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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LUZ DA PEDIATRIA NA PROMOÇÃO HUMANA E AS EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO DO AGRONEGÓCIO NA SUSTENTABILIDADE


“O pediatra e o florescer da criança
        Priorizar a infância e a adolescência é o caminho para sociedades mais criativas inovadoras, educadas, originais, igualitárias e saudáveis. Essa premissa faz parte do legado que grandes médicos nos deixaram ao criar em 27 de julho de 1910 a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cujo primeiro presidente e um de seus fundadores foi Fernandes Figueira, importante nome da medicina nacional. Foi, ainda, o primeiro médico a permitir a presença de mães junto às crianças nas enfermarias dos hospitais, como forma de auxílio no tratamento. Isso numa época em que ainda não existia a especialidade no Brasil. A data ficou marcada, então, como Dia do Pediatra.
         Seguindo os passos da instituição nacional, a Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), criada em 1947, conta com uma trajetória que se confunde com a memória de grandes profissionais que, ao longo de mais de sete décadas, ajudaram a construir e consolidar a entidade. Entre os objetivos da SMP está o de apoiar os profissionais e instituições que cuidam da proteção, promoção e bem-estar da criança e do adolescente, de promover o aperfeiçoamento contínuo do especialista e de servir de apoio para o encontro e educação continuada do pediatra e profissionais que lidam com crianças e adolescentes. Além de atuar como agente incentivador de políticas públicas adequadas a essa população. Neste sentido, foi realizado, em junho de 2018, o 15º Congresso Mineiro de Pediatria, com o tema Florescer saudável: missão do pediatra.
         A escolha desse tema teve como objetivo favorecer a reflexão sobre a importância do papel do pediatra e demais profissionais da saúde, assim como as famílias, no desabrochar de cada criança dentro das suas potencialidades. É de fundamental importância reconhecer que cada ser é único e seu desenvolvimento deve ser acompanhado de perto, buscando, realmente, sua plena realização. Vários aspectos contribuem para esse florescimento. Além de condições básicas como acesso a acompanhamento pediátrico adequado, nutrição equilibrada, imunização, estímulo à prática de esportes e atividades físicas, sono e lazer satisfatórios, prevenção e tratamento de doenças, sabe-se que relacionamentos saudáveis, autoconhecimento, capacidade de reconhecer e falar sobre suas emoções, são aspectos importantíssimos para o florescimento do indivíduo.
         O termo florescimento, retirado da psicologia por estudiosos da área médica, é um sinônimo para o desenvolvimento das complexidades do comportamento humano. Em 2011, o psicólogo americano Martin Seligman, um dos pioneiros da psicologia positiva, escreveu Florescer, importante estudo sobre uma nova interpretação da felicidade e do bem-estar das pessoas. Dez anos antes, ele havia escrito o best-seller Felicidade autêntica. Com Florescer, ele parte do princípio de que a psicologia deve ir além do alívio ao sofrimento humano, buscando elevar o padrão da qualidade de vida individual e coletiva. O psicólogo deixa claro que a felicidade, juntamente com o engajamento, o relacionamento, o sentido e a realização são os cinco pilares que sustentam a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas. A partir desses conceitos, o estudo leva o leitor a questionar quais os elementos presentes em sua vida podem contribuir no descobrimento de seus talentos, o que resulta em seu florescimento.
         Ao se apropriar do termo florescer e dirigir seus conceitos para o acompanhamento, diagnóstico e a cura de seus pacientes, a medicina, sobretudo a pediatria, vai além do atendimento médico, cumprindo papel importante no incentivo às crianças para a descoberta de seus talentos, preparando-os para o enfrentamento de seu futuro.
         Promover a saúde da criança e do adolescente ou fazer com que eles floresçam é prepará-los para avaliar quais elementos presentes em suas vidas podem levá-lo a um futuro feliz. E o pediatra tem papel fundamental neste florescer.”.

