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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DA INTEGRIDADE NAS EMPRESAS E CIDADES LIMPAS E A TRANSCENDÊNCIA DO PAPEL DO PROFESSOR NA SUSTENTABILIDADE


“Empresas e cidades limpas
        A luta contra a corrupção, embora tenha avançado muito no Brasil nos últimos anos com o julgamento, condenação e prisão de políticos e empresários, ainda está longe de ser vencida, assim como ocorre em vários países. Mais do que uma ação eficaz dos organismos policiais, Ministério Público e Poder Judiciário, são fundamentais o envolvimento de toda a sociedade e a consolidação de uma cultura de ética e lisura.
         É relevante a contribuição do Pacto Setorial de Integridade. Trata-se de ação coletiva coordenada pelo Instituto Ethos e pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, que reforça a adesão e o compromisso espontâneos das empresas e de seus stakeholders aos princípios da correção e do compliance. A aderência a tais valores é muito importante em todos os setores, porém é ainda mais decisiva nas áreas de prestação de serviços públicos e/ou nos órgãos dos Três Poderes. Afinal, é nessa interação que se verificam denúncias mais recorrentes de fraudes, propinas e improbidade.
         Considerados tais pressupostos, é muito relevante a instituição do Pacto Setorial de Integridade no setor de limpeza urbana, resíduos e efluentes, do qual são signatárias entidades de classe e empresas. É um avanço significativo no sentido da promoção da ética e da prevalência de práticas corretas em uma área fundamental para o ambiente, a saúde pública e toda a sociedade. O compromisso do setor está expresso em cartilha editada por Instituto Ethos e Rede Brasil do Pacto Global, na qual também se analisam todas as situações de risco de quebra de compliance nas relações com o poder público, sejam em concessões, contratos de prestação de serviços e licitações de prestação de serviços e licitações.
         Como consta da própria publicação, o pacto de integridade mobiliza todo o setor de limpeza urbana, resíduos sólidos e efluentes na consolidação de um ambiente ético e saudável, com integridade e livre de corrupção, criando estímulo à defesa da concorrência leal para gerar oportunidades de negócios em bases sustentáveis. A iniciativa remete à Lei da Empresa Limpa (12.846/2013), regulamentada em 2015, que estabeleceu os parâmetros dos programas de integridade, com aplicação efetiva dos códigos de ética e conduta.
         Para se dimensionar o significado da adesão do setor ao Pacto de Integridade, vale citar algumas definições, constantes da cartilha, relativas à Agenda 2030 da ONU: o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 16- “Paz, justiça e instituições eficazes” – inclui redução substantiva da corrupção e do suborno. No ODS 6 – “Água potável e saneamento!” –, há menção à diminuição pela metade da proporção de águas residuais não tratada. No ODS 12 – “Consumo e produção sustentáveis” –, há meta referente ao manejo ambientalmente significativo do seu descarte no ar, água e solo.
         Como se observa, esses segmentos aderentes ao pacto de integridade têm missão crucial para o sucesso dos brasileiros no cumprimento da Agenda 2030 da ONU. Ética, lisura e compliance, inclusive aplicados à qualidade dos serviços prestados à população, resultarão em empresas e cidades cada vez mais limpas, tanto na concepção urbanístico-ambiental quanto na gestão e interação entre o público e o privado!”.

