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domingo, 25 de agosto de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ E DESAFIOS DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO HUMANO E A TRANSCENDÊNCIA DA VOZ ECOANDO VALORES E VIRTUDES PARA O BEM COMUM NA SUSTENTABILIDADE


“Educação para a vida
        Todos os dias, desde o momento em que acordamos, recebemos estímulos que vão se multiplicando a partir das nossas práticas sociais na escola, no trabalho, nas atividades que realizamos. A resposta a essas demandas está em grande parte relacionada ao domínio das formas de representação e numérica, das habilidades que desenvolvemos, do nosso repertório, da nossa capacidade de fazer escolhas e de interagir com o mundo.
         Por outro lado, sabemos que são marcantes as dificuldades de acesso à leitura e à escrita de qualidade, em especial para as populações mais vulneráveis. A escola, como espaço privilegiado para o ingresso de crianças, adolescentes e jovens nesse universo, precisa conduzir uma formação que lhes permita compreender a realidade que os envolve e nela agir.
         O Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb 2017, conforme dados de estudo elaborado em março pelo Todos pela Educação, aponta que 60,7% dos estudantes brasileiros matriculados no 5º ano do ensino fundamental apresentam aprendizado adequado em língua portuguesa, e 48,9% em matemática. É nessa etapa da escolaridade que se observam os maiores progressos, com melhoria contínua e significativa desde 2007. Essa curva, porém, perde força nos anos finais do ensino fundamental e fica estagnada no ensino médio. Ao final do 9º ano, os percentuais são de 39,5% e 21,5%, respectivamente. Às portas de entrar na faculdade e na vida profissional, apenas 29,1% dos estudantes que concluíram o ensino médio têm aprendizagem adequada em língua portuguesa e 9,1% em matemática.
         Como consequência, respostas e estímulos cotidianos, como escrever um e-mail ou identificar desconto de um produto no supermercado, tornam-se constrangedores desafios. Em 2018, o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf) apontou que três a cada 10 brasileiros entre 15 e 64 anos enfrentam essa situação. São os chamados analfabetos funcionais.
         Apesar de o número de analfabetos funcionais ter caído de 39% para 29% desde 2001, quando foi realizada a primeira edição do estudo, o percentual de brasileiros que alcançam o nível de compreensão plena e capacidade analítica e crítica está estacionado em 12%, concentrado em pessoas da classe média alta, escolaridade elevada e famílias com gerações anteriores já escolarizadas. Além da acentuada desigualdade de aprendizagem por condição socioeconômica, os dados demonstram, ainda, que o avanço no acesso/matrícula não garantiu a permanência e o sucesso escolar.
         O cenário geral não deixa dúvida sobre a necessidade de se investir em metodologias que valorizem os letramentos (tanto escrito quanto numérico) como ferramentas que potencializam o exercício da cidadania e contribuem para a diminuição das desigualdades socioeconômicas e de aprendizagem. Cabe, então, à escola garantir o acesso democrático à leitura e à escrita, além de promover situações concretas para a resolução de problemas, de modo a inserir, de forma plena e ativa, todos os estudantes numa cultura letrada.
         Mas como estabelecer percursos capazes de cumprir esse objetivo? A formação de educadores tem papel estratégico no aprimoramento das práticas pedagógicas, incidindo sobre os conteúdos colocados à disposição de crianças e adolescentes, e também sobre o engajamento dos profissionais com a melhoria da qualidade da educação. Esforço nesse sentido, o Programa Letras e Números, iniciativa do Itaú Social, elegeu a formação como eixo catalisador, capaz de favorecer tanto a aprendizagem das habilidades de leitura, escrita e matemática, como de contribuir para estimular a formulação de políticas públicas que possibilitem melhores resultados de aprendizagem.
         À medida que acessam novos conhecimentos e se conectam com os avanços das áreas em que atuam, os profissionais de educação ganham autonomia e segurança para ensinar, repensar suas práticas pedagógicas, compreender melhor as novas gerações (em constantes mudanças) e engajá-las nos próprios processos de aprendizagem, contribuindo, assim, para a efetivação do direito ao pleno desenvolvimento das habilidades de leitura, escrita e matemática, no contexto de uma educação pública de qualidade para todos.”.

