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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A EFICÁCIA DOS JUROS CIVILIZADOS E A TRANSCENDÊNCIA DA LIDERANÇA ANCORADA EM VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS NA SUSTENTABILIDADE


“O país do juro baixo
        Na mesma quarta passada em que o FED (banco central americano) baixou seu juro básico para o máximo de 2%, nosso Banco Central também se moveu na mesma direção, ao reduzir para apenas 5,5% a taxa Selic. É uma mínima histórica.  Enquanto isso, na Europa, o banco central BCE prometia punir com juro negativo o banco que nele depositasse reservas, como que cobrando um pedágio pela guarda do dinheiro do sistema bancário dos europeus. Lá, portanto, o juro básico está abaixo de zero.
         As atuais políticas monetárias dos países do G-7 são um caso de complexa explicação de que nem me atrevo a tratar aqui, menos para dizer que as nuvens da incerteza financeira vão ficar mais pesadas em 2020 nos países avançados. Isso bastaria para nos situar como país de enorme potencial, onde a atração de capitais para investimento em projetos brasileiros seria uma barbada se houvesse mais respeito ao tempo e à forma das coisas.
         Como temos sido pouco respeitosos, tanto com o tempo que levamos para decidir o que reformar, quanto sobre a forma que damos à nossa imagem externa, pagamos com recessão e desemprego a prosperidade adiada para um futuro distante e incerto. O juro que nosso Banco Central vem encolhendo é a ponta do iceberg de encargos financeiros arcados pelas empresas e famílias.
         A redução da Selic favorece apenas a rolagem da dívida federal. Isso alivia o Orçamento federal em 2020, mas longe de equacionar o rombo dos gastos ditos obrigatórios. A gastança pública, que vem de anos, tornou o Brasil refém dos grupos que dominam a despesa dos governos. Colegas economistas voltaram a ter a cara-dura de defender o prosseguimento desses déficits catastróficos como uma necessidade para “não aprofundar a recessão brasileira”. Justamente ao contrário.
         O déficit público, crônico e maligno, é a causa da estagnação. Mais gastança pública – que é responsável pelo desemprego em massa – só agravará a condição miserável dos mais pobres. E por quê? Simples. O dinheiro sacado do seu bolso e do meu para sustentar a máquina pública terá nos governos, com quase toda certeza, uso menos produtivo do que no bolso de onde veio. Trocamos, no Brasil, mais por menos, mais gastança inútil por menos investimentos úteis que nunca acontecerão.
         Multiplique essa troca errada por 27 estados e 5.570 municípios e você confirmará que viramos aqui um grande edifício “balança, mas não cai”, com três níveis de síndico (Brasília, governos estaduais e municipais), com condomínio caríssimo, elevador parado e água cortada a cada dois dias. Falta gestão profissional de alto a baixo e sobra, entre as lideranças políticas do país, um absoluto descaso à agenda de investimentos. A guerra na política é por mais verbas partidárias, nomeação de afilhados e por apropriação de verbas.
         Nesse cenário quase macabro, o Banco Central reduz o juro básico porque a economia produtiva está muito fraca. Mas, fraca por quê? O juro deveria baixar até mais e isso deveria ter já ocorrido antes. A decisão monetária, que é boa, atrapalha a vida dos poupadores sem beneficiar a ponta das empresas, que continuam amargando juros ferozes até para o giro das lojas e fábricas. O movimento benéfico do Banco Central não chega lá. Nem consegue tirar da inércia os projetos de investimentos das empresas maiores, cuja indecisão sobre investir é igual às dúvidas dos fundos de investimentos externos, quando olham um Brasil pegando fogo, mas gelado na postura de completar reformas inteligentes e abrir um grande programa de metas. A oportunidade de ouro que nos abre o atual momento de juro baixo, aqui e lá fora, está indo ralo abaixo. Mais uma vez, o tempo e a forma errada de fazer as coisas acontecerem estão nos destruindo a janela do futuro.”.