(Luiz Gonzaga Alves Pereira. Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 18 de dezembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 12).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de outubro de 2018, mesmo caderno, página 7, de autoria de DANIEL MEDEIROS, doutor em educação pela UFPR, professor de história e filosofia, trabalha no Curso Positivo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Qual o papel do professor?
        Recordo-me da primeira mão levantada na minha aula. Isso foi há 30 anos. Eu falava sobre o Egito e não sabia mais que um punhado de informações decoradas. Um aluno no fundo da sala levantou a mão no momento em que eu descrevia as fases da evolução política do Egito Antigo: Antigo Império, Médio Império, Novo Império, Renascimento Saíta... pois não? Meu coração se acelerou. E se ele perguntasse sobre algum faraó desse período saíta que eu sequer sabia por que se chamava assim? (Hoje eu sei que se relaciona à capital estabelecida em Saís, nesse período, como antes havia sido em Tebas, por exemplo). Olhei fixamente para e repeti: ‘Pois não?’ E ele disparou: ‘Professor, o que o senhor sabe sobre os satélites?’
         Foi um susto e, ao mesmo tempo, um alívio. Saís, satélite, algum mecanismo de associação disparou na mente do meu aluno distraído e, tomado pela súbita dúvida, perguntou-me. Não me recordo o que respondi, mas, por muitos anos, esquecido de mim e da minha fragilidade, usei essa história como um exemplo da falta de preparo dos estudantes. Não percebia que meus esquemas de “Antigo Império, Médio Império etc.” não faziam o menor sentido para aqueles jovens e adultos de supletivo que, cansados de seus trabalhos, iam para aula em busca de um diploma exigido para seus sonhos da ascensão social.
         Onde ele teria ouvido falar de satélites? Na televisão? Em alguma conversa de trabalho? Teria, ao ouvir falar, feito que cara? De entendido? Ou já teria assumido antes essa dúvida, expondo-se corajosamente? E o que eu – que até hoje não sei como os satélites funcionam, nem sei se é correto chamar “ondas” de televisão e muito menos e como se dá a “mágica da transmissão ao vivo” – devo ter respondido? Provavelmente devo ter alertado ao jovem aluno que a pergunta dele não guardava nenhuma relação com o conteúdo da aula e que, portanto, não era pertinente, desmerecendo qualquer resposta. É, devo ter cometido um crime desses.
         Hoje reflito sobre essas memórias já desgastadas e percebo como essa minha profissão precisa ser repensada. O que faz de um professor um professor? Por que e em que medida ele pode ser útil? Um professor de jovens como eu sou ainda hoje o que sabe da juventude que o ouve? Que escolhas deve fazer para exercer sua profissão frente a estes jovens do ´seculo 21?
         Sempre fui um decidido fá da cultura ocidental e dos arquétipos que o Ocidente desenvolveu ao longo dos séculos, forjando conceitos de primeira ordem, de caráter estruturante dos nossos discursos mais solenes: “democracia”; “família”; “trabalho”; “futuro”. Sempre acreditei que esses conceitos precisavam ser perpetuados e os “problemas” atuais estão relacionados à nossa incapacidade de fazer valer uma escola que não ensina esses conceitos básicos de nosso projeto civilizacional.
          Não sei como acreditei tanto tempo nisso. Sei que, felizmente, fui ficando velho e mais perspicaz. A escola é um lugar de vivência e não de ensino desses conceitos. Encerrar dezenas de jovens em carteiras enfileiradas, exigir silêncio e ameaçar punições e lembrar provas com poderes de aprovar ou não e depois escrever “democracia” no quadro é quase uma piada de mau gosto. Mas é assim que fazemos, muitos, durante décadas.
         A escola é espaço público de construção de valores estruturantes para o mundo dos jovens e não mais para o nosso mundo que, felizmente, morrerá conosco. Não temos uma função, no sentido de cumprir um requisito para um fim. Temos um papel, de acompanhar, estimular, encorajar a construção desses estatutos para esse mundo do qual nos despediremos com lágrimas de felicidade ou de decepção.
         Tudo o que chamamos de “alienação”, “despreparo”, “falta de interesse” dos jovens é mais um estímulo que uma crítica. Para construírem esse mundo novo, devem se alienar do nosso. Se se apegarem só ao que está aí, não construirão um mundo novo, mas um remendo do velho. É fato que devem beber da fonte que forja tudo, o passado, mas eles serão os ferreiros, não nós.
          Lamento, 30 anos depois, da resposta que não lembro ter dado ao jovem do supletivo que queria saber sobre satélites. “Eu não sei responder isso a você, meu jovem”. Mas eu deveria ter estimulado sua busca e ajudado a buscar, indicando alguma referência. Meu papel é ajudar na construção das pontes. Minha função não é a de levantar barreiras. A escola deve ser um lugar de acolhimento. As provações, a vida já garante de sobra. Nosso papel é o de compreender que interesse é construção árdua e paciente e que não se impõe; compreender que autoridade é o que se reconhece em outro e não o que se estabelece a priori; compreender que preparo é uma palavra que morreremos tentando. E que futuro, ora, o futuro é a promessa que fazemos de estarmos juntos em parte do caminho. Por isso, educar é um compromisso, uma promessa que se faz juntos. E o futuro passa a existir quando decidimos juntos essa partilha do tempo e do esforço por construir pontes e traduções de um mundo cujo sentido nós damos.
         Esse é o papel da minha profissão. Professor. Com muita satisfação.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 317,24% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 305,89%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,27%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
  

