Mostrando postagens com marcador Fed. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fed. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A EFICÁCIA DOS JUROS CIVILIZADOS E A TRANSCENDÊNCIA DA LIDERANÇA ANCORADA EM VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS NA SUSTENTABILIDADE


“O país do juro baixo
        Na mesma quarta passada em que o FED (banco central americano) baixou seu juro básico para o máximo de 2%, nosso Banco Central também se moveu na mesma direção, ao reduzir para apenas 5,5% a taxa Selic. É uma mínima histórica.  Enquanto isso, na Europa, o banco central BCE prometia punir com juro negativo o banco que nele depositasse reservas, como que cobrando um pedágio pela guarda do dinheiro do sistema bancário dos europeus. Lá, portanto, o juro básico está abaixo de zero.
         As atuais políticas monetárias dos países do G-7 são um caso de complexa explicação de que nem me atrevo a tratar aqui, menos para dizer que as nuvens da incerteza financeira vão ficar mais pesadas em 2020 nos países avançados. Isso bastaria para nos situar como país de enorme potencial, onde a atração de capitais para investimento em projetos brasileiros seria uma barbada se houvesse mais respeito ao tempo e à forma das coisas.
         Como temos sido pouco respeitosos, tanto com o tempo que levamos para decidir o que reformar, quanto sobre a forma que damos à nossa imagem externa, pagamos com recessão e desemprego a prosperidade adiada para um futuro distante e incerto. O juro que nosso Banco Central vem encolhendo é a ponta do iceberg de encargos financeiros arcados pelas empresas e famílias.
         A redução da Selic favorece apenas a rolagem da dívida federal. Isso alivia o Orçamento federal em 2020, mas longe de equacionar o rombo dos gastos ditos obrigatórios. A gastança pública, que vem de anos, tornou o Brasil refém dos grupos que dominam a despesa dos governos. Colegas economistas voltaram a ter a cara-dura de defender o prosseguimento desses déficits catastróficos como uma necessidade para “não aprofundar a recessão brasileira”. Justamente ao contrário.
         O déficit público, crônico e maligno, é a causa da estagnação. Mais gastança pública – que é responsável pelo desemprego em massa – só agravará a condição miserável dos mais pobres. E por quê? Simples. O dinheiro sacado do seu bolso e do meu para sustentar a máquina pública terá nos governos, com quase toda certeza, uso menos produtivo do que no bolso de onde veio. Trocamos, no Brasil, mais por menos, mais gastança inútil por menos investimentos úteis que nunca acontecerão.
         Multiplique essa troca errada por 27 estados e 5.570 municípios e você confirmará que viramos aqui um grande edifício “balança, mas não cai”, com três níveis de síndico (Brasília, governos estaduais e municipais), com condomínio caríssimo, elevador parado e água cortada a cada dois dias. Falta gestão profissional de alto a baixo e sobra, entre as lideranças políticas do país, um absoluto descaso à agenda de investimentos. A guerra na política é por mais verbas partidárias, nomeação de afilhados e por apropriação de verbas.
         Nesse cenário quase macabro, o Banco Central reduz o juro básico porque a economia produtiva está muito fraca. Mas, fraca por quê? O juro deveria baixar até mais e isso deveria ter já ocorrido antes. A decisão monetária, que é boa, atrapalha a vida dos poupadores sem beneficiar a ponta das empresas, que continuam amargando juros ferozes até para o giro das lojas e fábricas. O movimento benéfico do Banco Central não chega lá. Nem consegue tirar da inércia os projetos de investimentos das empresas maiores, cuja indecisão sobre investir é igual às dúvidas dos fundos de investimentos externos, quando olham um Brasil pegando fogo, mas gelado na postura de completar reformas inteligentes e abrir um grande programa de metas. A oportunidade de ouro que nos abre o atual momento de juro baixo, aqui e lá fora, está indo ralo abaixo. Mais uma vez, o tempo e a forma errada de fazer as coisas acontecerem estão nos destruindo a janela do futuro.”.

