sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ENSINO BÁSICO E A LUZ DA AUTORIDADE MORAL NA SUSTENTABILIDADE

“Educação a passos lentos
        O novo Censo Escolar divulgado recentemente mostra as graves dificuldades na educação básica como um todo – ela abarca a educação infantil, o ensino fundamental e o médio –, um dos maiores gargalos enfrentados pelo Brasil para entrar no seleto clube das nações mais desenvolvidas do mundo. Isto porque é mais do que sabido que nenhum país chegou a estágios avançados de desenvolvimento sem antes resolver os problemas da formação educacional de seus jovens.
         Levantamento feito pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) mostra que a melhoria na qualidade do ensino médio, por exemplo, tem grandes obstáculos pela frente, como a queda no número de matrículas nesta etapa do aprendizado, seguindo tendência dos últimos anos. De acordo com os números apresentados pelo MEC, no ano passado, foram  pouco mais de 7,9 milhões de estudantes matriculados, ao passo que em 2016 foram 8,1 milhões, uma redução de 2,5%, o que vem causando apreensão em especialistas.
         Em que pese explicações de autoridades educacionais de que a queda das matrículas se deu por causa da melhoria do fluxo escolar, com menos repetência dos alunos, educadores destacam outros fatores. Citam o desinteresse dos estudantes com o ensino para justificar o afastamento de rapazes e moças de 15 a 17 anos dos bancos escolares. As estatísticas indicam que existem cerca de 1,5 milhão de jovens nesta faixa etária fora das escolas, sendo que o país tem 48,6 milhões de alunos em 184,1 mil estabelecimentos de ensino (83% públicos), segundo dados do Censo Escolar da Educação Básica.
         Apesar da comemoração do governo com o crescimento das matrículas do ensino em tempo integral, também apontado pelo levantamento relativo ao ano passado, educadores estimam que o avanço é tímido para um problema identificado há muitos anos. Não se pode negar que o aumento do número de alunos em regime integral no ensino médio é positivo, mas apenas 7,9% dos jovens matriculados passam o dia na escola. Já no fundamental em regime integral, houve uma pequena recuperação em 2017 frente a 2016, passando de 9,1% para 13,9%. O fato negativo é que em 2015 o contingente de estudantes com mais horas dentro da escola era de 16,7%, portanto, superior ao do ano passado.
         Já na educação infantil, as cifras são positivas, apesar das constantes reclamações de mães que aparecem na mídia para denunciar a falta de uma creche ou escolinha para deixar os filhos. O número de crianças (de até 3 anos) em creches subiu 5% em 2017, chegando a pouco mais 3,4 milhões. Na pré-escola (4 e 5 anos), o avanço foi de 1,2%, totalizando 5,1 milhões de alunos. A meta do país é matricular pelo menos 50% das crianças menores em creches até 2024, e todas as com idade de pré-escola deveriam ter sido acolhidas desde 2016, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE).
         Diante do lento avanço na inclusão da juventude brasileira no sistema de educação básica, os agentes públicos responsáveis pelos ensinos infantil, fundamental e médio não podem deixar de perseverar na busca incansável de uma melhoria na qualidade de tão importante instrumento de desenvolvimento. Muito mais tem de ser feito para o Brasil alcançar a excelência em seu ensino básico.”.

(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de fevereiro de 2018, caderno OPINIÃO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral e transcrição:

“Resgatar a autoridade
        A sociedade brasileira vive uma situação de caos completo, indicando a necessidade e a urgência de se recuperar a autoridade da moral na consciência de cada indivíduo. A luz da moral é imprescindível para o exercício da cidadania e para o cumprimento de responsabilidades políticas, profissionais e familiares. Quando há deterioração moral, a sociedade degenera e impera o caos.
         A falta de moralidade é, por exemplo, a origem das diferentes formas de corrupção. Uma consciência que não é regida não sabe o valor e a importância da honestidade. Assim, apega-se somente ao que gera lucro, mesmo sob pena de prejudicar o outro. Tudo é considerado permitido na busca dos objetivos e interesses próprios. Sem cultivar a autoridade moral, as pessoas perdem o parâmetro que deve orientar suas vidas: a honestidade, que é o antídoto para a ganância e a mesquinhez.
         Cada pessoa precisa fazer o indispensável exercício cotidiano de examinar a própria consciência e avaliar, com sinceridade, seus atos e procedimentos. Uma avaliação a ser feita à luz de valores interpelantes reunidos no Evangelho de Jesus Cristo. Somente assim será possível corrigir desvios de conduta, eliminar interesses egoístas, inadequados, e recuperar a própria autoridade. Quem desconsidera a dimensão moral perde a autoridade. Essa perda, em qualquer âmbito, é tão perigosa quanto dirigir um caminhão desgovernado, com carga pesada, descendo ladeiro abaixo.
         A ausência de autoridade gera resultados desoladores. Isso pode ser constatado no contexto atual, em que representantes do povo encontram-se fragilizados no exercício de suas responsabilidades. Situação que é consequência da perda de credibilidade desses representantes diante da população. Pessoas que deveriam ser respeitadas pela condição de autoridade tornam-se marcadas justamente pela falta de moralidade, pois agem a partir de interesses nada altruístas. Desconhecem que o desrespeito a princípios básicos da moralidade obscurece terrivelmente as competências.
         A falta de envergadura moral incapacita as pessoas no desempenho das próprias atribuições – tornam-se figuras medíocres nos mais diversos contextos e funções. Não conseguem enfrentar os problemas e os desafios com a coragem e transparência necessárias. É triste ver “autoridades” sem autoridade. Mais lamentável, ainda, é constatar essa carência em quem teve importantes oportunidades na educação e na formação acadêmica. Pessoas que trilharam longos percursos no âmbito profissional, ocuparam cargos importantes em hierarquias e, em vez de cultivar a autoridade da moral, pegaram o atalho dos conchavos, das negociatas e das posturas não cidadãs. Consequentemente, prejudicaram e continuam a atrapalhar as instituições onde estão inseridas, desvirtuam-se do compromisso com a verdade, a justiça e o bem.
         O mal que nasce a partir da falta de autoridade, consequência da ausência da moral, torna permitido tudo o que é ilícito, precipitando na mediocridade uma sociedade sem rumo. É lamentável ver medíocres governando, ocupando determinados cargos apenas para satisfazer as exigências de seus egos patogênicos.
         É preciso substrato moral, o que não pode ser confundido com rigidez ou conservadorismo, intolerância ou fundamentalismo. A consciência moral, que contempla a afetividade e a espiritualidade e garante a competência sapiencial, é indispensável. Configura-se no amálgama entre a preparação intelectual, as experiências e a coragem para abrir novos caminhos. A consciência moral permite aos indivíduos manterem-se, audaciosamente, comprometidos com o dever de ajudar a consertar as coisas, de contribuir para que o mundo supere práticas e dinâmicas obsoletas.
         Sem essa competência sapiencial, permanecerá a desconexão entre as necessidades do povo e as ações de pessoas que usufruem de honras e títulos, que ocupam cargos representativos e, por isso mesmo, têm grandes responsabilidades. A carência da dimensão moral no recôndito das consciências faz crescer o gosto por práticas questionáveis, enjaula pessoas na mediocridade, no medo, na defensiva. No mundo religioso, essa patologia é um desastre. Consolida certas condutas que não têm a força para fazer o evangelho incidir no cotidiano da sociedade e, consequentemente, gerar as inovações necessárias.
         Oportuno é lembrar de Platão, que ao falar das “formas” e “deformas” de governo, argumenta que a política, como ciência, sofre mortalmente da falta de autoridade moral. Consequentemente, a democracia vira anarquia; a aristocracia, oligarquia; e a monarquia torna-se tirania. Urgente, pois, é reconhecer a autoridade da moral, que faz surgirem novos e autênticos líderes, capazes de contribuir para que a sociedade brasileira trilhe novos rumos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro/2017 a ainda estratosférica marca de 334,55% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,01%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,95%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





          

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