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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO ÉTICA DA SOCIEDADE E A LUZ DA SABEDORIA DAS LIÇÕES PASSADAS NA SUSTENTABILIDADE


“O Brasil rumo à OCDE?
        O ano de 2020 começou com diversas novidades que, apesar de serem aparentemente desconexas, estão fortemente interligadas. Um dos destaques foi o apoio recebido pelo Brasil dos EUA à sua candidatura para se tornar membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da qual já participam potências como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão, além de países latinos, como México e Chile.
         O atual governo demonstra forte interesse em ter o Brasil na OCDE, um processo que, contudo, demanda diversas etapas e cumprimento de ritos e requisitos. Para entre neste grupo, conhecido como “clube dos países ricos, será preciso atender regras e réguas desse seleto clube, adotando recomendações em áreas como ambiente, macroeconomia e combate aos crimes financeiros, entre outros temas.
         Assim como as empresas colhem frutos quando adotam boas práticas de governança, promovendo uma cultura de integridade, os países podem crescer e proporcionar melhores condições de vida à população quando adotam boas práticas de gestão pública e políticas eficazes e combatem a corrupção. Essas medidas atendem requisitos para atrair investimentos, além de obter empréstimos com juros mais baixos, o que ajuda na criação de empregos e negócios e no crescimento econômico.
         Levantamento recente realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo de Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que as principais preocupações do consumidor brasileiro são o combate ao desemprego e a melhora da saúde pública, seguidos de investimento em educação e, na sequência, combate à corrupção. E como promover emprego, saúde e educação? De onde virá o dinheiro?
         Por isso, a importância de investir em boa gestão pública, políticas eficazes e, é claro, no combate à corrupção. O dinheiro público deve ser utilizado para o benefício da população, e não para fins privados, ganhos individuais ou de pequenos grupos. O custo da corrupção está embutido no consumo da população brasileira e nas mazelas sofridas pelo povo. Pagamos caro por isso.
         No Fórum Econômico Mundial em Davos, o secretário geral da OCDE, José Angel Gurría, declarou que o combate à corrupção é um dos grandes desafios da América Latina, um câncer que afeta os diversos países da região – fato que o recém-publicado relatório anual da Transparência Internacional, conhecido como Índice de Percepção da Corrupção (IPC), ajuda a corroborar. O Brasil não está bem nesse ranking. E não é algo recente, tampouco pontual. O resultado do relatório precisa ser visto como um alerta.
         Como nação, precisamos mudar esse cenário. Podemos fazer mais para combater a corrupção e crimes associados, como a lavagem de dinheiro. E isso será requisito para o plano do Brasil de ingressar na OCDE ou para simplesmente encontrar um caminho de crescimento, geração de emprego e renda à população. Isso não é só papel de um presidente, de uma autoridade, de um professor, de um empresário, de um jornalista ou de qualquer cidadão, isoladamente. É trabalho árduo e amplo, que envolve a participação da sociedade civil, das diversas organizações públicas, privadas e do terceiro setor, os pactos setoriais, a boa gestão pública e atuação política efetiva e pró-Brasil.
         Não dá para desejar posição na OCDE ou crescimento sustentável sem ações efetivas de combate à corrupção e a outros crimes financeiros. A bandeira deve ser apartidária e defendida por cada cidadão.
         Precisamos combater o conflito de interesses, promover a transparência, aprimorar os instrumentos legais e regulatórios e fortalecer os conceitos de cidadania, democracia e ética em nosso ciclo de educação. A própria Transparência Internacional propõe ações de melhoria. Outra importante fonte para saber o que precisa ser feito são as novas medidas contra a corrupção, promovidas pela Transparência Internacional – Brasil, Instituto Ethos e outros.
         Evoluímos, mas precisamos fazer mais. Há paradigmas e círculos viciosos a serem quebrados e mudados. Daqui a cinco ou dez anos, um novo relatório do IPC será lançado pela Transparência Internacional. Conseguiremos estar efetivamente melhores? E quais manchetes terão destaque? A resposta está em nossa atuação quanto sociedade para que os jornais estampem a notícia que queremos ler: os brasileiros vivendo em melhores condições e progredindo.”.

