se sobrepõem ao econômico, prescreve a ética da globalização.

Ela não é tão somente negócios. Permitiu ao mundo inteiro a emergência da pessoa e de sua dignidade. O que acontece no mundo árabe e na Rússia vai se intensificar. A escritora e ativista libanesa senhora Haddad dá-nos uma mostra. “Para se aquilatar o teor de uma democracia, veja-se primeiro a quantas anda a igualdade entre os gêneros. Uma sociedade que submete e inferioriza as mulheres não tem ideia do que seja democracia e dignidade do ser humano.”

Decerto se perguntam uns tantos por que não mencionei a China milenar. Por três razões. Em primeiro lugar, os anos de comunismo no país criaram uma mentalidade igualitária. Em segundo lugar, pela razão simples de o partido comunista chinês incentivar (e não reprimir) a mulher, coisa que religiões reveladas gostam de fazer, pela origem patriarcal comum nos desertos semitas. Em terceiro lugar, porque o desenvolvimento econômico e laicismo arraigado levarão inevitavelmente à igualdade e à liberdade. Cada dia com sua agonia. Certo, não podemos ocultar que um ror de pessoas quer riqueza sem trabalho, fazendo do ter o princípio do ser (grifes, gastronomia, nome noticiado, viagens etc.). Os homens serão sempre assim. Haverá egoico e os tenteios do ser, nas zonas de alta pressão, seja da riqueza, seja da miséria. Quem diria que no país do sonho americano surgiria o “nós somos 99%, ocupem Wall Street”? O que nos reserva esta primeira metade do milênio? Façam suas apostas. Fantasias fúteis ou a relevância crescente dos seres humanos?”.

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS e AMBIENTAIS de forma a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS tais como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de modo a se manter em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, câncer que se espalha por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também ocasionando INESTIMÁVEIS perdas e danos;
c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de
R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO da DÍVIDA, igualmente a exigir IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, afeta a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, ao lado de extremas NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNCIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

O BRASIL TEM JEITO!...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A CIDADANIA BUSCA A ARTE DE GOVERNAR (4/56)

(Outubro = Mês 4; Faltam 56 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“No afresco que recebeu o título de Buongoverno, pintado por Ambrogio Lorenzetti no Pallazo Pubblico de Siena, a figura central do regente, contornada pelas virtudes cardeais e sobranceada pelas virtudes teologais, foi interpretada como representação do bem comum, segundo os versos que abaixo dela se lêem: “Questa santa virtú li dove regge/induce all’unità le animi molti/ e questi acciò ricolti/ um Ben Comun per lor signor si fanno”. (Esta santa virtude ali onde rege/induz à unidade os muitos ânimos/ e estes assim recolhidos/ um Bem Comum por seu senhor se fazem). Não é por acaso que as duas figuras centrais são aquele do bom regente, que personifica o bem comum e tem ao seu lado a paz, e aquela da Justiça inspirada, do alto, pela Sabedoria, que traz abaixo de si a Concórdia.”
(NORBERTO BOBBIO, em Teoria Geral da Política – Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000, página 211).

Mais uma OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇAO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado na Revista VEJA, edição 2132 – ano 42 – nº 39, de 30 de setembro de 2009, página 26, de autoria de CLÁUDIO DE MOURA CASTRO, economista, que merece INTEGRAL transcrição:

“A arte de governar

Nas democracias, o governo cumpre os desígnios dos cidadãos. O povo diz o que quer, o governante executa. Parece uma receita infalível. Mas será? Em cidade relativamente próspera de Minas Gerais, uma pesquisa de opinião mostrou que três quartos dos jovens reclamavam da falta de diversões. Apesar de os esgotos serem jogados in natura nos córregos, nem mesmo entre os adultos houve reclamações quanto à falta de tratamento de efluentes. Sabidamente, esse é o investimento que mais faz cair a mortalidade infantil. O que deve fazer o prefeito? Esgotos que salvam vidas ou espetáculos de música sertaneja que trazem votos?