(DIANNE MELO. Coordenadora de Linguagens no Itaú Social, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de agosto de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Levante a voz
        Os descompassos na sociedade brasileira exigem que se levante a voz – não se pode correr o risco de omissão. A indiferença é uma conivência imoral. Torna-se, pois, urgente levantar a voz. O desafio é entender bem a qualidade desse ato. Ao contrário dos embates que se presenciam nos cenários contemporâneos, é necessário que se levante a voz, seguindo o exemplo da rica tradição dos profetas de Israel. Levantar a voz na tradição profética e no exercício do ministério de Jesus é a exigência de se dizer em vista da verdade, do bem e da justiça.
         O falatório atual precisa ser substituído, urgentemente, pelo compromisso de que se levante a voz para educar e recompor o perigoso esgarçamento do tecido sociopolítico que ameaça o futuro e o presente. Há de se notar as trapalhadas nas falas e nas propostas com o estabelecimento de muita confusão. O momento exige um recomeço a partir de contribuições significativas de modo que, ao se levantar a voz, se esteja engajado em processos que contribuam para nova compreensão da realidade. Se o conjunto da humanidade, neste exato momento, nos seus diferentes segmentos, não conseguir levantar a voz, saibam: a sociedade será, velozmente, e sempre mais de modo destruidor, lançada no caos e na autodestruição.
         O novo do indispensável processo de se levantar a voz, agora, tem seu ponto de partida na escuta qualificada dos outros, particularmente em se tratando dos clamores dos pobres e dos honestos. Assiste-se à derrocada de instituições indispensáveis a assegurar os funcionamentos democráticos. Há sinais de posturas ditatoriais e de configuração de esquemas de negociatas e de vantagens para grupos e segmentos oligárquicos sob a hegemonia sedutora e doentia da idolatria do dinheiro. Há convicções de que o lugar ocupado é justo, sem autocrítica. Uma visão emoldurada por entendimentos questionáveis, com uma lógica empobrecida do sentido de humanismo e de “pertença” à nação.
         Levantar a voz precisa ser um forte movimento de reparação e de impulso para uma compreensão ajustada da sociedade, do uso de seus bens, da sensibilidade social, que fecunda o sentido de respeito à casa comum, pela superação desses disparates que estão comprometendo o respeito indispensável a uma sociedade democrática. Levantar a voz é um remédio para salvar a sociedade brasileira – antídoto para a “avalanche” de falatórios estéreis propalados como verdade. Falatórios que são difundidos por quem não goza de autoridade moral. Não basta falar. Há quem fale, e muito, até mesmo para se justificar e se defender pela arma criminosa da detração do outro.
         Na raiz da incompetência revelada nos falatórios que estão diametralmente opostos ao ato de levantar a voz, com sua força moral própria, constata-se grave relativismo prático responsável por um estilo de vida desordenado, gerador de confusão mental e escolhas pautadas por parâmetros medíocres e mesquinhos. O papa Francisco já admitiu que esse relativismo prático é mais perigoso que aquele doutrinal. Há uma onda perigosa em que o indivíduo se coloca no centro, dando prioridade absoluta aos seus interesses absurdos. As instituições estão sendo atingidas frontal e mortalmente. Há verdadeira adoração pelo poder e pelo dinheiro, o que faz indivíduos se tornarem representantes do maligno. As consequências terríveis são evidentes na degradação ambiental e social em curso. Essa famigerada cultura do relativismo é a patologia que manipula a pessoa e a convence de se aproveitar dos outros, como se fossem meros objetos. Com isso, as instituições estão em processo de derrocada, pois carecem de pessoas com verdadeira e comprovada autoridade moral. Vê-se, com perplexidade, defesas de moralidades e, ao mesmo tempo, o comprometimento de intocáveis princípios. Uma confusão que acirra posições parciais típicas de indivíduos que não dão conta do mínimo moralmente exigido e indispensavelmente requerido.
         A lógica desse relativismo da moral é a mesma que leva à defesa rígida de um aspecto e a negociação de outro por fraqueza e interesses espúrios. Dois pesos e duas medidas. “Levante a voz” é convite interpelante, dinâmica da reconstituição tecido moral da sociedade brasileira. Para isso, a coerência profética é condição indispensável, de modo que o falar seja acompanhado sempre de gestos concretos coerentes e fundamentados na verdade. A sociedade precisa que suas instituições levantem a voz para salvá-las do fracasso, imposto pela falta de coerência e pelas manipulações. Isso exige coragem e destemor. O mundo da educação, particularmente, precisa levantar a voz e desinstalar-se daquelas costumeiras críticas insípidas e conceitualistas sem força de mudança. Todos precisam levantar a voz, antes que seja tarde.
         Fale alto o bem comum, impulsione o altruísmo, valha a honra, o respeito e a generosidade. Consiga-se, assim, fazer frente ao rolo compressor dos falatórios e falsificações com a voz que se levanta e produz novos entendimentos, escolhas assertivas e justas. Efetive-se a superação de criminosos denuncismos, para desenhar novas dinâmicas civilizatórias, livres de juízos sem a mínima noção de realidade. É tempo de levantar a voz para fazer valer a verdade e avançar na direção do bem. Se quiser contribuir agora, do seu lugar, alicerçado na verdade e no apreço pelo outro e pelo bem, levante a voz. Trata-se de efetiva participação democrática.
         Uma nova compreensão com escolhas adequadas é a exigência para correção de rumos e descobertas de novas respostas. Essa conquista não é fácil de ser alcançada. Virá sempre de quem atender ao convite: levante a voz, para promover entendimentos e iluminar mentes, levando a escolhas que equilibrem a vida e as relações. Levante a voz para fazer valer a verdade em lugar de calúnias e difamações, para construir projetos e novos sistemas. Se todos levantarem a voz no horizonte da fraternidade e da verdade do evangelho de Jesus, serão fortalecidas dinâmicas de conversão e mudanças no tecido civilizatório – uma urgência para a sociedade brasileira, que depende muito de que se levante a voz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a ainda estratosférica marca de 300,09% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 322,23%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,22%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


