sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, A DISLEXIA, A EDUCAÇÃO E AS VIAS VENENOSAS DA OBESIDADE (44/16)

(Fevereiro = Mês 44; Faltam 16 meses para a Copa do Mundo de 2014)

“Parabéns! Você tem dislexia!

Dedico a coluna desta semana aos milhares de pais, alunos, adultos, aos grandes profissionais da área da educação, da saúde que não se acomodam e nem se acovardam quando recebem alunos, clientes rotulados (muitas vezes erroneamente) de disléxicos, hiperativos, portanto “problemáticos” e com problemas de aprendizado.

Como sou polêmico, vivo na contramão do senso comum, de cara aviso: essa coluna se baseia no premiado documentário da HBO “Journey Into Dyslexia” (Viagem para a Dislexia) de Alan e Susan Raymond.

Aos que não podem, não tem tempo ou não assistirão. A dislexia está presente em 10% da população de crianças e adultos, sendo uma alteração neurobiológica que dificulta o aprendizado para leitura, soletração, compreensão de palavras ou em matemática, com troca de sílabas, palavras.

No entanto, quando adultos ou mesmo jovens são notavelmente hábeis para esportes, artes, ciências, criatividade, invenção ou matemática avançada e tecnologia, mesmo mantendo padrões de domínio da língua (em nosso país, o português) em padrões primários ou sofríveis.

Cada disléxico é único! Tal um mosaico já que as limitações e habilidades flutuam entre o medíocre para algumas funções (dificuldade extrema em ler, soletrar, escrever, por exemplo) até para o genial, inimaginável em outras áreas (equações não lineares em matemática ou neurogenética, no caso da PhD Dra. Carol Greider, Nobel de Medicina de 2009 – problemática aluna que tirava “E” e “F” e passou raspando em língua pátria, em sala especial de recuperação e alunos “lentos” e teve níveis baixos para entrar na Universidade em que hoje é celebridade – John Hopkins). Dra. Carol Greider, que ganhou o Nobel por desvendar a função dos telômeros na reprodução do DNA das células, sofria bullyng. Era a burra, lesada, “songa-monga” quando estava no ensino fundamental e médio, pois não conseguia ler e tinha que “decorar” ouvindo.

As habilidades de leitura, compreensão, associando sons, símbolos e significados dependem de uma área que está muito ativada dos 4 aos 7 anos, o giro angular do hemisfério esquerdo e circuitos complexos que integram os lobos parietal, temporal e pré-frontal do cérebro. Nos disléxicos, essas áreas não funcionam bem e é torturante as aulas de português, ler na frente da turma, repetir o be-a-bá! Mas foi descoberto que o hemisfério direito deles é cinco vezes mais ativo que os “normais” e se houvessem métodos como o do Orton-Gillingham, simples, com tutores bem treinados e turmas pequenas, os disléxicos teriam outra vida e não seriam desprezados por colegas, escolas despreparadas, usar Ritalina (pois um terço deles tem hiperatividade) e cair na marginalidade.

Repito o que vi e disse para meus clientes e seus pais a vida inteira: “quando forem adultos jovens serão geniais!” Que bom quando um documentário me reafirma o que a experiência de 30 anos e 60 mil pessoas atendidas me mostrou. Nada sabemos sobre o ser humano quando se considera que corpo, cérebro, mente e alma são uma coisa só! E as energias vitais, psíquicas e da fé harmonizadas nos revelam milagres! Deus dá, Deus tira, Deus tira, Deus dá! Disléxicos não leem, mas são artistas, empresários, geniais, sensíveis inventores (pois se reinventam)! Ora, só faz 50 anos que a maior parte do mundo se alfabetizou, então, como dito no documentário: inteligência nada tem a ver com capacidade de aprender a ler ou escrever bem. Antes a sabedoria era só oral e inventava-se, construía-se, curava-se e não havia dificuldades, nem livros, escolas e nem internet!

Graças a Deus, não havia diagnóstico de dislexia e Einstein tinha dificuldades escolares e não usou Ritalina, nem foi ao médico. Quando vamos parar de complicar a vida? Assistam ao documentário, médicos, educadores, fonos, psicólogos e afins!”

(EDUARDO AQUINO. Escritor e neurocientista, em artigo publicado no jornal SUPER NOTÍCIA, edição de 20 de janeiro de 2013, caderno GERAL, página 8, coluna Reaprendendo a viver – pequenas lições sobre comportamente humanamento, relacionamento e a mente humana ).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 11, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor, em parceria com Maria Stella Libânio Christo, de Saborosa viagem pelo Brasil (Mercuryo Jovem), entre outros livros, e que igualmente merece integral transcrição:

“Venenos saborosos

É obrigatório ver Muito além do peso, documentário de Estela Renner produzido por Marcos Nisti, em escolas e famílias. Jamais tive conhecimento de um filme tão pedagógico quanto à alimentação infantil.

