quarta-feira, 6 de abril de 2011

A CIDADANIA, O DESPERDÍCIO E A LOGÍSTICA

“Investimentos em logística

O Brasil cresceu acima de 5% no ano passado, fruto das demandas internas, envolvendo a construção civil, setores de mineração, petróleo, varejista e transportes. No entanto, países em desenvolvimento – China, Coreia do Sul e México, entre outros – vêm crescendo a taxas superiores, fruto de decisões passadas por um planejamento estratégico para as áreas de educação, ajuste fiscal e, essencialmente, logística. Analisando o passado recente do Brasil, percebe-se uma grande instabilidade econômica, depois de períodos inflacionários e de elevados gastos governamentais, somado à baixa  priorização para a melhoria das rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Depois da estabilização da moeda, a percepção de que o crescimento de longo prazo é uma função direta da poupança interna (com o exemplo chinês, com 40% de poupança pública em 2010) e para o saldo da balança comercial, além de fatores como emprego, renda e baixa inflação, trouxeram uma preocupação: como escoar toda a capacidade de produção?
Neste caso, a resposta está diretamente relacionada à logística. Dados do Banco Mundial e de diversos institutos de pesquisa brasileiros indicam que o investimento em infraestrutura é irrelevante, algo em torno de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto os Estados Unidos e China vêm investindo a taxas superiores e priorizando uma visão de longo prazo. Propostas como o Programa Avança Brasil (do então presidente Fernando Henrique Cardoso) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – uma nova versão do Programa Avança Brasil, pelo ex-presidente Lula – não demonstraram a devida capacidade de melhorar as condições de transportes. Logo, qual seria a solução? Uma das grandes propostas em andamento pelo governo Dilma Rousseff, dada a urgência para a realização da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, é a participação privada neste segmento, com o modelo de privatizações, algo tão criticado no passado e proposto pelo governo petista atualmente.
Observa-se o amplo interesse de bancos de investimentos e seus fundos destinados, à criação de planos diretores e estratégicos, com visão de longo prazo e benefícios para toda a sociedade, com direcionamento para os modais de transportes e até mesmo para melhorias nos terminais portuários e de cargas aéreas. Esta poderia ser uma excelente solução, desde que lastreada por regras claras pelo governo, e que as empresas cumpram metas previamente estabelecidas, estimulando a competição e preços adequados. Para um país com pretensões desenvolvimentistas, não basta o equilíbrio das contas públicas, inflação e câmbio, mas o devido direcionamento e investimentos em logística, uma área do conhecimento essencial para o planejamento, implementação e controle de custos, eficiência, transportes e atendimentos às demandas consumidoras, sendo muito mais estratégica e decisiva, ao contrário daqueles que ainda acreditam que esta seja uma área operacional.”
(HUGO FERREIRA BRAGA TADEU, Professor da UNA, em artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de fevereiro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma IMPORTANTE e também OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 28 de fevereiro de 2011, Caderno AGROPECUÁRIO, página 2, de autoria de BENJAMIN SALLES DUARTE, Engenheiro-agrônomo, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Dinheiro que vai para o ralo

