“Igualdade
de gênero na política externa
Em minha primeira
semana como secretário de Estado dos EUA, tive a honra de me encontrar com um
grupo de corajosas mulheres de Mianmar. Duas eram ex-presas políticas e, embora
tivessem passado por tremendas dificuldades na vida, estavam empenhadas a ir em
frente – proporcionando educação e capacitação para meninas, buscando empregos
para desempregados e defendendo maior participação na sociedade civil. Não tenho
dúvida de que elas continuarão a atuar como poderosas agentes de mudança,
levando progresso às suas comunidades e a seu país nos próximos anos.
São
oportunidades como essa que nos lembram por que é tão vital que os EUA
continuem a trabalhar com governos, organizações e indivíduos em todo o mundo
para proteger e fomentar direitos de mulheres e meninas. Assim como em nosso
país, os problemas econômicos, sociais e políticos mais prementes do mundo não
podem ser resolvidos sem a plena participação das mulheres.
Segundo
o Fórum Econômico Mundial, países em que homens e mulheres estão mais próximos
de desfrutar direitos iguais são muito mais competitivos economicamente do que
aqueles onde a diferença de gênero deixou mulheres e meninas com acesso
limitado ou sem nenhum acesso a assistência médica, saúde, cargos eletivos e ao
mercado.
No
entanto, em um número muito grande de sociedades, mulheres e meninas ainda são
subvalorizadas, não têm oportunidade de frequentar a escola e são forçadas a
casar ainda criança. Muitas vidas têm sido perdidas ou mudadas para sempre pela
violência de gênero.
Nenhum
país pode progredir se deixar meta de sua população para trás. É por isso que
os Estados Unidos acreditam que a igualdade de gênero é crucial para nossas
metas comuns de prosperidade, estabilidade e paz e é por isso que investir nas
mulheres e meninas no mundo é um aspecto crucial da política externa dos EUA.
Investimos
em capacitação e aconselhamento de mulheres empreendedoras para que elas possam
não apenas melhorar a situação de sua família, mas também na educação das
meninas para que elas possam escapar do casamento precoce forçado, quebrar o
ciclo de pobreza e se transformar em líderes comunitárias e cidadãs engajadas.
Trabalhamos
com parceiros em todo o mundo para melhorar a saúde materna, fortalecer
agricultoras e impedir a violência de gênero, porque todas as sociedades se
beneficiam quando as mulheres são saudáveis, têm segurança e contribuem com seu
trabalho, liderança e criatividade para a econômica global.
Hoje,
Dia Internacional da Mulher, é dia de comemoração. É também dia de renovarmos
nosso compromisso com o fim da desigualdade que impede o progresso em todos os
cantos do globo. Podemos e devemos nos comprometer com isso para que as nossas
filhas possam entrar no ônibus para ir à escola sem medo, todas as nossas irmãs
alcancem sua total capacidade e todas as mulheres e meninas realizem plenamente
seu potencial.”
(JOHN KERRY. Secretário
de Estado dos Estados Unidos, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de março
de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, caderno e
página, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Reverência
às mulheres
A comemoração do dia 8 de março projeta maior luminosidade
na rica compreensão da dignidade e importância da mulher. Uma clareza que deve
impulsionar modificações substanciais e mais rápidas no atual cenário, marcado
pelos sucessivos casos de violência conta a mulher, particularmente no âmbito
familiar. Uma situação inaceitável que precisa dar lugar à crescente
participação das mulheres nos processos políticos, sociais, culturais,
religiosos e familiares.
Na compreensão ajustada do significado da mulher no conjunto
de processos da vida repousa uma força dinâmica com propriedades para mudar instituições e promover
avanços significativos. É verdade que desde a Revolução Francesa várias
conquistas foram alcançadas no que se refere ao reconhecimento da mulher,
configurando, consequentemente, ganhos muito importantes para a vida e história
da humanidade. Contudo, em razão de cristalizações nas culturas, fruto de
compreensões não adequadas, atrasos ainda impedem uma participação mais
efetiva. Assim, permanece o grande desafio de conquistar um entendimento capaz
de gerar novas posturas.
Nessa busca, uma rica referência é a Carta Apostólica sobre a dignidade da mulher, do bem-aventurado
João Paulo II, publicada em 15 de agosto de 1988. É bem atual a referência à
mensagem final do Concílio Vaticano II profetizando um tempo novo que ainda não
acabou de chegar: “A hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se
realiza em plenitude, a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência,
um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isso, no momento em que a
humanidade conhece a mudança tão profunda, as mulheres iluminadas no Evangelho
tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia”.
No sínodo dos bispos de 1987, que refletiu a vocação e
missão dos leigos na Igreja e no mundo, sublinhou-se a importância de se
aprofundar sobre os fundamentos antropológicos e teológicos para ajudar na
compreensão justa do significado da dignidade humana. Particularmente no que se
refere à mulher, uma questão central que desafia a humanidade: a sua presença
participativa na Igreja e na sociedade.
Os avanços são grandes. No entanto, ainda não são
suficientes. Quando se pensa teologicamente, sabe-se que a mulher está no
coração do evangelho salvífico professado pela Igreja. A iluminação desse
argumento está condensada na figura da mulher mais admirável: Maria, a mão de Jesus,
o Redentor e Salvador. Conhecer a participação de Maria na história da
humanidade, obediente e aberta amorosamente a Deus, é estar em contato com
significativas lições, que iluminam a dignidade de todas as mulheres. Na
condição comum de criatura humana, elas guardam também uma sacralidade advinda
da filiação a Deus, sua imagem e semelhança.
É fascinante aquilo que é próprio da mulher, que constitui o
seu ser. Trata-se de um grande dom. Pela condição própria dessa dádiva, muitos
são os caminhos percorridos, os enfrentamentos exitosos no combate ao mal e na
luta pela justiça, desde o contexto da narrativa bíblica, estendendo-se nas
histórias e testemunhos de ontem e da contemporaneidade. Essa sacralidade na
figura da mulher é uma inesgotável fonte de ética e de moralidade que não deixa
perder a força dos valores, das referências e das tradições que configuram o
tecido cultural necessário para garantir uma sociedade mais sã.
Voltando à carta apostólica referida, a grandeza da
dignidade da mulher está em conexão profunda com a ordem do amor. O
bem-aventurado João Paulo II lembra que no fundamento do desígnio eterno de
Deus, a mulher, na sua feminilidade, é um profetismo com força educativa
permanente. Obviamente que essa condição singular confere às mulheres uma
especial missão. E, para que possam exercê-la, precisam ganhar mais espaços, em
todos os lugares e de variados modos. As mulheres merecem, de todos nós, uma
especial reverência.”
Eis, portanto, mais
páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que
acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de
valores –, para a imperiosa e
urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a
efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas
políticas públicas;
b)
o combate,
implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores
inimigos que são: I – a inflação, a
exigir permanente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados; II – a corrupção, como
um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas
modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente
irreparáveis;
c)
a dívida
pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da
União, de astronômico e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (apenas nesta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir
igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se
absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes demandas,
necessidades, carências e deficiências, o que aumenta o colossal abismo das desigualdades sociais e regionais e nos afasta num
crescendo do seleto grupo dos sustentavelmente desenvolvidos...
São, e bem o sabemos,
gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande
cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa,
ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática,
desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e
abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a 27ª Jornada Mundial da Juventude no
Rio de Janeiro em julho; a Copa das Confederações em junho; a Copa do Mundo de
2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, segundo as
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias,
da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o
nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...
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