“Compliance
em todos os lugares
O custo Brasil é tema
recorrente nas mais variadas rodas de conversa. Ao compararmos preços de
produtos e serviços com os praticados em outros países, sempre chegamos à
conclusão de que por aqui pagamos demais. Mas o que está por trás desses altos
preços?
Nosso
confuso sistema tributário, com carga altíssima, é sempre responsabilizado, mas
é só isso? Muitas vezes há também uma precificação absurda, aproveitando-se da
alta demanda ou da menor disponibilidade de um produto ou serviço. Produtos
inovadores geralmente chegam mais caros. Por aqui ainda prevalece,
erroneamente, o conceito de que é melhor vender menos quantidade com preços
mais altos do que vender mais com preços baixos – menos trabalho e mais
retorno.
Embora
todos esses fatores tenham seu peso, muitas vezes a má-formação, aliada a uma
ambiência confusa (mercado, legislação e infraestrutura) e escolhas erradas,
nos leva a descarregar essa ineficiência nos preços finais.
Não é
mais suficiente ter um bom plano de negócios. Para ter sucesso, é preciso
conhecer profundamente a complexidade de muitos fatores, entre outras normas e
leis. Entretanto, muitas tratam os assuntos de maneira incompleta ou ambígua,
restando ao empreendedor procurar a ajuda especializada externa que, às vezes,
nem é tão especializada assim.
Ao
empreendedor, fica a impressão de que ele joga sempre contra a banca, onde a
possiblidade de perder é sempre maior do que a de ganhar.
Mas,
superados esses desafios externos, encontramos novas questões, agora internas:
operacionais e comerciais. Para tudo dar certo, precisamos de uma rede de
profissionais competentes para ajudar na entrega do nosso produto ou serviço.
Planejar, comprar, produzir, vender, entregar, controlar, receber, pagar e,
claro, defender a nossa empresa dos predadores internos e externos.
Hoje
não são necessários apenas sistemas informatizados, agora eles precisam interagir
com os clientes e com os portais governamentais. Precisamos também de apoio
externo de contabilidade e advocacia a prestadores de serviços terceirizados,
de empresas de telefonia e internet a fornecedores de energia e de água etc.,
todos precisam ser acompanhados de perto, sob o risco de haver ineficiência e
desperdício de recursos.
Fazer
uma opção errada nessa complexa rede de escolhas se refletirá negativamente no
seu resultado ou no acréscimo do seu preço de venda.
Felizmente,
as empresas estão despertando para essas questões e fortalecendo e valorizando
uma nova função dentro das organizações. Trata-se de compliance, um
profissional ou equipe com ótimo repertório, capaz de ajuda-las a andar em
linha com regras, leis, normas e procedimentos, prevenindo e diminuindo riscos
que as afetam. O reflexo é a redução de custos e o aumento de sua
competitividade.
Resumidamente,
o profissional de compliance poderá atuar, entre outros, na análise e prevenção
dos seus riscos operacionais, gerenciamento de controles internos,
desenvolvimento de normas e melhorias de processos às normas internas,
prevenção de fraudes, atuação junto à área de segurança em TI, interpretação
das leis e adequação da empresa ao seu cumprimento.
Mas
implementar mudanças implica vencer barreiras psicológicas e financeiras.
Psicológicas porque nem sempre se está disposto a aceitar que dentro da empresa
há procedimentos e comportamentos em discordância com normas e leis, e
financeiras porque mudanças demandam tempo, esforço e dinheiro para surtir os
efeitos desejados.
Por
fim, uma opção da governança por atualizar a empresa a princípios de
compliance, adequando-a a uma realidade mais ética, competitiva e eficiente, é
um grande desafio que irá separar as empresas que vão sobreviver nas próximas
décadas daquelas que continuarão remediando e apagando intermináveis
incêndios.”.
