“O
país do juro baixo
Na mesma quarta passada
em que o FED (banco central americano) baixou seu juro básico para o máximo de
2%, nosso Banco Central também se moveu na mesma direção, ao reduzir para
apenas 5,5% a taxa Selic. É uma mínima histórica. Enquanto isso, na Europa, o banco central BCE
prometia punir com juro negativo o banco que nele depositasse reservas, como
que cobrando um pedágio pela guarda do dinheiro do sistema bancário dos
europeus. Lá, portanto, o juro básico está abaixo de zero.
As
atuais políticas monetárias dos países do G-7 são um caso de complexa
explicação de que nem me atrevo a tratar aqui, menos para dizer que as nuvens
da incerteza financeira vão ficar mais pesadas em 2020 nos países avançados.
Isso bastaria para nos situar como país de enorme potencial, onde a atração de
capitais para investimento em projetos brasileiros seria uma barbada se
houvesse mais respeito ao tempo e à forma das coisas.
Como
temos sido pouco respeitosos, tanto com o tempo que levamos para decidir o que
reformar, quanto sobre a forma que damos à nossa imagem externa, pagamos com
recessão e desemprego a prosperidade adiada para um futuro distante e incerto.
O juro que nosso Banco Central vem encolhendo é a ponta do iceberg de encargos
financeiros arcados pelas empresas e famílias.
A
redução da Selic favorece apenas a rolagem da dívida federal. Isso alivia o
Orçamento federal em 2020, mas longe de equacionar o rombo dos gastos ditos
obrigatórios. A gastança pública, que vem de anos, tornou o Brasil refém dos
grupos que dominam a despesa dos governos. Colegas economistas voltaram a ter a
cara-dura de defender o prosseguimento desses déficits catastróficos como uma
necessidade para “não aprofundar a recessão brasileira”. Justamente ao
contrário.
O
déficit público, crônico e maligno, é a causa da estagnação. Mais gastança
pública – que é responsável pelo desemprego em massa – só agravará a condição
miserável dos mais pobres. E por quê? Simples. O dinheiro sacado do seu bolso e
do meu para sustentar a máquina pública terá nos governos, com quase toda
certeza, uso menos produtivo do que no bolso de onde veio. Trocamos, no Brasil,
mais por menos, mais gastança inútil por menos investimentos úteis que nunca
acontecerão.
Multiplique
essa troca errada por 27 estados e 5.570 municípios e você confirmará que
viramos aqui um grande edifício “balança, mas não cai”, com três níveis de
síndico (Brasília, governos estaduais e municipais), com condomínio caríssimo,
elevador parado e água cortada a cada dois dias. Falta gestão profissional de
alto a baixo e sobra, entre as lideranças políticas do país, um absoluto
descaso à agenda de investimentos. A guerra na política é por mais verbas
partidárias, nomeação de afilhados e por apropriação de verbas.
Nesse
cenário quase macabro, o Banco Central reduz o juro básico porque a economia
produtiva está muito fraca. Mas, fraca por quê? O juro deveria baixar até mais
e isso deveria ter já ocorrido antes. A decisão monetária, que é boa, atrapalha
a vida dos poupadores sem beneficiar a ponta das empresas, que continuam
amargando juros ferozes até para o giro das lojas e fábricas. O movimento
benéfico do Banco Central não chega lá. Nem consegue tirar da inércia os
projetos de investimentos das empresas maiores, cuja indecisão sobre investir é
igual às dúvidas dos fundos de investimentos externos, quando olham um Brasil
pegando fogo, mas gelado na postura de completar reformas inteligentes e abrir
um grande programa de metas. A oportunidade de ouro que nos abre o atual
momento de juro baixo, aqui e lá fora, está indo ralo abaixo. Mais uma vez, o
tempo e a forma errada de fazer as coisas acontecerem estão nos destruindo a
janela do futuro.”.
(PAULO RABELLO
DE CASTRO. Economista, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de setembro de 2019, caderno ECONOMIA, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno OPINIÃO, página 7, de
autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Liderar
com leveza
O terceiro milênio pede
qualidades singulares para que as diversas iniciativas desse novo tempo tenham êxito.
