quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A CIDADANIA, A CORRUPÇÃO, A PRAGA BRASILEIRA E A ENDEMIA POLÍTICA

“Praga brasileira
A frase é de autor desconhecido e está aí desde o século 19: “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Tantos anos depois, as saúvas, formigas cortadeiras, estão aí e, mesmo assim, o país avança, produz como nunca e assume seu papel de celeiro do mundo, um dos clichês ufanistas sobre o nosso potencial econômico. Assim como a saúva nos anos passados foi uma praga, a corrupção também é uma praga brasileira que, desde tempos imemoriais, vem atrapalhando nosso desenvolvimento. Corrupção em todas as suas formas, desde o superfaturamento de obras, até a produção de leis que criam privilégios que ora causam explosão de gastos, ora beneficiam setores em detrimento do desenvolvimento do país. Somos, dizem os mais indignados, aqueles que têm a corrupção no DNA.

Não é bem assim. Em qualquer parte do mundo as pessoas são tentadas a buscar vantagens pessoais e, se encontram campo para tal, avançam até o limite dos riscos pessoais. Entre nós não é diferente quanto a tentação de auferir vantagens ilícitas, de qualquer dimensão. O que nos diferencia dos tantos outros países, e nos iguala a muitos outros também, é amplitude de nossos limites. Não há freios, o que acaba estimulando até os menos ousados a cometerem as ilicitudes. É preciso colocar um freio e isso começa pela identificação do tipo de corrupção que é praticada. Se é roubo, suborno, nepotismo, favorecimento ou qualquer outra forma. Sua frequência e quem são os corruptos e os corruptores. Um trabalho de inteligência que, necessariamente, precisa terminar em punição. Sem a penalização é impossível colocar limites a esta prática. Esta parece ser a disposição da presidente Dilma. Já deu mostras disto ao demitir sumariamente mais de 20 servidores do Ministério dos Transportes. A rapidez com que agiu deixa claro que ela já conhecia o histórico de devassidão no órgão. Com as demissões, conquistou o apoio popular para levar adiante o que precisa ser feito: apurar e punir.

Razões para punir ela sabe que tem. Precisa agir. Erram os que pensam que a presidente não tem essa disposição. Os mais próximos garantem que ela é intolerante com as práticas de ilegalidades institucionalizadas no país. Sabe com razoável certeza onde os problemas são mais graves e vai agir. E quer fazer isso de forma discreta, mas rapidamente para passar a impressão de que anda a reboque das denúncias na imprensa. Dilma sabe porém que, em política, o tempo de agir é diferente. A base de apoio que sustenta seu governo foi construída não por critério ideológico, mas como resultado da soma de interesses pessoais. Não tem solidez. Nem no PMDB, parceiro de chapa, ela pode confiar. Recebeu a base pronta e, como quem troca um pneu com o carro em movimento, precisa reconstruí-la, ou reorganizá-la sem parar o governo. Agir, mesmo que a contragosto, como algodão entre cristais, contornando e controlando interesses antagônicos num mesmo espaço.

Dilma sabe que está num momento complicado de seu governo. Há sim uma herança maldita do governo Lula, fruto do excesso de gastos no final do ano passado que exige arrumação nas finanças públicas. Nos mesmos moldes que o governador Anastasia está sendo obrigado a realizar em Minas e outros governadores em seus estados. A contenção de gastos exige sacrifícios de todos e nem sempre há compreensão dos aliados de última hora e, claro, das oposições que se aproveitam do descontentamento para engrossar o tom dos discursos. Estes momentos de dificuldades precisam ser contornados com muita habilidade o que a presidente está aprendendo a ter. Vai adquirindo as horas de voo necessárias a quem tem a responsabilidade de pilotar um avião, como é um governo, em zona de turbulência. Não duvidem. A presidente está fazendo as correções de rota que precisam, e isso inclui retirar do governo quem não deveria nem ter entrado, seja por incompetência, seja por falta de condições morais. Podem apostar nisso.”
(PAULO CÉSAR DE OLIVEIRA, jornalista, em artigo publicado na Revista VIVER BRASIL, edição de 12 de agosto de 2011 - ano III – Nº 64, página 30).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de agosto de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor do romance Minas do ouro, que a Editora Rocco faz chegar às livrarias esta semana, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Corrupção, endemia política

A política brasileira sempre se alimentou do dinheiro da corrupção. Não todos os políticos. Muitos são íntegros, têm vergonha na cara e lisura no bolso. Porém, as campanhas são caras, o candidato não dispõe de recursos ou evita reduzir sua poupança, e os interesses privados no investimento público são vorazes. Arma-se, assim, a maracutaia. O candidato promete, por baixo dos panos, facilitar negócios privados junto à administração pública. Como por encanto, aparecem os recursos de campanha. Eleito, aprova concorrências sem licitações, nomeia indicados pelo lobby da iniciativa privada, dá sinal verde a projetos superfaturados e embolsa o seu quinhão, ou melhor, o milhão.

