sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A CIDADANIA, O LEGADO DO ANO NOVO E A FELICIDADE

“O legado do ano que começa

“De tudo ficam três coisas: a certeza de que estamos sempre começando, a certeza de que precisamos continuar e a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar. Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo, da queda, um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro” (Fernando Pessoa). Certos anos nunca terminam: 1968 foi um deles, e este escriba era do adolescente de 17 anos à época daquela transformação social empreendida pelo babyboomers com o woodstock, e a tríade sexo, drogas e rock n’roll. 2001, com o ataque e destruição das Torres Gêmeas, foi outro ícone. E 2010, 10 anos depois, com a crise econômica do mundo desenvolvido, somado à Primavera Árabe, nos transmite a mesma sensação de que um novo tempo de mudanças está apenas começando.

Uma era de oportunidades e de transformações que nos colocam desafios como nação, que enumero: primeiro, realizar uma revolução educacional; segundo, uma revolução sanitária, em paralelo com a revolução sociológica que a partir de reformas estruturais desaguarão na implantação da igualdade social (as reformas tributária, política e fiscal), pois não queremos repetir a Grécia de 2011. Em terceiro, seria desejável a construção de um marco de gestão ambiental no país, como benchmarking para o mundo, aproveitando nossas vantagens comparativas inatas. Sobre esse tema é relevante lembrar a Rio + 20, que se realizará em 2012 com temas caros para o mundo, como as medidas necessárias para evitar maiores desastres climáticos com o aumento da temperatura da Terra.

Vale lembrar que a construção de Belo Monte vai em sentido contrário a esse paradigma, haja vista seu planejamento ter acontecido antes da agudização dos eventos do clima. E não será agora, depois de este governo ter jogado goela abaixo da sociedade essa obra, cujos impactos sociais e ambientais sequer são conhecidos em sua totalidade, que grupos econômicos ligados à mídia impressa e eletrônica queiram calar o debate, que deveria ter acontecido democraticamente antes de se tomar a decisão da construção. Infelizmente a maior parte da inteligência nacional não foi ouvida para proporcionar inovações e opções melhores que essa solução do século passado, e com custos menores. Há que se lutar pela consolidação da reforma do Judiciário, não permitindo retrocessos no controle externo desse poder pela Procuradoria do CNJ. É preciso aplicar a Lei da Ficha Limpa.

Se quisermos, poderemos fazer em cinco anos a principal revolução necessária ao país, a educacional, e para isso precisaremos de menos recursos e energia do que estamos devotando a Fifa para a realização da Copa de 2014, vide os acordos ora realizados no Congresso Nacional para a votação de leis específicas, muitas delas deletérias ao arcabouço institucional e jurídico da nação, como o favorecimento de acionistas de cervejarias através de venda de álcool em estádios. Tudo isso para uma entidade transnacional amoral e metida em escândalos de corrupção.

A revolução sanitária é simples de ser feita e, com ela, deixaríamos de gastar vários bilhões de dólares por ano com o SUS. Basta sanearmos as cidades brasileiras, construindo estações de tratamento de água e esgoto, além de aterros sanitários. Essas metas estratégicas farão girar a economia e os resultados ficarão para sempre como marcos favoráveis às atuais e futuras gerações de brasileiros, em vez dos elefantes brancos em que se converterão vários estádios de futebol agora construídos.”
(JOSÉ CARLOS NUNES BARRETO, Professor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 4 de janeiro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE, ALVISSAREIRA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor, em parceria com Leonardo Boff, de Mística e espiritualidade (Vozes), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Feliz 2012

Desejo um feliz ano novo em que, se Deus quiser, todas as crianças, ao ligarem a TV, recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a diferença entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos que reconstituem a Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra dos Emboabas; e durmam depois de fazer suas orações. Quero um ano novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem laranjas e alfaces e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um teto sob o qual haja um fogão com panelas cheias, a sala atapetada por remendos coloridos, a foto do casal exposta em moldura oval sobre o sofá.

Espero um ano novo em que as igrejas abram portas ao silencio do coração, o órgão sussurre o cantar dos anjos, a Biblia seja repartida como pão. A fé, de mãos dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles aos quais é negada a felicidade nesta terra. Um feliz ano novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no diálogo que nem se dá conta de que o televisor é um aparelho mudo e cego num canto da sala.

Desejo um ano novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro nem expressem-se em dialetos ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em utopia. Espero um ano novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo nem marque a velocidade da vida pelos batimentos cardíacos.

Um ano novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos dias joias ternas e eternas. Quero um ano novo em que a cada um seja assegurado o direito ao trabalho, a honra do salário digno, as condições humanas de vida, as potencialidades da profissão e a alegria da vocação. Um ano novo capaz de saciar a fome de pão e de beleza. Rogo por um ano novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que os pobres logrem repor nos olhos da Justiça a tarja da cegueira que lhe imprime isenção.

Um ano novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes, funcionários corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de todos. Espero um ano novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas; as praças, bancos acolhedores; os bancos, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as minudências da vida – um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto por aquele que se destaca como o melhor contador de piadas.

Desejo um ano novo em que o líder dos direitos humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência. Quero um ano novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras, a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som dos mistérios mais profundos.

Desejo um ano novo em que o governo evite que o nosso povo seja afetado pela crise do capitalismo, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra fantasia senão o medo da morte. Espero um ano novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado pela miséria ou privado de pão, paz e prazer. Um ano novo em que a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria por dinheiro ao espírito das bem-aventuranças.

Aspiro a um ano novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de alimentos despoluídos. Rogo por ano novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão sombra, a filosofia dos gregos, a luz do sol, a sabedoria de Jó, o esplendor das montanhas de Minas, a música gregoriana. Um ano tão novo que traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o que no passado nos fez menos belos e bons.”

Eis, pois, mais páginas contendo RICAS, ALENTADORAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nosso PENSAR e AGIR, de modo a promovermos a INSERÇÃO do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Destarte, URGE também a árdua missão de PROBLEMATIZARMOS questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) o COMBATE – vigoroso e sem TRÉGUA – dos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, com vistas ao seu enquadramento em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, que campeia por TODAS as esferas da vida NACIONAL, com ralos de todas as dimensões; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO de 2012, do desembolso do ASTRONÔMICO montante de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTO da DÍVIDA...

Torna-se, portanto, absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA de nossa ECONOMIA, que ainda MINA nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE, afeta a CONFIANÇA em nossas INSTITUIÇÕES, ao lado de uma ampla gama de NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, a exigir AMPLIAÇÃO e MODERNIZAÇÃO de áreas como: INFRAESTRUTURA (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); MOBILIDADE URBANA (transportes, trânsito e acessibilidade); EDUCAÇÃO; SAÚDE; ASSISTÊNCIA SOCIAL; PREVIDÊNCIA SOCIAL; SEGURANÇA PÚBLICA; SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL; FORÇAS ARMADAS; SANEAMENTO AMBIENTAL (água TRATADA, esgoto TRATADO, resíduos sólidos TRATADOS, logística REVERSA; MACRODRENAGEM urbana); MEIO AMBIENTE; COMUNICAÇÃO; ENERGIA; LOGÍSTICA; EMPREGO, TRABALHO e RENDA; HABITAÇÃO; CIÊNCIA e TECNOLOGIA; PESQUISA e DESENVOLVIMENTO; QUALIDADE (eficiência, economicidade, produtividade e competitividade); CULTURA; ESPORTE e LAZER...

Sabemos, e bem, que são GIGANTESCOS DESAFIOS mas, NADA, NADA mesmo, ABATE o nosso ÂNIMO nem ARREFECE nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMETO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) neste ano; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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