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segunda-feira, 25 de novembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA E EXIGÊNCIAS DO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E AS ALEGRIAS E GRAVES DESAFIOS DOS MARES E OCEANOS NA SUSTENTABILIDADE


“A economia frente as questões ambientais
        Dois americanos foram os vencedores do Prêmio Nobel de Economia este ano. Ambos escolhidos por seus estudos estarem relacionados com interações entre o progresso tecnológico, o meio ambiente e a economia. Não são teses explicitadas recentemente. Ao contrário, os estudos de William D. Nordhaus e Paul M. Romer representam muitos de trabalho para enfatizar as consequências das mudanças climáticas globais e a importância da inovação tecnológica, com nossas expectativas para as atividades econômicas e para o bem-estar da sociedade, no longo prazo.
         A escolha aponta para a necessidade premente de maior evidencia ao que, embora possa parecer óbvio, não representa um efetivo norteador da economia. Ou seja, tanto as variáveis ambientais como a inovação tecnológica não são fatores apontados pelo mercado como estrategicamente relevantes, numa dimensão suficiente e necessária. Mesmo com evidências cada vez mais acentuadas que demonstram as consequências da degradação ambiental e das mudanças climáticas nos negócios, ao longo de nossa existência.
         A busca pela harmonização entre a exploração da natureza – na forma de incontáveis atividades econômicas – e a manutenção das condições de longevidade dos negócios, de qualidade de vida e da proteção do meio ambiente representa um assunto amplamente exposto nas últimas décadas. No entanto, com uma notória qualificação de estar mais voltado ao discurso do que para a prática. Efetivamente, há de se reconhecer a falta clamorosa de controle, dos governos e da sociedade em geral, para inibir práticas econômicas inadequadas. E que atingem, muito negativamente, o interesse público, em função de suas consequências ambientais.
         Esse cenário aponta para outras características bem conhecidas do comportamento humano, em que as decisões são, em boa parte, mais determinantes do que o bom senso e o conhecimento de maneira geral. De fato, não há uma relação direta entre as muitas ameaças globais que podem determinar uma situação de crise econômica, social e ambiental sem precedentes para a humanidade na maioria das vertentes da economia, passada e presente. Torna-se evidente que enfatiza a importância de alguns dos poucos economistas que conseguem enxergar algo em meio à neblina do que denominamos “economia de mercado” justifique uma premiação tão significativa.
         O Nobel de Economia deste ano, ao aproximar temas como inovação tecnológica e proteção do meio ambiente, certamente não faz isso por acaso. Cabe observar que nenhuma dessas duas importantes demandas pode representar, isoladamente, uma solução plausível para os gigantescos desafios civilizatórios da atualidade. Mas a conciliação entre os progressos tecnológicos direcionados a diminuir os impactos sobre o meio ambiente e a efetiva ação de proteção da natureza, na forma de infraestrutura verde, podem garantir, de maneira efetiva e consistente, uma fórmula minimamente adequada para que a economia não continue proporcionando tantos desequilíbrios e riscos para a nossa sociedade.
         Essas tentativas de sinalização não são de hoje. E, infelizmente, não vêm apontando para uma evolução suficiente para reverter prognósticos pouco alentadores. Dependemos da nossa própria capacidade de tomar decisões mais condizentes com a realidade e com o bem comum. Precisamos de agendas menos favoráveis ao continuísmo, proporcionado por alinhamentos políticos de grupos econômicos que, sistematicamente, comprometem o nosso futuro comum.”.

(CLÓVIS BORGES. Diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de outubro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 16 de outubro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de JANAÍNA BUMBEER, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, e RONALDO CHRISTOFOLETTI, professor da Unifesp, integrante do grupo de 30 cientistas voluntários brasileiros convocados pela ONU para traçar pareceres sobre o que já foi feito para os oceanos, e que merece igualmente integral transcrição:

“Mar de alegrias e grandes desafios
        A costa brasileira é formada por quase nove mil quilômetros de beleza. São praias, dunas, falésias, restingas, manguezais e baías que reúnem uma das mais ricas biodiversidades do mundo. Um país verdadeiramente bonito por natureza, como diz Jorge Bem. Essa riqueza natural se mistura com a cultura praiana presente nas canoas de pesca, no artesanato, na culinária. O mesmo cenário em que depositamos nossas esperanças ao entardecer, tornando impossível contar a nossa história sem que os olhos sejam voltados para o Oceano Atlântico.