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA E OS RICOS E SEVEROS CLAMORES E DESAFIOS DA AMAZÔNIA NA SUSTENTABILIDADE


“Universidade pública é para todos
        O gasto médio do governo por aluno no Brasil é menos da metade dos países da OCDE – US$ 3.800, contra US$ 8.700, para o primeiro ciclo do ensino fundamental. Ou seja, o fato é que gastamos muito pouco com a educação básica. Com creches, então, nesse ritmo, esqueçam. Esse é o problema. Claro, cristalino. E vem a pergunta: cobrar mensalidades dos alunos e alunas das universidades públicas é a solução?
         Deduzindo os 50% de alunos das universidades públicas que são cotistas, mais os que comprovarem não ter renda suficiente para cobrir as despesas, mais ainda os que pagarem só em parte e depois inadimplir, o que vai ser arrecadado com a cobrança de mensalidades na universidade pública vai melhorar, em que nível, o quadro de penúria dos investimentos do governo na educação?
         Essa história de cortar e de cobrar para atender o contribuinte preocupado é uma falácia para encobrir um interesse muito mais perverso: o desmonte da universidade como unidade de ensino, extensão e pesquisa, como comunidade de inovação, como centro reconhecido de análise sobre os problemas do país e como referência para os que buscam uma crítica abalizada das boas e más práticas dos governos.
         Exatamente por termos uma população média sem formação para a análise científica dos fatos – afinal, foram tantas décadas sem investimentos adequados no ensino superior – que os membros do governo ainda têm respaldo para os comentários que fazem, como criticar as universidades públicas de fazerem pouca pesquisa ou de não contribuir para o desenvolvimento econômico do país. A falácia da improdutividade das universidades públicas brasileiras é tão facilmente desmentida pelos números do próprio MEC que nem vale a pena fundamentar uma defesa da gratuidade com esse argumento. É óbvio demais.
         Mas imaginemos que o governo faça o que promete: teremos alunos cotistas e alunos bolsistas integrais, alunos meio bolsistas, alunos que financiarão suas mensalidades em instituições financeiras e alunos abonados que confundirão seus boletos da universidade com o do apartamento em Miami. OK, será feito um tipo de justiça. Quem tem recursos, pague. Justo? Imagine que você em seu carro novo roubado e pela ajuda a um policial e ele lhe apresenta uma tabela com os preços que você deve pagar pelos serviços dele. Afinal, você, não? Justo?
         Segundo o jornal El País, “quatro de cada 10 pessoas que concluíram os estudos universitários nos EUA têm de devolver algum tipo de empréstimo. O total supera US$ 1,5 trilhão, montante que ultrapassa a riqueza de uma economia avançada como a da Espanha.”. Um governo ruim é aquele que defende algo cujas consequências ele não se preocupa em calcular. Um governo é ainda pior quando há precedentes e dados estatísticos conhecidos e disponíveis e, mesmo assim, não se preocupa com as consequências de seus atos. A universidade pública deve ser igual para todos os que a frequentam. Gratuita nunca foi. As pessoas pagam imposto e usufruem de direitos. O de estudar é um deles. O de ir a um posto de saúde, outro. O de contar com segurança pública, mais um. Falta, agora, um governo que avance, buscando mais qualidade e ainda maior abrangência. Isso exige conhecimento, competência e seriedade. Talvez aí resida o verdadeiro problema.”.