(MARIA DO CARMO BARROS DE MELO, presidente da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), e, MARISA LAGES RIBEIRO, vice-presidente da SMP, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 31 de julho de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de ADALBERTO LUIS VAL, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e membro do conselho administrativo da Fundação Bunge, e que merece igualmente integral transcrição:

“Serviços ambientais e agronegócio
        O último relatório sobre perspectivas da população mundial apresentado pela ONU (Organização das Nações Unidas), revelou que até 2030 podemos alcançar a marca de 8,6 bilhões de pessoas no planeta. Isso significa um aumento de 1 bilhão de habitantes nos próximos 12 anos. De fato, ainda teremos espaço para todos, mas, sem dúvida, esta nova estimativa reforça a urgência de um conjunto de medidas que possam minimizar os impactos no meio ambiente – e de atitudes que não são mais a longo prazo.
         O aumento populacional está atrelado à nossa taxa de longevidade. Com a ajuda da tecnologia, aplicada à medicina, alcançamos o índice recorde e a notícia positiva de que estamos vivendo mais aumenta também a nossa responsabilidade com o futuro. Em 2030, além de sermos quase 9 bilhões de pessoas, como estima a ONU, quebraremos, possivelmente, a barreira dos 90 anos, segundo uma pesquisa sobre expectativa de vida no mundo, feita pelo Imperial College London, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). E, afinal, o planeta terá recursos suficientes para alimentar todos os seres vivos?
         Em 2005, estudo da ONU envolvendo mais de mil pesquisadores de 95 países, definido como Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), para diagnóstico das alterações sofridas por ecossistemas em escala global, nacional, regional e local e das consequências de tais alterações para o futuro da humanidade, colocou em evidência o termo serviços ambientais, ou seja, os benefícios que os ecossistemas oferecem ao ser humano para que ele possa sobreviver.
         Classificados em serviços de provisão (fonte de alimentos, água, madeira etc.), de regulação (absorção de CO2, controle do clima, de doenças e pragas), de suporte (formação do solo e ciclagem de nutrientes) e culturais (pelo valor recreativo, educativo, estético ou religioso), os serviços ambientais tornaram-se objeto de interesse para inúmeras áreas do saber e, ao longo dos próximos anos, devem se manter em destaque, especialmente por conta do crescimento populacional, que aumenta a demanda por recursos naturais e pode alterar os ecossistemas que garantem a sobrevivência de inúmeras espécies, inclusive a nossa.
         Com o tema em evidência, o setor do agronegócio, que por natureza ocupa parte significativa dos territórios e dos serviços ambientais, a fim de gerar produtos e alimentos, tem o desafio de repensar a forma como utiliza os recursos naturais. Para se sustentar, o agronegócio tem se aliado a técnicas mais sustentáveis de ocupação, manejo do solo e dos recursos naturais, incluindo a água, o plantio direto, a irrigação de precisão, a integração lavoura-pecuária-floresta e o uso cuidadoso de nutrientes e agentes químicos diversos. E essa interação entre ciências agrárias e outras áreas do saber científico tem dado resultados positivos, de tal modo que já é possível que os sistemas produtivos não apenas demandem menos dos serviços ambientais, mas que também contribuam para sua melhoria e maior provisão.
         No Brasil, no campo das políticas públicas, surgiram mecanismos regulatórios e de estímulo a essa abordagem, como o Código Florestal, o Plano ABC (agricultura de baixa emissão de carbono) e, até mesmo, incentivos fiscais a produtores que adotem práticas conservacionistas, modelo chamado de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que tem beneficiado pequenos produtores. Em 2015, países-membros da ONU, incluindo o Brasil, definiram 17 objetivos para um plano de ação global (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS). Entre os objetivos estão o combate à pobreza, à fome (este tópico também aborda a questão da segurança alimentar) e à desigualdade socioeconômica, promoção de uma sociedade mais saudável, e gestão adequada de recursos naturais.
         Paralelamente às iniciativas no setor do agronegócio e no campo das políticas públicas, surgem, também, ações que estimulam o interesse pelo tema serviços ambientais nos setores público e privado. No início de março deste ano, o governo federal lançou o Prêmio ODS Brasil, com o objetivo de reconhecer boas práticas locais para o cumprimento das metas que compõem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No mesmo mês, a Fundação Bunge anunciou a área de serviços ambientais como tema do tradicional Prêmio Fundação Bunge, que estimula novos talentos e reconhece profissionais que contribuem para áreas da ciência e da cultura no Brasil.
         A aliança entre serviços ambientais e o agronegócio é rica em possibilidades e deve avançar, cada vez mais, pensando na sustentabilidade e preservação dos ecossistemas. Todos nós sairemos ganhando com isso, afinal, a chuva em diferentes regiões do país depende da floresta amazônica em pé. É da biodiversidade preservada que depende a reserva de material genético necessária para que pesquisadores desenvolvam espécies e variedades de plantas adaptadas a diferentes condições ambientais. É de solos conservados e de matas preservadas que dependem empreendimentos mais prósperos.
         Assim, para um mundo melhor e abundante em recursos essenciais para todas as espécies, é de suma importância criarmos uma conexão, um equilíbrio entre a preservação do meio ambiente e o agronegócio, que inclui, também, a agricultura familiar, responsável por boa parte dos alimentos que hoje estão nas nossas mesas de almoço e jantar. Somente com esse equilíbrio estaremos extraindo aquilo que é fundamental para a nossa sobrevivência e, ao mesmo tempo, repondo e incentivando a geração dos serviços que são produzidos pela mãe natureza.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a ainda estratosférica marca de 291,88% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 304,94%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,48%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