(PAULO RABELLO DE CASTRO. Economista, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de setembro de 2019, caderno ECONOMIA, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liderar com leveza
        O terceiro milênio pede qualidades singulares para que as diversas iniciativas desse novo tempo tenham êxito. Velocidade e multiplicidade estão entre essas qualidades, mas a leveza é uma característica fundamental que merece a atenção e o esforço cidadão. É sabedoria essencial a todos, particularmente no exercício da liderança. Liderar com leveza é uma ciência que se aprende, uma arte a ser praticada. A desconsideração dessa qualidade explica a razão pela qual alguns líderes não conseguem conquistar os prometidos êxitos. De fato, trata-se de uma arte a ser alcançada por meio da aprendizagem e da experiência que conferem a envergadura necessária. Caso contrário, se verificará o atabalhoamento de pronunciamentos e a falta de clareza a respeito de processos que supõem um passo a passo que leve a um bom termo.
         Entenda-se que leveza na liderança não inclui, absolutamente, negociação de valores e princípios intocáveis. Aliás, leveza supõe domínio ético de valores e princípios que arquitetem e edifiquem uma postura condizente com as missões assumidas e papéis a serem desempenhados. Qualidade também importante para o cotidiano dos cidadãos. Infelizmente, ao invés de leveza, constata-se um “peso” nos contextos em que há reações e posicionamentos marcados pelas polarizações e radicalismos alimentados por belicosos e rancorosos modos de pensar e agir. Sabe-se que, cedo ou tarde, esse tipo de postura leva ao descrédito. A incompetência humana e relacional elimina a possibilidade de êxitos em qualquer iniciativa.
         Preocupante, embora seja um “asteroide” que irá se desfazer pelos ares, é a conduta pouco cidadã e civilizada de certos indivíduos. Agrupados de modo inteligentemente orquestrado, com astúcia diabólica, operam na desconstrução de imagens das pessoas. No lugar da leveza sobre os trilhos de valores e princípios, caminho para êxitos, operam com fúria rancorosa e iconoclastia demoníaca. Aparecem, assim, os que se dizem cristãos e se autonomeiam guardiões de uma ortodoxia que comprovadamente é uma heresia crassa por estar na contramão dos valores do evangelho de Jesus Cristo. Esses agrupamentos comprovam a invectiva de Jesus contra a conduta daqueles que querem tirar o cisco do olho dos outros e não se dão conta da trave que está no próprio olho.
         Leveza como característica do terceiro milênio, na busca de operações exitosas em todos os campos do saber e do fazer, é também um veredito que aponta já, por seu “peso” arrastado, emoldurados por ódios e rancores, aqueles que vão, desesperadamente, perder as batalhas. Há um seríssimo equívoco de quem pensa ser possível, na contemporaneidade, alcançar êxitos fora do caminho da leveza – que propicia abertura ao diálogo permanente, fecundação de entendimentos lúcidos e intuitivos. Essas pessoas que agem alimentadas belicamente por rancores e crescentes ódios destrutivos de tudo e de todos se põem na contramão perigosa das bem-aventuranças, ensinadas por Jesus, no sermão da montanha.
         Leveza é condição indispensável e prática inigualável para se alçar à envergadura própria da estatura da fraternidade solidária que se assenta como exigência da verdadeira e bem vivida dignidade de filho e filha de Deus. Essa consideração, que vale para todos os indivíduos, é ainda mais importante para quem exerce a liderança. Se o líder, de qualquer segmento, não aprender a liderar com leveza, irá atropelar, com palavras e gestos, os processos sob sua gestão e nunca abrirá caminhos para intuições criativas na proposição de soluções urgentes. Sem leveza, a sociedade contemporânea não sairá fácil da sua subjugação aos radicalismos, polarizações e fundamentalismos religiosos e políticos. Leveza tem propriedade civilizatória importante para uma sociedade violenta e desafinada. De muitos modos e por variados meios, especialmente pelas redes sociais, como também por posturas sem limites, pode-se constatar os nefastos efeitos da falta de leveza e seus consequentes prejuízos.
         Leveza, desdobrada em civilidade, sentido de solidariedade, saudável entendimento do quanto vale respeitar e promover o bem comum é saída para o tempo novo. Ao contrário, “pesos” que resultam de preconceitos e discriminações, ódios e rancores, disputas umbilicais para se afirmar como donos da razão, distante do amor vigoroso e transformador do evangelho de Jesus Cristo, prejudicarão a sociedade. Nesse horizonte, está a responsabilidade primeira da aprendizagem e prática da leveza que confere competência para se enxergar com mais clareza os novos caminhos. A sociedade, para não perecer, precisa de pessoas capazes de liderar com leveza.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 300,29% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, em agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS GRAVES DESAFIOS DA APRENDIZAGEM INFANTIL E A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DO ESTADO NA SUSTENTABILIDADE