(DANIEL MEDEIROS. Doutor em educação histórica e professor no Curso Positivo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 30 de agosto de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Romper barreiras
        O sertanejo usa, sabiamente, o verbo romper com uma semântica própria que se refere à imperiosa e indeclinável necessidade de se ir adiante. Não existe a hipótese de se pensar em parar ou, menos ainda, de retroceder. A alma sertaneja é, por isso mesmo, um poço de lições que alavancam a luta e apontam rumos para vencer barreiras, que não são poucas. Enfrentá-las é tarefa desafiadora para quem tem uma vida difícil. Exige-se um “passo a passo” ritmado para configurar um percurso em que não se pode parar. É preciso avançar sempre. Assim como essa referência sertaneja, “alma mater” na vida do povo brasileiro, outras culturas com suas dinâmicas e tradições constituem heranças relevantes para superar as crises contemporâneas. A sociedade deve, nesse sentido, revisitar suas tradições e dinâmicas culturais, para conquistar entendimentos novos à luz dessas heranças.
         As tradições podem ser ferramentas para se recuperar a força perdida, os sonhos desfeitos e consertar depredações que vão desfigurando a vida, a história, com a negociação insensata de valores, cada vez mais relativizados. O resultado desolador disso tudo está na desarrumação da casa comum, isto é, da comunhão. O planeta torna-se um “caldeirão efervescente”. Os avanços de inteligentes conquistas tecnológicas contracenam com irracionalidades que matam, interrompem projetos e sonhos. Diante dessa contradição, é preciso trabalhar para romper barreiras. Entre os obstáculos está a urgência de se mudarem mentalidades e ajustar compreensões com lâmpada luzente, indicando novos caminhos que permitam o encontro de respostas necessárias.
         Em pauta, de modo tenso e preocupante, está a realidade da Amazônia. Trata-se de temática delicada, por situar-se essa realidade no coração da nação brasileira, intocável em sua soberania, mas no contexto ampliado de mundo em se considerando sua enorme importância para o equilíbrio do planeta, com riquezas relevantes e de grande abrangência. Essa é uma pauta com força educativa para o conjunto da sociedade brasileira, com desdobramentos de incidências planetárias. Oportunidade para um percurso educativo indispensável ao se considerar que a Amazônia, por suas riquezas multiétnicas, multiculturais e religiosas, por seu tesouro mineral, de fauna e de flora, pode garantir uma importante virada civilizatória.
         O povo brasileiro, enriquecido com o patrimônio de tantos biomas e desafiado a um processo educativo transformador no horizonte da ecologia integral, tem na configuração gigantesca da Amazônia, na relevância dos biomas e dos povos tradicionais, oportunidade única para aprender a dar novo passo, rompendo barreiras de entendimentos e práticas comprometedoras do meio ambiente. Há, pois, em curso, uma grande movimentação para romper barreiras, que não são poucas – muitas delas relacionadas à idolatria do dinheiro e ao equivocado uso dos bens da criação. Por isso mesmo, dedicar-se à Região Amazônica não se trata de uma temática ambientalista, política ou econômica, simplesmente. A Amazônia é uma importante pauta cidadã exigindo que todos os segmentos da sociedade se abram aos impactos, de variados tipos, dali advindos com sua força transformadora e balizadora de possíveis novos marcos civilizatórios.
         No horizonte da ecologia integral, como aponta, humildemente, o papa Francisco na sua carta-encíclica sobre a casa comum, a sociedade brasileira é chamada a matricular-se nessa escola de aprendizagem nova que, para além de disputas e de tratamentos viciados, entendimentos pouco lúcidos, a exemplo da busca pelo lucro a todo custo, pode impulsionar alvissareiros e admiráveis patamares de desenvolvimento integral.
         A Amazônia não é uma pauta exclusiva de alguns segmentos. As responsabilidades e compromisso são diferentes, mas o interesse dever ser de toda a sociedade brasileira, em vista do bem comum, da configuração de um novo “ethos” balizador das esperanças grandes mudanças civilizatórias. Compreende-se, pois, nesse horizonte, para além dos graves problemas específicos, como as queimadas a serem contidas com ugência e qualificação, a brasilidade está convocada a uma nova aprendizagem por um modo novo de conhecer, respeitar e promover o que significa o conjunto da Amazônia. Desafio amazônico que a Igreja Católica acolhe a partir da convocação do papa Francisco: a realização do sínodo dos bispos para a Amazônia.
         A Igreja Católica, com a clarividência a respeito dos papéis e das tarefas de muitos outros atores está empenhada e investe na superação dos desafios da Amazônia, consciente de que há uma nova estrada a percorrer, lições a aprender e a missão de iluminar esse caminho com a força da palavra de Deus, lâmpada luzente. A Igreja oferece o melhor de si, a pessoa de Jesus Cristo, com os desdobramentos das urgências de se aprender o quanto aceita a tarefa de envidar esforços para novas respostas, reassume a responsabilidade de ser instrumento para construir um novo tempo, pelos valores do evangelho, no respeito e diálogo, comprometida com a edificação de uma sociedade justa e solidária a caminho do reino. É hora de romper barreiras.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 300,29% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,22%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


 


       


