segunda-feira, 21 de abril de 2014

A CIDADANIA E OS DESAFIOS NA BUSCA DE EXCELÊNCIAS ESCOLARES E DE NOVOS HORIZONTES PARA A JUVENTUDE

“Excelências escolares
        
         O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliou pela primeira vez a capacidade de estudantes de 15 anos do mundo inteiro de resolver problemas de matemática aplicados à vida real. O Brasil ficou em 38º lugar num total de 44 países. As avaliações do Pisa acontecem a cada três anos e abrangem: leitura, matemática e ciências. A cada edição ênfase é em uma dessas áreas. Em 2012, a ênfase foi em matemática. O objetivo do Pisa é produzir indicadores para subsidiar políticas de melhorias na educação, observar como as escolas estão preparando seus jovens para exercerem o papel de cidadãos na sociedade contemporânea e coletar informações básicas de indicadores contextuais relacionando o desempenho dos alunos a variáveis demográficas, socioeconômicas e educacionais. Questionários específicos para os alunos e para as escolas possibilitam uma análise apurada desses indicadores para a melhoria de projetos educacionais.
         Uma das questões aos estudantes era se eles haviam repetido de ano uma ou mais vezes em três etapas diferentes do ensino básico e/ou ao longo do ensino médio. Os alunos que disseram não ter se atrasado nas duas semanas anteriores ao Pisa tiveram melhor desempenho. Estudantes que “mataram” aula cinco ou mais vezes nesse período tiveram pior desempenho. Dados mostram que presença e pontualidade melhoram o aprendizado e que devem ser analisados no âmbito das condições socioeconômicas como pobreza e desestruturação familiar. A boa relação da escola com pais e comunidade é fundamental para competentes projetos na educação.
         Além da inclusão do Brasil no Pisa existem programas para estimular a excelência escolar desde a educação básica. O Prêmio Gestão Escolar, criado em 1998 e aprimorado, valoriza escolas públicas que adotam gestão democrática e de qualidade. Até hoje, 34.832 instituições já participaram. Em 2013 houve a premiação das 27 escolas destaques estaduais, das 5 escolas destaques nacionais, além da escola referência Brasil. Foram finalistas: Escola Estadual Olinda Conceição – MS; Escola Estadual Luiza Bezerra – MT; Escola Estadual Profª Terezinha Carolin – RN; Escola Estadual Mario Andreazza – RR e a Escola Estadual Senador César Lacerda – SP. Importante notar que existem muitas excelências escolares em regiões mais pobres fora do Sudeste, e isso demonstra que a boa gestão escolar que une escola, família e comunidade é determinante. A escola referência Brasil, considerada a melhor, recebe o prêmio de R$ 30 mil. A premiação em dinheiro não é cumulativa, e os diretores das escolas selecionadas de cada Estado são contemplados com viagens de intercâmbio para os Estados Unidos.
         Há intercâmbios também para estudantes campeões?Ciência sem  Fronteiras na educação básica? Recentemente, o MEC anunciou a criação, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, de cursos de pós-graduação no Brasil e no exterior, para formar pesquisadores e professores que estudam os impactos das competências socioemocionais (otimismo, responsabilidade, determinação e curiosidade) no aprendizado dos alunos. Habilidades  muito valorizadas na sociedade contemporânea.
         Ainda sobre licenciaturas, existe o Projeto de lei nº 284/2012, tramitando no Senado, que valoriza licenciaturas competentes, inclusive com residência pedagógica e com benefício de bolsa. São excelentes programas que valorizam escolas e profissionais competentes e as licenciaturas com conteúdos atuais, críticos e socialmente comprometidos com a qualidade da educação brasileira.
         Com certeza, esses caminhos são altamente promissores e devem melhorar e muito o Brasil no ranking mundial da educação, proporcionando ao país grandes avanços sociais e tecnológicos, além de melhor qualidade de vida para os brasileiros.”