         Dizer que a gente fica melhor quando está em frente ao mar, parafraseando Nando Reis, não é apenas uma licença poética da canção. Um número crescente de pesquisas mostra o que o conhecimento popular já sabia: que estar próximo do mar faz bem à saúde, previne doenças e promove o bem-estar. Isso pode explicar o que leva mais de dois terços da população mundial viverem no litoral ou em áreas próximas à costa.
         Nossos mares e oceanos são tão importantes que influenciam a vida de todos nós – de Norte a Sul, de Leste a Oeste –, e não só dos brasileiros que vivem na zona costeira. Os oceanos são a base de sobrevivência de toda a humanidade, pois garantem a produção de oxigênio, recursos pesqueiros, regulam o clima até das regiões interioranas. Além de representarem local de esporte, lazer e turismo, abrigam os portos que conectam regiões e continentes, nos quais transita a maior parte do comércio e da economia mundiais. Dados recentes indicam que 19% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil advém dos nossos mares e oceanos, ficando atrás apenas da agricultura (21%).
         São tantos os benefícios e serviços ecossistêmicos, que até a ONU declarou o período de 2021 a 2031 como a década dos oceanos.
         Nesse mar de alegrias e riquezas, algumas tristezas chamam nossa atenção. Apesar da imensa importância econômica, ecológica, social e cultural, os mares não têm recebido os cuidados e investimentos que deveriam e estão ficando doentes. Novamente, não é apenas uma licença poética. Os peixes e outros recursos pesqueiros estão entrando em colapso. Algumas de nossas praias, antes paradisíacas, estão se tornando um cenário de sujeira e descarga de esgoto. As mudanças climáticas são reais, basta sentir as ondas de calor ou frio extremos, as chuvas intensas e inundações, o aumento do nível do mar e as ressacas cada vez mais frequentes que afetam quase 60% das cidades costeiras no Brasil.
         Esse é o cenário do Antropoceno: a nova era geológica em que entramos, na qual atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima do planeta e no funcionamento dos seus ecossistemas. Temos um ambiente tão rico e tão lindo, mas temos uma capacidade inigualável de alterar o meio em que vivemos, a ponto de colocar em risco a nossa própria existência e das gerações futuras.
         Neste balanço de alegrias, riquezas, tristezas e preocupações, nosso poder transformador pode, também, ser a solução. Somos criativos e devemos usar nossa criatividade, nossa alegria e nossa força para mudar o cenário atual, com soluções inovadoras, novas tecnologias e, principalmente, mudanças de comportamento.
         Das pequenas ações, como consumir só o que precisamos, descartar o lixo corretamente, respeitar o meio ambiente e desmatar menos, às grandes mudanças, como a cobrança dos poderes Executivo e Legislativo para garantir a segurança do nosso meio ambiente. Assim, não importa se hoje estamos passando a tarde em Itapoã, numa barca para a Ilha do Mel ou surfando as ondas do céu de Brasília, todos nós somos responsáveis pelos mares. Deles dependemos para viver e para eles podemos deixar o nosso melhor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca de 307,82% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 307,58%; e já o IPCA, em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,54%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A URGÊNCIA DA QUALIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES NA CASA COMUM E A TRANSCENDÊNCIA DA EXPERIÊNCIA JURÍDICA NA SUSTENTABILIDADE


“Como transformar a nossa 
relação com a natureza?
        Falar em meio ambiente não é algo abstrato. Se traduz no ar puro que respiramos, na água que bebemos e na fauna e flora que nos cercam. Somos dependentes desses recursos para sobrevivermos e desenvolvermos nossas atividades cotidianas e, mesmo assim, temos dificuldade para reconhecer e valorizar nosso patrimônio natural. Quando começamos a falar sobre a temática, há quase 30 anos, parecia loucura. Porém, conservar a natureza é uma causa que vale a pena – e vai continuar valendo, sempre. É uma mudança essencial no presente, que torna possível o nosso futuro.