  

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

A CIDADANIA, OS PRIMEIROS MIL DIAS DE VIDA E O MENINO JESUS

“Os mil dias de vida
        
         Os mil primeiros dias de vida, que compreendem o período entre a gravidez e o segundo aniversário da criança, oferecem uma janela única de oportunidade para a construção de um futuro mais saudável e próspero. Vão se refletir na qualidade de saúde do pequeno ser a curto, médio e longo prazo. Durante a gravidez, a desnutrição pode ter um impacto devastador sobre o crescimento e desenvolvimento saudável de uma criança. Os bebês que estão desnutridos intraútero têm um risco maior de morrer na infância e são mais propensos a enfrentar déficits cognitivos e físico ao longo da vida e problemas crônicos de saúde. A desnutrição continua sendo uma das principais causas de morte de crianças em todo o mundo e suas consequências são particularmente graves e muitas vezes irreversíveis em crianças menores de dois anos de idade. Em muitos casos resultará em depressão do sistema imunológico, tornando-as mais suscetíveis a morrer devido a doenças comuns, como pneumonia, diarreia e malária.
         Ao se concentrar em melhorar a nutrição de mães e crianças nos seus primeiros mil dias de vida, as autoridades governamentais podem ajudar a garantir que uma criança tenha uma vida mais saudável e produtiva. Dessa forma as famílias, comunidades e países terão mais chances de quebrar o ciclo de pobreza. O desempenho escolar de um indivíduo aumenta e com isso seu potencial de ganhos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses fatores poderiam, por si só, garantir um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de um país em pelo menos 2% a 3% ao ano.
         As estimativas mais recentes do Ministério da Saúde revelam que a mortalidade infantil (crianças até um ano de idade) na faixa de 14,6 para cada 1 mil nascidos vivos; a mortalidade neonatal (bebês do nascimento até um mês de vida) representa 70% desse total (aproximadamente 10 por mil nascidos vivos). Estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Pediatria demonstram que 10% dos recém-nascidos de mães sem nenhuma história ou suspeita de complicação durante a gestação vão necessitar de cuidados especiais e reanimação neonatal. Esse quadro é muito mais grave quando a criança é prematura, aumentando esse risco para até 60%. A melhora da atenção perinatal é fundamental para a mudança dessa triste realidade, que nos deixa  distantes dos países desenvolvidos.
         A priorização de ações desde a gestação inclui atenção prioritária na sala de parto e a promoção de uma política para tratamento de crianças desnutridas com alimentos especiais e terapêuticos. Na prevenção da obesidade, o estímulo à atividade física, com controle do tempo de uso de videogames, TV, computadores e outras mídias, além da prevenção do uso de tabaco, álcool e outras drogas, são soluções que farão a diferença. Os principais cientistas, economistas e especialistas no setor concordam que a melhoria das condições de saúde na janela crítica dos primeiros mil dias de vida é um dos melhores investimentos que se podem fazer para alcançar o progresso duradouro na saúde e no desenvolvimento global.”

