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segunda-feira, 11 de março de 2013

A CIDADANIA, A IGUALDADE E A REVERÊNCIA ÀS MULHERES


“Igualdade de gênero na política externa
        
         Em minha primeira semana como secretário de Estado dos EUA, tive a honra de me encontrar com um grupo de corajosas mulheres de Mianmar. Duas eram ex-presas políticas e, embora tivessem passado por tremendas dificuldades na vida, estavam empenhadas a ir em frente – proporcionando educação e capacitação para meninas, buscando empregos para desempregados e defendendo maior participação na sociedade civil. Não tenho dúvida de que elas continuarão a atuar como poderosas agentes de mudança, levando progresso às suas comunidades e a seu país nos próximos anos.
         São oportunidades como essa que nos lembram por que é tão vital que os EUA continuem a trabalhar com governos, organizações e indivíduos em todo o mundo para proteger e fomentar direitos de mulheres e meninas. Assim como em nosso país, os problemas econômicos, sociais e políticos mais prementes do mundo não podem ser resolvidos sem a plena participação das mulheres.
         Segundo o Fórum Econômico Mundial, países em que homens e mulheres estão mais próximos de desfrutar direitos iguais são muito mais competitivos economicamente do que aqueles onde a diferença de gênero deixou mulheres e meninas com acesso limitado ou sem nenhum acesso a assistência médica, saúde, cargos eletivos e ao mercado.
         No entanto, em um número muito grande de sociedades, mulheres e meninas ainda são subvalorizadas, não têm oportunidade de frequentar a escola e são forçadas a casar ainda criança. Muitas vidas têm sido perdidas ou mudadas para sempre pela violência de gênero.
         Nenhum país pode progredir se deixar meta de sua população para trás. É por isso que os Estados Unidos acreditam que a igualdade de gênero é crucial para nossas metas comuns de prosperidade, estabilidade e paz e é por isso que investir nas mulheres e meninas no mundo é um aspecto crucial da política externa dos EUA.
         Investimos em capacitação e aconselhamento de mulheres empreendedoras para que elas possam não apenas melhorar a situação de sua família, mas também na educação das meninas para que elas possam escapar do casamento precoce forçado, quebrar o ciclo de pobreza e se transformar em líderes comunitárias e cidadãs engajadas.
         Trabalhamos com parceiros em todo o mundo para melhorar a saúde materna, fortalecer agricultoras e impedir a violência de gênero, porque todas as sociedades se beneficiam quando as mulheres são saudáveis, têm segurança e contribuem com seu trabalho, liderança e criatividade para a econômica global.
         Hoje, Dia Internacional da Mulher, é dia de comemoração. É também dia de renovarmos nosso compromisso com o fim da desigualdade que impede o progresso em todos os cantos do globo. Podemos e devemos nos comprometer com isso para que as nossas filhas possam entrar no ônibus para ir à escola sem medo, todas as nossas irmãs alcancem sua total capacidade e todas as mulheres e meninas realizem plenamente seu potencial.”
(JOHN KERRY. Secretário de Estado dos Estados Unidos, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de março de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Reverência às mulheres
         
