sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A CIDADANIA, A ENERGIA DA LUZ PARA A HUMANIDADE E UM NOVO OLHAR PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE

“No decorrer da vida deve-se perceber quando uma etapa se encerra
         
         Um dos motivos pelos quais a vida nova não se implantou ainda na Terra é o fato de os homens não saberem estar sem lutas, sem conflitos, sem caprichos e desejos. Uma pérola sagrada não tem seu verdadeiro valor reconhecido se aquele a quem ela é entregue não está desperto.
         Antes que a nova vida possa emergir de modo mais pleno no planeta ou em um ser, são necessárias algumas condições como: amar acima de tudo a Luz, tendo esse amor como alento, alegria, paz e preenchimento; ter olhos abertos para reconhecer a tarefa que cabe à consciência, cumprindo-a sem restrições; não fugir das tribulações, mas estar diante delas com paciência e fé; nutrir laços com o núcleo interior que existe em cada ser, núcleo de energia ígnea, como fogo ardente capaz de dissipar tenazes resistências, de erguer o ser e acender nele o ardor da persistência.
         Muitos indivíduos que vivem nesta época trazem uma energia que desvela novos rumos. Manifestam disponibilidade para assumir tarefas que intimidariam outros, pelas dificuldades que podem apresentar. Esses seres são fundamentais na atual situação planetária; com os caminhos abertos por pioneiros anteriores, aproxima-se o momento da concretização de uma nova vida e essa energia desbravadora poderá ser canalizada para setores mais amplos e profundos do Plano Evolutivo – o Plano de Deus.
         A humanidade deve atingir padrões de conduta mais elevados. Para tanto, vem sendo preparada há milênios. E em meio ao caos externo que se expande atualmente, é possível perceber algo diferente, essencial para que caminhos corretos possam ser trilhados. Esse algo, humilde e silencioso, é o fogo que trará o novo dia
         Sábios são os que encontram a si mesmos e, do seu mais profundo centro, obtêm os sinais de que necessitam. Não querem atingir ponto algum nem permanecer onde estão. Não interrompem sua jornada, mas não têm ansiedade por chegar ao final dela.
         Todos têm uma meta a atingir, passos a dar, degraus a galgar; e uma inquietude leva hoje as consciências a buscarem algo que vá ao encontro de suas necessidades internas. E mesmo que forças materiais tentem envolver os indivíduos, muitos já sabem que não é por meio delas que encontrarão a paz.
         Por isso, é necessário perceber quando uma etapa realmente se encerra no próprio ser, desencadeando a transferência da energia para um plano mais interno. É um momento delicado que requer silêncio, entrega e ausência de expectativas. Esse salto interior só pode ser dado pelo próprio ser.
         A clareza de intenções e a determinação para prosseguir de modo firme e com alegria devem estar presentes. Sublime é a conjuntura interna que apoia os seres abertos ao serviço incondicional pelos seus semelhantes, pela Natureza e pelo planeta. A gratidão transforma-os em tochas ardentes, irradiadoras de luz.
         O coração dos pioneiros transborda quando tocado pela luz e aqueles que já superaram as ilusões sabem que, assim como a luz vem, ela se vai e se recolhe. Na presença da luz, que o ser mergulhe no mar de sabedoria, amor e poder. Na sua ausência, que procure estar disponível para que, quando ela voltar, encontre as portas abertas.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 9 de fevereiro de 2014, caderno O.PINIÃO, página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 5 de fevereiro de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de A mosca azul – reflexão sobre o poder (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Desafios à Celac
        