 

  

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ E OS DESAFIOS DO ENSINO NA GERAÇÃO ALPHA E A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DA ESCOLA NA SUSTENTABILIDADE


“Como ensinar uma geração hiperconectada?
        No mesmo ano em que a Sociedade Americana de Dialetos identificava “app” como a palavra mais usada em 2010, nasciam as crianças da Geração Alpha, primeiras nascidas inteiramente no século 21. Hiperconectividade é a palavra que define esse grupo, estimulado a interatividade e acostumado à presença de telas desde o primeiro dia de vida, com crianças chegando ao mundo com uma grande quantidade de estímulos e tendendo a se tornar independentes, adaptáveis, livres e questionadoras. Com isso, surge, também um questionamento importante: como ensinar uma geração inteiramente hiperconectada?
         A resposta não é simples e nem exata, como tudo o diz respeito a essa geração. Talvez para essas crianças, o método tradicional no ensino não tenha tanto sucesso, podendo contribuir para o desinteresse de um grupo que não está “programado” para passar horas olhando para uma lousa e ouvindo palestras sobre um mesmo assunto. Um estudo de 2018 da editora Person indicou que os alunos das gerações mais conectadas já evitavam livros e apontaram vídeos como a sua forma favorita de aprendizado. Dessa forma, a tecnologia pode ser o “pulo do gato” na hora de ensinar os Alphas.
Ensinar uma criança da Geração Alpha significa utilizar métodos mais dinâmicos, modernos, personalizados e, principalmente, interativos. Os Alphas funcionam com estímulos sensoriais a todo o momento, e eles aprendem com isso, seja por meio de animações, aplicativos ou jogos interativos. O importante é que eles interajam com o que estão aprendendo. Além disso, os recursos digitais despertam interesse e prendem muito mais a atenção, além de se aproximar da realidade da criança que aprende, tornando-a muito mais engajada. Mas, afinal, como trazer, na prática, a tecnologia para o aprendizado da criança?
Hoje, existem várias formas: realidade aumentada, jogos, livros digitais, vídeos, animações e até aplicativos reunindo todos esses conteúdos ao mesmo tempo são apenas algumas das ferramentas que podem ser usadas no processo ensino-aprendizagem, tanto em casa quanto na escola. Em algumas escolas nos EUA, os professores utilizam lembretes no Instagram para lembrar os alunos de suas tarefas. Alguns distritos já usam até uma plataforma específica para isso: o Google Classroom, que funciona como uma espécie de agenda escolar digital, e permite que pais e alunos monitorem suas notas e tarefas futuras.
É claro que nem sempre é possível ensinar com tecnologia, ainda mais em um país como o Brasil, em que nos falta estrutura e estímulo para isso. Ainda assim, é possível inserir pequenas iniciativas na rotina da criança e tornar o aprendizado misto, já que não é possível, e nem saudável, que esse se torne totalmente tecnológico.
Um bom exemplo é começar a inserir tecnologia em aulas específicas, como as de inglês, por exemplo. Por que não ensinar uma segunda língua de forma totalmente natural e interativa? Já existem aplicativos e plataformas que podem ensinar uma outra língua desde muito cedo, sem que os pais precisem expor seus filhos a ambientes que não são 100% seguros na internet, como o Youtube, por exemplo.
É importante lembrar que a Geração Alpha que está aprendendo hoje será a que estará no mercado de trabalho amanhã. Unir aprendizado e tecnologia pode gerar profissionais mais preparados para um mercado de trabalho também em transformação.”.