         A comemoração do dia 8 de março projeta maior luminosidade na rica compreensão da dignidade e importância da mulher. Uma clareza que deve impulsionar modificações substanciais e mais rápidas no atual cenário, marcado pelos sucessivos casos de violência conta a mulher, particularmente no âmbito familiar. Uma situação inaceitável que precisa dar lugar à crescente participação das mulheres nos processos políticos, sociais, culturais, religiosos e familiares.
         Na compreensão ajustada do significado da mulher no conjunto de processos da vida repousa uma força dinâmica  com propriedades para mudar instituições e promover avanços significativos. É verdade que desde a Revolução Francesa várias conquistas foram alcançadas no que se refere ao reconhecimento da mulher, configurando, consequentemente, ganhos muito importantes para a vida e história da humanidade. Contudo, em razão de cristalizações nas culturas, fruto de compreensões não adequadas, atrasos ainda impedem uma participação mais efetiva. Assim, permanece o grande desafio de conquistar um entendimento capaz de gerar novas posturas.
         Nessa busca, uma rica referência é a Carta Apostólica sobre a dignidade da mulher, do bem-aventurado João Paulo II, publicada em 15 de agosto de 1988. É bem atual a referência à mensagem final do Concílio Vaticano II profetizando um tempo novo que ainda não acabou de chegar: “A hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isso, no momento em que a humanidade conhece a mudança tão profunda, as mulheres iluminadas no Evangelho tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia”.
         No sínodo dos bispos de 1987, que refletiu a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo, sublinhou-se a importância de se aprofundar sobre os fundamentos antropológicos e teológicos para ajudar na compreensão justa do significado da dignidade humana. Particularmente no que se refere à mulher, uma questão central que desafia a humanidade: a sua presença participativa na Igreja e na sociedade.
         Os avanços são grandes. No entanto, ainda não são suficientes. Quando se pensa teologicamente, sabe-se que a mulher está no coração do evangelho salvífico professado pela Igreja. A iluminação desse argumento está condensada na figura da mulher mais admirável: Maria, a mão de Jesus, o Redentor e Salvador. Conhecer a participação de Maria na história da humanidade, obediente e aberta amorosamente a Deus, é estar em contato com significativas lições, que iluminam a dignidade de todas as mulheres. Na condição comum de criatura humana, elas guardam também uma sacralidade advinda da filiação a Deus, sua imagem e semelhança.
         É fascinante aquilo que é próprio da mulher, que constitui o seu ser. Trata-se de um grande dom. Pela condição própria dessa dádiva, muitos são os caminhos percorridos, os enfrentamentos exitosos no combate ao mal e na luta pela justiça, desde o contexto da narrativa bíblica, estendendo-se nas histórias e testemunhos de ontem e da contemporaneidade. Essa sacralidade na figura da mulher é uma inesgotável fonte de ética e de moralidade que não deixa perder a força dos valores, das referências e das tradições que configuram o tecido cultural necessário para garantir uma sociedade mais sã.
         Voltando à carta apostólica referida, a grandeza da dignidade da mulher está em conexão profunda com a ordem do amor. O bem-aventurado João Paulo II lembra que no fundamento do desígnio eterno de Deus, a mulher, na sua feminilidade, é um profetismo com força educativa permanente. Obviamente que essa condição singular confere às mulheres uma especial missão. E, para que possam exercê-la, precisam ganhar mais espaços, em todos os lugares e de variados modos. As mulheres merecem, de todos nós, uma especial reverência.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
     
     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;
     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis;
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas nesta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente  justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...  

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A CIDADANIA, AS PRIORIDADES DO DINHEIRO E AS NOVAS ATITUDES PARA A HUMANIDADE

“Prioridades do dinheiro

Parem o mundo que eu quero descer! Os donos do planeta enlouqueceram ou não entendo bem o que propõem? De 22 a 27 de janeiro, o Fórum Econômico de Davos, na bucólica Suíça, reunirá empresários, banqueiros e outros donos do dinheiro que parecem não dar a mínima para a crise econômica na Europa (18 milhões de desempregados!). É compreensível, hoje recursos públicos salvam bancos privados!

Os donos do mundo centram suas atenções no que qualificam de fatores X – questões que os respeitáveis senhores e senhoras consideram prioritárias e que, se não forem encaradas com seriedade, podem desestabilizar a atual “ordem” mundial. O relatório anual sobre os riscos globais, publicado duas semanas antes do encontro de Davos, teve colaboração da revista científica Nature na análise dos fatores X. Vamos a eles:

O primeiro, a possível descoberta de que há vida inteligente fora deste nosso planetinha desgraçadamente afetado pelas ambições do capital. Com o ritmo da exploração do espaço nas últimas décadas, diz o documento preparatório de Davos, é possível considerar que a humanidade pode descobrir vida em outros planetas. A maior preocupação seria sobre os efeitos nos investimentos em ciência, e a própria imagem do ser humano.