“A dificuldade de aprendizagem infantil
        A dificuldade de aprendizagem interfere diretamente na vida social de crianças. Muitas vezes, o insucesso escolar causa desinteresse, insegurança e baixa autoestima, contribuindo com a evasão escolar. Segundo o último censo escolar, divulgado pelo Ministério da Educação em 2017, um em cada 10 alunos abandona a escola da rede pública no país. O estudo revelou, ainda, que 11,6% dos alunos são reprovados no final do 3º ano do ensino fundamental e é nessa fase que, teoricamente, eles concluem o aprendizado da leitura, escrita e as operações matemáticas.
         Tal desinteresse pelos estudos pode ter como principais causas fatores neurobiológicos, apesar de aspectos psicológicos, emocionais e físicos também influenciarem essa condição. Por isso é tão importante o trabalho multidisciplinar de pais, professores, psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e outros profissionais capacitados para efetuar um diagnóstico preciso da criança.
         A dificuldade de aprendizagem é um problema substancial no ensino brasileiro e ocorre, principalmente, durante os processos de alfabetização e de letramento. Sim, existe uma diferença sensível entre esses conceitos. Enquanto a alfabetização é o desenvolvimento das capacidades de ler e escrever, o letramento vai além dessas habilidades. Um indivíduo letrado utiliza leitura e a escrita no dia a dia, a partir da análise crítica e interpretação de códigos para o uso social.
         Para que o processo de aprendizagem seja mais efetivo, a criança precisa desenvolver o hábito de ler e estar inserida no contexto cultural da sociedade, podendo relacionar leitura, interpretação e escrita com o mundo ao seu redor. Durante esse processo, o estudante pode apresentar dificuldades para se concentrar, ler, escrever, falar, soletrar, ouvir ou efetuar contas matemáticas. Às vezes, ele consegue se comunicar bem, mas apresenta problemas ao compreender ou escrever.
         Há as crianças extremamente criativas e habilidosas, mas que não conseguem se concentrar ou ficar paradas por um mínimo período de tempo, deixando de finalizar tarefas e até mesmo brincadeiras. Alguns alunos não conseguem lembrar o que as pessoas falaram e perdem o material escolar com facilidade. Há, também, crianças que confundem palavras e ordens numéricas, ou sentem dificuldade de compreender e executar instruções.
         No ambiente escolar, cabe ao educador identificar as dificuldades da criança e buscar o auxílio de outros profissionais para a intervenção apropriada, conforme as necessidades de cada aluno. Já os pais precisam manter um relacionamento saudável com a instituição de ensino, acompanhando a vida escolar dos filhos e assumindo a responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças, modelando seus comportamentos e identidades. Os pais ainda têm o papel de motivá-los e apoiá-los sempre que demonstrarem algum tipo de dificuldade, pois comportamentos contrários podem desestimulá-los diante das adversidades.
         Ademais, é fundamental ter em mente a singularidade de cada criança. Por mais que algumas apresentem algum tipo de transtorno de aprendizagem, todas irão aprender, em suas vidas, que o que muda é o tempo que levam para assimilar o conteúdo, já que algumas aprenderão de forma mais rápida do que outras. A receita para lidar com a dificuldade de escolaridade é manter um ambiente de aprendizado adequado, no qual os educadores sejam presentes e atenciosos com os alunos, estimulando-os a desenvolver habilidades para que saibam lidar com os obstáculos e o acompanhamento de profissionais especializados.”.

