sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A CIDADANIA E O JOGO DO PODER, DINHEIRO, CORRUPÇÃO E IMPUNIDADE

“Que país é esse!

Brasil é o país da impunidade.
Tudo acontece sem o menor pudor e 200 milhões de brasileiros assistindo de camarote, atônitos e inertes. Até quando deixaremos uma corja decidir à nossa revelia os piores absurdos?
Onde estão os homens e mulheres que acreditam em honestidade e ética?
Seremos sempre coniventes com tanta imundície?
Perdemos nossa vontade de mudar e cobrar respeito e justiça?
Estou sinceramente desanimada com tudo. Talvez o jeito seja abandonar o navio e viver em outros mares onde haja respeito e dignidade.
Já não estou vendo saída para qualquer mudança. Continuaremos sendo agredidos e aviltados em nossa dignidade de brasileiros. O Brasil perdeu sua identidade se é que algum dia teve. Não tem força nem vontade para promover uma mudança radical. Ou não quer ter.
Todos estamos numa inércia revoltante, cabisbaixos, olhando para o próprio umbigo.
A massa pensante e atuante se esquiva e tudo caminha como os podres políticos querem, legislando em causa própria e rindo pois conseguem roubar sem pudor e sem punição.
Até quando assistiremos a isso?
Um país rico e abençoado por Deus é achincalhado por esses que se acham no direito de nos privar de uma vida digna com qualidade.
Afinal é Brasil ou Brasil?
Hoje envergonho-me de ser brasileira.”
(in http://www.margaretearaujo.blogspot.com/, editado em 23 de agosto de 2009).

Mais uma OPORTUNA e IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de matéria publicada na Revista VEJA – edição 2142 – ano 42 – nº 49, de 9 de dezembro de 2009, páginas 76 a 85, com PARCIAL transcrição:

“PODER, DINHEIRO, CORRUPÇÃO E... IMPUNIDADE

Eis a principal razão da praga da corrupção que assola o país. Ela só deixará de nos assombrar a cada novo vídeo quando definirmos que tipo de nação queremos construir

OTÁVIO CABRAL E GUSTAVO RIBEIRO

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No Império, havia até pena de morte para crimes graves – sempre aplicada às camadas mais baixas da sociedade. Já naquela época, os políticos se beneficiavam da impunidade. José Carlos Rodrigues foi um dos primeiros corruptos notórios do Brasil. Em 1866, ele era chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Conselheiro Carrão, quando foi flagrado tentando sacar dinheiro da tesouraria do ministério com uma assinatura falsificada do seu superior. Condenado a vinte anos de prisão, fugiu do Brasil para os Estados Unidos. Com a proclamação da República, acabou nomeado para um cargo na Embaixada do Brasil em Londres, mesmo sendo considerado fugitivo pela Justiça brasileira. Outro caso notório: o sobrinho do presidente Deodoro d Fonseca foi flagrado falsificando atos do governo para favorecer banqueiros amigos. Também deixou o Brasil para escapar da punição.

A corrupção e a impunidade na República Velha serviram de matéria-prima para a obra literária de Machado de Assis e Lima Barreto e consagraram imagens e personagens nos tempos mais recentes. Adhemar de Barros, político paulista a quem foi atribuída a frase “rouba mas faz”, chegou a ser condenado em primeira instância pela Justiça. Não pelos escandalosos casos de desvio de recursos públicos, mas pelo sumiço de uma obra de arte, a “urna marajoara”. Para espaçar da prisão, fugiu para o Paraguai e Bolívia. Na volta, elegeu-se prefeito de São Paulo, foi o candidato mais no estado em duas eleições presidenciais e ainda foi eleito governador. Com a ditadura militar, a corrupção foi escondida e os corruptos ligados ao regime agiam impunemente. Com a redemocratização, houve um alento com a cassação de um presidente por corrupção. Mas a punição foi um ponto fora da curva. A regra nos governos seguintes continuou sendo a impunidade.

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AS RAÍZES DA CORRUPÇÃO

VEJA ouviu políticos, filósofos, advogados e historiadores sobre o tema. Levantamentos de entidades internacionais colocam o Brasil no patamar dos países com altos índices de corrupção. A impunidade é a causa número 1 do problema, mas existem outros pontos importantes:

2 Morosidade da Justiça

Investigados com nível superior, poder e dinheiro, como os políticos corruptos, conseguem contratar bons advogados que usam as brechas da lei para retardar os inquéritos. A possibilidade de chicanas é tamanha que muitas vezes o crime prescreve antes de chegar à condenação

3 Distribuição política de cargos

Em regra, o chefe do Executivo loteia o governo entre os partidos para garantir maioria no Legislativo. Esses partidos usam os cargos públicos para financiar suas campanhas, aumentar seu poder político e, principalmente, para enriquecer. Daí para os escândalos é um pulo. Basta uma gravação

