quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A CIDADANIA E A ARTE DE SER FELIZ (6/54)

(Dezembro = Mês 6; Faltam 54 meses para a COPA DO MUNDO DE 2014)

“Pergunte aos executivos bem-sucedidos qual é característica mais desejável em cargos de liderança, e eles dirão que é a capacidade de trabalhar com outras pessoas. Pergunte a empreendedores o que separa o sucesso do fracasso, e eles dirão que é a habilidade nos relacionamentos. Sente-se com professores e comerciantes, gerentes de lojas e pequenos empresários, e eles dirão que a capacidade de lidar com pessoas faz a diferença entre aqueles que se destacam e os que ficam na mediocridade. É uma habilidade de valor incalculável. Não importa o que você queira fazer, se não é capaz de alcançar o sucesso junto com outras pessoas, então não o alcançará nunca!”
(JOHN C. MAXWELL, in Vencendo com as Pessoas. – Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007)

Outra IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 19 de novembro de 2009, Caderno CULTURA, página 10, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor do romance Um homem chamado Jesus, que a Editora Rocco faz chegar às livrarias nesta semana, e que também merece INTEGRAL transcrição:

“A arte de ser feliz

Recebi de uma amiga este apelo: “Existe alguma receita capaz de fazer uma pessoa se apaixonar por algo – seja o que for??? Nem precisa ser coisa transcendental . Algo que dê um sentido à vida. Não que a vida seja desprovida de sentido, mas desprovida de sabor.

É claro que estou me referindo a mim, e posso até estar sendo exigente demais, ou cruel demais com a minha pessoa. Mas é esta reflexão de hoje, de agora. Dou-me conta de que não tenho paixão alguma. Pelo menos é o que a minha mente me fala e o que percebo. Isso me faz sentir falta de algo...

Tem gente que gosta de corrida de carros, de cavalos, de barcos. Gente que ama fazer tricô, escalar montanhas, meditar hoooooras a fio; gosta de ler, de ser médico, jornalista, político até. Puxa vida... como admiro isso. A vida frenética das cidades pulsa em algumas pessoas, e a vida pacata do campo, em outras. Tenho alegrias e uma normalidade ética permeada por um bom senso bem bacana. Mas eu sinto (até irracionalmente), de forma muito forte, a impermanência.
Um dia você disse que gostaria de ser semente. Refleti sobre e... nada ocorreu. O ritual inevitável da convivência e tudo o que envolve as relações interpessoais, somados a um bom astral, já cuidam disso. Queria me apaixonar. Ter um hobby. Qualquer um.

Alegrias são muitas. Tenho o sorriso fácil. Mas a felicidade é coisa rara, de frágeis e preciosos momentos. Tenho uma implicância danada com aquela música do Zeca Pagodinho que diz: “...deixa a vida me levar... vida leva eu...” Quero sentir um sentido. A vida, o planeta, a diversidade religiosa etc. são assombrosos de tanto infinito. Mas permaneço no raso. Sem querer explorar o seu tempo e os seus insights... digo: gostaria de saber o que você teria a dizer sobre isso.”

Fiquei pensativo. Há pessoas que me julgam portador de respostas para os impasses da vida. Mal sabem elas quantos acumulo em minha trajetória. Contudo, sei o que é felicidade. Difere da alegria. Felicidade é um estado de espírito, é estar bem consigo, com a natureza, com Deus. Com os outros, nem sempre. As relações humanas são amorosamente conflitivas. Invejas, mágoas, disputas, mal-entendidos são pedras no sapato.

Alegria é algo que se experimenta eventualmente. Uma pessoa pode ser feliz sem parecer alegre. E conheço muitos que esbanjam alegria sem me convencer de que são felizes.

Depois de meditar sobre a consulta de minha amiga, respondi: “Querida X: diria que a primeira coisa é sair da toca... Enturmar-se com quem já encontrou algum sentido na vida: a equipe do jogo de xadrez, a turma do cinema de arte em casa, o grupo político, a ONG da solidariedade etc. É preciso enturmar-se, sentir a emulação que vem da comunidade, dos outros, esse entusiasmo que, se hoje falta em mim, exala do companheiro ao lado...