(PAULO RABELLO DE CASTRO. Economista, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de setembro de 2019, caderno ECONOMIA, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Liderar com leveza
        O terceiro milênio pede qualidades singulares para que as diversas iniciativas desse novo tempo tenham êxito. Velocidade e multiplicidade estão entre essas qualidades, mas a leveza é uma característica fundamental que merece a atenção e o esforço cidadão. É sabedoria essencial a todos, particularmente no exercício da liderança. Liderar com leveza é uma ciência que se aprende, uma arte a ser praticada. A desconsideração dessa qualidade explica a razão pela qual alguns líderes não conseguem conquistar os prometidos êxitos. De fato, trata-se de uma arte a ser alcançada por meio da aprendizagem e da experiência que conferem a envergadura necessária. Caso contrário, se verificará o atabalhoamento de pronunciamentos e a falta de clareza a respeito de processos que supõem um passo a passo que leve a um bom termo.
         Entenda-se que leveza na liderança não inclui, absolutamente, negociação de valores e princípios intocáveis. Aliás, leveza supõe domínio ético de valores e princípios que arquitetem e edifiquem uma postura condizente com as missões assumidas e papéis a serem desempenhados. Qualidade também importante para o cotidiano dos cidadãos. Infelizmente, ao invés de leveza, constata-se um “peso” nos contextos em que há reações e posicionamentos marcados pelas polarizações e radicalismos alimentados por belicosos e rancorosos modos de pensar e agir. Sabe-se que, cedo ou tarde, esse tipo de postura leva ao descrédito. A incompetência humana e relacional elimina a possibilidade de êxitos em qualquer iniciativa.
         Preocupante, embora seja um “asteroide” que irá se desfazer pelos ares, é a conduta pouco cidadã e civilizada de certos indivíduos. Agrupados de modo inteligentemente orquestrado, com astúcia diabólica, operam na desconstrução de imagens das pessoas. No lugar da leveza sobre os trilhos de valores e princípios, caminho para êxitos, operam com fúria rancorosa e iconoclastia demoníaca. Aparecem, assim, os que se dizem cristãos e se autonomeiam guardiões de uma ortodoxia que comprovadamente é uma heresia crassa por estar na contramão dos valores do evangelho de Jesus Cristo. Esses agrupamentos comprovam a invectiva de Jesus contra a conduta daqueles que querem tirar o cisco do olho dos outros e não se dão conta da trave que está no próprio olho.
         Leveza como característica do terceiro milênio, na busca de operações exitosas em todos os campos do saber e do fazer, é também um veredito que aponta já, por seu “peso” arrastado, emoldurados por ódios e rancores, aqueles que vão, desesperadamente, perder as batalhas. Há um seríssimo equívoco de quem pensa ser possível, na contemporaneidade, alcançar êxitos fora do caminho da leveza – que propicia abertura ao diálogo permanente, fecundação de entendimentos lúcidos e intuitivos. Essas pessoas que agem alimentadas belicamente por rancores e crescentes ódios destrutivos de tudo e de todos se põem na contramão perigosa das bem-aventuranças, ensinadas por Jesus, no sermão da montanha.
         Leveza é condição indispensável e prática inigualável para se alçar à envergadura própria da estatura da fraternidade solidária que se assenta como exigência da verdadeira e bem vivida dignidade de filho e filha de Deus. Essa consideração, que vale para todos os indivíduos, é ainda mais importante para quem exerce a liderança. Se o líder, de qualquer segmento, não aprender a liderar com leveza, irá atropelar, com palavras e gestos, os processos sob sua gestão e nunca abrirá caminhos para intuições criativas na proposição de soluções urgentes. Sem leveza, a sociedade contemporânea não sairá fácil da sua subjugação aos radicalismos, polarizações e fundamentalismos religiosos e políticos. Leveza tem propriedade civilizatória importante para uma sociedade violenta e desafinada. De muitos modos e por variados meios, especialmente pelas redes sociais, como também por posturas sem limites, pode-se constatar os nefastos efeitos da falta de leveza e seus consequentes prejuízos.
         Leveza, desdobrada em civilidade, sentido de solidariedade, saudável entendimento do quanto vale respeitar e promover o bem comum é saída para o tempo novo. Ao contrário, “pesos” que resultam de preconceitos e discriminações, ódios e rancores, disputas umbilicais para se afirmar como donos da razão, distante do amor vigoroso e transformador do evangelho de Jesus Cristo, prejudicarão a sociedade. Nesse horizonte, está a responsabilidade primeira da aprendizagem e prática da leveza que confere competência para se enxergar com mais clareza os novos caminhos. A sociedade, para não perecer, precisa de pessoas capazes de liderar com leveza.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 300,29% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, em agosto, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,43%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