         O território brasileiro abriga a maior biodiversidade do planeta, distribuída em vários biomas que preenchem de beleza nossos 8,5 milhões de km2 de extensão. É um país rico, com zonas climáticas que geram variações ecológicas adaptáveis às mais diversas espécies de seres vivos. Abrigamos florestas, planícies inundáveis, savanas, regiões semi-áridas e tropicais, além de uma exuberante costa marinha.
         Reunimos 20% do total de espécies da Terra e garantir a sobrevivência desses seres não pode ser uma questão restrita à ciência. Acreditamos que a união de pesquisadores, organizações, poder público, empresas e sociedades é a essência de um trabalhado dedicado à proteção da vida. É assim que devemos atuar nas áreas da saúde e da educação. Na questão ambiental não deve ser diferente.
         Quando criamos reservas naturais, contribuímos com a qualidade do ar, com a diversidade de espécies e com o desenvolvimento das comunidades locais. É uma iniciativa que pode partir do setor público ou privado, desde que haja o compromisso com a conservação. Quando reavaliamos o uso de recursos naturais ou a forma como os dejetos industriais são descartados, podemos poupar matas, córregos, rios e bosques para um desenvolvimento mais sustentável.
         Ao propormos e executarmos políticas públicas voltadas à proteção e à restauração ambiental, temos ferramentas para exigir a preservação de áreas naturais e embasamento legal para punir quem não o fizer. Ao incentivarmos e financiarmos pesquisas científicas, ampliamos nosso conhecimento sobre a biodiversidade, além de identificarmos formas de reverter os impactos ambientais já gerados. Quando preservamos uma área dentro de um terreno privado, damos exemplo aos nossos familiares, vizinhos e à comunidade de que a preservação da natureza é uma questão que deve ser levada a sério.
         Não devemos esquecer que a proteção ambiental também é uma forma de gerar riqueza. Trabalhar com a natureza abre portas para o ecoturismo e para a produção de serviços ecossistêmicos. Se preservarmos as áreas verdes próximas a um rio, podemos assegurar uma melhor qualidade e segurança hídrica, além de obtermos a retenção de água períodos de estiagem.
         Ao conservarmos mares e oceanos, garantimos a perenidade de recursos essenciais para a economia e que, também, aumentam a resiliência da costa. Prezar pela sobrevivência de insetos polinizadores assegura a produção de alimentos. Considerando que o desmatamento é o principal emissor de gases de efeito estufa, ao deixarmos de arrancar árvores, colaboramos com a redução dos impactos das mudanças climáticas e do aquecimento global.
         A união de diversos parceiros – e principalmente de nós cidadãos – potencializa resultados consistentes. Quando somamos forças e vontade de acontecer, vamos além. Precisamos encontrar um equilíbrio que beneficie todos os setores – agricultura, pecuária, indústria, comércio, turismo, serviços – de forma sustentável, sem gerar prejuízos para as próximas gerações. Mas, sim, garantir um futuro.”.

(MIGUEL KRIGSNER. Fundador e presidente do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de setembro de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 15 de setembro de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de SACHA CALMON, advogado, coordenador da especialização em direito tributário da Faculdades Milton Campos, ex-professor titular da UFMG e UFRJ, e que merece igualmente integral transcrição:

“Experiência jurídica e 
a história dos homens
        A primeira coisa que o homem faz, juntamente com os seus semelhantes, é produzir para viver. Produzindo, convivem. O modo de conviver vai depender, então, do modo como produzem. Não são, ou foram, as sociedades “caçadoras”, diversas das sociedades “pastoras”, no modo como se estruturaram?