Supondo que seja encontrado um novo lar em potencial para a humanidade ou a existência de vida em nosso sistema solar, a pesquisa científica teria que deslocar grandes investimentos para a robótica e missões espaciais. Além disso, as implicações filosóficas e psicológicas da descoberta de vida extraterrestre seriam profundas, desafiando crenças das religiões e da filosofia humana. Por meio de educação e campanhas de alerta, o público poderia se preparar melhor para as consequências desse processo, sugere o fórum.

No início de 2013, dados coletados pelo observatório espacial Kepler, monitorado pela Nasa, indicam que só a nossa galáxia, a Via Láctea – com pelo menos 100 bilhões de estrelas ou sóis –, teria 17 bilhões de planetas rochosos, com tamanho entre 0,8 e 1,2 da Terra. Pode ser que um ou mais estejam orbitando suas estrelas à distância adequada para o surgimento de vida.

Atrás dessa retórica “humanista” se esconde o projeto de loteamento do cosmo. Haja fome de lucros! Eu, que sou crédulo, acredito em vida extraterrestre. Creio mesmo que nossos vizinhos já se aproximaram, mas ao captar nossas emissões televisivas concluíram que na Terra não há vida inteligente.

O segundo fator X é o avanço cognitivo do cérebro humano pelo uso de estimulantes. Segundo o documento de Davos, há o temor de que no futuro as pessoas abusem da tecnociência, que permite turbinar o desempenho no trabalho e nos estudos. A química fará de nós robôs ultraeficientes.

O esforço dos cientistas para tratar doenças como Alzheimer ou esquizofrenia leva a crer que, no futuro não muito distante, pesquisadores identificarão substâncias que permitam melhorar os estimulantes de hoje, como a Ritalina. Apesar de prescritos a pessoas com doenças neurológicas, esses remédios seriam usados no dia a dia. O avanço poderia também vir de hardwares, diz o relatório. Estudos mostram que a estimulação elétrica pode favorecer a memória. Diante disso, seria ético aceitar o mundo dividido entre os que tiveram oportunidade de ter a parte cognitiva reforçada e os que não tiveram, indaga o documento. Haveria, ainda, o risco desse avanço dar errado.

O terceiro fator X é o uso descontrolado de tecnologias para conter as mudanças climáticas, que acabariam afetando ainda mais o equilíbrio ecológico. Apesar de as ameaças de mudanças climáticas serem conhecidas, o relatório indaga também se já passamos de um ponto dramático de não retorno. Dados indicam que nosso planeta já perdeu ao menos 30% de sua capacidade de autorregeneração.

O quarto, são os custos de os seres humanos viverem muito mais tempo, após a idade laboral. Os países não têm se preparado para os altos custos que a velhice, hoje qualificada de terceira idade, implica, e com a massa de pessoas que sofrerão de doenças como artrite e demências. A medicina no século 20 avançou muito nas descobertas relativas às doenças genéticas, decifrando o genoma humano. São esperados ainda mais avanços no tratamento de doenças do coração e do câncer.

O documento preocupa-se com o impacto na sociedade de uma camada da população que conseguirá prever e, portanto, evitar as causas mais comuns de morte hoje, mas com deterioração da qualidade de vida: velhos longevos, ociosos e dependentes. Mais pesquisas seriam necessárias para encontrar soluções para essas condições, hoje consideradas crônicas.

Por trás de tudo isso, um objetivo prioritário desses senhores e senhoras: onde estiver nosso dinheiro, de modo a multiplicá-lo tanto quanto as estrelas do céu e as areias das praias e do mar.”