(ÂNGELA MATHYLDE. Organizadora do Congresso Internacional Brain Connection e representante brasileira no Grupo de Investigação Clínica em Saúde e Educação da União Europeia/G3TES, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de novembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de novembro de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR., advogado e conselheiro do Instituto Millenium, e que merece igualmente integral transcrição:

“Um Estado pagão
        Com o estabelecimento do padrão dólar em Bretton Woods e diante de uma Europa devastada pelos horrores da guerra, o mundo ocidental viu o surgir de uma estratégica ascensão americana, através de uma pauta de dominação bélica associada a acordos comerciais expansionistas. Com o fim da Guerra Fria e, em especial, com a queda do Muro de Berlim, a ordem global assistiu à afirmação hegemônica dos EUA e o fim da bipolaridade estabelecida com o bloco soviético. Durante praticamente duas décadas, o liberalismo americano vicejou de forma absoluta, sem adversários ou ameaças substantivas, gerando uma era de grande estabilidade, crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico superlativo.
         Comum um sopro, a vida mudou. A queda das Torres Gêmeas apresentou a ameaça terrorista. Poucos anos depois, a bancarrota do Lehman Brothers expôs as vísceras de um sistema financeiro descontroladamente alavancado e geneticamente corrompido por instrumentos de crédito fictícios. A ação rápida do FED garantiu a liquidez do sistema bancário, inundando o mundo com dólares a rodo. No entanto, quando aquilo que é escasso se torna farto, há uma inerente perda de valor monetário. E, assim, velhos players foram se reorganizando para mostras as unhas em um dinâmico e imprevisível tabuleiro mundial, com renovadas peças da China, Europa, Rússia e uma boa parte do eixo Ásia-Pacífico.
         Em recente artigo na The Economist, a inteligência superior de uma ordem política pós-liberal, baseada na cooperação internacional e não, em conflitos armados, clamando para o enfrentar de três graves desafios contemporâneos: risco nuclear, mudanças climáticas e disrupção tecnológica. Infelizmente, isso tudo é distante para nós. Enquanto o mundo discute o futuro, a América Latina tenta vencer as amarras do passado.
         No Brasil, temos o paradoxo de tentar ser pós-liberais, desconhecendo o que foi o próprio liberalismo. Infelizmente, nossa cultura, em vez do livre mercado, sempre privilegiou o estatismo patrimonialista. Na verdade, somos um Estado pagão: paga tudo e qualquer coisa, sem se preocupar em gerar receitas que garantam o adimplemento subsequente. Não é à toa, portanto, que o dinheiro acabou em nosso federalismo falido.
         Ora, a conhecida máxima de que é preciso enriquecer antes de envelhecer passou batida em nosso país. A insensatez política e a irresponsabilidade governamental gerou um passivo previdenciário impagável, escorado em direitos adquiridos impossíveis. Sim, o pressuposto fático da aquisição de uma direito é a sua possibilidade jurídica. Mas vivemos em um país atípico: aqui, negociam-se medidas provisórias para se garantir injustiças perpétuas.
         Sem cortinas, o surgimento eficaz de um ordem pós-liberal tem como pressuposto o nascer de novas estruturas de poder que sejam aptas e capazes de satisfazer os pulsantes anseios da sociedade contemporânea. A tecnologia da informação deu voz aos invisíveis, habilitando-os a participar no fluido ecossistema das redes sociais. A partir daí, os tradicionais mecanismos de controle das massas viraram pó, quebrando a bússola de navegação dos puídos instrumentos da política. Vivemos, assim, uma ebulição democrática com políticos da Era Glacial.
         Por tudo, os arranjos institucionais do século 21 estão em processo de formação. Se existe uma considerável dose de certeza com relação ao que não queremos, ainda não há um consenso razoável sobre os métodos e formas de poder que irão pautar a sociedade democrática. Todavia, é óbvio que o futuro não pertencerá a um falido Estado pagão. A questão é: será que o nosso povo quer pagar o preço de ser livre para prosperar ou será que seguiremos pobres e empobrecendo?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 278,69% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 301,36%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


