sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A CIDADANIA E O DESAFIO DA JUVENTUDE

“...Queremos, na verdade, inaugurar um movimento a favor de mudanças estruturais de curto, médio e longo prazos. Um movimento capaz de intervir na cena pública e de influir nos espaços de decisão política. Um movimento que represente uma nova forma de fazer política, que não exclui os partidos, mas que os transcende, que pode, inclusive,contribuir para a reformulação das agremiações existentes e para o surgimento de novas organizações políticas de caráter partidário ou não partidário”.
(UMA NOVA FORMAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL – Fórum Brasil Século XXI; Instituto de Política, 1998, página 11).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de Editorial do Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de janeiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 8, que merece INTEGRAL transcrição:

“Desafio da juventude

O Brasil terá até o fim deste ano nada menos do que 51 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos. É mais de duas vezes toda a população da Austrália (21 milhões), supera as da Espanha (45 milhões) e do Canadá (38 milhões). Para um país que pretende figurar entre as cinco maiores economias do mundo, esse deveria ser um trunfo. Mas estudos reunidos no livro Juventude e políticas sociais no Brasil, divulgado ontem por especialistas do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), órgão do governo federal, concluem que boa parte desse potencial está se perdendo. Os dados mostram que o país pode pagar caro pela baixa qualidade da educação oferecida aos jovens, pela deficiência da assistência à saúde e a fragilidade dos esquemas de segurança. Desinteresse pela escola, gravidez e contração precoce de doenças se somam à exposição a perigos urbanos, que, com frequência intolerável, roubam a vida de jovens promessas.

Para começar, as taxas de analfabetismo ainda são um desafio não vencido, especialmente na idade de 25 a 29 anos, idade em que o jovem deveria ser mais produtivo. Apesar de todos os avanços que o país tem obtido nesse campo, em 2007, 4,1% dos brasileiros dessa faixa etária eram analfabetos, e os de 15 a 24 anos eram 2,1% desse total. Segundo o estudo, os jovens analfabetos e os de baixa escolaridade enfrentam a escassez e a inadequação da oferta de cursos de alfabetização e supletivos. A concentração em poucas regiões mais desenvolvidas e a falta de articulação entre esses dois níveis de ensino só aumentam a dificuldade de o jovem carente dar continuidade aos estudos. Esse é só um dos pontos falhos na educação no país. Ainda ontem, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgou relatório segundo o qual o Brasil tem índice de repetência no ensino primário de 18,7%, o mais elevado da América Latina, muito acima da média mundial, de 2,9%.

Os pesquisadores do Ipea registraram que no Brasil os jovens são as maiores vítimas de violência, principalmente de homicídios, além de aparecer nas estatísticas como autores de mortes e de lesões corporais. O estudo mostra que a faixa etária de 15 a 29 anos pode ser considerada de alto risco, quando deveria ser uma das mais saudáveis do ciclo vital. Já a partir dos 18 anos, aumentam as percentagens de abuso de drogas e dependência de álcool. É fato que 2010 será o pico da participação dos jovens na população brasileira.

A queda da taxa de fecundidade, combinada com o aumento da expectativa de vida da pessoas, vem provocando uma mudança radical no perfil da população do país. Especialistas calculam que dentro de 10 anos teremos mais brasileiros com idade acima de 45 anos do que todos os demais das faixas etárias mais baixas. Reclamam-se políticas adequadas ao atendimento dessa realidade que se aproxima. Mas o que se constata agora é ainda mais urgente. Trata-se da geração que, em breve, terá de garantir ao país a capacidade de continuar e proporcionar qualidade de vida aos brasileiros de todas as idades. Não há tempo a perder.”

E mais, segundo o mesmo estudo, outro dado estarrecedor: cerca de 50% dos jovens com idades entre 15 e 17 anos estão FORA do ensino médio, etapa final da EDUCAÇÃO BÁSICA, absolutamente necessária num PAÍS como o nosso, com justas pretensões ao pódio das CINCO maiores economias do mundo.

Está, pois, colocado o gigantesco DESAFIO para as nossas POLÍTICAS PÚBLICAS, que permitam a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, LIVRE, ÉTICA, SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que também possa PARTILHAR as suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, reduzindo as INTOLERÁVEIS e vergonhosas DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS.

É o nosso SONHO, a nossa LUTA e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Te disse...

infelizmente, num país com uma população jovem expressiva, não temos políticas públicas eficazes voltadas para as questões da juventude. Sabemos que o índice de jovens que iniciam o ensino fundamental é superior aos que chegam ao final e mais ainda se comparado com os que concluem o ensino médio ( sem falar em qualidade do ensino, mas focando a frequencia as aulas). Jovens envolvidos com a violência, outro fator agravante. Jovens mais. Lido com a área de comercio e vejo no dia a dia quantas e quantas meninas estão deixando os estudos para ser mãe, num tempo que a formação se torna essencial para a busca de empregos e alcançar melhor qualidade de vida. E ainda, a abaixa expectativa de crescimento social de nossos jovens. Eles se vêem reproduzindo a falta de anseio dos pais e se acomodam em empregos de abaixo salário desde que não precisem de correr atrás de estudo e de qualificação. O Brasil tem um imenso desafio: preparar seus jovens não para daqui a 10 anos para hoje, caso contrário, o que veremos é crescer os índice de mortes e a cada dia, em mais lares, famílias vão estar perdendo seus jovens. O momento tem que ser agora. Políticas eficientes e eficazes e ações concretas nos âmbitos municipais, para que possamos ainda jovem recuperar os jovens que estamos perdendo.