(RAQUEL PITCHON. Presidente da Sociedade Mineira de Pediatria, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de dezembro de 2013, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, que é escritor, autor de Um homem chamado Jesus (Rocco), entre outros livros, e que merece igualmente integral transcrição:

“Com Jesus, faça-se hoje menino
        
          Natal é festa de infância, ainda que tenhamos 90 ou 100 anos. A criança que fomos jamais morre em nós. Ao longo do tempo, ela inclusive nos salva da aridez da vida quando, na memória, a evocamos. São inesquecíveis as pessoas que cobriram nossa infância de carinho e cuidados. Falo por mim em meados do século 20, criança na Belo Horizonte com menos de 1 milhão de habitantes, toda arborizada e adornada de pulseiras de prata: os trilhos dos bondes. O tempo espreguiçava, e com tantas ladeiras e sem tantos prédios os olhos podiam admirar a policromia do crepúsculo que faz jus ao nome da cidade.
         Na Serra do Curral, escalávamos o pico, ponteado pela cruz que a mineração predatória decepou. No Parque Municipal, alugávamos canoas e aprendíamos a remar. No quintal dos Dolabella, nos fartávamos de mangas. No canteiro gramado que dividia as pistas da Avenida do Contorno, jogávamos peladas. No Minas Tênis Clube, seu Macedo nos ensinava a nadar e a dominar cavaletes, barras e argolas de exercícios físicos. No Cine Pathé, as matinês de domingo protegiam no escurinho os primeiros namoricos. Ao fim da tarde, o incomparável sorvete de seu Domingos (que perdura e deveria ser tombado pelo patrimônio gastronômico mineiro).
         O Natal se revestia de caráter religioso. Eram audíveis os sinos das igrejas, destacando-se o carrilhão da Igreja do Carmo. Escrevíamos cartas a Papai Noel, para garantir os presentes, mas tínhamos pleno convicção de que se tratava da festa do nascimento de Jesus. Na sala de casa, o presépio à luz da árvore toda enfeitada. No Centro da cidade, a exposição do magnífico Presépio do Pipiripau (hoje no Museu de História Natural da UFMG), que encanta crianças e adultos. À noite, Missa do Galo, seguida da ceia em família, na qual jamais faltava rabanada.
         Viramos adultos, e muitos de nós ficaram indiferentes à religião e insensíveis à liturgia. Deixamos que a “papainoelização” da data obscurecesse sua origem cristã. Filhos e netos já nem sabem recitar de cor uma oração. O que era alegria de uma festa virou ânsia consumista para, inclusive, tentar encobrir nosso débito com outrem: já que não me faço presente, dou-lhe presente. O que era expectativa, advento, agora é preocupação de não esquecer ninguém a quem nos sentimos na obrigação de presentear. O que deveria ser gratuidade torna-se compulsório. E somos tomados pela fissura de, seis dias depois, celebrar o réveillon, empanturrando-nos de comidas, bebidas e novos propósitos. Há que aproveitar o verão e as férias das crianças para sair de casa, viajar, descansar do trabalho, em busca de lazer na praia, no campo ou em algum recanto turístico, enfrentando estradas perigosas e preços abusivos.
         Que tal uma viagem à criança que fomos? Se ousássemos, tudo ficaria mais simples. Livres de preconceitos, seríamos e faríamos os outros mais felizes. Talvez aquele amigo prefira uma boa conversa ao presente embalado com selo de grife. Despojados de agressividade, ciúme e inveja, não haveríamos de discriminar ninguém. Prestaríamos inclusive atenção naqueles que se privam das boas festas para garantir as nossas: garçons, cozinheiras, camareiras, faxineiras, guardas rodoviários, porteiros e seguranças. Então, sim, nossos corações, quais presépios, estariam abertos e prontos a acolher Deus que se fez um de nós no Menino de Belém.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais –, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idades, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais avassaladores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;
  
     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...