Velocidade e multiplicidade estão entre essas qualidades, mas a leveza é uma
característica fundamental que merece a atenção e o esforço cidadão. É
sabedoria essencial a todos, particularmente no exercício da liderança. Liderar
com leveza é uma ciência que se aprende, uma arte a ser praticada. A
desconsideração dessa qualidade explica a razão pela qual alguns líderes não
conseguem conquistar os prometidos êxitos. De fato, trata-se de uma arte a ser
alcançada por meio da aprendizagem e da experiência que conferem a envergadura
necessária. Caso contrário, se verificará o atabalhoamento de pronunciamentos e
a falta de clareza a respeito de processos que supõem um passo a passo que leve
a um bom termo.
Entenda-se
que leveza na liderança não inclui, absolutamente, negociação de valores e
princípios intocáveis. Aliás, leveza supõe domínio ético de valores e
princípios que arquitetem e edifiquem uma postura condizente com as missões
assumidas e papéis a serem desempenhados. Qualidade também importante para o
cotidiano dos cidadãos. Infelizmente, ao invés de leveza, constata-se um “peso”
nos contextos em que há reações e posicionamentos marcados pelas polarizações e
radicalismos alimentados por belicosos e rancorosos modos de pensar e agir.
Sabe-se que, cedo ou tarde, esse tipo de postura leva ao descrédito. A
incompetência humana e relacional elimina a possibilidade de êxitos em qualquer
iniciativa.
Preocupante,
embora seja um “asteroide” que irá se desfazer pelos ares, é a conduta pouco
cidadã e civilizada de certos indivíduos. Agrupados de modo inteligentemente
orquestrado, com astúcia diabólica, operam na desconstrução de imagens das
pessoas. No lugar da leveza sobre os trilhos de valores e princípios, caminho
para êxitos, operam com fúria rancorosa e iconoclastia demoníaca. Aparecem,
assim, os que se dizem cristãos e se autonomeiam guardiões de uma ortodoxia que
comprovadamente é uma heresia crassa por estar na contramão dos valores do
evangelho de Jesus Cristo. Esses agrupamentos comprovam a invectiva de Jesus
contra a conduta daqueles que querem tirar o cisco do olho dos outros e não se
dão conta da trave que está no próprio olho.
Leveza
como característica do terceiro milênio, na busca de operações exitosas em
todos os campos do saber e do fazer, é também um veredito que aponta já, por
seu “peso” arrastado, emoldurados por ódios e rancores, aqueles que vão,
desesperadamente, perder as batalhas. Há um seríssimo equívoco de quem pensa
ser possível, na contemporaneidade, alcançar êxitos fora do caminho da leveza –
que propicia abertura ao diálogo permanente, fecundação de entendimentos
lúcidos e intuitivos. Essas pessoas que agem alimentadas belicamente por
rancores e crescentes ódios destrutivos de tudo e de todos se põem na contramão
perigosa das bem-aventuranças, ensinadas por Jesus, no sermão da montanha.
Leveza é
condição indispensável e prática inigualável para se alçar à envergadura
própria da estatura da fraternidade solidária que se assenta como exigência da
verdadeira e bem vivida dignidade de filho e filha de Deus. Essa consideração,
que vale para todos os indivíduos, é ainda mais importante para quem exerce a
liderança. Se o líder, de qualquer segmento, não aprender a liderar com leveza,
irá atropelar, com palavras e gestos, os processos sob sua gestão e nunca
abrirá caminhos para intuições criativas na proposição de soluções urgentes.
Sem leveza, a sociedade contemporânea não sairá fácil da sua subjugação aos
radicalismos, polarizações e fundamentalismos religiosos e políticos. Leveza
tem propriedade civilizatória importante para uma sociedade violenta e
desafinada. De muitos modos e por variados meios, especialmente pelas redes
sociais, como também por posturas sem limites, pode-se constatar os nefastos
efeitos da falta de leveza e seus consequentes prejuízos.
Leveza,
desdobrada em civilidade, sentido de solidariedade, saudável entendimento do
quanto vale respeitar e promover o bem comum é saída para o tempo novo. Ao
contrário, “pesos” que resultam de preconceitos e discriminações, ódios e
rancores, disputas umbilicais para se afirmar como donos da razão, distante do
amor vigoroso e transformador do evangelho de Jesus Cristo, prejudicarão a
sociedade. Nesse horizonte, está a responsabilidade primeira da aprendizagem e
prática da leveza que confere competência para se enxergar com mais clareza os
novos caminhos. A sociedade, para não perecer, precisa de pessoas capazes de
liderar com leveza.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da
modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de
300,29% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, em
agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar
uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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