Nossas crianças estão sendo silenciosamente envenenadas por ingerirem bebidas e comidas nocivas, todas amplamente anunciadas na TV e na internet, de modo a criar hábitos perenes de consumo. Embora as legislações de muitos países já proíbam publicidade de alimentos prejudiciais à saúde das crianças, como são os casos do Chile, da França e do Reino Unido, o governo brasileiro teima em ficar submisso à pressão das empresas produtoras. Reluta em assegurar qualidade de vida à nossa população. Enquanto a Vigilância Sanitária libera, o Ministério da Saúde arca com os bilhões de reais gastos em doenças evitáveis.

Pesquisas indicam que os produtos expostos à publicidade chegam a ter suas vendas aumentadas em 134%. No Brasil, 30% das crianças apresentam sobrepeso e 15% delas já são obesas. Cresce de modo alarmante a incidência de obesidade infantil, colesterol alto, distúrbios glandulares, diabetes tipo 2, cânceres, sem que se consiga dar um basta à indústria do envenenamento saboroso.

Há escolas que, inclusive, abrem suas portas aos atrativos de redes de lanchonetes, sem consciência de que a qualidade do alimento oferecido equivale a deixar entrar um assassino portando armas. A diferença é que o alimento nocivo mata lentamente e causa maior e mais longo sofrimento.

Esses dados falam por si: uma embalagem de 300g de sucrilhos contém 120g de açúcar. Ou seja, 40% do produto são puro açúcar. Uma garrafa de 1 litro de bebida láctea contém 165g de açúcar. É como ingerir um copo americano repleto de açúcar. Uma lata de 350ml de refrigerante da cor da roupa do Papai Noel contém 37g de açúcar, o que equivale a 7 saquinhos de açúcar, desses oferecidos nos bares para adoçar o cafezinho. Se a criança toma uma lata por dia, em uma semana serão 259g de açúcar. Em um mês, pouco mais de 1kg de açúcar.

O brasileiro consome 51kg de açúcar por ano. São mais de 4kg por pessoa a cada mês. No mundo, 35 milhões de pessoas morrem por ano devido ao consumo excessivo de açúcar. Uma caixa de 355ml de suco de uva contém 48g de açúcar, o que equivale a nova saquinhos de açúcar.

Um pacote de 200g de batatas fritas contém 77g de gordura. Ou seja, 38,5% do produto são pura gordura. É como ingerir meio copo americano de óleo para frituras. Um pacote de 154g de bolachas contém 30g de gordura e 50g de açúcar. Ou seja, 50% do produto são de substâncias prejudiciais à saúde. Um tubo de biscoito recheado contém 30g de gordura e 50g de açúcar, o que equivale ao consumo de 8 pãezinhos franceses. Uma caixa de 200ml de achocolatado e um pacote de 400g de vitamina instantânea contém, cada um, 29g de açúcar. O que equivale a seis saquinhos de açúcar.

Um pote de 400g de farinha láctea contém 146g de açúcar. Ou seja, 36,5% são puro açúcar. Uma garrafa de 2 litros de suco de uva contém 270g de açúcar (equivalente a ingerir 1 copo e 1/2 de açúcar) e apenas 10% de sumo de uva. A caixa de 1 litro do mesmo suco contém 145g de açúcar, equivalente a um copo repleto de açúcar.

Um pacote de 35g de suco em pó contém 28g de açúcar e 1% de fruta. Ou seja, 80% do produto são puro açúcar. Nas embalagens quase nunca aparece a palavra “açúcar”. É substituída por carboidrato. Há crianças que consomem, por dia, 250 calorias em produtos açucarados. Basta ingerir 100 calorias para engordar 4 quilos por ano. E é bom lembrar que hoje em dia as crianças são mais sedentárias, pulam e brincam menos, o que favorece a engorda.

Nossas escolas ensinam quase tudo, menos educação nutricional. Ninguém recorre todos os dias a seus conhecimentos de história ou química, faz operações algébricas ou fala em idioma estrangeiro. No entanto, todos nós comemos várias vezes ao dia. E, em geral, o fazemos sem critério e noção de como o organismo reage aos alimentos, e em que medida são benéficos ou prejudiciais à nossa saúde.

Em 18 de dezembro, a Assembleia Legislativa de SP aprovou dois importantes projetos de lei proibindo a venda de lanches associados a oferta de brindes ou brinquedos e a publicidade de alimentos e bebidas não saudáveis (pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio) em TVs e rádios das 6h às 21h, e em qualquer horário nas escolas públicas e particulares. Espera-se que o Governador Geraldo Alckmin sancione os dois projetos pioneiros no combate à obesidade infantil no Brasil.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas nesta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética,educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações de junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as diretrizes do século 21, da era da globalização, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da paz, da liberdade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...



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