4 Conivência da sociedade

Políticos envolvidos em escândalos continuam em atividade. Lula, apesar dos escândalos, tem uma popularidade recorde. A explicação é simples: em um país com tantas carências, o eleitorado até se preocupa com a ética, mas tem uma série de preocupações mais urgentes na hora de definir seu voto

5 Excesso de burocracia

Os processos de compra e contratação do estado são lentos, cheios de instâncias intermediárias e com uso limitado de meios eletrônicos. Assim, funcionários públicos e políticos têm um campo farto para criar dificuldades e vender facilidades. Situação ideal para a ação de quadrilhas ligadas a políticos

6 Caixa dois nas campanhas

Os escândalos recentes de corrupção tiveram parte do butim destinado ao financiamento irregular de campanhas, que são caras e mal fiscalizadas. Nos últimos anos, os políticos passaram a usar o caixa dois como justificativa para qualquer flagrante de corrupção, em uma tentativa de reduzir a punição

7 Ausência de políticas anticorrupção

Os políticos priorizam o combate à corrupção nos discursos de campanha, mas deixam o tema de lado quando chegam ao poder. Ou pior: passam a atacar os responsáveis pela fiscalização. Caso de Lula, que abriu uma guerra contra o Tribunal de Contas da União e já ameaçou amordaçar o Ministério Público

8 Falta de informação

O eleitor médio brasileiro tem pouco acesso à informação de qualidade, não se interessa por política e decide seu candidato, principalmente ao Legislativo, apenas às vésperas da eleição, priorizando aqueles que lhe prestam algum favor. As campanhas na TV são fracas e pouco informativas

9 Tolerância política

Os partidos permitem – e até incentivam – que políticos enrolados tenham legenda para disputar eleições. Isso porque na maioria das vezes esses políticos ajudam a financiar os partidos. O Congresso e o Judiciário tampouco tomam medidas para proibir a candidatura dos políticos de ficha suja

10 Falta de renovação

Os partidos são comandados pelos mesmos grupos há mais de um década, cuidando dos cargos como se fossem patrimônio pessoal e dificultando o surgimento de novas lideranças. O excesso de escândalo provoca o descrédito da atividade política, afugentando pessoas de bem da vida pública

A corrupção tem se revelado uma calamidade que consome o resultado do trabalho de milhões de brasileiros, envergonha o país e mancha a imagem do Brasil no exterior. É um problema que, como se viu nos últimos anos, independe de ideologia ou de partidos políticos.

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“O roubo existe por causa do ladrão. O álibi do financiamento de campanha usado pelo corrupto precisa ser espancado. O corrupto rouba para viajar ao exterior, para comprar iate, para comprar bolsa Louis Vuitton. Não rouba só para financiar campanha”, afirma o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ).”

Eis, pois, o RETRATO ACABADO das ESTRUTURAS ARCAICAS, PODRES, CORROMPIDAS, CORRUPTAS, CORRUPTORAS e VELHAS que NÃO PODEM continuar adentrando o SÉCULO XXI. Urge, assim, a IMPERIOSA NECESSIDADE de uma grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA, ÉTICA, CIVILIDADE, DISCIPLINA, PARCIMÔNIA, AMOR À PÁTRIA e, acima de tudo, RESPEITO ao DINHEIRO PÚBLICO, que deve ter CADA CENTAVO revertido – HONRADAMENTE – a TODOS os BRASILEIROS e a TODAS as BRASILEIRAS, e BEM APLICADO na redução das DESIGUALDADES SOCIAIS que são IMENSAS e INTOLERÁVEIS.

Eis, também, o nosso SONHO, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA: a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, ÉTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA.

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Teresa disse...

Sim, a corrupção no Brasil vem a passos largos acompanhando a sua história. E o pior ainda tem gente que defende "para ser político tem que ser desonesto e cara de pau". Ouviu isto em uma conversa em fila de banco. Sabem aquelas horas que se passa em pé a espera de atendimento no caixa. Pois é, conversava com um grupo de pessoas na fila e o assunto foi para a política e um defendeu a sua tese, dizendo: senão abraçar Deus e o Diabo não se mantém o poder. è mas temos que ir contra esta corrente e a força com que os "maus" políticos" entram nas campanhas para que um dia em conversas como esta possamos ouvir: "temos que escolher os mais éticos. Político em nosso país tem que ser íntegro e responsável". Utopia, não! Acredito que se sairmos deste ostracismo e não fugirmos de conversas sobre política poderemos caminhar para mudanças de pensamento. Em meu dia-a-dia não evito falar de política e sempre que possa procuro levar as pessoas a pensarem sobre o poder de um voto e o que querem. Conversando com uma dona de casa, fui levantando uma série de questionamento sobre o que é ser um bom administrador e no final ela conclui: é temos que saber votar e ver a cidade que queremos morar daqui a uns 20 anos e não como está hoje". è o Brasil tem jeito se nos assumirmos nosso compromisso como cidadão.