(Jefferson Kiyohara. Professor em ética e compliance da FIA Business School, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 2 de fevereiro de 2020, caderno OPINIÃO, página 12).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de julho de 2019, mesmo caderno, página 7, de autoria de JOÃO DEWET MOREIRA DE CARVALHO, engenheiro-agrônomo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Sabedoria é nunca
esquecer o passado
        A história da economia ensina que as pessoas e os governos nunca aprendem, de forma alguma, com seus erros passados. Ou seja, sempre que houve algum período de favorecimento econômico na vida pessoal ou de uma nação, a euforia momentânea sempre iludiu o favorecido e impediu que precauções, sempre necessárias ao futuro equilíbrio financeiro, fossem tomadas. Por quê? Porque, normalmente, as pessoas e os países agemcomo se momentâneos ventos da prosperidade fossem eternos. Esquecem-se eles que, além de os ciclos econômicos serem sempre ressurgentes, a sabedoria da fábula da formiga e da cigarra nunca deve ser desprezada. Afinal, o velho ditado diz que todo enorme progresso econômico sempre gera uma crise logo adiante. Tudo por falta de sensatez da parte dos governantes. Pois, o sucesso momentâneo sempre cega, completamente, os filhos dos homens. São fatos da vida. Incontestáveis.
         E tudo isso ocorre, apesar de toda boa equipe econômica saber que deve trabalhar sempre como o objetivo de manter a responsabilidade na contabilidade fiscal, além de conduzir a inflação sob controle. Principalmente, em países que trazem em seu histórico uma longa trajetória angustiosa de luta contra o descontrole dos preços, como o Brasil. Seja do lado inflacionário, quanto do fiscal. Afinal, qualquer neófito economista sabe que a manutenção de taxas de inflação baixas é pré-requisito para a queda da taxa básica de juros a um nível propício ao contínuo desenvolvimento de uma nação. Pois possibilita reduzir o risco sistêmico. Sendo uma das condições primárias para o aquecimento do comércio.
         Por isso, deve-se ficar atento com as excessivas alavancagens, tanto das empresas privadas quanto dos estados federativos. Pois, no início, é gerada uma falsa impressão de progresso, mas logo a fatura chega para ser paga. Pois o acúmulo de dívidas sempre dificulta a gestão e impede a sobra de caixa para investimentos. E sem contar que tudo isso aumenta o risco sistêmico nacional. E não é outra a situação atual dos estados brasileiros que tentam vender o almoço para comprar a janta., sem nenhum êxito. Pois a não ser que suas previdências façam parte da reestruturação nacional em curso e passem os responsáveis, em seguida, a praticar boas gestões administrativas, além de simplificar a estrutura organizacional e tributária estatal, fatalmente o caos tomará conta. E o que ocorrer, isoladamente, nos estados contaminará toda a nação. Com isso, o êxito da União e dos mais bem-organizados estados será transformado em fracasso pela falência dos entes federativos mais fragilizados. Contaminação falimentar é caso tão grave que deveria estar acima de qualquer mesquinha picuinha política.
         Em vista dessas questões, deve-se ter em mente que de nada valerá o excelente Mercosul com a União Europeia (EU). Afinal, o tremendo ganho comercial que trará a união aferida entre blocos poderá ser prejudicado pelo desequilíbrio econômico em curso. Por isso, as vaidades políticas devem ser contidas em nome de uma possível recuperação econômica da nação. Pois só assim será viável reativar o tão combalido mercado interno. E, com isso, prover de esperança de recolocação no mercado de trabalho milhões que se encontram atualmente desempregados.
         As crises econômicas são tão antigas quanto a existência do dinheiro, do comércio e dos mercados financeiros. Se no passado os soberanos diluíam o ouro ou a prata das moedas na ilusão de resolver seus dilemas econômicos, hoje em dia, os incapazes e arrogantes governantes pensam que suas supostas espertezas políticas os manterão a salvo dos custos produzidos pelas loucuras administrativas que se tornaram rotinas em seus governos. Ainda que alguns estejam pagando na cadeia por tais desatinos, mesmo assim, diante da memória curta da raça humana, muitos insistem nos mesmos caminhos dos criminosos alcançados pela Lava-Jato. Afinal, pensam, ilusoriamente, ter grandes poderes. Pois, ainda não perceberam que o verdadeiro poder já se encontra de novo de posse do povo brasileiro. No entanto, todos os que insistem em continuar a trilhar o caminho das trevas descobrirão da pior maneira que a paciência da população já se esgotou.
         Contudo, se a perspectiva futura estava totalmente escura, dias atrás, agora, depois de selado o acordo Mercosul com a EU, uma nova porta de esperança se abre para o Brasil. Por isso, como diz o famoso ditado dos interiores do país, das roças e d’outros rincões: “Estou batendo na cangalha para ver se o jegue entende”. Afinal, sabedoria é nunca esquecer o passado. E o do Brasil é recheado de oportunidades perdidas. Por tudo isso, fica o questionamento: seria o novo acordo Mercosul com a EU e as imprescindíveis e urgentes reformas o ponto de parte para o Brasil se tornar, desta vez, a nova potência mundial? Ou apenas fumaça ilusória?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a ainda estratosférica marca de 318,85% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou em históricos 302,48%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