(VIVINA DO C. RIOS BALBINO. Psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 14 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, diretor do Master em jornalismo, professor de ética e doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral transcrição:

“Juventude roubada 66
        
         O crescimento da Aids, o aumento da violência e a escalada das drogas castigam a juventude. A deterioração econômica exacerba o clima de desesperança. A percepção da falência do Estado em áreas essenciais (educação, saúde, segurança, transporte) gera muita frustração. Para muitos jovens, os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida.
         Desemprego, gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, Aids e drogas compõem a trafica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de violência. Além disso, a juventude não foi preparada para a adversidade. E a delinquência é, frequentemente, a manifestação visível da depressão.
         A situação é reflexo de uma cachoeira de equívocos e de uma montanha de omissões. O novo perfil da delinquência  é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva e do bombardeio de setores do mundo do entretenimento que se empenham em apagar qualquer vestígio de valores. Tudo isso, obviamente, agravado e exacerbado pela falência das política públicas e a ausência de expectativas.
         Se a crescente falange de adolescentes criminosos deixa algo claro, é o fato de que cada vez mais pais não conhecem os próprios filhos. Não é difícil imaginar em que ambiente afetivo se desenvolvem os integrantes das gangues juvenis. As análises dos especialistas em políticas públicas esgrimem inúmeros argumentos politicamente corretos. Fala-se de tudo. Menos da crise da família. Mas o nó está aí. Se não tivermos a firmeza de desatá-lo, assistiremos, acovardados e paralisados, a uma espiral de violência sem precedentes.
         Certas teorias no campo da educação, cultivadas em escolas que fizeram uma opção preferencial pela permissividade, também estão apresentando um amargo resultado. Uma legião de desajustados, que cresceu à sombra do dogma da educação não traumatizante, está mostrando a sua face criminosa.
         Ao traçar o perfil de alguns desvios da sociedade norte-americana, o sociólogo Christopher Lach – autor do livro A rebelião das elites – sublinha as dramáticas consequências que estão ocultas sob a aparência da tolerância: “Gastamos a maior parte da nossa energia no combate à vergonha e à culpa, pretendendo que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas”.
         O saldo é uma geração desorientada e vazia. A despersonalização da culpa e a certeza da impunidade têm gerado uma onda de superpredadores. O inchaço do ego e o emagrecimento da solidariedade estão na origem de inúmeras patologias. A forja do caráter, compatível com o clima de verdadeira liberdade, começa a ganhar contornos de solução válida. A pena é que tenhamos de pagar um preço tão alto para redescobrir o óbvio.
         O pragmatismo e a irresponsabilidade de alguns setores do mundo do entretenimento estão na outra ponta do problema. A era do mundo do espetáculo, rigorosamente medida pelas oscilações do Ibope, tem na violência uma de suas alavancas. A transgressão passou a ser a diversão mais rotineira de todas. A valorização do sucesso sem limites éticos, a apresentação de desvios comportamentais num clima de normalidade e a consagração da impunidade têm colaborado para o aparecimento de mauricinhos do crime.
         A transformação da internet num descontrolado espaço para a manifestação de atividades criminosas (a pedofilia, o racismo e a oferta de drogas, frequentemente presentes na clandestinidade de alguns sites, desconhecem fronteiras, ironizam legislações e ameaçam o Estado democrático de direito) estão na origem de inúmeros comportamentos patológicos.
         É preciso ir às causas profundas da delinquência. Ou encaramos tudo isso com coragem ou serenidade tragados por uma onde violência jamais vista. O resultado da pedagogia da concessão, da desestruturação familiar e da crise da autoridade está apresentada consequências dramáticas. Chegou para todos a hora de falar claro. É preciso pôr o dedo na chaga e identificar a relação que existe entre o medo de punir e os seus efeitos antissociais.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, pedagógicas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores – para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado),  como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inequivocamente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...  

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