   

sexta-feira, 21 de março de 2014

A CIDADANIA E AS MUDANÇAS PARA UMA NOVA VIDA INTERIOR E NOVA MENTALIDADE

“A contemplação traz a semente para uma nova vida interior
        
         Para o Plano de Deus sobre a Terra, tanto têm valor as flores – que com sua beleza cantam as maravilhas da criação e com seu perfume embebem o mundo nos louvores e glórias à Vida – quanto as raízes, sem as quais elas não existiriam.
         No caminho espiritual, a Religião e o Sacerdócio estão sempre presentes como energias e como ritmo de vida em diferentes graus. Religião, no plano que nos é dado compreender, corresponde a uma atitude interna e profunda de coligação; primeiro, com os níveis divinos do próprio Ser,  depois com os níveis superiores do Plano de Deus. O verdadeiro Sacerdócio, para nossa compreensão, revelou-se como a rigorosa vivência das Leis Superiores também nos planos da vida material.
         Religião e Sacerdócio, como essência da vida, levam o Ser à contemplação, estado interior em que o silêncio, a entrega e o serviço mostram os passos a serem dados. A contemplação traz de início as sementes de uma nova vida interior, nunca cristalizada em experiências; torna-se depois uma prática contínua que nada exclui e que, ao mesmo tempo, por nada é contaminada.
         Estamos diante de uma grave situação planetária em que não há mais tempo para trilhar as belas planícies de uma boa vida humana. Quando nos entregamos a Deus, entregamos as pretensões e aptidões de que os veículos humanamente dispõem,  isso se aplica a todos os campos de expressão. Por exemplo, sabe-se que de nada adianta desenvolver hoje as chamadas artes, se não existe nelas uma manifestação realmente superior e que seja instrumento de elevação e de serviço. Entretanto, uma vez tendo sido feita a entrega, se por inspiração interna algo deva ser expresso na literatura, desenho, pintura, música ou qualquer outra forma, isso acontecerá de modo não premeditado e em harmonia com o ritmo maior da evolução.
         Assim, o que nos é pedido é o desenvolvimento da entrega, da aspiração e da fé. Tudo o mais decorrerá das necessidades do próprio serviço e da atualização da própria energia.
         É no estado de contemplação que percepções de outras realidades são possíveis; é no silêncio que os novos e determinantes rumos da evolução podem chegar à consciência dos homens.
         Para refletirmos: Pode um mergulhador saltar por outro? Pode uma fogueira arder por outra? Pode um pássaro voar por outro? Não. Cada qual tem de cumprir a própria tarefa, dar os próprios passos, e deixar-se consumir na Chama do Encontro Supremo. Eles têm de ser vividos na entrega ao Supremo. Não há outro caminho que não esse, não outra opção que não essa. Todo o restante são detalhes, processos, que não são mais do que vias de acesso. Porém, mais cedo ou mais tarde o peregrino terá de, com suas próprias pernas, ascender à montanha, mergulhar no profundo oceano do Desconhecido, e penetrar nas Chamas da Grande Fogueira.
         As chaves já vos foram entregues. O mergulho há de ser dado. No sofrimento do ego está a liberação. Podeis reconhecer isso finalmente? Aquele que sofre, na realidade não existe. Aquele que existe, não sofre. Segui os passos dos Mais Antigos. Em vosso interior há as respostas que necessitais; alijai-vos das dúvidas, transcendei a vossa mente humana.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de março de 2014, caderno O.PINIÃO, página 20).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de entrevista concedida à repórter MALU GASPAR, da revista VEJA, edição 2354 – ano 47 – nº 1, páginas 13 a 15, por JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN, e que merece igualmente integral transcrição:

