segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DAS LETRAS NA PROMOÇÃO HUMANA E AS LUZES DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA SUSTENTABILIDADE


“Homenagem a um antigo pós-moderno
        ‘O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço’. A fórmula lapidar de Machado de Assis é aplicável com a máxima justiça a um novo mestre cuja obra se destaca no horizonte da nossa literatura: Jacyntho Lins Brandão. Helenista reconhecido internacionalmente, a relevância da sua obra vem receber o merecido destaque com a eleição à Academia Mineira de Letras, em cerimônia que acontece hoje, às 20h, onde assume a cadeira 25 (antes ocupada pelo ex-governador de Minas Gerais Francelino Pereira dos Santos).
         Professor titular da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG desde 1977, onde leciona língua e literatura grega, além de pesquisador, tradutor, crítico literário, romancista e dramaturgo, Jacyntho possui uma carreira que alia a prática docente à atividade literária, sempre atento à necessidade de assumir responsabilidades pessoais: diretor da Fale por duas vezes (1990-1994 e 2006-2010) e vice-reitor da UFMG (1994-1998), atuou ainda como professor visitante em várias instituições estrangeiras.
         A maior parte dos seus livros transita pelas áreas de teoria, crítica e história da literatura, ensino de grego antigo, filosofia e tradução. Defensor da tese de que as origens da ficção estariam na própria Antiguidade, Jacyntho escreveu obras que se tornaram referências incontornáveis, como Antiga Musa: arqueologia da ficção (2 ed., Relicário, 2015) e A Invenção do romance (Ed. UnB, 2005). Além disso, trabalha, incansavelmente, pela divulgação entre nós da obra de Luciano de Samósata, um importante escritor da Antiguidade tardia, cuja influência se estende sobre nomes tão relevantes quanto os de Rabelais, Voltaire, Dostoiévski e até Machado de Assis. O seu principal estudo sobre este autor “pós-antigo” é ainda A poética do hipocentauro (Ed. UFMG, 2001), embora títulos mais recentes complementem a sua bibliografia sobre o assunto: Como se deve escrever a história (Tessitura, 2009) e Biografia literária (Ed. UFMG, 2015) oferecem traduções de importantes textos de Luciano, constituindo uma fonte inestimável para quem se interessa por um diálogo que – segundo Mikhail Bakhtin – atravessa séculos sob o nome de “tradição luciânica”.
         Como não poderia deixar de ser, o próprio Jacyntho faz parte de tal tradição, posto que as suas obras ficcionais abusam de elementos luciânicos e revelam que o riso é coisa para ser levada muito a sério. Seja no romance O fosso de Babel (Nova Fronteira, 1997), seja na peça Que venha a Senhora Dona (Tessitura, 2007), um complexo jogo intertextual se vale de inúmeras estratégias narrativas para criar uma trama em que o humor coloca em xeque as certezas do leitor e o leva a uma profunda reflexão crítica.
         Em plena era digital, Jacyntho começa a se dedicar também ao estudo de civilizações antigas do Médio Oriente e tem decifrado os segredos inscritos em tabuinhas de argila de povos tão antigos quanto os acádios, os assírios e os babilônicos. Um primeiro fruto dessas pesquisas é a sua tradução comentada da epopeia de Gilgámesh (composta por Sin-léqi-unnínni): primeira versão em língua portuguesa traduzida diretamente do acádio, o livro – indicado ao Prêmio Jabuti na categoria tradução em 2018 – saiu com o título Ele que o abismo viu (Ed. Autêntica, 2017).
         Se a sua eleição à Academia Mineira de Letras, hoje, vem coincidir com a aposentadoria na carreira docente – em momento de profundas dúvidas quanto ao futuro da educação e dos educadores no Brasil –, permanece a certeza de que, tratando de “assuntos remotos no tempo e no espaço”, Jacyntho se mostrará sempre “homem do seu tempo e do seu país”, como Luciano e o próprio Machado já haviam se mostrado antes dele.”.