(EVANDRO
VARELLA. Superintendente da Faculdade IBS/Fundação Getúlio Vargas, em
artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 17 de maio de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
10 de março de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Críticas
e avaliações
A fragilidade dos
fundamentos da cultura pode ser uma das causas que explicam a incapacidade que
a sociedade tem ao lidar com as críticas e as avaliações. Muito frequentemente,
o que deveria ser uma rica troca de argumentos se reduz a ataques e ironias.
Basta observar o cotidiano das pessoas nos diferentes setores. É incrível a
falta de compostura de muitos parlamentares durante seus pronunciamentos, ou
mesmo certas atitudes dos cidadãos. Essa falta de respeito resulta também da
incompetência para uma autoavaliação. Movidos pela revolta pessoal que nasce do
desinteresse em exercitar o autoconhecimento, muitos se sentem no direito de
dizer, de qualquer jeito, o que bem entender, sem medir as consequências. Por
isso mesmo, é crescente a incompetência para avaliar os próprios atos e
conceitos. Sem reconhecer a própria inaptidão, muitos se consideram certos em
tudo. Acham-se no direito de desferir juízos sobre os outros e permanecem
fechados a qualquer tipo de observação, ainda que seja pertinente.
Essa
fragilidade no tecido cultural gera uma atmosfera permanente de revolta nas
relações, fazendo crescer a intolerância e os equívocos no discernimento e
adoção das prioridades. Consequentemente, perde-se o sentido de limite, que é
necessário para que sejam estabelecidas as relações humanas. Impulsos que
brutalizam essas relações ganham força, enquanto as instituições sociais ficam
enfraquecidas. Assim se estabelece uma confusão que deseduca e é responsável
por retrocessos civilizatórios. O risco permanente é a sociedade ser conduzida
ao marasmo e às permissividades. De um lado, ficam as massas enfurecidas e
raivosas. Do outro, defensivamente e se lamentando, os dirigentes, líderes e
representantes do povo. Um descompasso de terríveis proporções.
Nesse
contexto, nascem os medos paralisantes e a falta de criatividade que
inviabilizam as respostas urgentes e necessárias. Tudo acaba em confusão que descompassadamente
envolve o conjunto da vida. Urge aprender e praticar, culturalmente, a
competência para se fazerem críticas pertinentes, que nunca pode estar
desatrelada da autoavaliação. E para se alcançar essa habilidade, torna-se
necessário investir na autoestima. Quem não conquistou essa qualidade não
suporta críticas e permanece obtuso. Busca promoção e privilégios sem avaliar o
próprio desempenho. Segue a tendência medíocre de se “formar juízo em causa
própria”, com a parcialidade de quem não aceita observações ou posicionamentos
divergentes.
A
sociedade e suas instituições não avançam se os cidadãos não cultivarem a
competência crítica que pressupõe abertura suficiente também para se deixarem
avaliar. São sempre lamentáveis a animosidade e a resistência criadas quando o
discurso inclui críticas e avaliações. Buscam-se justificativas para tudo.
Dessa forma, uma barreira intransponível é construída, impedindo o diálogo
capaz de reorientar processos. As perdas são muitas, nos prazos e na qualidade
dos resultados, pois o objetivo é cada um se colocar como o melhor e o mais
importante.
Investimentos
civilizatórios capazes de garantir aos cidadãos a competência de criticar, de
ouvir críticas e de deixar inserir em processos de avaliação, em vista do bem
maior, são urgentes. Não há outro caminho para superar mediocridades nos
âmbitos dos funcionamentos institucionais, que requerem sempre novas respostas
em razão dos crescentes desafios da sociedade contemporânea. Nesse sentido,
oportuno é avançar na implantação de sistemas que podem avaliar desempenhos em
diferentes âmbitos – educacional, religioso, cultural, político e tantos outros
– capacitando todos com a habilidade para criticar e ouvir críticas. Assim se alcança
a cidadania qualificada, com a abertura a processos permanentes de avaliação.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento
da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade,
em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica
marca de 490,3% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...
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