“O
valor da leitura na infância
Uma pesquisa realizada recentemente pela Fundação
Itaú Social em parceria com o Instituto Datafolha avaliou a percepção dos
brasileiros em relação à importância da leitura feita para crianças. O
levantamento indicou que para 96% dos entrevistados, incentivar crianças de até
cinco anos a ler é muito importante, pois o hábito desperta a curiosidade,
contribui para o desenvolvimento intelectual e cultural (54%), além da formação
educacional (36%).
Apesar dessa crença, na prática menos da metade
(37%) dos adultos lê para os pequenos. Responderam que não tiveram quem lesse
para eles durante a infância (60%) dos entrevistados. Uma hipótese é de que por
não terem desenvolvido o apreço pela leitura em seus primeiros anos não se
sentem motivados a replicar o papel de formar leitores.
A discrepância entre a realidade e o desejado fica
evidente quando verificamos os dados da última pesquisa realizada pelo
Instituto Pró-livro, que revelou que lemos espantosamente pouco mais de um
livro por ano.
O levantamento realizado pelo Datafolha identificou
também que a família é a principal responsável pela introdução da leitura no
mundo da criança. Trata-se de um estímulo essencial, pois a valorização do
livro é feita de forma diferente da escola, promovendo a troca de experiências
entre pais e filhos. Além disso, favorece o acesso à cultura e ao lazer,
promove a convivência familiar e comunitária, envolve o adulto no processo
educativo e contribui para a garantia desses direitos, estabelecidos no
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Nas classes com maior poder aquisitivo e mais anos
de estudos, a mãe (95%) e o pai (93%) são os principais incentivadores,
enquanto nas famílias vulneráveis economicamente a responsabilidade recai
especialmente sobre o professor (40%), que muitas vezes não dispõe de
infraestrutura adequada para promover ações de leitura. Segundo o Censo Escolar
de 2011, do Ministério da Educação, a inexistência de bibliotecas ainda é
realidade para 15 milhões de alunos.
O cenário demonstra a necessidade de cada vez mais
investir em políticas que mobilizem as comunidades, garantam equipamentos
públicos de qualidade e respeitem as características regionais, como vem
fazendo o Programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Mais de um milhão de famílias já foram beneficiadas pelo projeto por meio da
instalação de acervos em comunidades rurais e da capacitação de mediadores de
leitura.
Outra proposta interessante é a do Instituto
Ecofuturo, que há dez anos implanta bibliotecas comunitárias Brasil afora por
meio do Projeto Biblioteca Comunitária Ler é Preciso. Iniciativas como essas
podem tornar o hábito de ler para as crianças uma realidade em todo o país. O
desafio é garantir a soma de esforços e os investimentos necessários para que
todos tenham acesso a livros de literatura e entendam o valor da leitura para a
formação integral das crianças, adolescentes e jovens.”
(VALÉRIA
RICCOMINIÉ. Psicóloga, especializada em gestão do conhecimento e diretora
da Fundação Itaú Social, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 4
de fevereiro de 2013, caderno OPINIÃO, página
9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI
FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto
Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela
Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral
transcrição:
“A
nova juventude
A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise
sem precedentes. Os números do desemprego na Espanha, por exemplo, são
assustadores. Dados divulgados recentemente apontam que 26% da população está
sem trabalho, totalizando quase 6 milhões de pessoas. A Espanha vive uma fuga
crescente de jovens talentos. Em um ano, a população entre 20 anos e 24 anos
diminuiu em 100 mil pessoas. Entre 25 anos e 29 anos, a queda foi de 150 mil.
A juventude européia não foi preparada para a
adversidade. A frustração apresenta uma pesada fatura: violência, aborto,
doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas. A ausência de cenários compõe
a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas
para uma explosão de contestação.
O quadro brasileiro é bem diferente. Felizmente.
Temos inúmeros problemas (violência, drogas, corrupção, desigualdade, baixa qualidade
da educação), mas somos um país de gente alegre, com capacidade de sonhar.
Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o rumo das sociedades. “O
Brasil”, dizia-me um conhecido jornalista espanhol, “tem muitas coisas que não
funcionam”. Mas acrescentou: “Vocês têm problemas, mas têm alegria, fé, futuro.
Nós, europeus, perdemos a esperança”.
O Brasil de hoje, independentemente das sombras que
pairam no quadro financeiro mundial e que, queiramos ou não, toldarão o
horizonte da economia real, é um emergente respeitável. O nosso grande capital,
o nosso diferencial, apesar do notável emagrecimento do perfil demográfico
brasileiro, é o vigor da juventude. Uma moçada batalhadora, com vontade de
acontecer e, ao contrário do que imaginam os pessimistas crônicos, sedenta de
valores éticos, familiares e profissionais.
O desinteresse pela política, evidente e medido em
inúmeras pesquisas, é, na verdade, uma rejeição ao comportamento imoral de
inúmeros políticos. E isso é bom. Trata-se, no fundo, de um sinal afirmativo.
Os jovens estão em rota de colisão com a politicagem tradicional. Os políticos
não se dão conta, mas o modelo está esgotado. Os partidos, se quiserem ter
alguma interlocução com a juventude, vão ter que se reinventar.
A juventude atual, não a desenhada por certa
indústria cultural que vive isolada numa bolha ideológica, manifesta uma
procura de firmeza moral, de valores familiares e religiosos. Deus, família,
fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacrônicas nas últimas décadas,
são valores claramente em alta. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontro
do papa com os jovens, em julho deste ano, no Rio de Janeiro, vai surpreender
muita gente. Esperam-se mais de 2 milhões de jovens de todos os continentes. É
muito mais que a Copa do Mundo e as Olimpíadas juntas.
A família, não obstante sua crise evidente, é uma
forte aspiração dos jovens. Ao contrário do que se pensa em certos ambientes
politicamente corretos, os adolescentes atribuem importância decisiva ao
ambiente familiar. Os jovens, em inúmeras pesquisas, apontam a família
tradicional como a instituição de maior ascendência em suas decisões.
No campo da afetividade, antes marcado pelo
relacionamento descartável, vai se impondo a cultura da fidelidade. O tema da
sexualidade, puritanamente evitado pela geração que se formou na caricata moral
dos tabus e das proibições, acabou explodindo, sem limites, na síndrome do
relacionamento transitório. Agora, o rio está voltando ao seu leito. O
frequente uso de alianças na mão direita, manifestação visível de compromisso
afetivo, revela algo mais profundo. Os jovens estão apostando em relações
duradouras.
Assiste-se, na universidade e no ambiente de
trabalho, ao ocaso das ideologias e ao surgimento de um forte profissionalismo.
Ao contrário das utopias do passado, os jovens acreditam “na excelência e no
mérito de se fazer revolução”. O pensamento divergente é valorizado. As pessoas
querem um discurso diverso, não um local onde se pregue apenas uma corrente de
pensamento.
Quem não perceber na mídia e fora dela essa virada
comportamental perderá conexão com um importante segmento do mercado de consumo
editorial.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –,
para a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas,
políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a
promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres,
civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação
– universal e de qualidade, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas)
– e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos
de idade na primeira séria do ensino
fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas
políticas públicas);
b) o
combate, implacável e sem trégua,
aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos,
inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e
intolerável desembolso da ordem de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), igualmente a exigir uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas,
necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das
desigualdades sociais e regionais e
nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades
com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no
horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como
a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das
Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras
do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da
globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do
conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um
possível e novo mundo da justiça, da
liberdade, da paz, da igualdade – e com
equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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