sexta-feira, 29 de julho de 2011

A CIDADANIA, OS REFÚGIOS DESLEAIS E O TERRORISTA DE OLHOS AZUIS

“Refúgios desleais

Enquanto a maioria dos brasileiros, gente de negócios ou não, carrega uma das cargas tributárias mais pesadas do mundo e mesmo assim continua participando de alguma maneira da construção do país, há os que se acovardam, pouco se lixando para o papel que seu capital poderia desempenhar em sua própria terra. Preferem a pretensa esperteza de aplicar o máximo que puderem onde não pensam em correr o menor risco, nem mesmo o de ser importunados pelo fisco. Saem em busca dos chamados paraísos fiscais, países que, por incapacidade de serem produtivos, se prestam ao serviço de caixa escondido e nem sempre confessável de capitais que, por algum motivo, preferem o esconderijo à luz, a proteção da penumbra à transparência dos negócios declarados e assumidos. Em troca de receber os depósitos desse tipo de investidor, esses países adotam regime tributário especial que, de tão atraente, pode ser considerado desleal com as nações que optam pelo caminho do trabalho, da produção, do enfrentamento corajoso do risco e da responsabilidade social do tributo.

A intensa procura por esses paraísos reflete o aumento da covardia e da pretensa esperteza nos momentos mais difíceis da economia de um país ou do mundo. Reportagem do Estado de Minas, mostra hoje que, em 2009, quando a crise financeira mundial ainda provocava solavancos, cerca de US$ 60 bilhões fugiram do Brasil rumo a paraísos fiscais. Segundo dados do Banco Central (BC), esse valor representa 28% de todos os investimentos diretos (aplicações de capital em atividade produtiva) no exterior, que, naquele ano, somaram US$ 214 bilhões. Esse dinheirão todo refugiou-se em 66 paraísos fiscais relacionados pela Receita Federal. Vários deles fazem de famosa lista negra preparada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), incluídos por não cooperarem com outros governos no combate à evasão de divisas. Entre os destinos preferidos pelos fujões brasileiros estão Ilhas Cayman, que recebeu US$ 18,3 bilhões; Ilhas Virgens Britânicas, US$ 13,3 bilhões; e Bahamas, US$ 10,2 bilhões. Nesses montantes não estão incluídos os envios para Uruguai, Suíça e Luxemburgo, que, embora constem da lista negra da OCDE, são tidos pela Receita Federal do Brasil apenas como países de “tributação favorecida”.

Não é de hoje que nações desenvolvidas e dispostas a produzir riqueza pela via do trabalho digno e da produtividade honesta tentam combater a concorrência desleal dos paraísos fiscais, especialmente os que, além das isenções atraentes, também oferecem segredo para ocultar a origem criminosa do dinheiro depositado. É nessa linha de rejeição a obscuros métodos de enriquecimento que deve ser apoiada a campanha que está sendo lançada no Brasil pelo Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos (Inesc), representante de uma rede internacional de 50 ONGs. Elas estão empenhadas em convencer os governantes dos membros do G20 a aprovar uma ação em favor do fim dos paraísos fiscais. A campanha pretende forçar a colocação do assunto em pauta na próxima reunião do grupo, em novembro, na França. Claramente prejudicado pelos atrativos oferecidos pelos paraísos fiscais, como demonstram os números do BC, e mais ainda pela questão ética envolvida, o Brasil não tem como negar ostensivo apoio à causa.”
(EDITORIAL do jornal ESTADO DE MINAS, edição de 27 de novembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 6).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição e caderno, página 7, de autoria de FREI BETTO, Jornalista, escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de Conversa sobre a fé e a ciência, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Terrorista de olhos azuis

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito. A mídia “usamericana” incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o islã é originariamente violento e, em sua primeira visita ao EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.

Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza, será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo – alerta o preconceito infundido. Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.

O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Horoshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 civis, sem contar as mortes posteriores por efeito de contaminação. Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas, que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.

Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental. A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega os Estados Unidos. Ele “é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes. Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela Otan sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli? Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de um príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar? O que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética? O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.

O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, oito exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km/h com o carro de uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido? Enquanto a diferença gerar divergência, permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.”

Eis, pois, mais SÉRIAS e CONTUNDENTES abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de grandes TRANSFORMAÇÕES em nossa SOCIEDADE, o que vale buscar também a LIÇÃO de PAULO FREIRE: “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.”

Que, portanto, a EDUCAÇÃO, e só pode ser de QUALIDADE, se transforme em PRIORIDADE ABSOLUTA dos GOVERNOS e da SOCIEDADE, âncora para o nosso PENSAR, DIZER e AGIR em meio a GIGANTESCOS DESAFIOS...

Mas, NADA, NADA mesmo ABATE o nosso ÂNIMO ou ARREFECE o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES em 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, a era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...