         Em nenhuma outra região há, nas últimas três décadas, mudanças tão significativas quanto na América Latina e no Caribe. A II Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), reunida em Havana, em 28 e 29 de janeiro, refletiu esse processo renovador e os desafios que se apresentam aos 33 países – 600 milhões de habitantes – que integram o organismo criado, oficialmente, em Caracas, em 3 de dezembro de 2011.
         Cuba propôs fortalecer a luta contra a pobreza, a fome e a desigualdade, e declarar o continente “zona de paz”, livre sobretudo de armas nucleares. A Celac condenou o criminoso bloqueio dos EUA a Cuba; apoiou a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas; e respaldou a independência de Porto Rico e seu posterior ingresso no organismo.
         Como instituição de articulação política, a Celac tem o mérito de excluir a participação dos EUA e do Canadá, que sempre trataram a América Latina e o Caribe como seu quintal. Após o fracasso do Tratado de Livre Comércio entre os EUA e o México (Nafta), e o Chile como associado, e a rejeição da proposta da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) pela maioria dos países do continente, este iniciou seu percurso por um caminho próprio. A América Latina e o Caribe atingiram, enfim, a sua maioridade.
         Muitos fatores contribuíram para esse avanço. Primeiro, a resistência, a persistência e a permanência da revolução cubana, que não sucumbiu frente às agressões dos EUA nem em consequência da queda do Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética. Vieram, em seguida, a rejeição eleitoral aos candidatos que encarnavam a proposta neoliberal e a vitória daqueles identificados com as demandas populares, em especial dos mais pobres: Chávez, Daniel Ortega, Lula, Bachelet, Kirchner, Mujica, Correa, Morales etc.
         Vários organismos foram criados para fortalecer a integração continental: Alba, Unasul, Caricom, Aladi, Parlatino, Sica etc. Muitas dificuldades, entretanto, se configuram no horizonte. Nessa economia globalizada e hegemonizada pelo capitalismo neoliberal, a crise de moedas fortes, como o dólar e o euro, afeta negativamente os países do continente. Embora haja avanços no combate à extrema pobreza, ainda hoje a região abriga 50 milhões de miseráveis; os salários pagos aos trabalhadores são baixos frente aos custos inflacionados das necessidades vitais; a desigualdade social cresce vertiginosamente (dos 15 países mais desiguais do mundo, 10 se encontram no continente).
         Na Europa, onde a crise econômica desemprega 30 milhões de pessoas, a maioria jovens, já não há uma esquerda capaz de propor alternativas. O Muro de Berlim desabou sobre a cabeça de partidos e militantes de esquerda, quase todos cooptados pelo neoliberalismo. Nos países da Celac, a história dependência de suas economias ao mercado externo dá indícios de uma crise que tende a se agravar. Os índices de crescimento do PIB caem; a inflação ressurge; e se agravam a desindustrialização e o êxodo rural com a consequente  expansão do latifúndio.
         Não basta ter discursos e políticas progressistas se não encontram correspondência e adequação nos programas econômicos. E nossas economias continuam sob pressão de países metropolitanos; de organismos inteiramente controlados pelos donos do sistema (FMI, Banco Mundial, OCDE etc.); de um sistema de tarifas, em especial do preço de alimentos, intrinsecamente injusto, e segundo o qual os lucros privados do mercado têm mais importância que a vida das pessoas. Este dado da Oxfam, divulgado em 16 de janeiro, retrata o mundo em que vivemos: 85 pessoas no planeta possuem, juntas, uma fortuna de US$ 1,7 trilhão, a mesma renda de 3,5 bilhões de pessoas – metade da população mundial.
         Todos os governos progressistas que, hoje, se congregam na Celac sabem que foram eleitos pelos movimentos sociais e pelos segmentos mais pobres que constituem a maioria da população. No entanto, será que há um efetivo trabalho de organizar os segmentos populares? Há uma metodologia que vá além de meras “palavras de ordem” (consignas) e que imprima senso revolucionário nos cidadãos? Os movimentos sociais são protagonistas de políticas de governos ou meros beneficiários de programas de caráter assistencialista e não emancipatório de combate à pobreza?
         A cabeça pensa onde os pés pisam. Nossos governos progressistas correm o sério risco de se verem sucumbidos pela contradição entre política de esquerda e economia de direita, caso não mobilizem o povo para implementar reformas estruturais.
         Como dizia Onelio Cardozo, as pessoas têm “fome de pão e de beleza”. A primeira é saciável; a segunda, infindável. Isso significa que o desejo humano, que é infinito, só deixará de ser refém do consumismo e do hedonismo – tentáculos do neoliberalismo – se tiver saciado sua fome de beleza, ou seja, de sentido à existência, de emulação moral, de valores éticos capazes de moldar o homem e a mulher novos.
         Isso não se alcança apenas com mais feijão no prato e mais dinheiro no bolso. E sim com uma formação capaz de imprimir em cada cidadão e cidadã a convicção de que vale a pena viver e morrer para que todos tenham a vida, e vida em abundância, como disse Jesus (João, 10,10).
         Retornamos, assim, à questão da educação política. Por natureza, o ser humano é egoísta. Porém, ninguém nasce reacionário, preconceituoso, machista ou racista. Tudo depende da educação recebida. É a educação que desperta em nós o altruísmo, a solidariedade, o amor, o senso de partilha e a disposição de sacrifícios em função dos outros.
         À proposta de Raúl Castro de combater a miséria, a fome e a desigualdade, eu acrescentaria a urgência de também combater a “pobreza de espírito” e “saciar a “fome de beleza”, cultivando metodologicamente nas novas gerações e nos movimentos sociais o anseio de construção de um mundo de homens e mulheres novos.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 639 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abismais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São gigantescos desafios, e bem o sabemos, mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...            

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