“É preciso mudar a mentalidade”

Há mais de quatro décadas nos Estados Unidos, o carioca José Alexandre Scheinkman, de 65 anos, construiu uma carreira acadêmica brilhante como professor, com passagens pelas universidades de Chicago, Princeton e, agora, Colúmbia, em Nova York. Ao longo de sua trajetória, foi parceiro em estudos de ganhadores de prêmios Nobel e de xerifes da economia, como o presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke. Autor e analista renomado, tornou-se uma voz influente nas altas esferas das decisões econômicas, mas nunca deixou de lançar um olhar especialmente perspicaz sobre o Brasil, que visita com frequência. Em sua mais recente passagem por São Paulo, ele falou a VEJA sobre como a falta de regras claras e estáveis para investimentos e a permanência de focos de protecionismo continuam emperrando os avanços e mantendo o país na rabeira do bloco de nações mais promissoras.

Por que a economia brasileira patinou em 2013? O fraco desempenho do PIB é um retrato de erros do governo em questões cruciais para o avanço da economia. Ele foi excessivo de um lado, ao promover o protecionismo e interferir no mercado, e ausente de outro, já que deixou de criar as condições para que o Brasil melhorasse sua produtividade. Ao se abster de enfrentar as reformas necessárias, precisou recorrer a ajustes pontuais que, como se sabe, não funcionam a longo prazo. Falo do congelamento do preço de combustíveis e energia para conter a inflação – mais um remendo que não traz crescimento sustentável. Enquanto o país teve um ano medíocre, é bom que se lembre, a economia mundial se recuperou, impulsionada pela indústria de tecnologia e pela novidade energética do gás de xisto, nos Estados Unidos, pelas boas perspectivas do Japão e ainda pela China, que não desacelerou tanto quanto se temia.

O Brasil pode reverter a situação em 2014? Só haverá avanços reais se o governo encarar as reformas pendentes, desonerando a produção e elevando a competitividade. O problema é que essas medidas costumam ter custo imediato e benefícios a longo prazo – justamente o avesso do que os políticos buscam em ano eleitoral. O mais provável é que elas fiquem para o próximo mandato. Torçamos para que não.

Mesmo com todos os problemas, o Brasil era até recentemente o país onde o mundo queria investir. O que fizemos de tão errado a ponto de espantar o capital estrangeiro? A verdade é que nem a economia brasileira estava tão bem nos tempos de euforia nem está tão ruim agora, apesar de tudo. Houve, isto sim, um otimismo exagerado, próprio de um momento em que as economias avançadas deixavam de ser atraentes. Quem tinha dinheiro sobrando começou a prospectar oportunidades em novos lugares e setores. Bastava dizer “infraestrutura” e “Brasil” e os cofres se abriam. Os investidores mais otimistas queriam injetar capital aqui de qualquer maneira, mesmo que os projetos não estivessem muito bem fundamentados. E olhe que não era gente desinformada: os maiores fundos americanos, aqueles que todo o mercado considera mais espertos e agressivos, investiram muito em negócios brasileiros.

Parece o cenário típico de bolha. A euforia com o Brasil foi isso, uma bolha? Exato. As bolhas tendem a aparecer no rastro de grandes novidades, como ocorreu no caso da internet. Há uns anos que o Brasil era essa novidade, um país que colhia os frutos de vinte anos de melhorias institucionais e um eficiente produtor de commodities. Em paralelo à bolha Brasil – e totalmente conectada a ela –, desenvolveu-se outra, a do Eike Batista. Eike surgiu como exemplo de sucesso que muitos políticos exploraram em proveito próprio e despertou grande interesse da imprensa, dois sinais comuns na formação de bolhas.