         Ao produzirem para viver, os homens usam instrumentos, agregam experiências que, em última análise, decidem sobre o tipo de relações que haverão de manter entre si. O homem é, antes de tudo, um ser de necessidades ou “homo necessitudinis”. Para satisfazer as suas necessidades básicas, sempre presentes, tem de agir, isto é, trabalhar. Eis o “homo faber”. Destarte, para satisfazer as suas necessidades, o homem “trabalha” a natureza, humanizando-a. Catando frutos, caçando, pescando, plantando, domesticando animais, minerando ou transformando metais, industrializando as matérias-primas ou comerciando, o homo faber arranca da natureza sustento para a sobrevivência com o “suor do rosto”. Ao trabalhar, constrói a si próprio, sobrevive. A história nada mais é do que a história do homem e de seu fazer pelos tempos adentro. Seria impossível entendê-la, e as sociedades que sucessivamente engendrou, sem referi-las fundamentalmente às relações de produção, que o modo de produzir dos homens, em cada época e de cada lugar, tornou plausíveis. As relações sociais, econômicas e culturais da sociedade primitiva, da sociedade grega, romana, árabe ou visigótica, da sociedade medieval, da sociedade capitalista foram condicionadas por diferentes estruturas de produção.
         Fenômeno do mundo da cultura, o direito está, inegavelmente, enraizado no social. Contudo, embora o discipline, paradoxalmente é um seu reflexo. Isto porque é radicalmente instrumental.
         Da vida em sociedade brota o direito. Ex facto oritur jus. O “ser” e o “outro”, convivendo, realçam o social e, por certo, do fato social projetam-se interesses, carências e aspirações a suscitar regulação. Daí valores. E são eles que fecundam o direito. Se o direito é dever-ser, é dever-ser de algo, já o disse Vilanova, o recifense, como a sublinhar que o axiológico não paira no ar, desvinculado da concretude da vida. Os valores não são entes etéreos ou coleção de imperativos morais, imutáveis e intangíveis, tais quais essências sacrossantas. Não são supra-humanos nem nos chegam ab extra. Projetam-se do homem na-história, do homem concreto, de um estar-aí-no-mundo-com-os-outros. Das necessidades às aspirações e, daí, às normas.
         Os critérios e valores que informam, historicamente, a construção das “legalidades vigentes” trazem a marca dos interesses concretos, até mesmo conflitantes, que do fundo mais profundo da sociedade emergem à luz colimando “formalização” e “jurisdicidade”. Trata-se, então, de dar “forma”, “eficácia” e “vigência” a prescrições que se reputam “certas” e “necessárias” à convivência humana e à “ordem pública”. Tudo isso é feito através de “instituições” que repassam para a ordem jurídica os conflitos de interesses existentes no meio social. O Estado, assim, como o direito, são instrumentos de compromisso.
         A cada sociedade corresponde uma estrutura jurídica. O direito da velha Atenas não serviria, é intuitivo, à moderna sociedade americana. Uma sociedade cuja estrutura de produção estivesse montada no trabalho escravo – o que ocorreu até bem pouco tempo – não poderia sequer pensar em capitalismo e, consequentemente, em viabilizá-lo através de um direito do trabalho baseado no regime de salariado. Sem dúvida, o homem é quem elabora os sistemas sociais e o próprio direito, e isso lhe é dado fazer porque é dotado de inteligência, consciência e vontade. No mundo cultural, nada sucede a não ser através do psiquismo do Homo sapiens. Mas, antes dele, há o “homo faber” e, antes deste, o “homo necessitudinis”.
         Quem pensam e agem e constrói o mundo cultural, o mundo do direito, é o homem, não o “homem-em-si”, mas o homem real, o homem concreto. O “eu”, já o disse o jusfilósofo, “é uma relação”, “relação com o mundo exterior, com outros indivíduos”. O “eu” é como um sino: se houvesse o vácuo social em torno dele, nada se ouviria. E mais: cultural na sociedade é, portanto, sua própria organização. A organização é obra do homem cujo ser, cuja alma, cujo pensamento se expressam no conjunto de relações que dele fazem um primitivo, um bárbaro, um grego, um romano, um medieval, um tipo da Renascença ou da sociedade industrial moderna ou um proprietário, um escravo ou um proletário. O pensamento humano e seus produtos culturais são desde sempre “produtos sociais”. A capacidade de trabalhar por meio de conceitos não só forneceu ao homem instrumentos eficientes de se resolverem problemas práticos, como transplantou a vida mental do plano sensorial para o mundo dos símbolos, ideias e valores.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a ainda estratosférica marca de 307,20% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 306,86%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,89%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


        



quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA CIÊNCIA DOS OCEANOS E A TRANSCENDÊNCIA DOS NOVOS HORIZONTES NA SUSTENTABILIDADE


“Sustentabilidade dos oceanos
        A busca da sustentabilidade dos oceanos depende, fortemente, de conhecimento científico sólido e abrangente. Entretanto, a capacidade de geração de informações e a produção científica para os oceanos é bastante variável entre os países.