(JOÃO CHEQUER. Administrador e pós-graduado em marketing pela FGV, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de maio de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 29 de maio de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de PATRICIA MOTA GUEDES, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, e que merece igualmente integral transcrição:

“Educação para o desenvolvimento
        Por que a educação é fundamental para o desenvolvimento de um país? Para responder essa pergunta, é necessário primeiro definir o que consideramos desenvolvimento. Desde a Cúpula das Nações Unidas de setembro de 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) têm dado o tom a este debate, com uma agenda que, para além do discurso econômico, dá luz à erradicação da pobreza e redução das desigualdades, preservação do planeta, padrões sustentáveis de produção e consumo, garantia de direitos à saúde e educação, entre outros.
         Em 17 pontos elencados para serem atingidos até 2030, o Objtivo 4 determina que será preciso “garantir educação inclusiva para todos e promover oportunidades de aprendizagem equitativa e de qualidade ao longo da vida”. Portanto, para seu desenvolvimento pleno, um país tem que assegurar o direito à educação de qualidade para todas e todos.
         E como está o Brasil nesse caminho de concretizar o Objetivo 4 dos ODS? Embora o gasto em educação no Brasil em termos de porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) tenha se destacado como um dos mais altos entre os países membros e não membros da OCDE, nosso gasto por aluno ainda é um dos mais baixos, sobretudo na educação básica. A divulgação do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostrou onde temos conseguido avanços significativos, e ao mesmo tempo as grandes desigualdades que ainda nos marcam. Por exemplo, são evidentes as desigualdades de aprendizagem entre estudantes por nível socioeconômico das escolas, embora haja alguns estados que estejam conseguindo reduzir esse abismo com sucesso. De forma geral, as desigualdades regionais persistem.
         Por outro lado, considerando que o município acaba sendo o elo mais frágil do nosso sistema federativo – inclusive em termos de recursos disponíveis –, merece atenção o sucesso das redes municipais em alcançar suas metas educacionais onde justamente houve maior colaboração entre Estado e municípios, e/ou entre municípios de uma mesma região. São experiências importantes que precisam continuar inspirando iniciativas semelhantes nos próximos anos.
         Como desenvolvimento sustentável não se constrói sem redução das desigualdades, a qualidade da nossa educação pública precisa estar diretamente associada à sua capacidade de oferecer uma ótima escola para todos. Envolve a redução tanto das desigualdades entre redes e suas escolas, quanto as existentes dentro de cada escola; e em suas mais distintas manifestações, como por nível socioeconômico, raça, pessoas com deficiência, gênero e região geográfica. Trata-se de investir de forma sistêmica em áreas-chave como a valorização e formação de professores e gestores escolares, desenvolvimento de proposta curricular, recursos financeiros e capacidade gerencial, mobilização e liderança. Em termos de liderança, precisamos dela não apenas nos escalões do Executivo e no Legislativo. Tomada de decisão também acontece no dia-a-dia do fazer da escola, de quem está mais próximo do estudante. Nesse sentido, o engajamento de professores e demais membros da comunidade escolar é fundamental. Uma recente pesquisa nacional com docentes mostrou como querem ser bem mais escutados e envolvidos nas políticas e programas educacionais.
         Não pode haver qualidade na educação sem equidade, da mesma forma que não há desenvolvimento sustentável sem educação. As novas lideranças e equipes que assumiram o Executivo e o Legislativo precisam estar prontas para esse desafio, se inspirando nas experiências de sucesso, inovando sem descontinuar o que tem funcionado bem nas gestões anteriores. Enquanto sociedade civil, precisamos nos manter ativos na cobrança para que promessas se concretizem, mas também no nosso papel específico de colaborar nos esforços de melhoria da educação pública em nosso país. Mesmo tendo avançado, não podemos perder os ganhos obtidos, tampouco desacelerar o ritmo de transformação, tão urgente para os próximos anos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 298,57% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 323,31%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,94%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