Para uma empresa que se propõe a fazer uma obra no valor de R$ 30 milhões – e na qual, de fato, não gastará mais de R$ 20 milhões, sobretudo em tempos de terceirização – é excelente negócio embolsar R$ 10 milhões e ainda repassar R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões ao político que facilitou a negociata.

Conhecemos todos a qualidade dos serviços públicos. Basta recorrer ao SUS ou confiar os filhos à escola pública. (Todo político deveria ser obrigado, por lei, a tratar-se pelo SUS e matricular, como propõe o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), os filhos em escolas públicas.) Vejam ruas e estradas: o asfalto cede com chuva um pouco mais intensa, os buracos exibem enormes bocas, os reparos são frequentes. Obras intermináveis. Isso me lembra o conselho de um preso comum, durante o regime militar, a meu confrade Fernando de Brito, preso político. “Padre, ao sair da cadeia trate de ficar rico. Comece a construir uma igreja. Promova quemesses, bingos, sorteios. Arrecade muito dinheiro dos fiéis. Mas não seja bobo de terminar a obra. Não termine nunca. Assim o senhor poderá comprar fazendas e viver numa boa”.

Com o perdão da rima, a ideia que se tem é que o dinheiro público não é de ninguém. É de quem meter a mão primeiro. E como são raros os governantes que, como a presidente Dilma, vão atrás dos ladrões, a turma do Alí Babá se farta. Meu pai contava a história de um político mineiro que enriqueceu à base de propinas. Como tinha apenas dois filhos, confiou boa parcela de seus recursos (ou melhor, nossos) à conta de um genro, meio pobretão. Um dia, o beneficiário decidiu se separar da mulher. O ex-sogrofoi atrás: “Cadê meu dinheiro?”. O ex-genro fez aquela cara de indignado: “Que dinheiro? Prova que há dinheiro seu comigo”. Ladrão que rouba de ladrão. Hoje, o ex-genro mora com a nova mulher num condomínio de alto luxo.

Sou cético quanto à ética dos políticos ou de qualquer outro grupo social, incluídos frades e padres. Acredito, sim, na ética da política, e não na política. Ou seja, criar instituições e mecanismos que coíbam quem se sente tentado a corromper ou ser corrompido. A carne é fraca, diz o Evangelho. Mas as instituições devem ser suficientemente fortes, as investigações rigorosas e as punições severas. A impunidade faz o bandido. E, no caso de políticos, ela se soma à imunidade. Haja ladroeira!

Daí a urgência da reforma política – tema que anda esquecido – e de profunda reforma do nossos sistema judiciário. Adianta a Polícia Federal prender se, no dia seguinte, todos voltam à rua ansiosos por destruir provas? E ainda se gasta saliva quanto ao uso de algemas, olvidando os milhões surrupiados e jamais devolvidos aos cofres públicos. Ainda que o suspeito fique em liberdade, por que a Justiça não lhe congela os bens e o impede de movimentar contas bancárias? A parte mais sensível do corpo humano é o bolso. Os corruptos sabem muito bem o quanto ele pode ser agraciado ou prejudicado.

As escolas deveriam levar casos de corrupção às salas de aula. Incutir nos alunos a suprema verdade de fazer uso privado dos bens coletivos. Já que o conceito de pecado deixou de pautar a moral social, urge cultivar a ética como normatizadora do comportamento. Desenvolver em crianças e jovens a autoestima de ser honesto e de preservar o patrimônio público.”

Eis, pois, mais páginas contendo GRAVES e SÉRIAS abordagens e REFLEXÕES, exigindo o melhor do nosso AMOR à PÁTRIA, na busca INCANSÁVEL das grandes TRANSFORMAÇÕES que, certamente, advirão com a busca da implantação DEFINITIVA da cultura da DISCIPLINA, da PARCIMÔNIA, do RESPEITO MÚTUO e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas RELAÇÕES, afim de conduzirmos o PAÍS ao cenário que lhe cabe no concerto das NAÇÕES já DESENVOLVIDAS, PRÓSPERAS, DEMOCRÁTICAS e CIVILIZADAS...

E, assim, à SEMELHANÇA da INFLAÇÃO, a IMPERIOSA e URGENTE necessidade, também, de PROBLEMATIZARMOS as QUESTÕES cabalmente CRUCIAIS, como:

a) a CORRUPÇÃO;
b) o DESPERDÍCIO;
c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA.

E sabemos, e bem, da ALAVANCA maior de todo o PROCESSO: a PONTIFICAÇÃO da EDUCAÇÃO – e de QUALIDADE –, como PRIORIDADE ABSOLUTA do GOVERNO e SOCIEDADE, através da qual nos LIVRAMOS da IGNORÂNCIA, da PASSIVIDADE, da INDIFERENÇA, das abissais DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS, e nos tornamos CIDADÃOS e CIDADÃS e LIVRES e CRÍTICOS, e por essa via os verdadeiros PROTAGONISTA de nossa HISTÓRIA...

São GIGANTESCOS DESAFIOS que, ainda mais, nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRARDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013, a COPA das CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ , IGUALDADE e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...





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