         O Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica, publicado em 2017, revelou que o Brasil apresentou importante crescimento recente na produção de conhecimento sobre ciências marinhas, consolidando papel de destaque na América Latina e no Atlântico Sul. Na escala mundial, o Brasil figura como o 11º país com maior número de artigos científicos publicados. A pesquisa oceânica é prioridade pública, mas ainda padece do baixo nível de internacionalização e da escassez e oscilações de fontes de financiamento.
         Embora o Brasil seja entendido como país emergente nesse contexto, muito ainda há que ser feito para compreendermos e gerenciarmos os oceanos de forma sustentável. Além do avanço nas pesquisas, é necessário ampliar o conhecimento da sociedade sobre os oceanos e, em especial, o uso do conhecimento científico na tomada de decisão.
         Surge nesse, então, a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A década foi proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre 2021 e 2030, e visa produzir “a ciência que precisamos para o oceano que queremos”. Esse objetivo está alinhado, fortemente, ao documento “O futuro que queremos”, resultante da Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, realizada em 2012, no Rio de Janeiro.
         Para superar esse desafio, uma nova forma de pensar e fazer ciência deve ser estimulada no país. A cátedra Unesco para sustentabilidade dos oceanos foi criada junto ao Instituto Oceanográfico e ao Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo como uma ação catalisadora dessas frentes. A cátedra Unesco pretende integrar esforços em rede, estimulando a pesquisa interdisciplinar e integrada, promovendo a cultura oceânica (do inglês ocean literacy), e ampliando o diálogo entre as ciências do mar, a sociedade e as políticas públicas. Em conjunto com diversas outras iniciativas que têm emergido no país, a cátedra pretende fortalecer a participação e o controle social com vistas à busca da sustentabilidade dos oceanos.
         Como exemplo das sinergias que estão sendo promovidas para esse fim, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a cátedra e a Fundação Boticário produziram e estão disseminando a versão em português do material de divulgação da Década no Brasil. Com isso, espera-se que não somente a comunidade científica possa se envolver e contribuir para elevarmos o oceano à prioridade que ele deve ter, dada sua importância e as agressões que vem sofrendo. O lançamento dessa publicação será em 3 de setembro próximo, no evento Conexão Oceano. Comunicar. Engajar. Proteger, realização da Fundação Boticário, Unesco e Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, marcando essa nova fase dos oceanos no Brasil.”.

(ALEXANDER TURRA. Cátedra Unesco para sustentabilidade dos oceanos, professor do Instituto de Estudos Avançados e do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de agosto de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de julho de 2019, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Alargar horizontes
        Todo processo educativo há de ter a meta de se conquistarem oportunidades que alarguem os horizontes. Paga-se preço muito alto pelas estreitezas que emolduram experiências, vivência de valores e a desafiadora competência de discernimento e escolhas que podem alavancar avanços, impor retrocessos, ou mesmo a estagnação. Essa é uma questão que afeta o pai de família e o governante, o juiz e o cidadão, o político e o eleitor. Atinge a vida cotidiana e os círculos de convivência, não menos as práticas religiosas e os compromissos nas molduras ideológicas de diferentes matizes. Compreende-se, facilmente, o quanto a educação básica e inicial – da mesma forma a educação permanente –, influencia de modo determinante o processo civilizatório de qualquer grupo social, religioso, político e cultural.
         Em questão está a estrutura da compreensão. Os contextos da compreensão no interior de todo processo educativo, seja aquele formal, da escola, seja aquele interno da vida familiar e também âmbito da religiosidade, com sua força própria de imprimir dinâmicas de entendimento, são o segredo daquilo que se pode alcançar da indispensável lucidez no tratamento de temas, nos processos decisórios e nas relações estabelecidas.