O governo não demorou demais a deixar de financiar “campeões nacionais” como o Império X de Eike Batista? Só posso atribuir tamanha insistência a uma questão ideológica. Felizmente, os dogmas do atraso vão aos poucos caindo. Houve um tempo em que até investir em educação era visto como coisa neoliberal. Não é mais. O triste é que abandonar determinadas premissas demora, e a lentidão tem seu preço. Nos trinta anos que levamos para entender a importância dos investimentos na escola, outros países deram grandes saltos. É uma competição dura, global, que não perdoa a inação. Se tivéssemos sido mais rápidos, estaríamos em outro patamar. Fenômenos como a bolha Eike vão e vêm e os mercados não aprendem. Mas nem todas as bolhas são completamente destrutivas. Elas podem deixar algum substrato positivo. No caso do Brasil, ficou um legado.

Que legado é esse? O país precisa de portos, de ferrovias, e o fato de uma quantia razoável de dinheiro barato ter sido alocada em projetos nesses setores ainda virá a ter efeitos positivos. É uma pena que, por falta de um ambiente regulatório mais adequado, tenhamos perdido uma ótima chance de aproveitar melhor a onda de expectativas positivas sobre o Brasil. Mas, reforço aqui, considero exagerada a atual onda de pessimismo.

Onde está o exagero do pessimismo com o Brasil? Não devemos subestimar a existência no Brasil de um empresariado eficiente, que compra  transforma companhias no exterior. O Brasil tem marcas já fortes e reconhecidas, como InBev, Natura e Havaianas, e é capaz de promover inovação em larga escala. Precisamos disseminar essa cultura e ganhar eficiência, produzindo cada vez com o mesmo número de braços. Produtividade é o nome do jogo, a força propulsora das economias que mais cresceram no mundo. Desde 1989, os Estado Unidos aumentaram a produtividade em 12%, a China, em mais de 50%, a Coreia do Sul, em 65%. E o Brasil praticamente não saiu do lugar, o que é imperdoável.

O que funciona mesmo quando o objetivo é aumentar a produtividade? Antes de tudo, reproduzir em larga escala iniciativas já testadas com sucesso, dentro  fora do país. No Brasil, o melhor exemplo vem da agricultura, que experimentou ganhos notáveis de eficiência nas últimas décadas. Isso se deve, em grande parte, à criação da Embrapa, um centro de inovação com pessoal e estrutura capazes de obter soluções sob medida para nossas necessidades e desenvolver técnicas revolucionárias para o agronegócio. O Brasil multiplicou por quatro a produção de milho, enquanto a área cultivada caiu à metade. Conseguiu também transformar a cultura da cana em uma indústria moderna. Enfim, o campo está repleto de exemplos inovadores que devem ser copiados.

Por que é tão difícil replicar esse bom DNA em outros setores? Precisa haver uma mudança de mentalidade. A agricultura brasileira evoluiu justamente por ser um setor menos protegido e mais competitivo. Já a indústria funciona na mão inversa. A reserva de mercado na informática fez o Brasil perder tempo precioso; a exigência de conteúdo nacional mínimo em tantos segmentos também não ajuda. São todas iniciativas protecionistas que fecham a economia ao mundo e refreiam os ganhos de produtividade. As montadoras de automóveis recebem subsídios desde qu se instalaram no Brasil, nos anos 1950, e até hoje fabricam alguns dos carros mais caros do planeta. O pior é que esse protecionismo acabou fazendo com que os investimentos se concentrassem nas rodovias, também as mais caras e menos eficazes. Resultado: produzimos milho e soja mais baratos que os americanos, só que, quando o carregamento chega ao porto, a vantagem já se perdeu. O objetivo de um país não dever ser o de enriquecer alguns poucos empresários, mas a sociedade como um todo.