Uma perda de apenas 2% numa safra agrícola de 150 milhões de toneladas de grãos são 3 milhões de toneladas que deixam de ser colhidas. Se se tomar, didaticamente, 3 toneladas médias por hectare cultivado, aqueles 2%  representam o plantio de 1 milhão de hectares ou ainda 50 milhões de sacas de grãos de 60 quilos que foram para o ralo. Considerando-se minimamente R$ 1 mil o custo operacional por hectare, ou seja, 1 milhão de hectares demandariam R$ 1 bilhão ou US$ 598,8 milhões. As 50 milhões de sacas, por um preço simbólico de R$ 30, cada, acrescentariam mais R$ 1,5 bilhão não faturados ou US$ 898,2 milhões. Portanto, as perdas na agricultura são sequenciais, olímpicas e desastrosas.
Portanto, quaisquer programas bem fundamentados de redução de perdas na colheita, armazenagem e transporte se fazem estratégicos num país com a vocação agrícola do Brasil. Tomando-se a disponibilidade mínima de 500 quilos de grãos por habitante/ano (ONU/FAO), aquelas 3 milhões de toneladas de grãos dariam para abastecer 6 milhões de consumidores por 365 dias, mesmo considerando-se que não existe perda zero. E os prejuízos na pecuária em função de milhões de hectares de pastagens degradadas por múltiplos fatores que se associam dentro da porteira da fazenda?
E os rombos financeiros e ambientais provocados pela perda recorrente do solo agrícola via efeitos adversos da erosão laminar e profunda, que em Minas presume-se levar entre 60 e 70 milhões de toneladas anuais de terra para as baixadas e para os leitos dos córregos, riachos e rios, reduzindo suas respectivas calhas de escoamento e provocando enchentes, devastações e inundações, principalmente no período chuvoso. Entretanto, as cidades também contribuem consideravelmente com eventos dessa natureza ao se jogar lixo para todos os lados e impermeabilizando o solo.
NA MESMA MOEDA O manejo correto da lavoura, mediante estímulos e apoios governamentais, leva também à preservação dos recursos hídricos, da fauna e da flora numa visão de bacia hidrográfica. Esse é um enfoque importante quando as tecnologias conservacionistas do solo são adotadas pelos produtores e em outros cenários urbanos e rurais. Numa visão de sustentabilidade dos recursos naturais, cidade e campo, com suas singularidades, são faces de uma mesma moeda e exigem investimentos consideráveis pela magnitude do espaço abrangente. A busca do equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental se configuram num dos maiores desafios no vigir do século 21. Esse é o caminho.
Qual seria um fator limitante à adoção de inovações tecnológicas no campo? Certamente o comportamento mercurial da renda agropecuária em função das constantes oscilações de mercado. Esse é um problema muito sério para quem planta e cria. E o crédito rural? Nem sempre chega na hora certa. É necessário entender definitivamente que inovação custa dinheiro. Outro ponto relevante é colocar o conhecimento científico e tecnológico cada vez mais perto do empreendedor rural e nisso, sem subestimar todos os atores envolvidos, a pesquisa e a extensão rural precisam estar afinadas nos que lhes compete. A integração pelo conhecimento ultrapassa as velhas e surradas formas de buscar parcerias dissociadas das realidades de campo.
A oferta regular de alimentos no país passa também pelas tenologias de irrigação e que apresentam algumas vantagens relativas, entre as quais: manejo da água de acordo com as demandas hídricas das culturas; renda agrícola o ano todo; menor dependência do produtor exclusivamente às chuvas; ampliação do mercado para tecnologias e equipamentos de irrigação; regularidade na oferta de alimentos; redução dos riscos dos financiamentos e contribuindo também para o uso planejado dos recursos hídricos numa bacia hidrográfica. Enquanto o trigo de sequeiro produz 2,2 mil quilos por hectares, no Brasil, o irrigado pode ultrapassar os 5 mil quilos, em média, por hectare. Entre 2005 e 2010, o Brasil importou US$ 8,56 bilhões de trigo, principalmente da Argentina.
E OS GANHOS? Um outro enfoque  indispensável se refere aos ganhos de produtividade nas culturas e criações. Comparativamente aos incrementos de produtividade na indústria, comércio e serviços, esses acréscimos nas culturas e criações são mais lentos. Na pecuária leiteira em Minas Gerais foram necessários 36 anos, desde 1974, para que a produtividade de 697 litros por vaca/lactação/ano passasse para 1.502 litros. Foram consumidos 40 anos, desde 1970, para a produtividade média média por hectare da cultura da soja, que era de apenas 1.265 quilos/hectare, se elevasse para 2.912 quilos na década de 2000. Na cultura do milho, pontualmente, os agricultores mineiros colheram em média 1.431 quilos por hectare em 1970; 1.730 quilos em 1980; 1.611 quilos em 1990; 3.699 quilos em 2000 e 5.426 quilos em 2010. Milho e soja respondem por 80% da safra mineira de grãos.
Além disso, no contexto da agropecuária e do agronegócio configura-se também a multifuncionalidade dos estabelecimentos rurais, à medida em que demandam diuturnamente tecnologias, produtos e serviços para ofertarem grãos, cereais, oleaginosas, agroenergias, e mais alimentos oriundos da horticultura e da fruticultura, cabendo também ao empreendedor rural conservar os recursos naturais como o solo, água, fauna e flora. Depreende-se, sem muito esforço de cultivo, o arco de conhecimentos e experiências exigidos do produtor rural nos 551.617  estabelecimentos rurais de Minas. É extremamente complexo o exercício das artes de plantar, criar e conservar a natureza nos domínios do campo. Competências associadas e não rótulos. Complementarmente, o que o Brasil e o mundo demandam da agricultura e do agronegócio minimamente até 2025? Esta pergunta transcende a porteira da fazenda e projeta-se na necessidade urgente de consolidar políticas e os caminhos instigantes do pensamento e da gestão estratégicos. Para isso, todos os atores das cadeias produtivas da agropecuária, do agronegócio e do setor de base florestal devem ser ouvidos, incluindo-se os agentes financeiros.
PRESERVAÇÃO Quase que paradoxalmente multiplicam-se os exemplos de sucesso no agronegócio brasileiro e suas exportações foram de US$ 76,4 bilhões com superávit de US$ 63 bilhões em 2010. Sobressaíram a soja, com US$ 16,8 bilhões, o setor sucroalcooleiro, com US$ 13,7 bilhões e as carnes, com US$ 4,79 bilhões. Mas persiste uma questão de fundo num horizonte de tempo, ou seja, não basta conquistar mercados, mas preservá-los num mundo em acirrada competição de oferta e demanda por alimentos e agroenergia, o que requer uma leitura acurada das potencialidades  agropecuárias e florestais do Brasil.
Os governos reclamam, em nível internacional, que os preços dos alimentos estão subindo e que esse comportamento afetará os países pobrese os em desenvolvimento, com possíveis sequelas nos chamados desenvolvidos. Estados Unidos, União Europeia e Japão subsidiam fortemente os alimentos e os produtores rurais, quase que premiando a ineficiência do campo à mesa do consumidor. Noutros países, produzir alimentos é um esforço hercúleo e com perda de ganhos de produtividade. Os 925 milhões de famintos que perambulam pela Terra exigem minimamente a oferta anual de 462 milhões de toneladas de grãos. Segundo a Secretaria de Agricultura de Minas, entre 2003 e 2010 o Produto Interno Bruto (PIB) acumulado ao agronegócio mineiro foi de R$ 663 bilhões.”