(RAFAEL GUIMARÃES SILVA. Doutorando em estudos clássicos, UFMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DANIEL MEDEIROS, mestre e doutor em educação histórica pela UFPR, professor do Curso Positivo, e que merece igualmente integral transcrição:

“O trabalho no futuro
        Vivemos na era das incertezas. Essa expressão tornou-se comum não porque as incertezas tenham passado a existir só agora, mas porque se multiplicaram exponencialmente nas últimas décadas. Como sabemos, nunca tivemos certeza de nada, exceto da morte. Agora, nem isso. Já se fala em escaneamento da consciência, uma espécie de pen drive que seria conectado a um androide e permitiria que vivêssemos e vivêssemos long time. Ficção científica? Não. A ficção tornou-se o nome do que ainda não foi realizado e não mais do fantasioso e do mirabolante. E todas as mudanças mudarão as pessoas e as coisas em volta delas. Como entender e participar desse mundo?
         É fato que há 30 ou 40 anos, quando pensávamos no futuro, apareciam na tela de nossa imaginação não mais do que umas seis ou sete possibilidades de trabalho: médico, engenheiro, advogado, militar, funcionário do Banco do Brasil ou de algum cartório, motorista de ônibus ou ajudar o pai na loja (lembrando que astronauta e arqueólogo eram profissões desejadas em um tempo ainda mais remoto). Agora, o problema é que, diante da mesma pergunta, são dezenas as profissões possíveis, muitas das quais ainda nem têm nome, outras conhecemos de ouvir falar, mas não sabemos exatamente quais habilidades seriam necessárias para exercê-las: energias renováveis, inteligência artificial, manipulação genética, robótica, internet das coisas etc. e tal. Jovens miram perplexos o horizonte dos próximos anos e se perguntam: vai ter lugar para mim?
         Tudo vai sendo virado de cabeça para baixo e as tradições que ancoraram tantas práticas sociais, conceitos e valores do mundo do trabalho, rapidamente vão se tornando obsoletas. Isso gera um desconforto, quando não um sentimento de revolta. Mas a saída continua a ser uma só: buscar entender as mudanças em vez de maldizê-las. Quanto maior a compreensão do que está acontecendo, maiores as chances de assumir um protagonismo nesses novos tempos. E então, o que está acontecendo? Como um jovem de hoje pode ter chance de uma boa colocação profissional no mundo de amanhã?
         Em primeiro lugar, compreendendo que precisa aprender o tempo todo e precisa se comunicar com o mundo. Ou seja: a ideia de “estar formado” em algo, de “ter feito seus estudos” em tal lugar, de “ter terminado a escola” em tal ano não tem mais nenhum futuro. Viver é aprender permanentemente e da maneira mais heurística possível. Heurística? É, trata-se do aprendizado constante e do uso intensivo da imaginação, da criatividade, do pensamento disruptivo. Disruptivo? Sim, refere-se ao pensamento que rompe com o padrão da normalidade, que rastreia novos paradigmas, que está sempre atento para outras maneiras de associação, composição, reorganização dos fatos e dos saberes.
         Além de aprender o tempo todo, é preciso também poder se comunicar com todo mundo. Daí a importância de dominar as linguagens: línguas estrangeiras, linguagens da programação, mas também a linguagem social do network, a linguagem emocional das negociações, a linguagem afetiva das parcerias. Em resumo: conectividade e capacidade de tradução, esses são os dois pilares do trabalho no futuro.
         A escola, em algum momento, vai precisar contribuir para essa reconstituição de saberes, rompendo com a ideia de que há coisas que precisam ser aprendidas porque são coisas importantes. Não é assim que funciona. Tudo o precisa ser aprendido não é importante por si, mas porque tem um papel no processo de transformação constante do mundo. A linguagem matemática é fundamental, assim a compreensão histórica ou o conhecimento dos seres vivos, mas apenas à medida que estão inseridos no contexto da descoberta, que é o lugar da problematização; da justificação, que é onde se analisam os dados e apresentam-se as conclusões; e da aplicação, quando esses conhecimentos agem como ferramentas de transformação da realidade.
         Assim, pensar uma escola a partir de cases, de questionamentos, de problematizações, associando diversas disciplinas com diferentes mentes de diversas idades, estimulando a formulação de hipóteses, sendo rigoroso na apresentação e verificação dos dados, premiando o esforço, a criatividade e o espírito de equipe são os passos para colocar a escola no lugar de relevância para as exigências desse tempo, que é o de olhar o horizonte e não enxergar o que há, mas imaginar o que haverá lá. Um tempo cujo futuro será uma invenção do presente.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 275,68% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 300,37%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,05%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.



        

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