Um livro recente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Understanding Quality of Life, mostra abundantes estatísticas sobre o que os latino-americanos mais valorizam. Nelas fica claro o conflito entre o que as pessoas querem e o que é necessário para garantir um futuro promissor para o país. Pesquemos alguns temas do livro. As pessoas querem medicina de alta tecnologia e atendimento hospitalar. Contudo, a saúde pública preventiva é mais barata e evita doenças. Verificou-se também que o estado de saúde das pessoas pouco se associa com as suas percepções de saúde. No Brasil, pobres e ricos estão igualmente satisfeitos com os serviços de saúde. Mas sabemos serem piores para os pobres. Nos países mais ricos da América Latina, há mais contentamento com a situação da saúde. No entanto, quando o país cresce, baixa essa satisfação. Não dá para entender. No Brasil, 65% dos entrevistados estão satisfeitos com a educação. Somente os mais educados percebem como ela é ruim. De fato, sabemos ser péssima a sua qualidade: último lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2001. Ainda pior, entre l980 e 2000, em um grupo de 35 países, o Brasil foi o que mais recuou de posição.

Na área econômica, as percepções também estão desalinhadas com a realidade. Mais renda se associa a mais satisfação. Até aqui, vamos bem. Mas o crescimento econômico traz desagrados. Entre outras coisas, requer mudança de políticas, reformas e outros sustos, mais temidos do que a pobreza. Apesar de o desenvolvimento econômico acabar beneficiando os pobres, são eles que mais resistem às mudanças. Ademais, têm um opinião mais ingênua acerca da competência do governo. Nessa área, entra em cena um mecanismo maldito. As aspirações crescem mais rápido do que a renda.

Em suma, os governados indicam aos governantes algumas prioridades incompatíveis com o progresso. Pensam no curto prazo e são consumistas impenitentes. Dizem que querem sistemas de saúde mais caros (e mais ineficientes). Querem conforto nas escolas e desdenham mais aprendizado. Não querem as reformas econômicas imprescindíveis para crescer.

A reação mais imediata diante dessa miopia nas preferências é perguntar se não seria a melhor receita um governo autoritário, do tipo “déspota esclarecido”. Contudo, como Churchill nos advertiu, a democracia é um péssimo sistema de governo, com a agravante de que não há outro melhor. A experiência com déspotas de todos os sabores não mostra um bom registro histórico. Quando acertam aqui, acolá cometem um erro mais estrondoso. Não é por aí. Temos de insistir nos acertos capengas que nos oferece um sistema democrático e na tentativa de esclarecer a opinião pública.

Os governantes se equilibram em terreno resvaladiço. Se tentam oferecer o que trará mais progresso e desenvolvimento, sem ouvir o povo, arriscam-se a perder sua popularidade e, com ela, seu poder de implementar reformas. Podem acabar execrados e sem reformas (veja-se Jimmy Carter). Governos populistas fecham as portas para o futuro se jogam confete ao povaréu ou alimentam seus anseios imediatistas. Os exemplos latino-americanos estão nos jornais. Em contraste, governantes bem-sucedidos não perdem a ressonância com a sociedade, mas negociam também uma agenda de futuro.

A história classifica como estadistas aqueles que perceberam as reais necessidades do país, assumiram o risco da impopularidade no curto prazo, mas souberam vender suas idéias com sucesso. Na teoria, a receita é simples: visão, coragem e liderança. A pílula pode ser amarga. Churchill jogou pesado quando ofereceu aos ingleses apenas “sangue, suor e lágrimas”. Mas ganhou. Pena que não adianta colocar um anúncio classificado do tipo “Precisa-se de um estadista”.”

Eis, pois, o nosso grande COMPROMISSO: através da EDUCAÇÃO, atingir elevado grau de CONSCIENTIZAÇÃO para a CIDADANIA e PARTICIPARMOS efetivamente da construção de uma SOCIEDADE que seja JUSTA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que PROPICIE a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS caminhos seguros para a PAZ, a PROSPERIDADE e a FELICIDADE.

Que o BRASIL 2014 nos LEVE à CONQUISTA da COPA DO MUNDO DE FUTEBOL e de OUTRAS COPAS PRECIOSÍSSIMAS: da ÉTICA, da CIDADANIA, da EDUCAÇÃO, do DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...

O BRASIL TEM JEITO! É a nossa FÉ. É nossa ESPERANÇA...