   
   

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A CIDADANIA, OS ROYALTIES E OS NOVOS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO

“Educação e os royalties
        
         A publicação da Lei 12.858/2013, que destina parte dos royalties do petróleo para a educação, embora seja um ponto louvável, não dará conta, sozinha, de garantir a oferta de ensino público de qualidade, fundamental para o desenvolvimento sustentável do país. Mais recursos para a educação são necessários, mas não suficientes para alcançar esse objetivo: a qualidade da gestão educacional é também essencial para avançarmos no tema. O desafio está em planejar, implementar e avaliar políticas e programas que de fato cheguem à sala de aula e promovam resultados significativos para todas as crianças e jovens brasileiros.
         O debate público tem se concentrado até aqui unicamente em dois pontos: a fixação de uma porcentagem de recursos do PIB para a educação, por meio da aprovação do Plano Nacional da Educação, que deve ocorrer neste semestre, e a chegada dos royalties, que, de acordo com o governo, devem destinar ao ensino público R$ 112 bilhões em 10 anos, permitindo atingir 10% do PIB para o setor em 15 anos.    
         As duas questões merecem um exame mais detalhado dos gestores e de toda a sociedade envolvida com o projeto de uma educação de qualidade, se não quisermos ver desperdiçados os recursos que ingressarão no sistema. O Brasil, gasta, anualmente, US$ 2.416 por estudante do ensino fundamental ao superior, ao passo que a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de US$ 8.354. No Chile, o gasto é de US$ 3.521 e, na Argentina, US$ 3.204.
         Como estamos em um sistema federativo, a aprovação do PNE não será o fim, mas sim o ponto de partida para desdobramentos decisivos que ocorrerão em cada estado e município. As cidades precisarão elaborar ou rever seus planos de educação para adequar-se às metas, o que exigirá um enorme esforço das equipes técnicas responsáveis e dos governos. De acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizada com dados de 2011, dos 5.565 municípios do Brasil, 2.181 não têm Plano Municipal de Educação. Nesse sentido, o PNE será um catalisador importante para reversão desse quadro. A construção dos planos municipais abre a oportunidade para se definir prioridades e estratégias em nível local, com aprimoramento da gestão dos recursos.
         Experiências bem-sucedidas realizadas em outros países e já em curso em algumas redes brasileiras apontam medidas prioritárias para promover o salto de qualidade de que o Brasil necessita. Entre elas, atrair, apoiar e reter professores de qualidade e investir nos recursos humanos das escolas e secretarias, o que possibilitaria aprimorar a seleção, formação e apoio de lideranças e quadros técnicos do ensino público
         Outros pontos essenciais são o investimento em políticas que estimulem e apoiem as escolas no fortalecimento de suas relações com as famílias e comunidade e nos sistemas de avaliação e monitoramento, garantindo o uso pedagógico das avaliações e o controle social dos resultados de ensino a aprendizagem. A ampliação da jornada escolar e diversificação dos currículos por meio de educação integral oferece um bom exemplo do desafio de planejamento e gestão que as secretarias de educação precisarão enfrentar após a aprovação do PNE. As redes de ensino deverão adequar-se ao cumprimento da meta 6, que prevê a extensão da oferta de educação integral a 25% dos alunos e 50% das escolas de educação básica.
         Contudo, o poder público terá imensa dificuldade de atender essa demanda apenas com escolas de tempo integral. A possível expansão física e a do quadro de funcionários, bem como a formação necessária desses profissionais, serão insuficientes para oferecer a jornada ampliada no prazo de 10 anos.
         O esforço para colocar o Brasil na rota da educação integral tende, portanto, a considerar diversas modalidades de oferta e envolver outras instâncias e arranjos da sociedade civil. Importante colocar na agenda as parcerias público-privadas a alianças com organizações não governamentais, que já vêm executando esse trabalho com o poder público em todo o país. O trabalho das ONGs deve ser potencializado para que o projeto de ampliar a oferta de educação integral prospere, o que requer equipes gestoras mais preparadas para o desafio de alcançar essa meta.
         O dinheiro dos royalties e o aumento do orçamento destinado à educação são fundamentais para avançarmos. Mas não podemos mirar apenas nos recursos. Precisamos preparar o terreno para ampliar os investimentos de forma ordenada e eficiente. Sem um planejamento rigoroso, corremos o risco de jogar uma oportunidade de ouro pela janela. Os investimentos em educação devem ter destino certo e nos levar a um futuro melhor no campo da educação. Que venham os recursos e que eles sejam gastos de maneira exemplar.”