Você pode encontrar a paixão de viver em mil atividades: ler histórias num asilo, ajudar voluntariamente num hospital pediátrico, costurar para uma creche ou participar de um partido político, um grupo de apoio a movimentos sociais; alfabetizar domésticas e porteiros de prédios ou se dedicar a pesquisar a história do candomblé ou por que tantos jovens buscam na droga a utopia química que não encontram na vida.

Mas, sobretudo, sugiro mergulhar numa experiência espiritual. Mergulhar. É o que, agora, nesta manhã luminosa de Cruz das Almas (BA), me vem à cabeça e ao coração.”

O sábio professor Milton Santos, que não tinha crença religiosa, frisava que a felicidade se encontra nos bens infinitos. No entanto, a cultura capitalista que respiramos centra a felicidade nos bens finitos. Ora, a psicanálise sabe que o nosso desejo é infinito, insaciável. E a teologia identifica Deus como o seu alvo.

Ninguém mais feliz, na minha opinião, do que os místicos. São pessoas que conseguem direcionar o desejo para dentro de si, ao contrário da pulsão consumista que faz buscar a satisfação do desejo naquilo que está fora de nós. O risco, ao não abraçar a via do Absoluto, é enveredar-se pela do absurdo.

Como o Mercado, que tudo oferece em sedutoras embalagens, ainda não foi capaz de ofertar o que todos nós mais buscamos – a felicidade – , então tenta nos incutir a ideia de que a felicidade resulta da soma dos prazeres. Possuir aquele carro, aquela casa, fazer aquela viagem, vestir aquela roupa... nos tornará tão felizes quanto o visual dos atores e atrizes que aparecem em peças publicitárias.

Tenho certeza de que nada torna uma pessoa mais feliz do que se empenhar em prol da felicidade alheia: isso vale tanto na relação íntima quanto no compromisso social de lutar pelo “outro mundo possível”, sem desigualdades gritantes e onde todos possam viver com dignidade e paz.

O direito à felicidade deveria constar na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E os países não deveriam mais almejar o crescimento do PIB, e sim do FIB – a Felicidade Interna Bruta.”

São LIÇÕES como a colocada, que, sem dúvida alguma, nos FORTALECEM na MOBILIZAÇÃO de todas as forças VIVAS de nossa SOCIEDADE para o magno OBJETIVO de transformar o BRASIL numa NAÇÃO efetivamente JUSTA, LIVRE, ÉTICA, DESENVOLVIDA, FELIZ e SOLIDÁRIA, fazendo com que TODAS as RIQUEZAS e POTENCIALIDADES existentes POSSAM, aplainando as “DESIGUALDADES GRITANTES”, ser PARTILHADAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS...

E que o BRASIL 2014 CONSOLIDE a COPA da cultura da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do RESPEITO MÚTUO e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas RELAÇÕES.

O BRASIL TEM JEITO! É a nossa FÉ, a nossa LUTA e a nossa ESPERANÇA...

Um comentário:

Unknown disse...

cidadania e arte de ser feliz, um título intrigante, que nos faz pensar que a felicidade, tão efêmera, pode vir de atos voltados para o bem estar do outro. Sim, deixando de buscar a felicidade no consumo desenfreado e nos desejos materiais, e voltando o pensamento para o que significa ser humano, podemos trilhar pelo caminho do bem estar social e do viver em comunidade e ser solidário. Estes são passos que podem fazer a diferença em um país atolado na lama da corrupção, dos roubos, dos crimes de colarinho branco, sem falar na violência urbana. Ser humano e ser solidário é se também um eleitor honesto que não aceita vender o seu voto e ser coagido por políticos interesseiros e oportunistas que lutam para se manter no alto e esquecem que ser cidadão é ser ético e honesto em todos os seus atos e não apenas em alguns........a felcidade está ao alcance de todos!