         Pode-se, então, constatar que práticas e dinâmicas religiosas equivocadas, ao contrário de proporcionar a conquista de amplitudes, alargar o horizonte de compreensão de seus integrantes, podem provocar a desconexão em relação ao atendimento de demandas, ao exercício próprio de sua função. Incide de forma pífia na realidade circunstante, por desconhecimento de linguagens e também por obsoleta capacidade de dialogar e interagir com um mundo profundamente em transformação.
         Não é diferente no mundo da política. Os balizamentos estreitos de concepções ideológicas, por si mesmas, impedem o alargamento de horizontes. As limitações que configuram as leituras da realidade, e as propostas pouco criativas ante os problemas, sem contar a mesquinhez no que diz respeito ao bem comum, resultam na mediocridade de escolhas legislativas e nas atuações executivas atabalhoadas. Atitudes sem força para proporcionar novos rumos civilizatórios retardam as necessárias mudanças na vida de uma sociedade e impedem a clareza na compreensão necessária para a obtenção de novas respostas, exigidas com urgência.
         Esse problema atinge a vida comum dos cidadãos. Formata práticas que estreitam balizamentos e não permitem marcos civilizatórios adequados, compatíveis com o momento atual, plural, complexo, com muitas e diferentes linguagens. Não se obtêm bons frutos com a produção de tantos equívocos, usos inadequados dos cargos ocupados, vaidades e convicções de se estar certo – uma incoerência com os resultados sempre aquém do esperado e exigido.
         Assim, o problema da compreensão, como questão filosófica e existencial, se põe de maneira contundente. Requer muitos e urgentes investimentos sob pena de prejuízos irreversíveis ou da imposição de relevantes atrasos. Quanto maior é o problema da compreensão que incide sobre o alargamento ou estreitamente dos horizontes, mais se observa o crescimento do autoritarismo, dos acirramentos ideológicos, de convicções ilusórias a respeito do próprio valor e das propostas medíocres, sem força de mudança. As instituições e segmentos – religiosos, educacionais, políticos, culturais – pagam um alto preço e passam a intensificar, como processo de colisão suicida, os cenários descompassados que se multiplicam. Importante é ter presente, também, que alargar horizontes não é simples questão conceitual, pois a ignorância é fator devastador em todo processo de compreensão. Alicerçados em profunda e ajustada impostação conceitual, há de se considerar a força determinante da esfera psicoafetiva existencial na mundividência do indivíduo e sua forte incidência na conduta e escolhas.
         Alargar horizontes é um desafio a todo segmento social, envolvendo seus pares, como necessidade prioritária, em meio a uma complexa linguagem contemporânea, articulando valores e princípios inegociáveis por serem esses os alicerces sem os quais tudo desmorona ou impede de se chegar onde é preciso. Não é raro encontrar indivíduos e grupos que, por falta de compreensão adequada, banalizam processos.  Entendem que determinado modo civilizatório é o melhor apenas porque corresponde à comodidade desejada, e nem sequer consideram a importância de valores inegociáveis. Também, não é raro quem pense estar inovando enquanto desmonta e destrói com narrativas religiosas, culturais, existenciais e políticas. Constata-se, assim, a dimensão e o alcance que representa o desafio de sempre alargar horizontes.
         Nesse sentido, encontram-se as dinâmicas da economia que também devem ser consideradas na desafiadora busca por uma sociedade justa e solidária: urgência como contraposição e superação das vergonhosas desigualdades. Paga-se muito, em todos os níveis e segmentos, pelas consequências da compreensão tacanha, que encurrala decisões e escolhas, sob a égide ilusória de que se está inovando. Na realidade, o que ocorre é um desmonte que conduzirá, adiante, ao verdadeiro caos. Urgente é investir em diferentes modos e compromisso de todo processo educativo, do formal ao praticado na convivialidade, na tarefa individual e comunitária, de alargar horizontes, para evitar a perpetuação de discursos que pecam por falta de coerência, de compreensão ou pelo marasmo da ausência de lucidez.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a ainda estratosférica marca de 300,29% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 318,65%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,22%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.