(ANTONIO JACINTO MATIAS. Vice-presidente da Fundação Itaú Social, membro do conselho de governança do Movimento Todos pela Educação, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia escolar (Ática), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Crianças robotizadas
        
         Todos nós já vimos uma menina dar de beber à boneca, embora ela saiba perfeitamente que bonecas não bebam, assim como meninos conversam com cães como se eles fossem capazes de responder na mesma linguagem.
         É imprescindível à nossa saúde psíquica desfrutar o máximo, na infância, do nosso universo onírico. Embora bonecas não bebam o suco que lhes é oferecido, nem cães possam estabelecer diálogo com uma criança, ela atribui à boneca e ao animal estados emocionais que são próprios de seres humanos.
         Toda criança é uma atriz, capaz de desempenhar múltiplos papéis. A menina é mãe, babá, irmã, professora e médica da boneca. Há uma interação entre as duas. A boneca, graças à projeção onírica da criança, responde, chora, come, bebe e faz manha.
         A fantasia é o recurso mimético que permite à criança transportar, à sua maneira, o universo dos adultos ao seu mundo e, ao mesmo tempo, é o complemento da sabedoria infantil, provedora de sentido e animação ao que, aos olhos adultos, carece de sentido e permanece inanimado.
         O menino, montado no cabo de vassoura, sente-se confortável em seu cavalo. Dê a ele um cavalo de brinquedo, com arreios e crina, e é bem provável que, dias depois, ele abandone o presente para voltar à vassoura – que dialoga com a sua imaginação.
         Exaurir a infância de tudo que ela tem de próprio, como atividades lúdicas, brincar de roda, de esconde-esconde, e enturmar-se com os amiguinhos, é essencial para o futuro saudável do adulto.
         Hoje em dia essa exigência se torna mais difícil. A rua é, agora, lugar perigoso, ameaçado pela violência e pelo trânsito. As crianças ficam retidas em casa, confinadas em apartamentos, entregues à jogos eletrônicos, TV e internet.
         A diferença com as gerações passadas é que, agora, o protagonista da fantasia não é a criança. É a animação do desenho virtual, como se a tecnologia “soubesse” por ela. A criança é relegada à condição de mera espectadora. A fantasia não brota dela, resulta do aplicativo ou do desenho animado ou filme projetado na TV e na internet.
         Na missa de domingo vi duas crianças compartilhando um smartphone, enquanto seus pais participavam da liturgia. Passaram todo o tempo atentas ao Homem-Aranha arrasando seus adversários.
         O que esperar de um adulto que, quando criança, divertia-se com a violência virtual e passava horas praticando assassinatos via bonequinhos eletrônicos? E de uma menina que, aos 4 ou 5 anos, se maquia como adulta, fala como adulta, manifesta desejos de adulta, padecendo a esquizofrenia de ser biologicamente infantil e psicologicamente “adulta”?
         A puberdade, momento crítico para todos nós, é mais angustiante para essa geração que não exauriu seu potencial de fantasias. O medo do real é mais acentuado, assim como a dependência familiar, que mantém jovens de 25 e 30 anos ao abrigo do lar paterno.
         Essa insegurança frente ao real é a porta de entrada para a vulnerabilidade às drogas. O traficante, graças a uma perversa intuição profissional, oferece de graça sua mercadoria aos adolescentes, como se advertisse: “Você já não pode sonhar com a própria cabeça. Mas não tema. Há outro jeito de fugir da realidade e “viajar” legal. Só que agora depende da química. Experimente isso”.
         Preocupam-me também as crianças robotizadas que cumprem, além da escola, agendas apertadíssimas, com aulas de idiomas, natação etc., sem tempo para brincar com outras crianças e, assim, se educar nos códigos da sociabilidade, como saber admitir seus próprios limites e reconhecer o direito dos outros.
         Talvez essa robotização explique um fenômeno tão comum nas grandes cidades: adolescentes e jovens que, em ônibus e metrô, se fazem de cegos ao ver, de pé, idosos, portadores de deficiência e mulheres grávidas, e permanecem tranquilamente sentados, se lixando para a mais elementar educação.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
    
