segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A CIDADANIA, A EDUCAÇÃO, O DESAFIO DA TECNOLOGIA E A CONQUISTA DA PAZ (17/7)

(Janeiro = mês 17; faltam 7 meses para a Olimpíada 2016)

“Profissões sob ameaça
        Os atuais candidatos a vagas nas universidades brasileiras podem ter surpresas desagradáveis quando desembarcarem no mercado de trabalho em 2020, após os quatros ou mais anos de estudos. A maior parte dos que passam atualmente pelo funil do Enem receberá um diploma em momento no qual a oferta e a demanda de empregos tendem a ser diferentes da atual. A começar pelo fato de que uma parte das profissões deve passar por um processo de profundas transformações. Ou até mesmo, em alguns casos, por um processo de extinção.
         Pais deveriam perguntar se estão preparando seus filhos adolescentes para as profissões do futuro ou do passado. Na linha do tempo entre o momento atual e os próximos anos, mudanças tecnológica, comportamentais e gerenciais, entre outras, obrigarão os estudantes a cobrar das instituições de ensino que os currículos sejam adaptados.
         E com uma agilidade como nunca ocorreu antes. O problema é que as escolas, por tradição, são lentas para entender a dimensão das transformações e se adaptar a elas.
         Há, hoje, nas escolhas e na condução do processo de preparação para as profissões, vários equívocos, agravados por uma visão de curto prazo da sociedade. Basta avaliar, por exemplo, os vários “guias de carreira” disponíveis na internet ou em versão impressa. Todos tendem a olhar para as atividades profissionais com o viés do momento. Pois é, a profissão aberta a oportunidades hoje pode estar saturada daqui a quatro anos.
         “Hoje, mais do que nunca, o chão sob nossos pés está continuamente mudando – crescendo e se expandindo de forma que poucos foram capazes de antecipar”, atesta o consultor e futurista Daniel Burrus. Ele assinala a influência de variáveis como os avanços exponenciais das tecnologias e o ritmo de mudança da economia global.
         Mesmo nos Estados Unidos, há o risco de continuidade do treinamento da próxima safra de profissionais para posições em processo de obsolescência. “Por falta de visão antecipativa, deixamos de prever com precisão as indústrias que ainda serão inventadas e as profissões de amanhã”, avalia o consultor.
         A tecnologia será parte de qualquer profissão, de qualquer atividade produtiva, seja numa indústria, na agricultura ou mesmo na produção musical. Toda empresa é, neste momento, um negócio de tecnologia. Portanto, assinala Burrus, os educadores e os pais de adolescentes não podem mais ignorar o componente “tecnologia” – ou, pior, deixar de ensinar as crianças corretamente, supondo que elas já sabem como operar dispositivos móveis e computadores e navegar de forma adequada na internet.
         Sem uma abordagem mais antecipatória, proativa para a educação, os estudantes, de uma forma geral, inclusive as crianças, correm o risco de ficar completamente despreparados para a paisagem profissional do amanhã. Uma série de novas indústrias de base tecnológica vai começar a ocupar espaços no mercado. Será um desafio para os educadores. E também para a sociedade, incluindo os pais.”.

(Carlos Plácido Teixeira. Jornalista e consultor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Conquiste a paz
        Conquistar a paz é hoje, neste Dia Mundial da Paz, uma convocação e um compromisso a ser assumido por todos. Caminho imprescindível para constituir corrente capaz de promover significativas mudanças na sociedade. Para que transformações ocorram é preciso que cada pessoa faça do próprio coração lugar da paz. Trata-se de enorme desafio, diante dos desgastes que o dia a dia impõe à dimensão existencial, as velocidades e exigências que apressam tudo e causam incomoda aridez, as incompreensões e embates que são fruto da falta de uma visão mais abrangente da realidade, o descompromisso com aqueles que precisam de ajuda. Diante desse cenário, é possível constatar que a conquista da apz é um programa de vida.
         O papa Francisco, na mensagem enviada ao mundo inteiro para este Dia Mundial da Paz, faz uma preciosa indicação: vencer a indiferença para alcançar um mundo mais pacífico. A indiferença é o grande mal, aponta o papa, na contramão de tudo o que pode promover a paz. Sua raiz, recorda Francisco, está na indiferença em relação a Deus. Suas consequências são nefastas: apatia, reações pífias à injustiça e ao desequilíbrio social, disputas e conflitos, fontes de insegurança e violência. A indiferença é silenciosa, mas perigosa, um verdadeiro “barril de pólvora” nas relações sociais. Importa, ao se desejar e buscar a paz, um sério investimento na superação da indiferença que anestesia progressivamente os corações, deixa fora de cena o comprometimento social e comunitário.
         Um coração insensível inviabiliza o necessário empenho para se alcançar o bem comum. E, para vencer a indiferença, há um itinerário infalível que requer permanente aprendizagem: o exercício da misericórdia. Para além dos planos escritos e das estratégias elaboradas em diferentes âmbitos, prioritário é investir na conversão do próprio coração. Cada um, à luz de princípios morais e valores éticos, pode alcançar qualificações que irão sustentar condutas, escolhas, os rumos da própria vida. Nessa tarefa, a experiência autêntica da fé garante uma fecundidade inigualável. Basta reconhecer que Deus não é indiferente. Para Deus, o importante é a humanidade – Deus não a abandona, como bem diz o para Francisco em sua mensagem. Essa compreensão e o comprometimento em não abandonar a humanidade são imprescindíveis para que brote no coração humano um elevado sentido de cidadania e de respeito a cada pessoa.
         Assim, o programa de vida que precisa ser adotado por todos inclui assumir propósitos desdobrados em ações e atitudes que sejam marcadas pelo amor, compaixão, misericórdia e solidariedade. Decisivamente, a solidariedade é a grande força na busca da paz. Não se avançará suficientemente enquanto a solidariedade não for uma prioridade no coração de cada pessoa. Os processos políticos, culturais e humanitários, por mais lúcidos que sejam, sofrerão revezes terríveis e baixas altamente prejudiciais pela falta de amor ao próximo. Torna-se, assim, inadiável o investimento na cultura da solidariedade e da misericórdia. Trata-se de mecanismo eficaz para vencer a indiferença. A solidariedade é uma virtude moral e um comportamento social com incalculável força transformadora. Por isso mesmo, é urgente que todos se tornem agentes engajados na aprendizagem e na vivência da solidariedade.
         A conquista da paz se faz pela contrarreação que, urgentemente, precisa surgir para debelar a globalização da indiferença. O papa Francisco pede que todos se inspirem nas diversas experiências louváveis que mostram o poder da solidariedade: organizações não governamentais, grupos caritativos, que nascem dentro e fora da Igreja, associações que socorrem vítimas de catástrofes humanas e ambientais. O papa cita ainda o trabalho imprescindível de jornalistas e fotógrafos ao informar a opinião pública, interpelando consciências, assim como o papel de famílias que investem na educação dos seus filhos, ensinando-os a agir na contracorrente da indiferença, pela aprendizagem da solidariedade.
         A urgente qualificação do jeito de ser de cada pessoa para mudar os rumos da sociedade e torna-la mais justa, condição primordial para a paz, tem como prioridade buscar formas para vencer a insensibilidade dos corações. Em vez de lamentações ou de apontar o que os outros devem fazer, precisamos nos engajar no grande mutirão que busca vencer a indiferença e conquistar a paz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais,  em dezembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”