(FREI BETTO. Escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de Conversa sobre a fé e a ciência (Agir), entre outros livros, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de janeiro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 11 de janeiro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 18, de autoria de LEONARDO BOFF, filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“A crise atual da humanidade e as diversas atitudes para abordá-la

Ninguém, face à crise, pode ficar indiferente. Urge uma decisão para encontrar uma saída libertadora. É aqui que se encontram várias atitudes para ver qual delas é a mais adequada a fim de evitarmos enganos.

A primeira é a dos catastrofistas: a fuga para o fundo. Esses enfatizam o lado de caos que toda crise encerra. Veem a crise como catástrofe, decomposição e fim da ordem vigente. Para eles, a crise é algo anormal que devemos evitar a todo custo. Só aceitam certos ajustes e mudanças dentro da mesma estrutura. Contra esses catastrofistas, já dizia o bom papa João XXIII: “A vida concreta não é uma coleção de antiguidades. Não se trata de visitar um museu ou uma academia do passado. Vive-se para progredir, embora tirando proveito das experiências do passado, mas para ir sempre mais longe”.

A crise generalizada não precisa ser uma queda para o abismo. Vale o que escreveu o filósofo e pedagogo Pierre Furter: “Caracterizar a crise como sinal de um colapso universal é uma maneira sutil e pérfida dos poderosos e dos privilegiados de impedirem, a priori, as mudanças, desvalorizando-as de antemão”.

A segunda atitude é a dos conservadores: a fuga para trás. Esses se orientam pelo passado, olhando pelo retrovisor. Ao invés de explorar as forças positivas contidas na crise atual, fogem para o passado e buscam nas velhas fórmulas soluções para os problemas novos. Por isso, são arcaizantes e ineficazes.

Grande parte das instituições políticas e dos organismos econômicos mundiais e, também, a maioria das igrejas e das religiões procuram dar solução para os graves problemas mundiais com as mesmas concepções. Favorecem a inércia e freiam as soluções inovadoras. Como as fórmulas passadas esgotaram sua força de convencimento e de inovação, acabam transformando a crise numa tragédia.

A terceira atitude é a dos utopistas: a fuga para a frente. Esses pensam resolver a situação de crise fugindo para o futuro. Eles se situam dentro do mesmo horizonte dos conservadores, apenas numa direção contrária. Por isso, podem facilmente fazer acordos entre si. Geralmente, são voluntaristas e se esquecem de que, na história, só se fazem as revoluções que se fazem. Não raro, a audácia contestatória não passa de evasão do confronto duro com a realidade.

Circulam atualmente utopias futuristas de todo tipo, muitas de caráter esotérico, como as que falam de alinhamento de energias cósmicas que estão afetando nossas mentes. Outros projetam utopias fundadas no sonho de que a biotecnologia e a nanotecnologia poderão resolver todos os problemas e tornar imortal a vida humana.

Uma quarta atitude é a dos escapistas: a fuga para dentro. Esses dão-se conta do obscurecimento do horizonte e do conjunto das convicções fundamentais. Evitam o confronto, preferem não saber, não ouvir, não ler e não se questionar. Preferem a solidão do indivíduo, mas plugado na internet e nas redes sociais.

Por fim, há uma quinta atitude: a dos responsáveis: enfrentam o aqui e o agora. São aqueles que elaboram uma resposta. Não temem nem fogem nem se omitem, mas assumem o risco de abrir caminhos. Não rejeitam o passado por ser passado. Aprendem dele como um repositório das grandes experiências que não devem ser desperdiçadas sem se eximir de fazer as suas próprias experiências. Os responsáveis se definem por um a favor e não simplesmente por um contra. Também não se perdem em polêmicas estéreis.

O que mais se exige hoje são políticos, líderes, grupos, pessoas que se sintam responsáveis e forcem a passagem do velho para o novo tempo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, soberanas, civilizadas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

b) o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

c) a dívida pública brasileira, com projeção segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso da ordem de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de desembolso de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas, necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das nossas desigualdades sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as exigências do século 21, da era da globalização, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...