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; esporte, cultura e lazer; turismo; comunicações; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam investimentos bilionários como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A CIDADANIA, A LEITURA, A INFÂNCIA E A NOVA JUVENTUDE


“O valor da leitura na infância

     Uma pesquisa realizada recentemente pela Fundação Itaú Social em parceria com o Instituto Datafolha avaliou a percepção dos brasileiros em relação à importância da leitura feita para crianças. O levantamento indicou que para 96% dos entrevistados, incentivar crianças de até cinco anos a ler é muito importante, pois o hábito desperta a curiosidade, contribui para o desenvolvimento intelectual e cultural (54%), além da formação educacional (36%).
     Apesar dessa crença, na prática menos da metade (37%) dos adultos lê para os pequenos. Responderam que não tiveram quem lesse para eles durante a infância (60%) dos entrevistados. Uma hipótese é de que por não terem desenvolvido o apreço pela leitura em seus primeiros anos não se sentem motivados a replicar o papel de formar leitores.
     A discrepância entre a realidade e o desejado fica evidente quando verificamos os dados da última pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro, que revelou que lemos espantosamente pouco mais de um livro por ano.
     O levantamento realizado pelo Datafolha identificou também que a família é a principal responsável pela introdução da leitura no mundo da criança. Trata-se de um estímulo essencial, pois a valorização do livro é feita de forma diferente da escola, promovendo a troca de experiências entre pais e filhos. Além disso, favorece o acesso à cultura e ao lazer, promove a convivência familiar e comunitária, envolve o adulto no processo educativo e contribui para a garantia desses direitos, estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente.
     Nas classes com maior poder aquisitivo e mais anos de estudos, a mãe (95%) e o pai (93%) são os principais incentivadores, enquanto nas famílias vulneráveis economicamente a responsabilidade recai especialmente sobre o professor (40%), que muitas vezes não dispõe de infraestrutura adequada para promover ações de leitura. Segundo o Censo Escolar de 2011, do Ministério da Educação, a inexistência de bibliotecas ainda é realidade para 15 milhões de alunos.
     O cenário demonstra a necessidade de cada vez mais investir em políticas que mobilizem as comunidades, garantam equipamentos públicos de qualidade e respeitem as características regionais, como vem fazendo o Programa Arca das Letras, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Mais de um milhão de famílias já foram beneficiadas pelo projeto por meio da instalação de acervos em comunidades rurais e da capacitação de mediadores de leitura.
     Outra proposta interessante é a do Instituto Ecofuturo, que há dez anos implanta bibliotecas comunitárias Brasil afora por meio do Projeto Biblioteca Comunitária Ler é Preciso. Iniciativas como essas podem tornar o hábito de ler para as crianças uma realidade em todo o país. O desafio é garantir a soma de esforços e os investimentos necessários para que todos tenham acesso a livros de literatura e entendam o valor da leitura para a formação integral das crianças, adolescentes e jovens.”
(VALÉRIA RICCOMINIÉ. Psicóloga, especializada em gestão do conhecimento e diretora da Fundação Itaú Social, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 13 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 4 de fevereiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“A nova juventude