Vários leilões voltados para a infraestutura fracassaram. O problema está nos investidores ou no governo brasileiro? O maior obstáculo reside no marco regulatório. No mundo todo se fazem leilões sob um arcabouço de regras já testadas e satisfatórias, mas o Brasil insiste em inventar normas, gerando incerteza e desconfiança. O investidor tem medo de ser surpreendido por algo que fará aumentar seus custos, como já ocorreu com a energia elétrica. É bom ressaltar que, no recente leilão dos aeroportos, se viu o oposto; o governo formulou regras que estimulavam os investimentos. E eles vieram. Também pesou aí o fato de uma empreiteira ser sócia do grupo vencedor. Empreiteiras sempre selam bons negócios com governos, e isso deve ter dado certa tranquilidade aos demais parceiros.

Está em julgamento no STF a compensação aos poupadores por supostas perdas dos antigos planos econômicos. Será a maldição de que no Brasil até o passado é incerto? Esse episódio traz lições importantes. A primeira é que medidas voluntaristas, como o Plano Collor, não só não resolvem os problemas como deixam sequelas. Planos mágicos nunca funcionam. Felizmente não vejo hoje no Brasil ninguém ensaiando nada parecido. Mas convivemos, sim, com o segundo aspecto para o qual essa discussão toda chama a atenção: a morosidade do Judiciário. Passaram-se mais de duas décadas até que a questão chegasse a um julgamento definitivo. Tal demora para dirimir dúvidas que envolvem tanto dinheiro é, com certeza, um fator de risco. E risco afasta investimento.

O Brasil ocupa os últimos lugares nos rankings mundiais de inovação. Como mudar isso? O segredo está em criar canais de comunicação entre a academia e o mercado. Temos um bom ponto de partida: 200 000 pesquisadores e mais de 10 000 Ph.Ds., publicações de nível internacional e instituições como a Embrapa e o ITA. O difícil é pôr a tecnologia a serviço da sociedade de forma rápida e eficiente. Em 1999, o número de registros de patentes brasileiras nos Estados Unidos era praticamente igual ao da Índia e da China: cerca de 100 por ano. Hoje, a Índia registra anualmente mais de 4 000 patentes; a China, 6 000; e o Brasil quase não andou. Na origem desse atraso está a eterna discussão sobre uma suposta disputa entre pesquisa teórica e pesquisa aplicada, discussão tola e contraproducente.

Como os estudantes brasileiros enviados às melhores universidades do mundo pelo programa Ciência sem Fronteiras podem ajudar a imprimir essa nova mentalidade? Outros países experimentaram enorme progresso com iniciativas desse tipo. Os empresários bem-sucedidos de Taiwan, uma grande potência em eletrônicos, estudaram nos Estados Unidos e regressaram para fundar suas empresas. Mas não basta enviar os alunos, sentar-se e esperar que promovam uma revolução. É preciso assegurar que as universidades tenham condições de lhes oferecer bons salários, estrutura para a investigação científica e um ambiente profícuo. É necessário promover a concentração de cérebros. Reunir talentos é o maior de todos os incentivos. Durante quinze anos, viajei diariamente de Nova York a Princeton, em Nova Jersey. Fazia o trajeto de duas horas de trem com gosto, porque sabia que encontraria lá uma atmosfera intelectualmente estimulante. Em pesquisa, conta muito quem são seus colegas. Outro fator decisivo é o grau de urbanização da cidade. Quem pode escolher prefere, em geral, lugares bem organizados, com baixos índices de criminalidade e alta oferta de serviços e cultura. Isso só se alcança com uma eficiente política urbana.
É o caso de Nova York? Sim, ali estão instalados um centro financeiro, empresas de tecnologia e grandes grupos de mídia. O Google inaugurou um enorme laboratório na cidade, porque, afinal, é lá que os jovens querem morar. Isso não é fruto de uma política. O prefeito Michael Bloomberg percebeu que faltavam boas escolas de engenharia e abriu uma concorrência internacional para escolher entre as melhores do mundo qual ganharia o terreno para se instalar na cidade. A disputa foi acirrada. Venceu a Universidade Cornell, em associação com o Instituto de Tecnologia de Israel. Iniciativas assim mostram como o Estado pode incentivar o verdadeiro avanço.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens  reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...