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A FORÇA DAS LETRAS NA PROMOÇÃO HUMANA E AS LUZES DA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL NA SUSTENTABILIDADE


“Homenagem a um antigo pós-moderno
        ‘O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço’. A fórmula lapidar de Machado de Assis é aplicável com a máxima justiça a um novo mestre cuja obra se destaca no horizonte da nossa literatura: Jacyntho Lins Brandão. Helenista reconhecido internacionalmente, a relevância da sua obra vem receber o merecido destaque com a eleição à Academia Mineira de Letras, em cerimônia que acontece hoje, às 20h, onde assume a cadeira 25 (antes ocupada pelo ex-governador de Minas Gerais Francelino Pereira dos Santos).
         Professor titular da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG desde 1977, onde leciona língua e literatura grega, além de pesquisador, tradutor, crítico literário, romancista e dramaturgo, Jacyntho possui uma carreira que alia a prática docente à atividade literária, sempre atento à necessidade de assumir responsabilidades pessoais: diretor da Fale por duas vezes (1990-1994 e 2006-2010) e vice-reitor da UFMG (1994-1998), atuou ainda como professor visitante em várias instituições estrangeiras.
         A maior parte dos seus livros transita pelas áreas de teoria, crítica e história da literatura, ensino de grego antigo, filosofia e tradução. Defensor da tese de que as origens da ficção estariam na própria Antiguidade, Jacyntho escreveu obras que se tornaram referências incontornáveis, como Antiga Musa: arqueologia da ficção (2 ed., Relicário, 2015) e A Invenção do romance (Ed. UnB, 2005). Além disso, trabalha, incansavelmente, pela divulgação entre nós da obra de Luciano de Samósata, um importante escritor da Antiguidade tardia, cuja influência se estende sobre nomes tão relevantes quanto os de Rabelais, Voltaire, Dostoiévski e até Machado de Assis. O seu principal estudo sobre este autor “pós-antigo” é ainda A poética do hipocentauro (Ed. UFMG, 2001), embora títulos mais recentes complementem a sua bibliografia sobre o assunto: Como se deve escrever a história (Tessitura, 2009) e Biografia literária (Ed. UFMG, 2015) oferecem traduções de importantes textos de Luciano, constituindo uma fonte inestimável para quem se interessa por um diálogo que – segundo Mikhail Bakhtin – atravessa séculos sob o nome de “tradição luciânica”.
         Como não poderia deixar de ser, o próprio Jacyntho faz parte de tal tradição, posto que as suas obras ficcionais abusam de elementos luciânicos e revelam que o riso é coisa para ser levada muito a sério. Seja no romance O fosso de Babel (Nova Fronteira, 1997), seja na peça Que venha a Senhora Dona (Tessitura, 2007), um complexo jogo intertextual se vale de inúmeras estratégias narrativas para criar uma trama em que o humor coloca em xeque as certezas do leitor e o leva a uma profunda reflexão crítica.
         Em plena era digital, Jacyntho começa a se dedicar também ao estudo de civilizações antigas do Médio Oriente e tem decifrado os segredos inscritos em tabuinhas de argila de povos tão antigos quanto os acádios, os assírios e os babilônicos. Um primeiro fruto dessas pesquisas é a sua tradução comentada da epopeia de Gilgámesh (composta por Sin-léqi-unnínni): primeira versão em língua portuguesa traduzida diretamente do acádio, o livro – indicado ao Prêmio Jabuti na categoria tradução em 2018 – saiu com o título Ele que o abismo viu (Ed. Autêntica, 2017).
         Se a sua eleição à Academia Mineira de Letras, hoje, vem coincidir com a aposentadoria na carreira docente – em momento de profundas dúvidas quanto ao futuro da educação e dos educadores no Brasil –, permanece a certeza de que, tratando de “assuntos remotos no tempo e no espaço”, Jacyntho se mostrará sempre “homem do seu tempo e do seu país”, como Luciano e o próprio Machado já haviam se mostrado antes dele.”.