     A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise sem precedentes. Os números do desemprego na Espanha, por exemplo, são assustadores. Dados divulgados recentemente apontam que 26% da população está sem trabalho, totalizando quase 6 milhões de pessoas. A Espanha vive uma fuga crescente de jovens talentos. Em um ano, a população entre 20 anos e 24 anos diminuiu em 100 mil pessoas. Entre 25 anos e 29 anos, a queda foi de 150 mil.
     A juventude européia não foi preparada para a adversidade. A frustração apresenta uma pesada fatura: violência, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas. A ausência de cenários compõe a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de contestação.
     O quadro brasileiro é bem diferente. Felizmente. Temos inúmeros problemas (violência, drogas, corrupção, desigualdade, baixa qualidade da educação), mas somos um país de gente alegre, com capacidade de sonhar. Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o rumo das sociedades. “O Brasil”, dizia-me um conhecido jornalista espanhol, “tem muitas coisas que não funcionam”. Mas acrescentou: “Vocês têm problemas, mas têm alegria, fé, futuro. Nós, europeus, perdemos a esperança”.
     O Brasil de hoje, independentemente das sombras que pairam no quadro financeiro mundial e que, queiramos ou não, toldarão o horizonte da economia real, é um emergente respeitável. O nosso grande capital, o nosso diferencial, apesar do notável emagrecimento do perfil demográfico brasileiro, é o vigor da juventude. Uma moçada batalhadora, com vontade de acontecer e, ao contrário do que imaginam os pessimistas crônicos, sedenta de valores éticos, familiares e profissionais.
      O desinteresse pela política, evidente e medido em inúmeras pesquisas, é, na verdade, uma rejeição ao comportamento imoral de inúmeros políticos. E isso é bom. Trata-se, no fundo, de um sinal afirmativo. Os jovens estão em rota de colisão com a politicagem tradicional. Os políticos não se dão conta, mas o modelo está esgotado. Os partidos, se quiserem ter alguma interlocução com a juventude, vão ter que se reinventar.
     A juventude atual, não a desenhada por certa indústria cultural que vive isolada numa bolha ideológica, manifesta uma procura de firmeza moral, de valores familiares e religiosos. Deus, família, fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacrônicas nas últimas décadas, são valores claramente em alta. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontro do papa com os jovens, em julho deste ano, no Rio de Janeiro, vai surpreender muita gente. Esperam-se mais de 2 milhões de jovens de todos os continentes. É muito mais que a Copa do Mundo e as Olimpíadas juntas.
     A família, não obstante sua crise evidente, é uma forte aspiração dos jovens. Ao contrário do que se pensa em certos ambientes politicamente corretos, os adolescentes atribuem importância decisiva ao ambiente familiar. Os jovens, em inúmeras pesquisas, apontam a família tradicional como a instituição de maior ascendência em suas decisões.
     No campo da afetividade, antes marcado pelo relacionamento descartável, vai se impondo a cultura da fidelidade. O tema da sexualidade, puritanamente evitado pela geração que se formou na caricata moral dos tabus e das proibições, acabou explodindo, sem limites, na síndrome do relacionamento transitório. Agora, o rio está voltando ao seu leito. O frequente uso de alianças na mão direita, manifestação visível de compromisso afetivo, revela algo mais profundo. Os jovens estão apostando em relações duradouras.
     Assiste-se, na universidade e no ambiente de trabalho, ao ocaso das ideologias e ao surgimento de um forte profissionalismo. Ao contrário das utopias do passado, os jovens acreditam “na excelência e no mérito de se fazer revolução”. O pensamento divergente é valorizado. As pessoas querem um discurso diverso, não um local onde se pregue apenas uma corrente de pensamento.
     Quem não perceber na mídia e fora dela essa virada comportamental perderá conexão com um importante segmento do mercado de consumo editorial.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)     a  educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira séria do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas);
b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), igualmente a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...