Eis, pois, mais RICAS ponderações e REFLEXÕES que INDICAM a necessidade de ABSOLUTO COMPROMISSO com o PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO e de IMPLACÁVEL e PERMANENTE COMBATE ao  DESPERDÍCIO,  bem como, e aqui EXPOSTO à EXAUSTÃO, a  PROBLEMATIZAÇÃO, em caráter de URGÊNCIA, da questão da DÍVIDA PÚBLICA, da INFLAÇÃO e da CORRUPÇÃO, como condição  SINE QUA NON para um EXITOSO ingresso no rol das DEMOCRACIAS DESENVOLVIDAS...
Contudo, esses GIGANTESCOS DESAFIOS, que também SANGRAM a nossa ECONOMIA e MINAM nossa CAPACIDADE de INVESTIMENTO e POUPANÇA, ainda mais nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de mundo NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...
Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...
O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Anônimo disse...

A questão de logistica no Brasil é um sério problema que deveria estar na pauta dos governos. Escoar a produção em uma malha rodociária defiente em diversos pontos atrasa e encarece os produtos até p consumidor final. Para se realmente tornar competitivo e com um mercado aquecido é preciso investir. As ferrovias foram desativadas em sua maior parte e se tornaram elefantes brancos, quando se houver um real comprometimento´poderiamos estar escrevendo outras páginas de nossa história. O mesmo vale para a agricultura.