sábado, 17 de outubro de 2009

A CIDADANIA É ALIADA DE DESENVOLVIMENTO E VIDA

“A justaposição em um mesmo quadro globalizado de duas economias diferentes, uma com vocação para se construir em escala mundial, a outra permanecendo enraizada no território, está longe de ser uma questão fácil de resolver para as autoridades públicas. Se quisermos evitar que a economia mais poderosa canibalize a outra, precisamos delimitar um espaço econômico para cada uma das famílias e refletir sobre os mecanismos de regulação que podem equilibrar entre esses dois espaços as chances de desenvolvimento.
(HENRI ROUILLÉ D’ORFEUIL, in Economia Cidadã - Alternativas ao neoliberalismo – Petrópolis, RJ: Vozes, 2002).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de outubro de 2009, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, com INTEGRAL transcrição:

“Desenvolvimento e vida

A carta encíclica Caridade na Verdade (Caritas in Veritate), a terceira do Pontificado do papa Bento XVI, promulgada em 29 de junho de 2009, festa dos apóstolos Pedro e Paulo, tem provocado uma recepção qualificada nos ambientes científicos, políticos, sociais e eclesiais. Essa receptividade revela a pertinência da temática do desenvolvimento cuja compreensão afeta de modo determinante a vida. A defesa e promoção da vida dependem muito da compreensão e da atuação conseqüente acerca do que se entende por desenvolvimento, que não pode ser tido simplesmente como progresso e aquisições materiais.

Ora, as causas do subdesenvolvimento não são primariamente de ordem material. Suas razões se encontram em outras dimensões do homem. Deixar de considerar os deveres da solidariedade pode provocar desmedidos prejuízos para a vida, reduzindo o desenvolvimento a dimensões muito estreitas no seu entendimento. Não é mais possível admitir teses sobre desenvolvimento sem uma decisiva procura de um humanismo novo que permita ao homem moderno o encontro de si mesmo. Na verdade, no entendimento sobre desenvolvimento no cenário contemporâneo, com as maravilhas dos avanços tecnológicos e com o poder do dinheiro, é um risco suicida não eleger a fraternidade entre os homens e entre os povos como lição sempre primeira desses processos e de seus desdobramentos.

Pode parecer muito distante o lugar da fraternidade e aquele da lógica do dinheiro e das conquistas científico-tecnológicas. Essa distância é responsável pelo comprometimento da qualidade de vida e provoca o crescimento da exclusão, jogando povos, culturas e nações num desumano ostracismo.

A sociedade globalizada, diz o para Bento XVI, torna nações, homens e mulheres mais próximos. No entanto não os faz mais irmãos. Afirma ainda que “a razão por si só é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade. Esta tem origem numa vocação transcendente de Deus Pai, que nos amou primeiro, ensinando-nos por meio do Filho, o que é caridade fraterna”. Está em jogo não simplesmente o que está inscrito nas coisas, nos acontecimentos e nos problemas. Está em questão, em seu pensando o desenvolvimento, o desafio da realização de uma autêntica fraternidade. A fundação dessa fraternidade é relevante para o futuro da humanidade e é forte a exigência de uma disponibilidade grande de todos na compreensão e mobilização em torno da questão e das desafiadoras tarefas de dar aos processos econômicos e sociais metas mais plenamente humanas.

Nesse horizonte, o papa Bento XVI trata, no capítulo V da carta encíclica Caridade na Verdade, a decisiva importância da colaboração da família humana. Afirma que “as pobrezas frequentemente nasceram da recusa do amor a Deus, de uma originária e trágica recusa de reclusão do homem em si próprio, que pensa que se basta a si mesmo ou então que é só um fato insignificante e passageiro, um estrangeiro num universo formado por acaso. O homem aliena-se quando fica sozinho ou se afasta da realidade, quando renuncia a pensar e a crer num fundamento”. Na raiz deste enorme desafio está uma humanidade inteira alienada por entregar-se unicamente a projetos humanos, ideologias e falsas utopias, assevera o papa Bento XVI citando o papa João Paulo II na sua carta encíclica Centesimus annus, de 1991, comemoração do centenário da carta encíclica Rerum novarum, do papa Leão XIII.

Na verdade, a humanidade precisa encontrar o caminho para transformar a facilidade da proximidade que conquistou em verdadeira comunhão. É uma exigência que pode parecer simples e, lamentavelmente, um romantismo para muitos, mas é determinante agora aplicar esforços para que na compreensão do desenvolvimento dos povos seja central o reconhecimento de que são uma só família, promovendo uma verdadeira comunhão e não se limitando simplesmente a viver uns ao lado dos outros. A cooperação da família humana está no âmbito de entendimentos e práticas, com aprofundamento crítico e pertinente, da categoria relação. É preciso dar conta de encaminhar a humanidade para práticas que garantam a conquista do remédio da solidariedade, aquele que cura os males terríveis que estão corroendo a vida humana e o equilíbrio das sociedades. A nova consciência planetária deve chamar-se solidariedade, fazendo do desenvolvimento vida para todos”.

Eis, pois, a necessidade da Mobilização de TODOS para, e principalmente em vista do horizonte da COPA DO MUNDO DE 2014 e das OLIMPÍADAS DE 2016, efetivarmos e CONSOLIDARMOS um BRASIL verdadeiramente JUSTO, LIVRE, DESENVOLVIDO e SOLIDÁRIO, onde TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS sejam os ABSOLUTOS BENEFICIÁRIOS dos BILIONÁRIOS INVESTIMENTOS previstos e a DISTRIBUIÇÃO EQUÂNIME de nossas INESTIMÁVEIS RIQUEZAS, e assim a colocação definitiva de nosso PAÍS no PÓDIO das NAÇÕES CIVILIZADAS e DESENVOLVIDAS.

É o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ser solidário e ser fraterno, deveria fazer parte de nossa vida como algo intrínseco do "ser humano". Mas infelizmente, vivemos em um tempo de globalização marcada pelo individualismo e onde a decisão que afeta a tantos e tantos está nas mãos de poucos que perderam na ânsia de manter o poder e na busca da riqueza o sentido de ser solidário e ser fraterno. Temos que ainda crer que podemos mudar o curso deste rio da vida e encontrar para cuidar do leme deste barco pessoas que creiam e que tragam dentro de si os valores que deveriam estar presentes em todos nós: fraternidad e solidaridade.