A CIDADANIA, A BUSCA DE CURA DA CORRUPÇÃO, O EDITADO E O INÉDITO

“A cura da corrupção
        
         Ao falarmos de corrupção, a primeira questão com que nos deparamos vem da grande dificuldade em conceituarmos tal tema e delimitarmos a sua abrangência. Considerando que a sua concretude deriva, principalmente, das relações negociais perniciosas entre agentes econômicos, não pode ser caracterizada como um fenômeno adstrito ao setor público. A sua ocorrência no setor privado leva a anomalias nos mercados, com o aumento do risco da atividade econômica e majoração dos custos de produção. Porém, no setor público adquire maior relevância, pois, a partir do momento em que leva à apropriação indevida de recursos, traz malefícios para toda a sociedade. No intuito de elaborar um indicador  que melhor mostrasse os níveis de corrupção entre os países e possibilitasse um ranqueamento desse fenômeno, a Transparency International (organização não governamental com sede em Berlim, Alemanha) tem elaborado um índice denominado Corruption perceptions índex, ou Índice de Percepção de Corrupção (IPC).
         Tal indicador, apesar de críticas quanto à sua metodologia, pode ser considerado como a mais conhecida e utilizada medição de corrupção em nível mundial. Nesse contexto, foi publicado, no final de 2013, o Índice de Percepção de Corrupção daquele ano para 177 países pesquisados. Olhando mais acuradamente o ranqueamento do IPC, nota-se claramente, ao considerar uma série histórica, que existe uma relativa perenidade do ordenamento, com poucas variações na classificação dos países, seja entre os primeiros ou entre os últimos colocados. Assim, fica a pergunta: por que algumas nações são condenadas a ter sempre altos níveis de corrupção, ao contrário de outras que possuem baixos patamares? Considerando a grande dificuldade ou mesmo a impossibilidade de se mensurar os níveis de corrupção de cada país, podemos tomar o Índice de Percepção de Corrupção, como uma variável proxy (variável utilizada para substituir outra de difícil mensuração) do grau de corrupção. Tomando ainda como referência o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), também de 2013, podemos analisar as variações ocorridas simultaneamente no IDH e IPC. Tais indicadores mostram que existe uma forte correlação entre níveis de corrupção e grau de desenvolvimento humano das populações relacionadas. O Brasil possui classificação mediana em ambos os indicadores, e países como Noruega, Holanda, Suécia e Suíça possuem altos níveis de IDH e baixos índices de percepção de corrupção. Na outra ponta, verifica-se que países com baixos níveis de IDH possuem, quase sempre, altos indicadores de percepção de corrupção.
         Nesse contexto, vale a pena reproduzir as palavras do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim: “A corrupção rouba dos pobres”. Portanto, não restam dúvidas de que a diminuição dos níveis de corrupção das nações somente será possível a partir de melhoria de seus indicadores sociais, principalmente a melhoria dos padrões de escolaridade e conscientização política. Talvez aí esteja uma explicação por que vários governantes não se interessem em aumentar o nível de educação dos seus compatriotas. Eles perceberam, racionalmente, que o baixo nível de IDH de seus compatrícios e a consequente ausência de consciência política são o alicerce que os mantém no poder.”