(RAFAEL GUIMARÃES SILVA. Doutorando em estudos clássicos, UFMG, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7)

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DANIEL MEDEIROS, mestre e doutor em educação histórica pela UFPR, professor do Curso Positivo, e que merece igualmente integral transcrição:

“O trabalho no futuro
        Vivemos na era das incertezas. Essa expressão tornou-se comum não porque as incertezas tenham passado a existir só agora, mas porque se multiplicaram exponencialmente nas últimas décadas. Como sabemos, nunca tivemos certeza de nada, exceto da morte. Agora, nem isso. Já se fala em escaneamento da consciência, uma espécie de pen drive que seria conectado a um androide e permitiria que vivêssemos e vivêssemos long time. Ficção científica? Não. A ficção tornou-se o nome do que ainda não foi realizado e não mais do fantasioso e do mirabolante. E todas as mudanças mudarão as pessoas e as coisas em volta delas. Como entender e participar desse mundo?
         É fato que há 30 ou 40 anos, quando pensávamos no futuro, apareciam na tela de nossa imaginação não mais do que umas seis ou sete possibilidades de trabalho: médico, engenheiro, advogado, militar, funcionário do Banco do Brasil ou de algum cartório, motorista de ônibus ou ajudar o pai na loja (lembrando que astronauta e arqueólogo eram profissões desejadas em um tempo ainda mais remoto). Agora, o problema é que, diante da mesma pergunta, são dezenas as profissões possíveis, muitas das quais ainda nem têm nome, outras conhecemos de ouvir falar, mas não sabemos exatamente quais habilidades seriam necessárias para exercê-las: energias renováveis, inteligência artificial, manipulação genética, robótica, internet das coisas etc. e tal. Jovens miram perplexos o horizonte dos próximos anos e se perguntam: vai ter lugar para mim?
         Tudo vai sendo virado de cabeça para baixo e as tradições que ancoraram tantas práticas sociais, conceitos e valores do mundo do trabalho, rapidamente vão se tornando obsoletas. Isso gera um desconforto, quando não um sentimento de revolta. Mas a saída continua a ser uma só: buscar entender as mudanças em vez de maldizê-las. Quanto maior a compreensão do que está acontecendo, maiores as chances de assumir um protagonismo nesses novos tempos. E então, o que está acontecendo? Como um jovem de hoje pode ter chance de uma boa colocação profissional no mundo de amanhã?
         Em primeiro lugar, compreendendo que precisa aprender o tempo todo e precisa se comunicar com o mundo. Ou seja: a ideia de “estar formado” em algo, de “ter feito seus estudos” em tal lugar, de “ter terminado a escola” em tal ano não tem mais nenhum futuro. Viver é aprender permanentemente e da maneira mais heurística possível. Heurística? É, trata-se do aprendizado constante e do uso intensivo da imaginação, da criatividade, do pensamento disruptivo. Disruptivo? Sim, refere-se ao pensamento que rompe com o padrão da normalidade, que rastreia novos paradigmas, que está sempre atento para outras maneiras de associação, composição, reorganização dos fatos e dos saberes.
         Além de aprender o tempo todo, é preciso também poder se comunicar com todo mundo. Daí a importância de dominar as linguagens: línguas estrangeiras, linguagens da programação, mas também a linguagem social do network, a linguagem emocional das negociações, a linguagem afetiva das parcerias. Em resumo: conectividade e capacidade de tradução, esses são os dois pilares do trabalho no futuro.
         A escola, em algum momento, vai precisar contribuir para essa reconstituição de saberes, rompendo com a ideia de que há coisas que precisam ser aprendidas porque são coisas importantes. Não é assim que funciona. Tudo o precisa ser aprendido não é importante por si, mas porque tem um papel no processo de transformação constante do mundo. A linguagem matemática é fundamental, assim a compreensão histórica ou o conhecimento dos seres vivos, mas apenas à medida que estão inseridos no contexto da descoberta, que é o lugar da problematização; da justificação, que é onde se analisam os dados e apresentam-se as conclusões; e da aplicação, quando esses conhecimentos agem como ferramentas de transformação da realidade.
         Assim, pensar uma escola a partir de cases, de questionamentos, de problematizações, associando diversas disciplinas com diferentes mentes de diversas idades, estimulando a formulação de hipóteses, sendo rigoroso na apresentação e verificação dos dados, premiando o esforço, a criatividade e o espírito de equipe são os passos para colocar a escola no lugar de relevância para as exigências desse tempo, que é o de olhar o horizonte e não enxergar o que há, mas imaginar o que haverá lá. Um tempo cujo futuro será uma invenção do presente.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a ainda estratosférica marca de 275,68% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 300,37%; e já o IPCA, em novembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,05%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.