(SINVAL DE DEUS VIEIRA. Mestre em administração pública, professor universitário, titular da Diretoria de Apoio Técnico ao Combate à Corrupção, da Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais (CGE), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de abril de 2014, caderno OPINIÃO, página 5).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, escritor, autor de O que a vida me ensinou (Saraiva), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“O editado e o inédito
        
         Meu amigo Alfredo não entende por que continuo frade, crítico ao capitalismo e convencido de que verdade e palavra de Jesus coincidem.
         Não cabe na cabeça dele minha opção de não formar uma família e ter “desperdiçado” as oportunidades que a vida me ofereceu de sucesso profissional como leigo.
         Aos 22 anos, fui assistente de direção de José Celso Martinez Corrêa na montagem de O rei da vela, pela de Oswald de Andrade. Aprendi o ofício e fiquei tentado a dedicar-me de corpo e alma à direção teatral.
         Aos 23, trabalhei como chefe de reportagem da Folha da Tarde, em São Paulo. E em 2004 renunciei à função de assessor da Presidência da República. Segundo Alfredo, “tivesse cabeça, você não estaria enfiado em uma cela de convento, vivendo de minguados direitos autorais e eventuais palestras remuneradas”.
         Embora Alfredo e eu sejamos amigos, há entre nós enorme diferença no modo de encarar a vida. Ele é alto executivo de uma empresa multinacional, tem um casal de filhos, possui fazenda e casa de praia e adora passar temporadas em Nova York.
         Em matéria de religião, ele cultiva um agnosticismo que não o impede de ser devoto de São Judas Tadeu e trazer no pescoço um cordão de ouro com a medalha de Nossa Senhora das Graças.
         Repito sempre a Alfredo: “Você é um homem editado”. Devidamente moldado, como um boneco de gesso, pela cultura capitalista-consumista que respiramos.
         Ele gosta de exibir roupas de grife, freqüentar clubes sofisticados e restaurantes da moda e trocar de carro a cada 15 mil quilômetros rodados.
         Prefiro ser um homem inédito. Não invejo o estilo de vida de Alfredo, nem duvido de que ele seja feliz assim. Recuso-me, porém, a submeter-me aos “valores” do sistema que exalta a competitividade, e não a solidariedade, e gera tanta desigualdade social.
         Minha felicidade estaria em risco se eu me deixasse possuir por bens materiais que me exigiriam cuidados constantes. Minha existência não é norteada por status, finanças ou patrimônio. É o sentido solidário que imprimo à vida que me faz feliz. Nem me considero mais feliz que a média. Felicidade não se compara.
         O poço no qual sacio a minha sede é aberto ao transcendente. E me faz muito feliz não ter que me preocupar com bens materiais, pois nada possuo, exceto as roupas que visto, os livros que coleciono e um carro Fox básico que me foi presenteado.
         Quem muito possui, muito tem a perder. Não é o meu caso. Meu bem mais precioso é também o de Alfredo e de todos nós – a vida. Sei que um dia haverei de perdê-la, como ocorre a todos. Alfredo fica horrorizado quando se toca neste tema. Ele quase se julga imortal. Porque teria muito a perder quando a  morte chegar.
         Essa diferença é marcante entre nós: o sentido que imprimo à minha vida justifica a minha morte. Não é caso de meu amigo nem de homens e mulheres editados. Eles nutrem sempre a ambição de terem mais e mais. O necessário jamais é suficiente para eles. Não suportam a ideia de terem um futuro de quem mora de aluguel, anda de ônibus e vai shopping apenas para ver as vitrines e tomar sorvete.
         O homem e a mulher editados são aqueles que apostam tudo no sistema no qual vivem e acreditam. O homem e a mulher inéditos olham além do próprio umbigo e ficam indignados com tanta miséria e injustiça. Empenham suas vidas na busca de outros mundos possíveis. Acreditam em ideais e utopia. E são felizes justamente por se sentirem como a cortiça na água, que nunca submerge. Por isso, raramente sofrem desilusões, temem o fracasso ou se enchem de medicamentos para evitar a baixa autoestima.
         O homem inédito é apenas alguém que não se deixa editar por nenhuma força – política, econômica, religiosa – que insiste em fazer dele o que não é. O homem e a mulher editados apreciam autoajuda. O homem e a mulher inéditos preferem o outroajuda.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção de nosso País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, severo e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2014, segundo o Orçamento Geral da União, de astronômico e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 654 bilhões), a exigir uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios  mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que permita a partilha de suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...